Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Blog Roberval Paulo: IDENTIDADE - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: IDENTIDADE - Roberval Paulo: Sou sozinho Sim, me sou sozinho neste mundo Pois não nasci atrelado e nem grudado a ninguém Saí sim, de minha Mãe, e ela, com tod...
IDENTIDADE - Roberval Paulo
Sou sozinho
Sim, me sou
sozinho neste mundo
Pois não
nasci atrelado e nem grudado a ninguém
Saí sim, de
minha Mãe, e ela, com toda honra e glória
Pela
eternidade da história
É a única
pessoa que me tem
Não sou
sozinho por gosto nem tão pouco por desgosto
Sou sozinho
por ser sozinho e é assim que me sinto bem
Mais sempre
preciso de um
E outra vez é
dum outro
E a outra vez
do outro e do um
E que,
simultaneamente, precisam de mim também
Mas neste
mundo de meu Deus o que mesmo me alegra
E me conforta
e me assossega
São os olhos
do meu alguém
Olhos de quem
nem conheço
E nem mesmo
sei se existe
Neste tempo
que é presente
Mais que é
amiga do vento
E vive em meu pensamento
Uma imagem
reluzente, transparente, incandescente
Rastro de estrela
cadente
No rosto do
firmamento
Não me
entrego a sorrisos
Não sou fácil
de entender
Não sei nem o
que querer, nem mesmo como querer
E se me
queres pretender
Chegue sem me
dar aviso
Chegue sim,
com um sorriso, um verdadeiro sorriso
Que eu deixo
o meu juízo
Pra teu juízo
querer
Mais se
queres mesmo saber quem sou positivamente
E pela
vontade instigante de um momento
Puder em teu
pensar repensar meu pensamento
E quiseres
não mais me conhecer tão sozinho
Seja em ti um
ser de amor e de carinho
Chegue até
mim olhos nos olhos, frente a frente
E me dê a sua
mão mansa e fraternalmente
E me diga com
verdade, muito prazer meu amigo
Que eu
seguirei na caminhada lado a lado contigo
E brando e serenamente lhe chamarei também amigo
E brando e serenamente lhe chamarei também amigo
E
transfigurando os sonhos nessa mais terna amizade
Redirecionando
a vida no caminhar da verdade
Lá vamos nós,
não mais a sós, sorrindo, a cultivar gentes.
Roberval Paulo
NO ESTRADAR DA INFÂNCIA - Roberval Paulo
Escrevi este
meu sonho antes da noite acordar
Um sonho
verde e vermelho mergulhado em sangue e tinta
Recordei a
minha casa numa solidão retinta
A mocidade chegando
pela porta do lembrar
E acordei
quase sem eu, sem já ser eu, que desalento
Assim,
misturando eu comigo, angustiado
Pus a mente
lá distante a buscar os meus lembrados
Tanto fui
longe que perdi meus pensamentos
Desalentado
naveguei no meu sonho acarvonado
Onde deixei
tanto riso e tanto sonho que nem sei
E nos dias já
passados eu com medo cavuquei
O medo de
perder o que nunca foi achado
Busquei o
velho baú da mente dos meus guardados
Afugentei a
poeira libertando a memória
E a caneta na
mão e a mão e os olhos na história
Comecei a
estradar a estrada do meu passado
No horizonte
à distância do olhar, tudo ofuscado
Um verde
desbotado se via lá no fim do mar
E era tanta
légua e água o meu sonho a matizar
Que os meus
olhos, meu caminho fez-se todo enluarado
Retornando ao
começo da origem originada
Onde a
saudosa saudade fez parar a consciência
Vi o terreiro
e os laranjais no quintal da inocência
A rede embalançando
uma paisagem aurorada
Disanuviando
a nuvem que encobria minha lembrança
Disseminando o
pensamento para além da serrania
Na nascente
da tristeza eu vi brotar a alegria
E no verde
ensangüentado descortinou a esperança
Rememorei
tanta vida que eu vivi e nem lembrava
De minha mãe,
seu riso terno e a máquina de costura
Noite adentro
a costurar. De meu pai a formosura
A postura e a
firmeza que minh’alma acalentava
E já outros
dormidos no meu sonho perpassava
Na estrada o
meu avô e o seu canto boiadeiro
O meu pai, a
minha mãe e eu menino no terreiro
Perseguindo
as borboletas, fazendo aquela algazarra
