terça-feira, 28 de maio de 2019

ANDANÇAS - Roberval Paulo


Fiz de quase tudo um pouco
Quase tudo do que eu quis
Ao escolher ser feliz
Disseram-me: és um louco
Olhei e fiz olhos moucos           
Caminhei pro meu destino
Levei a poção menino
Fortalecendo a esperança
Nas curvas da minha andança
Fiz da alegria o meu hino

Me fiz na canção da estrada
Fui o burro do oleiro
Fui meu próprio candieiro
Capitão da minha armada
Na abóbada borrada
Vi disforme a pradaria
E o rio que me seguia
Alinhava o meu caminho
Nutria o meu pergaminho
Escrito dia após dia

Compartilhei pela vida
Muito do que recebi
Pois recebendo entendi
O que vem tem que ter ida
A minha bandeira erguida
Meu cavalo marchador
O meu cão farejador
Minha donzela a esperar
Posso eu até falhar
Mas não por falta de amor

Ando ávido por amar
Até o amor que não tive
Aquele amor que se vive
Só pra com ele encontrar
Sem saber onde vai estar
Sem saber mesmo se existe
Sem saber porque persiste
Mas persiste sem ter conta
É tanto amor que desmonta
O amor que ao amor resiste

Caminhei por entre flores
Pisei em pedras e espinhos
Desaninhei do meu ninho
Pra repor as minhas cores
No teatro dos horrores
Eu fui a representar
Ao ver o sol clarear
Eu desvestido de mim
Vencia as dores assim
Repensando meu pensar

A dor me veio, chorei
Quando alegria, sorri
Era pra ir, eu parti
Fim da estrada, cheguei
Noite e dia caminhei
Era o tempo de andar
Se foi vai ter que voltar
A vida é de ida e vinda
É que a jornada se finda
Pra de novo começar.

Roberval Silva

DIAS CINZENTOS - Roberval Paulo

                                                                  O sol há de brilhar mais uma vez...

Meu olhar cinzento se engasga na lonjura do nada
A noite desce amarga qual notícia trágica de jornal
Mas amada, muito amada!
É ela que me cura da cura incurável
A incurável cura de misturar metafísica e sonho
De pendular entre realidade e abstração

Tô cansado do caminho que não fiz
Aquele caminho que só pensando se chega
O ser em viagem mística e cigana
Transpondo barreiras do cosmos
Os pés cravados no verde
O verde no mar
O mar dos teus olhos
Teus olhos de mar!

A noite me conta segredos
Segredos guardados em dias que estão por vir
Meu desafio tem meu nome
Esta guerra presa em mim
Sou eu batalhando em Stalingrado
Resistindo pra nessa guerra por fim

O copo que me assiste me sorri
Entrego-me ao seu convite
Trago narcisista, quase fascista
Altruísta, insaciável
Whisky abranda até torpor
Não sou alheio à dor

Da janela a noite vai se dissipando
Reluto ao primeiro raio da manhã
Me encontro na última estação de mim
Onde desapeio sem ter chegado ao fim
A aragem me saúda no seu passar
E me diz do sol que há de brilhar mais uma vez

Dia novo, sou novo
Sou outro, mas continuo em mim
É o despertar de um quase sonho
É o real que de mim quis desistir.

Roberval Paulo

RIOMATA - Roberval Paulo

A mata no rio
O rio na mata
A mata desata
O rio cascata
O rio mata
A mata se mata!

O rio abraça
A mata devassa
A mata o rio
A mesma paisagem
A mata folhagem
O rio passagem
O rio invade
A mata selvagem

O rio a mata
A mesma viagem
A mata voraz
O rio coragem
Um fio de esperança
Na sombra descansa
Mata e rio, andança
No fim da imagem
Rio e mata, tardança
“The End!” Miragem.

