terça-feira, 27 de setembro de 2011

NAVEGAR ENQUANTO SÃO VIVOS OS SONHOS - Roberval Paulo

Naveguei pelo dia e pude perceber 
que é neste que a vida acontece.

Saí pela noite e percebi que a noite 

é o espaço dos sonhos e da vida 
além da presença do sol.

Saí pelos sonhos e descobri que estes 

não são reais e que as fantasias 
são as verdades que não aconteceram 
por nada entenderem de realidade.

Corri pela vida e assim pude ver que este 

é o momento de sonhar e amar, 
de sorrir e chorar e de existir verdadeiramente 
pois depois deste estágio nada mais existe; 
é só o espaço negro e terreno 
a acolher a vida que vive bem viva 
para todo o sempre amém. Amém!

Roberval Paulo

O NOVO - Roberval Paulo


Mesmo que o sonho 
                    fosse algo inatingível
E se o som 
            inaudível se tornasse
Mesmo que as horas 
                     teimassem em não passar
E se o tempo 
          não mais fosse a prosseguir

Seria enfim, 
                 o fim chegando aos tropeços
Seria assim, 
                 um começo sem ter fim
Seria a aurora 
                      começando à meia noite
Seria a noite 
                  se completando em mim...

Roberval Paulo

O SISTEMA POLÍTICO E A EVOLUÇÃO DO TER -Roberval Paulo


             Sucesso não é só ter dinheiro. Dinheiro é importante e necessário porque o mundo é capitalista e precisa-se dele para viver. Porém, sucesso, não é só ter dinheiro.

Ter sucesso é estar em paz consigo e não perder a essência do natural, a autenticidade e os valores familiares, éticos e morais. Se harmonizar com o mundo, coisas e pessoas, situando-se passivo e serenamenteno ambiente no qual está inserido.
Ter sucesso é poder levantar-se todo dia com a consciência em paz e, à noite, voltar para o aconchego do seu lar ainda em paz e poder dormir o sono dos justos
Ter sucesso é compreender o contexto e a conjuntura da qual participa, ter voz ativa e consciência coletiva para discernir e assimilar que a estrutura é de todos e todos dela dependem,buscando, inteligentemente, o ponto de equilíbrio necessário à sobrevivência de todos.

Precisamos nos mexer. Não sei como mas precisamos lutar contra o poder do ter em detrimento do ser. O dinheiro virou a verdade absoluta das coisas e tudo pode por ele. Tudo é permitido desde que o objetivo seja angariar e ganhar mais e mais. Tudo por ele, nada sem ele.

Acostumamos-nos a isso e fermentamos em nós a insensatez, a indiferença e impotência diante da situação.
Ressalto sempre que o dinheiro é importante e é necessário tê-lo, pois é com ele que compramos a nossa casa, o nosso carro, a faculdade do nosso filho. É ele que nos permite desfrutar de tanta coisa boa que a vida oferece, satisfazendo e massageando o nosso ego e vaidade. O que refuto é que o TER não pode sobrepor-se ao SER.

Observem quanto caótica é a nossa realidade. Não existe, em nosso país, nenhum outro segmento que, num intervalo de tempo tão curto, promova mais o enriquecimento ilícito de pessoas do que o sistema político. E não tem, para isso, uma explicação lógica, pois, somando-se todas as rendas e subsídios recebidos oficialmente, revela-se uma discrepância e incompatibilidade enormes em relação ao patrimônio adquirido.

Mas todos consideram normal e isso mostra o quanto somos acomodados e alheios à nossa realidade e o quanto nos corrompemos também.
A realidade é cara e se apresenta aos nossos olhos para ser comprada todos os dias na sua forma mais dura e cruel.
Ø  Meninos abandonados e unidos, nos sinais de trânsito das grandes cidades ou nos pátios tortos das praças mortas, tão pequenos e maltrapilhos que nem gente parece, tendo sacos de cola como alimento e roubando, roubando o que a sociedade lhes roubou: a dignidade, a inclusão, a família.
Ø  O tráfico aliciando crianças e jovens, homens e mulheres e matando inescrupulosamente quem não aderir ou se calar ao seu poderio.
Ø  As nossas meninas, a cada dia, mais novas, expostas e jogadas nos campos de prostituição, vendendo o corpo e a alma, vendendo os seus sonhos de menina e perdendo a sua aura de anjo.
Ø  As famílias enclausuradas pelas cercas físicas e cercas do medo, assustadas e angustiadas por aqueles que o estado não acolheu e que a evolução lhes negou oportunidades.
Ø  Pais de família começando a roubar, atirados ao submundo pela necessidade, desnorteados ante a fome e a necessidade de comer, a dignidade e o descaso.
Ø  As cidades inchando-se dia após dia de sonhadores em busca de dias melhores e que se transformarão, num futuro bem próximo, em um novo bando de miseráveis que arribaram do campo, tangidos pela miséria e pela fome e que agora engrossam as estatísticas da miséria e da exclusão nos leitos aflitos e imundos das formidáveis favelas.