E os meus
irmãos na caminhada a caminho da ribeira
Saltitantes,
só meninos nas meninices da vida
Vagueando com
os vagalumes à luz da fonte garrida
Borboleteando
ao vento uma ciranda alvissareira
O rio da
minha infância que aguacento me abraçava
E me
espraiava em sua praia de areia algodoada
E me cantava
as cantigas com sua voz aveludada
Rumorejando e
levando meu ser que desabrochava
Era uma tarde
de chuva, o horizonte escurecia
E a enxurrada
na rua, cautelosa escorregava
E foi levando
o meu tudo e fiquei só com o meu nada
E no espelho
da memória desencantou a fantasia
Era ainda uma
tarde nebulosa e atormentada
E o meu sonho,
esfriado, noite adentro viajava
E a encontrar
o inevitável todo o meu ser caminhava
E aquela
ponte intransponível outra vez fechava a estrada
Ah! Se eu
tivesse asas. Se as tivesse, eu voava
E no assombroso
vazio do espaço eu reluzia
E todas as
minhas noites eu clareava com dias
Para acordar
o meu sonho em manhã ensolarada
Ficou desse
tempo a dor de não poder nele voltar
Revive a alma
a alegria cada recorte lembrado
As lágrimas
caem do sonho p’ro real imaginado
E a rede
embala o homem desse menino luar.
Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: ANJOS QUE CHORAM - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: ANJOS QUE CHORAM - Roberval Paulo: A dor do estupro invadiu o seio de Platão E a maldade dos homens se espalhou pela humanidade sem nome. E matou sonhos, feriu co...
Blog Roberval Paulo: O FIM DO COMEÇO QUE NÃO TERMINA - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: O FIM DO COMEÇO QUE NÃO TERMINA - Roberval Paulo: Já morri muitas vezes na ingratidão de pessoas queridas e amadas. Já chorei lágrimas que nem minhas eram pela solidariedade e pelo ...
O FIM DO COMEÇO QUE NÃO TERMINA - Roberval Paulo
Já
morri muitas vezes na ingratidão de pessoas queridas e amadas.
Já
chorei lágrimas que nem minhas eram pela solidariedade e pelo sentimento mágico
do sofrer e amar juntos.
Substituí,
pelo amor, pessoas insubstituíveis.
Perdi
tantas vezes que sempre busquei em mim o caminho de ganhar.
Esqueci
acontecimentos que muito me judiaram e que diziam-se inesquecíveis.
Mas,
vivi!
Vivi
mesmo quando só de morte se apresentava o horizonte.
Vivi
mesmo quando a vida me indicava a estrada de morrer.
Fui
derrubado inúmeras vezes e, pela insistência, persistência e pela necessidade
enigmática da missão continuar, pus-me sempre de pé.
Suportei
dores ditas insuportáveis.
Perdoei
quantas vezes necessárias fossem pelo espírito do Deus humilde que habita a
alma e o coração dos homens e que nos faz lembrar sempre do quanto que nada
somos.
Transpus
obstáculos da realidade intransponível pela alegria inconteste e extremamente
prazerosa do “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, - lema do grandioso
mágico das palavras Fernando Pessoa.
Saí
fortalecido pós cada derrota sofrida e em frente segui, confiante e
esperançoso, por acreditar que “no fim tudo dá certo. Se não deu certo, é
porque ainda não chegou ao fim”, - conselho do nosso tão perspicaz Fernando Sabino.
Procurei
ser sensato quando a insensatez comandava todos os meus sentidos, pela
inteligência inata que nos permite, com esforço, usar a razão como guia da
emoção e do instinto.
Busquei
um fio de prudência que fosse, quando só de imprudência e irresponsabilidade
era o meu ser povoado, pois assim me situava, posicionando-me na linha reta do
meu pensar torto.
Desafiei
tanto a vida que a aventura da morte de mim fugia e renegava-me, resignando-se,
por compreender o risco inerente, constantemente inconstante, no perigo
iminente do viver desejável e indecente do mundo, mas carregando a crença
inviolável na verdade e decência do “tudo posso naquele que me fortalece” –
Filipenses 4:13.
