terça-feira, 27 de outubro de 2020

A RODA DA VIDA - Roberval Paulo

Hoje, mais um dia como outro qualquer. Mais um dia de árdua luta à espera do fim de semana que se aproxima para descanso, depois de uma semana como todas. De trabalho e cansaço, de realizações e sonhos, de buscas e encontros, enfim, da batalha incansável que é a vida, que é o viver.

A rotina reclama sempre o seu lugar e lá vamos nós no comando dessa nave que não para. Chega a sexta tão ansiosamente esperada, junto com os preparativos para o tão aguardado e merecido descanso. O acordar um pouco mais tarde, uma ligação dos amigos, o tão gratificante e contagiante e empolgante futebol. Umas cervejas, churrasco, conversas que vão e que vem e sorrisos que não se conta. 

 

O parque. Ah! O parque! O filho correndo solto e sendo admirado. O momento que não devia acabar; devia durar mais que o sentimento. A mulher de tantas lutas e o seu tão nobre amor, sempre dispondo, doando, amando. A alegria se faz tão doce que até parece que todo o mundo é seu.

 

A vida segue o seu curso e as visitas, a família e todos os agregados desse universo de amor traz deleite e repouso ao coração. A mãe, o pai e a benção do amor maior que te faz suspirar e de fato saber quem és.

 

O domingo de missa, de culto, de Deus. De reunião em comunidade, de louvação, de comoção, de comunhão. De entrega, agradecimentos e de pedidos para os seus, para a vida, para o amigo com problemas, para a justiça imperar. Para o governo em desgoverno, para a mãe ter mais saúde, para a promoção chegar e a vida ser melhor.

 

A alma está lavada, o coração tá quase puro e o tão desejado fim de semana já dá mostras de cansaço, suspira em breve adeus e caminha para o fim. O sono está se aproximando e lentamente e em ritmo de dormência vai assumindo o comando, preparando-te para a segunda feira que logo acenderá no horizonte e tudo recomeça outra vez.

 

É a roda viva da vida que tão vivo e mágico faz o nosso existir. Mais disposição, mais correria; é quase um mais de tudo no enfrentamento da sobrevivência. O trabalho, a feira, a escola e os dias brancos que cansam, mas que é bom. Compromissos e obrigações, aspirações e suor e o penoso e doce ansiar pra que a sexta chegue logo. 

 

É o mais do mesmo sempre, mas tudo é tão novo e diferente que nos dá até a impressão de que a rotina "desrotinou-se" e agora opera a seara da novidade, fazendo novo e alentador o que já é demasiadamente velho. Demasiadamente velho, mas novo no giro que a roda dá. A roda viva que gira girando o nosso existir, gira desejos e sonhos e nos faz esperançar. Faz o moço ficar velho para depois remoçar.

 

Roberval Paulo