Enquanto isso, o outro lado do mundo se movimenta; a outra face da moeda mostra a sua cara sinistra. Seus jatinhos e carrões, mansões e paraísos fiscais, piscinas e restaurantes, bebidas...e mulheres meninas. E estas, usadas e descartadas, já não mais vivem, vegetam, relegadas à impureza e ao assalto da sua alma e do seu corpo. Esta é a nossa realidade e nós entendemos tudo isso como normal.

Vejam o nosso congresso nacional, que mistura! Lá tem representantes de todos os segmentos que se dizem organizados do nosso país. Só não tem, de verdade, representantes do povo, do povão mesmo, da massa. Defendem somente os seus próprios interesses e não os interesses do povo.

Coitados de nós. Somos pobres e fracos, alienados e subordinados, interesseiros e imediatistas, sem consciência social e hipócritas. Que o silêncio, a impotência, a parcimônia, a insensatez, o imediatismo, o comodismo, a omissão e a degradação humana falem por todos nós.

Sentar-mos-emos na esfera do tempo e que o cortejo das horas nos leve ao outro lado do sonho, onde a realidade já foi subjugada e a vida, sozinha e única e despida de toda podre matéria, viva, esplêndida e celestialmente, para todo o sempre.
Amém!

Roberval Paulo

DIVAGAÇÃO! - Roberval Paulo


Ainda que o sol tudo queimasse, as águas secassem, a mata perecesse e a natureza se findasse, esta última, a natureza, se levantaria das cinzas e no vôo da Fênix ganharia o espaço livre e desconhecido e existente eterno, pois o existir está no ser e o ser é o espírito e este não morre que eternizado também é o amor. E assim, é tudo o que resta: O espírito que é amor, o amor que é espírito e estamos conversados.

Roberval Paulo

ADORAÇÃO - Roberval Paulo


Se me perco, és o meu encontro
Se me escondo, sou o teu achado
Se me despenco, tu me tens ao colo
Se me vejo só, estais ao meu lado

Se choro, és tu o consolo
Se estou triste, me dás alegria
Se me sinto pobre, tu és meu tesouro
Se me falta luz, és tu o meu guia

Quando canto, és tu a canção
Se tenho frio, tu és o abrigo
Se me apaixono, és minha ilusão
Se estás comigo, já não há perigo

Se sou o fim, tu és o começo
Se sou o começo, és tu o meu fim
Se choras, se sofres, sou eu quem padeço
Se tens alegria, alegras a mim

Sou labirinto, tu és a saída
És flor na minha vida, sou o teu jardim
És enfim, meu oásis, sou eu, do deserto
O caminhante, ao certo, tenho a ti, tens a mim

Roberval Paulo

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DILMA FEZ HISTÓRIA NA ONU - Delúbio Soares (*)





O pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff na 66ª assembléia geral das Nações Unidas adquiriu sentido histórico. Não só pelo importantíssimo fato de, pela primeira vez, uma mulher abrir o encontro do mais alto foro internacional, mas, especialmente, pelo seu conteúdo denso, afirmativo e corajoso.

O Brasil deixou a periferia do mundo e ocupou o lugar que lhe estava destinado há muitos anos e, por incapacidade de alguns governos, não havia sido ocupado. Esse movimento necessário, embora já tardio, foi iniciado pela política externa visionária do presidente Lula, ao colocar nossa competente diplomacia, através dos melhores esforços do Itamaraty, a serviço do estreitamento de relações mais fluídas e pragmáticas com os demais países, onde o respeito à autodeterminação dos povos e a declarada disposição de permanentes parcerias deram o tom de oito anos de avanços consideráveis em nossa política exterior.