Mas,
contudo, todavia, entretanto e, sobretudo, vivi.
Vivi
mesmo quando a vida insistia em desistir.
Vivi
mesmo com a sorte a léguas de mim distante, que corria à minha frente, em seu
galope ligeiro, certeiro e indiferente, sem querer minha chegada.
Vivi
com a adversidade visitando o meu terreiro, me fiz ser passarinheiro quando não
podia andar e caminhando ou voando, chorando ou se alegrando, construindo ou
destruindo, caindo e se levantando, planejando ou improvisando, morrendo ou
ressuscitando, fui vivendo e revivendo, vagando e porfiando, “pois quão bom é
porfiar”- (Basílio da Gama, em o Auto da Barca do Inferno).
Enfim,
sempre experimentando, e em mim revigorando a força vital do existir, a única
realidade, última oportunidade, em verdade, consequente que, irremediavelmente,
vai se haver com o inevitável, mal ou bem, inexplicável, intrigante,
incontestável, cumprindo o oráculo santo para enfim renascer.
É
o começo do fim, ou o fim do seu começo, que vai dar na eternidade, que não se
sabe vida ou morte, nem rumo sul e nem norte, se indo a desnascer.
Roberval
Paulo
ANJOS QUE CHORAM - Roberval Paulo
A
dor do estupro invadiu o seio de Platão
E
a maldade dos homens se espalhou pela
humanidade
sem nome.
E
matou sonhos, feriu corações,
aniquilou
vidas
e
tingiu de um róseo negro
o
azul de céu e mar.
A
menina ganhou pirulitos de maçã
e
subiu saltitante as escadarias do céu.
E
o desejo e ainda o prazer
foram
sepultados na estupidez
do
homem sem cor. Um túnel sem luz!
Mais
a alma, na sua pureza de menina
subiu
ao céu
No
seu sorriso, o pirulito de maçã
e
a doce e terna alegria que só no céu se revela.
O
cheiro de flor inebriou todo o céu
E
as lágrimas dos anjos formaram
as
torrenciais chuvas de outono.
Roberval
Paulo
terça-feira, 27 de novembro de 2012
ENCONTRO - Roberval Paulo
Cansei
de está a sós comigo e quero hoje
aproximar-me
um pouco de ti.
Não
que eu tenha me cansado de mim. Não é isso.
Ainda
me amo e me amo com todo o amor
e
força que tu me destes.
É
que, simplesmente, senti a tua ausência no meu ser.
A
culpa, com certeza, é minha. Minha mea culpa!
Minha
tão grande culpa!
Este
afastamento fui eu quem causei
pela
minha imperfeição que não veio de ti.
Mas
aqui te encontro e me encanto
pelo
teu amor que é pleno e único.
Um
amor que é teu e doado a todos,
indistintamente
e indiscriminadamente,
somente
pelo dom do amor maior.
O
amor só pelo amor, que só é possível em ti.
E
assim, silencio-me e no meu silêncio,
acordo
minha alma que numa lágrima solitária,
repete
e repete, ecoando na estrada: Te amo! Te amo!
Te
amo!
Me
amas! Eis a resposta.
Reina
o silêncio. A paz acalenta o meu ser
Não
digo mais nada. A tua luz brilha em mim.
Um
claro existir rompe em soluços do meu peito
Os
anjos choram e sua lágrimas deslizam pela minha face
Anunciando
em meu ser o teu mais pleno e sublime AMOR!
Roberval
Paulo
Blog Roberval Paulo: ATITUDE! É PRECISO TER - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: ATITUDE! É PRECISO TER - Roberval Paulo: Eu gosto das boas atitudes A atitude, por exemplo, de procurar dar casa a quem não possui A atitude de dar de beber a quem tem sede...
ATITUDE! É PRECISO TER - Roberval Paulo
Eu
gosto das boas atitudes
A
atitude, por exemplo, de procurar dar casa a quem não possui
A
atitude de dar de beber a quem tem sede
De
alimentar a quem tem fome.
A
atitude de levar um sorriso a quem não sabe sorrir
De
levar um abraço a quem já não mais abraça
A
atitude de sonhar o sol, mesmo que este não se dê aos sonhos.