Roberval Silva

NOSSA DURA REALIDADE - Roberval Paulo

É como se a máxima do cada um por si consolidasse-se ainda mais com a evolução dos tempos e o Deus por todos permaneça só nos sonhos dos mais humildes e menos favorecidos nesta seleta maratona da sobrevivência digna protagonizada pelo capital – celebridade em alta – e pelos governos que vêem no capital o parceiro certo e insubstituível para a desigual acumulação material e a consequente produção e manutenção do produto miséria no percentual maior da população. 

Miséria esta produzida exatamente, premeditadamente e deliberadamente, para alimentar o podre e inescrupuloso sistema que tem como combustível para o seu ambiente de luxúrias e prazeres, a fome, a dor da fome e da humilhação de pais, e mães, e filhos e filhas ainda puros, espalhados por esta imensidão de terras sem fim, de Áfricas e Américas, em quantitativos que não se conta, que mais parecem estrelas que perderam o seu brilho para o brilho maléfico de umas poucas “estrelas” egoístas que querem para si o tudo do nada, até que o nada nem pelo nada seja mais sentido.

Estrelas estas que já não habitam o céu; estrelas que habitam o inferno, se é que este existe, porém, sem demônios; um inferno só de vidas a se acabar pelo completo abandono de quem um dia pensava herdar um céu de verdade.

A nossa realidade não é de luz.
Como enxergar luz em inocentes filhos cadavéricos sugando o seio cadavérico de mãe cadavérica que jaz morta e ainda se sustenta de pé pela vida morta que trás ao seio para alimentar com a teimosa vida que tem dentro de si nas gotas mirradas do seu leite?

Como ver brilho nos olhos inocentes de milhões de crianças que em carne e osso choram a humilhação da fome e do descaso e só desejam um naco de pão e leite para fazerem a alegria dos seus desesperados e impotentes pais e para sustentarem a vida que não pediram pra ser?

Como ainda se iluminar com a deterioração da instituição família que, hoje, desprovida dos seus valores morais, espirituais, de respeito, de caráter e até mesmo de razão, caminha desordenada e desorquestrada para o ambiente “seguro” do ter, perdendo nesta terrível caminhada a razão consciente do ser?

Como enfim dizer que há luz neste mundo desigual onde impera a violência, onde se perdem as crenças, e assim recriam outras crenças mas que sempre as novas crenças são só dom de acumular riquezas e mais riquezas materiais, só materiais, e em pouquíssimas mãos em detrimento de uma enorme maioria a quem só sobram migalhas pra seus sonhos suportarem e suportam, e se suportam só com  sonhos que, com o tempo, se vão a definhar pois que sonhos não alimentam estômagos e sem estes tão necessários alimentos se vão gerações inteiras, sem sonhos, desencantar?

O mundo é desigual; o mundo é desumano. A vida é desumana mas não precisava tanto. Que todo ser existente e vivente tivesse, simplesmente, sua dignidade e sobrevivência asseguradas e que o justo fosse a diretriz primeira de governos e cidadãos e até mesmo desse capital egoísta que não tem vida própria mas que vive na pobre vida daqueles que se entendem e se pensam vivos e ricos, não sabendo estes que a riqueza de espírito e de alma é superior e esta não perecerá enquanto que a riqueza material passará e voltará ao nada de onde se originou, e aí, nada mais existirá a não ser o espírito, o espírito puro e livre das tentações materiais.

Estes herdarão a eternidade, a vida eterna e, aqueles, aqueles que nesta passagem cultivaram o ter já não mais serão, como nada mais saberão de si. Serão fadados e condenados ao fim eterno que não se sabe inferno ou se panela de ferro mas que será com certeza de tribulações sem fim. 

Roberval Paulo

QUASE UM EPITÁFIO, UFA! - Roberval Silva


Passa por mim o vento com açoites
No meu ser;
É o único a me sorrir ao me despir por inteiro
Me despir dos sonhos que ora já não mais sonho
Da luz que não mais clareia
O meu andar peregrino.