Agora a presidenta Dilma faz história, ao reafirmar nossa política externa independente e democrática, em pronunciamento onde a clareza da exposição não impediu uma abordagem profunda dos temas mais caros à humanidade. Se alguém tinha dúvidas acerca da firmeza com que o Brasil se colocou no cenário externo, certamente agora não alimenta qualquer questionamento. Nosso país assumiu o papel que lhe cabe como uma das maiores economias do planeta, como potência agroindustrial do século XXI, como reserva natural de um mundo novo e sustentável. O Brasil não pede mais licença: ele é um dos líderes na nova correlação de forças no cenário internacional. E a presidenta Dilma deixou isso claro ao falar com firmeza, sem qualquer arrogância, mas longe do servilismo que caracterizou os anos do tucanato, quando nossa política externa era uma sucursal dos desígnios do Departamento de Estado ou dos interesses do Departamento Comercial norte-americanos. Longe vai a cena triste de um chanceler do governo de Fernando Henrique Cardoso retirando os sapatos para ser revistado minuciosamente, tal qual um suspeito de terrorismo, no aeroporto de Washington. Desde o governo de Lula somos aplaudidos de pé.

No momento delicado em que o mundo enfrenta uma quadra das mais duras, com o desmoronamento de sistemas econômicos como o da Grécia, e países como Itália, Espanha, Portugal e mesmo os Estados Unidos, se defrontam com questionamentos políticos, sociais e de toda ordem, Dilma fala com autoridade moral e com objetividade chama a atenção dos poderosos protagonistas da crise vivida: “Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de idéias”, afirmou Dilma sob aplausos.

Outra afirmação, de grande impacto e veracidade, revela iuma das causas, senão a principal, da grave crise enfrentada na zona do Euro e nos Estados Unidos: “Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade”.

Dilma, líder de um Brasil sem desemprego, foi destemida e verdadeira, ao colocar o dedo na ferida e lembrar a chaga social do desemprego nos países ricos: “O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise – a do desemprego – se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo. 44 milhões na Europa. 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta”.

A estréia da Chefe da Nação, com altivez e sem subordinação alguma à interesses externos, não poderia ter sido melhor. Dilma continua a política externa de Lula, dando a entonação de sua forte personalidade de mulher guerreira e administradora competente, falando ao mundo o que o Brasil quer falar. Dilma levou ao mais alto foro internacional a posição de um país que recuperou décadas de atraso social, superou a década infame do governo que antecedeu a administração petista, incorporou 40 milhões de compatriotas à classe média, tirando-os da pobreza e dando-lhes cidadania e angariou respeitabilidade entre as demais Nações pela competência com que cresce, se moderniza, solidifica sua democracia e melhora as condições de vida de todo o seu povo.

Dilma não decepcionou aos que esperavam a confirmação de nossa política externa independente, apoiando a representação da Palestina na ONU, bem como reafirmando nossa total independência na condução da política exterior.

Numa ironia do destino, coube a uma mulher a tarefa de fazer o mais corajoso e verdadeiro das dezenas de discursos que o mundo ouviu na 66ª assembléia geral da ONU. Não deixou tema importante sem ser tratado com a devida seriedade e apontando caminhos e soluções. Foi um discurso diferente dos demais: analisou o quadro internacional, descreveu as mazelas da atualidade, mas mostrou que há saídas e precisam ser partilhadas por todos os povos e seus governos.

E a história, por seus caprichos e mistérios, nas voltas que o mundo dá, permitiu que quatro décadas depois de ser barbaramente torturada nos cárceres da ditadura militar brasileira, a mesma Dilma, sem medo e sem ódio, isenta de qualquer rancor, porém sem a complascência do esquecimento, finalizasse falando para o mundo e para a história: “Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade”.
(*) Delúbio Soares é professor

O CONTRADITÓRIO - Roberval Paulo


        Um dia e noite que me faz sorrir e chorar mesmo que não possa fazer o sol brilhar e a lua expandir seus raios pelas pradarias e colinas que azulam a vida e o mar de seus olhos que me ferem a alma qual faca virtual em ser iluminado e não palpável venho sorrir-te e abrilhantar meus dias com os pensamentos envoltos em ti que pensar é sonhar e sonhar é ter conseguir realizar  querer   achar se deleitar em teus beijos mãos e corpo e horizonte viajar voar sem ter os pés ao chão mas seguro pela tua mão que me enlaça e me faz homem voltando à terra pós viagem mais alucinante de prazer e glória de ser e estar realizado solto preso em nós que somos um mais que dois três dez mil e uma forma de amar e cantar zelar cuidar que o nada floresça e seja tudo de nós em todos e ainda assim me seja fonte de lua e estrelas cachoeira de sonhos em regato de verde esperança e  encantos prazeres mil folhagem espessa abrigo ninho de amor você e eu e o sol violeta de cor e beija-flor beija rosa morena açucena qual amanhecer serena paz fugaz pelo ar revirar envaidecer desaparecer e tornar transparente pungente brisa brancura açoitando o peito rasgado punhal de gelo em noite quente suar transpirar o frio sol de junho pólo sul e norte norteando o trópico do meu sentimento em cristal de fino trato frágil caído quebrado esfacelado na incompreensão do ente amado desejado mais que pura água cristalina cristalino ser banhado de lua irmã alma gêmea e um servir mais amor que senhor pedaço de mim esculpido em um dia que me faz sorrir e chorar e o sol brilhar e a lua expandir seus raios azulando nossas vidas mar e mundo de um existir mais nuvem-luz que fosco-alvorecer.