Quero
luz e que a luz da vida esteja em todos
Que
a vida seja farta e que na linha de chegada
Possamos
partir rumo ao bom
Que
o bom é viver.
Gosto
de atitude, das boas atitudes
E
de perder
Que
ganhar é muito fácil.
E
que de boas atitudes
Seja
o mundo repleto
Seja
a vida completa
De
sonhos, de amor e de paz
De
sol, de luar, de cantar
Na
terra onde tudo é breve.
Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: SONHO DE ACORDAR QUEM DORME - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: SONHO DE ACORDAR QUEM DORME - Roberval Paulo: Sabe, eu queria o prazer de um sonho, um sonho eu queria ter, mas um sonho desses sonhos que a gente sonha e sonhando só pens...
SONHO DE ACORDAR QUEM DORME - Roberval Paulo
Sabe,
eu
queria o prazer de um sonho,
um
sonho eu queria ter,
mas
um sonho desses sonhos
que
a gente sonha e sonhando
só
pensa em se enveredar
pelo
caminho sonhado
e
pensado e perseguido,
imbuído
do desejo desse sonho realizar.
Mas
um sonho que, sonhado,
assim,
se realizasse,
mas
não fosse tão real
como
a dura realidade,
fosse
somente verdade,
mas não doesse, alegrasse,
um
sonho que reparasse
os
erros sem machucar
Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: O FIM DO MUNDO - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: O FIM DO MUNDO - Roberval Paulo: Capítulo I - Parágrafo 1º O som ensurdecedor do trovão ressoou na imensidão azul do céu plúmbeo de medo. E o relâmpago, em raio eletr...
O FIM DO MUNDO - Roberval Paulo
Capítulo I - Parágrafo 1º
O som ensurdecedor do trovão ressoou na
imensidão azul do céu plúmbeo de medo. E o relâmpago, em raio eletrizante e
cintilante, escorreu deslizante na abóbada em mistério anunciada, se perdendo
no negro azulado da distância. A atmosfera cerrou as portas e o céu abriu suas
comportas, inundando impetuosamente a noite em torrentes de terror e desespero.
Escuridão era o que havia. Escuridão de uma noite sem luz e sem lua. De
estrelas ausentes, apagadas no imaginar do escuro e de sonhos preocupados na
inocente perspectiva de ver ali o mundo acabar.
Roberval Paulo
OLHOS NOS OLHOS - Roberval Paulo
Quando tua mão pesar sobre mim, lhe direi:
Porque tantos anos de infortúnio sobre a terra?
Porque tanta dor se o que buscamos é o prazer?
Se me ouvirá, não sei
Se tenho razão, menos sei ainda
Só acho que o que ainda sei é amar.
Quando tua voz me pedir contas do que fiz, lhe perguntarei:
Posso eu também pedir contas de ti?
Podemos conversar, só conversar sem cobranças?
Podemos nos sentar e nos falarmos como dois amigos?
Não sei se assim pode ser. Menos ainda sei se assim posso
agir.
Só acho que o que ainda sei e posso dizer é que eu amo.
Amo a vida que tenho e não sei se me pertence
Amo o ventre que me gerou e me concebeu
e
o rebento do qual sou raíz
Amo o patriarca da minha humilde existência e aos irmãos e
irmãs
de
lastro familiar que me destes
Amo as forças conhecidas da natureza, alimento indispensável
para a vida
Amo ainda as forças desconhecidas da natureza, sinais
latentes e incessantes do teu poder e glória e amor.
Quando teus olhos me olharem e eu neles perceber
um
olhar de interrogação, lhe responderei:
O que queres de mim?
O que queres que eu faça se tudo o que fiz não valeu?
Não sei se me ouvirá. Nem sei se assim posso indagar a ti
Só sei que o que ainda acho que sei é da força do amor.
Da força do amor que tudo pode e é só por ele que se vive
Da força desse amor que se justifica por si só e se
qualifica por só ser
Da força do amor transcendente, completo em si, sem
complementos, sem acessórios, sem adereços. O amor só pelo amor.
Que este sim, é infinito e não se paga imposto pra amar
Que este, o amor, é o que sinto e está no recôndito mais
fundo do meu ser
Alimenta minha alma e só por ele se vence grandes distâncias
e as agruras dos dias
E também sei que só o sinto pela tua suprema e magnânima
existência pois, só matéria e pó como sou, não seria capaz de amar sem o teu
sopro de amor infinito.
