terça-feira, 7 de maio de 2019

UMA PRÉVIA SOBRE O AMOR - Roberval Silva


Era uma vez um moço
Que amava uma moça
Que amava um outro moço
Que era tão, mas tão mais moço
Com tanto mais de mocidade
Que fez do moço que amava
Um moço desencantado
Triste e desiludido
Por amar aquela moça
Tão plena de mocidade

Achou-se então, o moço,
Numa estrada que é só ida
Num tempo fora do seu
Por não poder regressar
À mocidade de outrora
À vida que só agora
Percebeu não ser mais sua
E sim daquele outro moço
Que nem percebia amor
Na moça do seu desejo

E o moço amava a moça
E ela amava o outro moço
E o outro moço só tinha
Olhos para outra moça
Que não era a sua moça
Mas era uma moça distinta
Que até poderia ser
A moça do seu querer

Mas essa moça não era
A moça do seu amor      
Com coração não se brinca
Em coração não se manda
Ele amava tanto a moça
E ela amava o outro moço
E os olhos do outro moço
Eram para a outra moça
Que não era a sua amada
Mas que poderia ser
E tudo estava resolvido

Mas não é assim no amor!
Ele amando tanto a moça
Que não lhe correspondia
E ela amando outro moço
Que não lhe correspondia
E o outro moço amando
Aquela outra linda moça
Que não amava ninguém
Amor que vai e não vem
Tudo fora de controle

Ele a amando, como amava,
E ela ao outro mais amava
E o outro a outra amando
E essa a ninguém se dava
E ele só vegetando
Por todo amor que sentia
Acabou não suportando
E explodiu tudo em dor
Dor de amor que não se cura
O levando à sepultura
Não sepultura real
De acepção verdadeira
E sim a morte matreira
Que mata o vivente em vida

Chagou tanto essa ferida
Que o fez desaparecer
E ela também partiu
Por de amor padecer
E o outro que amava a outra
Ninguém sabe ninguém viu
E a outra ficou sozinha
E deu-se às águas do rio
Porque não amava ninguém

E lá depois do além
Todos se reencontraram
E riram, como eles riram
Riram tanto tanto tanto
E era tanto acalanto
Que o amor ressurgiu
E fez brotar flor e encanto
No coração do Brasil.


Roberval Silva

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