Passa por mim o verde que um dia foi esperança
Uma esperança morta que se fez viva de dor
Da dor de não poder nem mesmo sentir dor
Da dor de não doer o sacrossanto mistério do amor
A lâmina fina que talha o íntimo da alma
A alma indolor.

Passa por mim o sonho
A insônia da surrealidade
Meu espírito ardendo em febre
Meus dias corroídos pela dor social
Pela sede insaciável
Pelo ser desvirtuado
Pelo ter exacerbado
Pelo azeite intragável
Pela luz que já pagou o seu doce brilho frágil.

Passa por mim a vida
Passa por mim o seguir
Passa por mim o partir
Que a morte não que nem saber de ti.


Roberval Silva

LUA DOS AMANTES - Roberval Paulo


                                              O novo quando vem...

Uma cantiga de vento enrubesceu os amantes
E na moldura viajante dos olhos
A noite vinha lá do fim do mundo

A lua se escondia na brancura da nuvem
E na sonoridade da alma
Um silêncio se ouvia
Um silêncio de fazer cantar os mudos

O som do amor se encarnou por toda a luz
E todas as bocas disseram o provar de corpos em êxtase

Um uivo abafou a imensidão da distância
E o prazer aquiesceu a alma enamorada

Os desejos ardem, convulsões desenfreadas
Sensações que se revelam
Na rima solta do verso

O ar cansado desmaia
Num respirar lento e cortante
E a forma disforme se renova
No formatar novo do novo.

Roberval Silva

ONDA AZUL - Roberval Paulo

O céu era azul como é azul todo céu.
De vez em quando branco, enfumaçado, plúmbeo, mas azul,
Porque céu tem cor de azul e não de chumbo.

Céu da boca é vermelho, rosa, pálido, esquálido,
Lânguido céu da boca da onça
Mas aí, é outra coisa e outro céu
E não o céu que se funde com o mar.

E sob o céu azul brincávamos
No azul do nosso amor,
Sobre as folhas e plumagens
Verdes, amarelas, róseas, vermelhas,
Expostos ao verde-vida da planície azulada.

A vida era escura, quase azul-marinho
Na casa onde morávamos
Mas, o amor
O nosso amor era azul
Azul resplandecente
De céu e de verde-mar
Jorrando natureza viva,
Viva no azul deste sol
Viva no azul dos teus olhos
Viva o azul da vida-viva
No azul do teu corpo e teu ser
Que o mundo é azul e de azul
Se fez o universo e nós.

De azul em azul, eu e você
No verde-azul deste mundo de amor.

Sonho azul, mar azul, tudo azul
Céu e terra, azul nos azuis
Das borboletas azuis de voar azul
Vôo azul do nosso sentimento.

Roberval Silva

terça-feira, 21 de maio de 2019

CONTRÁRIOS - Roberval Silva



Só sabe a alegria quem já foi triste um dia
Só sabe a paz quem já foi de turbulência
Só sabe o amor quem já sentiu o desprezo
Só se sabe adulto quem viveu a inocência

Só se sabe pedra quem um dia foi vidraça
Só se sabe alívio quem já se forjou em dor
Só se sabe gozo quem já viveu a angústia
Só se sabe doce quem provou o amargor

Só sabe a graça quem já foi de desventura
Só sabe a paz quem vivenciou a guerra
Só sabe luz quem já caminhou nas trevas
Só sabe o espaço quem já conheceu a terra

Só se sabe o fim quem já passou do começo
Só sabe o começo quem já contemplou o fim
Só sabe o respeito quem o adquiriu de berço
Só saberei de você quando eu souber de mim.