Quando teus olhos novamente me olharem e apresentarem aos
meus olhos
o
olhar da reprovação, eu... me penitenciarei
E lhe direi quanto mais do teu amor ainda resta em mim?
E lhe perguntarei o quanto ainda sou capaz de amar?
E lhe responderei que ainda procuro o que nem sei se é
possível achar
E, olhos nos olhos, chorarei
E pedirei perdão pelas minhas faltas
E pedirei perdão por duvidar de ti
E da tua bondade infinita me impregnarei e me agarrarei, me
agarrarei à tua mão para não mais soltar.
Me agarrarei à tua mão para reerguer-me e não mais voltar a
andar sozinho.
Sei que me perdoará.
Sei que não me abandonarás nunca como jamais abandonou um
filho teu.
Aí sim, a luz se acenderá e juntos, juntinhos, lado a lado,
caminharemos pela vastidão dessa estrada para não mais nos separarmos.
Dessa estrada que só se caminha, que só se caminha, sem
saber onde vai dar
Mas agora, confiante caminho e a eternidade nos espera
Pois já não ando mais sozinho e tenho o amor a me guiar.
Roberval Paulo
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
PASÁRGADA JÁ NÃO EXISTE - Roberval Paulo
Uma singela homenagem ao mestre Manuel Bandeira (in memoriam)
Vou-me embora daqui Daqui pra um outro lugar
Aonde eu possa ter uns seis
anos mais ou menos
E todos os meus problemas
sejam sonhos de criança
Vou-me embora daqui
Eu
sei que há um outro lugar
Aonde eu possa viver sem tudo
me incomodar
Aonde eu possa existir
existindo de verdade
E possa contar estrelas sem
verrugas me nascer
Vou-me
embora, vou-me embora, eu sei que já vou embora
Vou porque está em mim o
desejo de partir
O lugar já não existe, aqui
não existe nada
Não posso mais ser tão
triste, preciso me encontrar
E
quando a noite chegar
Quero um sonho que amanheça
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
Aí vou querer voltar aos seis
anos mais ou menos
Aí vou querer viver sem tudo
me angustiar
E
vou querer existir existindo de verdade
E vou poder encontrar-me no
lugar de onde eu vim
E os meus sonhos de criança
vou poder recomeçar
E não vou mais ser tão
triste, vou até me alegrar
Pois
não encontrei Pasárgada
Pasárgada não mais existe
Não vou nem mais querer ter
vontade de me matar
À
noite só quero amar
À noite só quero amar
À noite só quero amar sem
medo de ser feliz
É que aprendi que a vida é a
realidade que há
A realidade que é minha
A realidade que é nossa
A realidade da qual
Se vence no caminhar.
Roberval Paulo
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Que o Natal seja só o Natal - Roberval Paulo
*"Para irmos refletindo até o natal."
O menino Jesus nasceu! Num estábulo, uma mangedoura, em
meio aos animais. Em um ambiente rústico e pobre mas, carregado da energia
vital do existir e da essência viva da vida na natureza. Trouxe em si a
simplicidade para o mundo e a humildade das almas generosas.
O menino Jesus nasceu! Não tinha mansões, nem castelos, nem
riqueza, nem tão pouco ostentação. O berço foi arquitetado ali, na
hora e, astuciosamente, feito com palhas, a matéria prima disponível no
ambiente e que agasalhou bem alcochoadamente aquele minúsculo corpinho
cheio de divindade e o aqueceu do seu próprio calor; o calor da vida em sua
total plenitude.
O menino Jesus nasceu e não trouxe consigo poder nem ouro; nem
palácios, nem reis. Não trouxe ambição ou egoísmo, muito menos soberba ou
preconceito. Nem inveja, nem luxo; nem maldade e nem destruição.
O menino Jesus nasceu e trouxe sim, a construção de um mundo novo.
A boa nova foi anunciada e o verbo de Deus se fez carne, para
habitar a terra e salvar a humanidade tão sem rumo, cumprindo-se assim as
escrituras sagradas.