Roberval Paulo

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DO OUTRO LADO DA VIDA - Roberval Paulo


Não fui lá para saber como é e confesso que eu não tenho ideia de como é
e nem sei quando é a hora da chegada ou da partida e não imagino como possa ou deva ser
o mundo do lado de lá, do outro lado da vida.

Penso às vezes que nada existe daquele lado de lá onde tudo é mágico.
Onde tudo flui ao natural qual sendo as águas caudalosas do rio que desce ao mar e nem sabe existir o caminho de ao seu curso voltar.

Mas como falar de lá se lá não estive? Como saber de lá se quem foi jamais voltou?
Penso um dia desvendar esse mistério
Penso um dia conhecer este segredo.

Mas como conhecer um caminho que não volta?
Como enfim regressar numa estrada que é só ida?
Como poder descansar num leito desconhecido que de terra é o cobertor e a alma segue vagando,
sem corpo, a alma viva?

Quis fazer essa viagem e sonhei sendo levado por um anjo decadente que tinha as feições da morte e até foice carregava com sua túnica de branco tão negra que nem luzia
e ia a levar a vida para além da vida matéria.

E além do vale abissal o precipício se abria e o corpo se redimindo ao precipício chegava e a sua casa o esperava e ele nela dormia o sono eterno do nada. E a alma se rebelava e o corpo ela renegava, abandonava o que era o seu casulo de cêra e este se desmanchava no chão que a tudo comia. E a alma, nova, andava, seus pés voando no dia e a noite ela perseguia buscando a luz que foi sua quando sorria na rua da casa do seu amor.

E a alma quis regressar. Eu pensei em regressar e fui assim agarrado por dez mãos, sete cabeças e um corpo desengonçado que mais parecia um santo mais um santo desviado que louco e desesperado não me deixava voltar.

Não era maldade sua que em mim se agarrava era porque tinha visto em mim uma companhia. Do outro lado da vida solidão muita eu vi, anjos vagando sozinhos procurando por seus corpos que ficaram em outro plano dali bem distanciado, distância essa impossível de vencer só com vontade.

Consegui desvencilhar-me de mãos e pés me segurando e me mandei dali fugindo pés correndo e alma pensando pois em mim estavam juntos alma e corpo eram um só e foi minha salvação essa junção esse conjunto e percebi nesse momento ser existente dois mundos um de alma outro de corpo que se encontram aqui no seio da nossa terra na hora do nascimento e juntos seguem vida afora até chegarem juntinhos na encruzilhada da sorte, o mesmo ponto da morte, para ali se separarem e assim se desgrudarem e não mais serem um só e agora feitos em dois o que antes era um só cada um segue sozinho o seu mais novo caminho e nada sabe um do outro nem nada do que viveram, são em si seres estranhos que nem memória carregam pois foi tudo deletado no exato e real momento da inevitável separação.

Cada um no seu quadrado, o corpo deitado em terra a se fundir e se encontrar com a sua parte maior, a terra, a mãe de todos, a alimentar sabiás e laranjeiras e matas e águas e até novos sonhos e a alma no seu espaço busca o vazio do verde e vaga só e sem corpo, só espírito a vento tocada a procurar pela luz que está em qualquer lugar do universo esquecida e que é alimentada por novas almas a chegar cujo destino é vagar e vagando vai renascer em nova vida explodida fundida à vida matéria em nova missão investida.

E quem vai, de nada leva, quem fica, de nada sabe, quem volta, nada não trás, são seres virgens em começo início de um novo ciclo que vai rodar e alcançar o outro lado da vida onde tudo é o fim do fim chegando aos tropeços e ao seu começo que vai findar quando a página do velho mundo virar e quem foi de lá será ao outro lado jogado e nunca mais os dois lados vão querer se separar pois a estação da chegada é a mesma da partida e o lado de cá será o outro lado da vida.

Roberval Paulo