segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Blog Roberval Paulo: CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo

Blog Roberval Paulo: CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo: Meus conceitos não são velhos Velho é me conceituar Velho é tecer conceitos A quem não segue conceitos Pois conceitos não são f...

CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo


Meus conceitos não são velhos
Velho é me conceituar
Velho é tecer conceitos
A quem não segue conceitos
Pois conceitos não são feitos
Para as gentes bitolar
Quando muito, pra lembrar
Que o conceito conceitua
Mas nele não se acentua
O acento do caminhar
Pois que a luz do estradar
É o reflexo do passante
Chega a ser entediante
A quem negligenciar
Que a ordem conceitual
Não vá te desordenar


A rua rima com lua
Mais só uma é de andar
A outra é pra apreciar
Sem um qualquer preconceito
Pois que dentro do conceito
A lua é moça formosa
Pretendente venturosa
Do sol raivoso e sisudo
Que em um conceito mudo
É quase ouro a brilhar
E que no seu viajar
Manifesta sua grandeza
Mas não nos dá a certeza
Que essa airosa grandeza
Mesmo estando posta à mesa
Alguém vá conceituar?

Então não me conceitue
Conceitue, mas assim
Não conceituando a mim
Mas a ti dê seu conceito
Pois dando a ti o efeito
Do conceito dado a mim
Compreenderás enfim
Bebendo o próprio veneno
Adentrarás o terreno
Da consciência moral
Não desejando ao igual
O que não queres pra ti
É só em frente seguir
O caminhar está feito
Pois o efeito do conceito
Não mais irá te ferir.
 
Autor: Roberval Paulo

SACRAMENTO - Roberval Paulo


Se me nascesse jogado
Em colchão de folha seca
Ou mesmo ao som de clarineta
O batismo é o meu sustento
Nem que me fora de ouro
Ou do mineral mais nobre
Veria o sonho de um pobre
Ser mais que qualquer unguento

Mas não seria eu avesso
Sendo a unção dos enfermos
De óleo santo e sagrado
Ungidos ao firmamento
É mais que poder dizer
Ungir-se é se alimentar  
Pois no deserto, Maná
Era Deus ali atento

Sei que não posso parar
Dessa longa caminhada
Pois o porvir da jornada
É ir no passo do tempo
Mesmo que eu não queira amar
Não deixo de prosseguir
Pois a estrada a seguir
É o nosso ordenamento

O sol que me queima a pele
É o mesmo que me encoraja
O rastejar é da naja
Eu me adejo ao vento
A lua tem seus mistérios
A noite clara é um encanto
Ela vestindo o seu manto
Eu desvestido e cinzento

Cantando a canção da estrada
Sigo pisando em espinhos
Há flores em meu caminho
Miragens do meu tormento
No olhar crivo e cortante
Sinto a dureza da vida
Vejo a beleza da vida
Nas verves do sacramento.


Autor: Roberval Paulo

QUASE UM EPITÁFIO, UFA! - Roberval Paulo


Passa por mim o vento com açoites
No meu ser;
É o único a me sorrir ao me despir por inteiro
Me despir dos sonhos que ora já não mais sonho
Da luz que não mais clareia
O meu andar peregrino.

Passa por mim o verde que um dia foi esperança
Uma esperança morta que se fez viva de dor
Da dor de não poder nem mesmo sentir dor
Da dor de não doer o sacrossanto mistério do amor
A lâmina fina que talha o íntimo da alma
A alma indolor.

Passa por mim o sonho
A insônia da surrealidade
Meu espírito ardendo em febre
Meus dias corroídos pela dor social
Pela sede insaciável
Pelo ser desvirtuado
Pelo ter exacerbado
Pela luz que já pagou o seu doce brilho frágil.

Passa por mim a vida
Passa por mim o seguir
Passa por mim o partir
Que a morte não quer nem saber de ti.

Autor: Roberval Paulo