O menino Deus nasceu e trouxe à humanidade, o amor perdido,
esquecido e sepultado na ambição e egoísmo dos homens. Trouxe simplicidade e
humildade; trouxe generosidade e os ensinamentos para uma vida reta, justa,
digna e repleta de amor de uns para com os outros.
O menino Jesus, nosso Deus e Salvador; nosso ser onipotente e
divino tornou-se em carne; tornou-se homem para a salvação da
humanidade, sua imagem e semelhança.
E, na sua pureza de homem santo, foi perseguido. Foi
julgado, condenado e sacrificado, sentindo no corpo e na alma, a dor e o
abandono daqueles que tanto amou e ama, feitos, por amor, à sua imagem e
semelhança.
Jesus Cristo morreu pregado no lenho da cruz para a salvação
do mundo.
Quanto sacrifício! O sacrifício da própria vida por aqueles que o
negaram e renegaram e o abandonaram, lavando as mãos.
A vida venceu a morte, é o que nos é pregado. Será que realmente
venceu?
Como a vida venceu se continuamos a morrer todos os dias. Não
estou aqui falando da morte em seu sentido literal e natural.
Estou falando da morte que sofre a sociedade todo dia.
A morte pelo desprezo, pelo descaso, pelo abandono.
A morte pela exclusão, discriminação; a morte pelos
preconceitos.
A morte pela ambição e egoísmo dos que querem sempre
mais, não se importando com a vida dos seus iguais.
A morte pela acumulação de riquezas que confinam no curral da
miséria sociedades inteiras que mais parecem bichos largados e caminhando
sem destino, aguardando a hora não programada da triste partida.
A morte protagonizada pelos artistas-vilões mor dos sistemas e
organizações políticas que rezam nas suas constituições o cuidado e o zelo
com a população.
A morte pela falta de amor do homem para com o homem.
A morte pela falta de amor do homem para com o seu igual,
unicamente.
O menino Jesus nasceu.
É Natal! É Natal. É Natal?
É Natal e eu não sei o que fazer nem o que dizer.
É natal e tudo continua igual como se o natal já fosse antes do
nascimento.
Jesus Cristo nasceu e...que ele não volte senão o matariam de
novo.
Que Jesus só habite em nossos corações. Em todos os corações da
humanidade e das vidas todas.
E que o natal
seja...........................................................Natal. Somente
Natal...
Roberval Paulo
SERTANEJO UNIVERSITÁRIO! - Roberval Paulo
O que é isto?
Nova nomenclatura de um estilo?
Um novo rótulo?
Qual o propósito?
Perco-me, às vezes, nessa definição e
procuro encontrar fundamento não que justifique o termo, mas sim, que traga à
luz condicionada dos nossos olhos tortos, a clarividência “clarividente” do
alimento, no crucial momento de o deglutir.
Esta é a mais nova definição do que se
intitula de "Música Sertaneja". Mas é na verdade só um chamariz, um
novo atrativo; a nova mensagem extraída do mesmo texto, já velho e subjacente.
Uma maneira nova de trazer o velho ou uma maneira velha de ganhar o novo. Façam
a leitura que entenderem e captarem, pois, tudo dá no mesmo.
Como está escrito no Livro do
Eclesiastes: >"Tudo o que acontece ou que pode acontecer já aconteceu
antes. Deus faz com que uma coisa que acontece torne a acontecer (cap. 03,
vers. 15)". Acredito que esta passagem não deva ter nada a ver,
especificamente, com o texto que ora me proponho a escrever, mas, no mínimo,
retrata que, tudo o que foi é o que é, e tudo o que é, é o que será. É assim
também com a música sertaneja. Para resumir, parafraseio o poeta que já dizia:
"Nada mudou".
Esta é, pura e simplesmente, mais uma
"comum" estratégia de marketing; mais uma da nossa sensacional mídia
e do nosso ensandecido mercado, altamente e compulsivamente consumista que
consome o velho vestido de novo, mesmo sabendo a roupa nova ser a sobra do
tecido envelhecido e já, outrora, consumido.