Roberval Silva

REALIDADE FURTIVA - Roberval Silva

E se a realidade for em nós só ilusão
E se presente e futuro e passado for só vento
O vento de um inventar pra dar sentido ao ser
Um vento que não se julga nem com o martelo do tempo

E se a mão do juiz for perdão mais que sentença
E se o engenho do ser for mais cruz que sacramento
E se a doce saudade se rir da real lembrança
E construir o absurdo dissolvendo o sentimento

Será que a solidão é prima irmã do tormento
Ou será o improvável mais solo firme que o chão
Quando será que a areia desmedirá a ampulheta
Quando será que a destra virá a ser contramão

Não sei se passo ao largo ou se me torno evidente
Nossos caminhos se fazem de quase um não se encontrar
De um quase não existir pois que habito em esfera
Que rola espaço afora sem ter chão pra descansar

A inexistência do ser é o existir da esperança
A esperança que alcança teu pensar inalcançável
Quem espera sempre alcança, cedo ou tarde, confiança
Esperançando o existir no viés do indecifrável.

Roberval Silva

quinta-feira, 16 de maio de 2019

ONDA APOCALÍPTICA - Roberval Silva

No desespero do século 21
Nós já não mais somos um
Somos todos, somos nós
O futuro desse sonho que agoniza
Somos a sociedade das formigas
Trafegando nas entranhas do seu corpo
Esse corpo sonho de um poeta morto
Esse corpo sangrando nossas feridas
Cicatrizadas na curva última da vida
Somos as cinzas de um sonhar que nasceu torto

Ho ho ho ho!
Somos as cinzas de um sonhar que nasceu torto
Plantar na terra a semente do desgosto
A edição da vida reeditar
Ho ho ho ho!
Lobo e cordeiro convenientemente em paz
A essência do amor que se desfaz
Na insensatez da humanidade caminhar

No mistério da palavra anunciada
A inocência acorrentada
Vamos todos, vamos nós
Acordar a canção adormecida
Da cigarra decifrar sua cantiga
Prenunciando o sortilégio do horror
Serpenteando entre o ódio e o amor
Uma nota tantas vezes repetida
Teleguiando a multidão ensandecida
Gente é boiada na estrada do matador

Ho ho ho ho!
Gente é boiada na estrada do matador
Nos labirintos da sanha do Criador
A humanidade tira um sarro ao recriar
Ho ho ho ho!
Na inexistência da existência adormecer
A humanidade desumana perecer
O Criador ao firmamento retornar.

Roberval Silva

terça-feira, 7 de maio de 2019

PASSAGEM - Roberval Silva


O que é a vida
Senão um passar sem fim
E o fim de cada um nascendo bem logo ali

O que é essa vida
Senão um caminhar sem folgar
E o destino bem ali na esquina a lhe espreitar

Você segue escolhendo o seu caminho
E quando o tempo se perde
E você se descaminha no vão da estrada errante

Quer voltar mais já não pode
Quer corrigir mais já deu bode
O jeito é seguir em frente mesmo errado e cortante

Então siga e siga de passo largo
Provando o doce e o amargo
Até encontrar pelo caminho
Um santo, um anjo, um passarinho
Que lhe agasalhe um ninho

Pra sua alma repousar
O seu corpo descansar
E as forças recuperar
Para depois renovado
Reconstruir seu caminho.


Roberval Silva

CONVERSÃO - Roberval Silva


Conversão não é de corpo

Nem tão pouco de religião
Conversão é de crença e de fé
É de alma e de coração

Converter-me a que?
Já não vivo convertido desde o dia em que nasci?
O que vem a ser de fato essa tal de conversão?
Será que será o exílio deste meu peito infeliz?

Não sei e repito o que disse Aristóteles:  - só sei que nada sei

Mas me fundo a dizer que preciso converter-me
Converter-me à justeza do meu pobre coração
Ao amor que me foi dado pelo simples dom de amar

Saber que só o amor constrói a estrada plana e plena
Só o amor é capaz de vencer a escuridão
Sou eu jogado aos leões nessa alegre e triste arena
Vencendo a luta vencerei a solidão?
                      