O sertanejo é o sertanejo e, na
concepção musical, foi e sempre será a música cantada por uma dupla de
artistas, independentemente do gênero apresentado. Numa outra concepção e talvez,
a mais original e que conserva a verdadeira acepção da palavra, é a música que
retrata e relata a vida do campo, do povo realmente sertanejo, seus costumes e
hábitos, seus amores, suas ilusões e desilusões, seu contato com a natureza
enfim, seus mais olvidados e desprezados e, ao mesmo tempo, expressivos e
indiscutíveis valores e que, há muito tempo, foram relegados ao esquecimento na
música cantada hoje.
Portanto, sertanejo ou sertanejo
universitário, é a mesma coisa, é mais do mesmo e só isso, com a diferença de
que, para se inserir e se destacar no universo do ambiente “sertanejo
universitário”, é necessário que seja uma “duplinha, sem pejorar”, assim, mais
ou menos esteticamente bonitinhos - essa é a rotulação das gravadoras - sem
considerar estilo ou classificação, ficando as duplas menos afeiçoadas e mais
velhas no título de somente sertanejo mas, no entanto, cantando o mesmo.
Necessário ainda se faz considerar que
a maioria dos ditos "sertanejo universitário" nunca passaram por uma
Universidade e que o público que os curte está bem longe de ser só
universitários, posto que essa música se espalha pelos rincões sem fim do nosso
Brasil, distante e a perder de vista das universidades, impregnando-se na pele
e nos sentimentos dos seus apreciadores, tornando-se parte integrante no
processo cultural e social do País e, porque não dizer, econômico.
Só me resta a pergunta que não quer
calar: E aí? Vamos de sertanejo ou sertanejo universitário? Ou os dois?
Tranco-me em mim, reflito e respondo por todos nós brasileiros: Isso é o que
tem que ser. Escolham e curtam, até que o sucesso “novo” canse e caia e,
consequentemente, deixando de ser novidade, as vendas diminuam, para que, como
nova alternativa de faturamento e de sucesso, se crie um novo rótulo para tentar
as nossas preferências e inteligência, e nós, sábios e senhores dos nossos
desejos e prazeres e meros instrumentos da sede filosófica do ser,
adentraremos, natural e instintivamente, pela fonte da novação para fazer beber
e alimentar os nossos sonhos velhos.
Roberval Paulo
PERDEMOS A BATALHA - Roberval Paulo
As famílias choram e as lágrimas e gritos se espalham e
se perdem, sem ser ouvidos, na insensatez e insensibilidade desumanizada de uma
sociedade sem norte.
A dor não cicatriza e se sente mais e mais a cada dia,
sem alcançar o porque, a razão; o motivo do nascer sem cura.
O que era família já não mais se vê nem se sabe. Os
valores se perderam no precipício do que um dia foi princípio...
A ética e a moral só um pouco ainda existem, bem pouco, e
o egoísmo e a ambição, associados à individualização do ser, hoje falam por si
só ou pelo seu grupo de iguais, agrupando-se pelas conveniências do lucrar mais
em detrimento do que um dia foi a classe humilde mais abastada que, mesmo
habitando o lado esquerdo da moeda, tinham o seu valor, pois a dignidade
mantinha-se no exercício do seu auto e garantido sustentar.
Hoje não mais. O que foi família já não se vê. Os valores
se foram na evolução imaterial, revertida na agregação e adição surtada da
razão à emoção do material, que, se agiganta em importância nas relações que já
foram de amor, transformadas hoje em mero comércio no objetivo seco e bruto do
quem ganha mais.
O capital é a razão de ser da nossa inescrupulosa e
irracional sociedade. Ele se faz “nobre” e único objetivo e meta nas mãos dos
amantes da ambição e do egoísmo e, nesta matemática do ter que só opera a soma
e a multiplicação, a parte mais frágil da sociedade, em tão maior número, vem a
cada dia sendo subtraída e se subtraindo, exercendo e executando, à força de
sangue e dor, a divisão do que há muito se fez indivisível.
A batalha está perdida. O Socialismo que um dia sonhou
socializar o mundo, dis-socializou-se. Saiu de cena antes de se apresentar e
por isso, não foi entendido. Em sua primeira versão, antes de se aperfeiçoar,
foi tolhido em suas ideias e tragado pelo trator negro e valorado materialmente
do extemporâneo capitalismo que não considera e nem respeita nem tempo e lugar,
muito menos vida e gente.
A batalha se perdeu e as sociedades perecem vítimas do
seu próprio desamor para com o seu igual e vencidas pelo maligno e insensível
existir do ouro e do poder, e, por consequência, pela inteligência humana que
se faz insana quando o assunto é ter e acumular e... sempre ter mais.
A razão está devidamente comprometida e perdida e a
emoção responde pela sandice e imundície que somos.
Sandice e imundície que somos enquanto sociedade criada à
imagem e semelhança de Deus.
E que ele, DEUS, nos perdoe, se houver perdão.
Roberval Paulo
NOSSA DURA REALIDADE - Roberval Paulo
É como se a máxima do cada
um por si se consolidasse ainda mais com a evolução dos tempos e o Deus por
todos permaneça só nos sonhos dos mais humildes e menos favorecidos nesta
seleta maratona da sobrevivência digna protagonizada pelo capital – celebridade
em alta – e pelos governos que vêem no capital o parceiro certo e
insusbstituível para a desigual acumulação material e a consequente produção e
manutenção do produto miséria no percentual maior da população, produzida
exatamente, premeditadamente e deliberadamente para alimentar o podre e
inescrupuloso sistema que tem como combustível para o seu ambiente de luxúrias
e prazeres, a fome, a dor da fome e da humilhação de pais, e mães, e filhos e
filhas ainda puros, espalhados por esta imensidão de terras sem fim, de Áfricas
e Américas, em quantitativos que não se conta, que mais parecem estrelas que
perderam o seu brilho para o brilho maléfico de umas poucas “estrelas” egoístas
que querem para si o tudo do nada, até que o nada nem pelo nada seja mais
sentido.
Estrelas estas que já não
habitam o céu; estrelas que habitam o inferno, se é que este existe, porém, sem
demônios, um inferno só de vidas a se acabar pelo completo abandono de quem um
dia pensava herdar um céu de verdade.
A nossa realidade não é de
luz.
Como enxergar luz em
inocentes filhos cadavéricos sugando o seio cadavérico de mãe cadavérica que
jaz morta e ainda se sustenta de pé pela vida morta que trás ao seio para
alimentar com a teimosa vida que tem dentro de si nas gotas mirradas do seu
leite?
Como ver brilho nos olhos
inocentes de milhões de crianças que em carne e osso choram a humilhação da
fome e do descaso e só desejam um naco de pão e leite para fazerem a alegria
dos seus desesperados e impotentes pais e para sustentarem a vida que não
pediram pra ser?
Como ainda se iluminar com
a deterioração da instituição família que, hoje, desprovida dos seus valores
morais, espirituais, de respeito, de caráter e até mesmo de razão, caminha
desordenada e desorquestrada para o ambiente “seguro” do ter, perdendo nesta
terrível caminhada a razão consciente do ser?
Como enfim dizer que há
luz neste mundo desigual onde impera a violência, onde se perdem as crenças, e
assim recriam outras crenças mas que sempre as novas crenças são só dom de
acumular riquezas e mais riquezas materiais, só materiais, e em pouquíssimas
mãos em detrimento de uma enorme maioria a quem só sobram migalhas pra seus
sonhos suportarem e suportam, e se suportam só com sonhos que, com o tempo, se vão a definhar
pois que sonhos não alimentam estômagos e sem estes tão necessários alimentos
se vão gerações inteiras, sem sonhos, desencantar?
O mundo é desigual; o
mundo é desumano. A vida é desumana mas não precisava tanto. Que todo ser
existente e vivente tivesse, simplesmente, sua dignidade e sobrevivência
asseguradas e que o justo fosse a diretriz primeira de governos e cidadãos e
até mesmo desse capital egoísta que não tem vida própria mas que vive na pobre
vida daqueles que se entendem e se pensam vivos e ricos, não sabendo estes que
a riqueza de espírito e de alma é superior e esta não perecerá enquanto que a
riqueza material passará e voltará ao nada de onde se originou, e aí, nada mais
existirá a não ser o espírito, o espírito puro e livre das tentações materiais.
Estes herdarão a
eternidade, a vida eterna e, aqueles, aqueles que nesta passagem cultivaram o
ter já não mais serão, como nada mais saberão de si. Serão fadados e condenados
ao fim eterno que não se sabe inferno ou se panela de ferro mas que será com
certeza de tribulações sem fim.
Roberval Paulo
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