Não sei mas sei que de nada sei
Mas sei que mesmo sem saber, eu preciso converter-me
Converter-me ao amor que em mim já foi mais amado
Converter-me à singeleza das ações do coração
Aquela tão nobre ação que só coração conhece
Desprovida dos valores do egoísmo e da ambição.

Roberval Silva

UMA PRÉVIA SOBRE O AMOR - Roberval Silva


Era uma vez um moço
Que amava uma moça
Que amava um outro moço
Que era tão, mas tão mais moço
Com tanto mais de mocidade
Que fez do moço que amava
Um moço desencantado
Triste e desiludido
Por amar aquela moça
Tão plena de mocidade

Achou-se então, o moço,
Numa estrada que é só ida
Num tempo fora do seu
Por não poder regressar
À mocidade de outrora
À vida que só agora
Percebeu não ser mais sua
E sim daquele outro moço
Que nem percebia amor
Na moça do seu desejo

E o moço amava a moça
E ela amava o outro moço
E o outro moço só tinha
Olhos para outra moça
Que não era a sua moça
Mas era uma moça distinta
Que até poderia ser
A moça do seu querer

Mas essa moça não era
A moça do seu amor      
Com coração não se brinca
Em coração não se manda
Ele amava tanto a moça
E ela amava o outro moço
E os olhos do outro moço
Eram para a outra moça
Que não era a sua amada
Mas que poderia ser
E tudo estava resolvido

Mas não é assim no amor!
Ele amando tanto a moça
Que não lhe correspondia
E ela amando outro moço
Que não lhe correspondia
E o outro moço amando
Aquela outra linda moça
Que não amava ninguém
Amor que vai e não vem
Tudo fora de controle

Ele a amando, como amava,
E ela ao outro mais amava
E o outro a outra amando
E essa a ninguém se dava
E ele só vegetando
Por todo amor que sentia
Acabou não suportando
E explodiu tudo em dor
Dor de amor que não se cura
O levando à sepultura
Não sepultura real
De acepção verdadeira
E sim a morte matreira
Que mata o vivente em vida

Chagou tanto essa ferida
Que o fez desaparecer
E ela também partiu
Por de amor padecer
E o outro que amava a outra
Ninguém sabe ninguém viu
E a outra ficou sozinha
E deu-se às águas do rio
Porque não amava ninguém

E lá depois do além
Todos se reencontraram
E riram, como eles riram
Riram tanto tanto tanto
E era tanto acalanto
Que o amor ressurgiu
E fez brotar flor e encanto
No coração do Brasil.


Roberval Silva

O TODO UNIVERSO - Roberval Silva


Sou em mim uma parte do todo
Somos enfim o todo universo
Estamos em tudo, estamos no nada
Somos carne e pecado, alma e transcendência.

Somos em toda parte a força do natural
A natureza que sou me trás de volta a origem
Lá onde nós começamos, onde começa o universo
Lá onde a realidade se imaterializa
É lá que espírito e corpo são um só corpo irreal
Uma fonte energética que decifra pensamento
Que faz da cronologia uma fração do momento
E a raiz do existir faz-se em fórmula surreal

Somos Deus, somo em nós,
Sua imagem e semelhança
Somos portanto esperança
Sou o sol em seu fulgor

Sou o perfume da flor
O tempo e sua estranheza
Sou as vestes de uma deusa
O absoluto em relato
O relato em relativo
Meus passos ou dos meus sapatos?

Roberval Paulo

A POESIA - Roberval Silva


A poesia é tudo belo
Não fosse bela a poesia
Seria belo o poema
Da noite no dia a dia
A treva se irradiando
Em luz na mais longa via
Via de destino torto
Que se endireita arredia
Que se endireita entortando
Alinhavando a poesia

A poesia é feito chama
Que aquece a bola do dia
Que embola o frio da noite
E acende a luz da magia
Respinga estrelas no céu
Faz luzir quem não luzia
Faz da cinza um fogaréu
Brilha a lua ao meio dia
Vai por aí feito a vida
Findando onde principia


Roberval Silva