quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

FELICIDADE! - Roberval Silva


Correr pra felicidade! É preciso
Estar pronto neste sonho infeliz
É preciso antes de tudo, diretriz
Saber realmente o que é felicidade
A felicidade não é plena, é amante
Nem eterna, nem constante. Inverdade?
A felicidade é uma doce estrada errante
Bem distante de qualquer realidade
Poucas vezes se chega ao seu destino
É no ancião que se vê a mocidade
É quase feito pensamento de menino
Liberto sem saber de liberdade.

Felicidade é sempre um sorriso aberto
Sorriso solto, a franqueza no olhar
Abrir a voz, não ter medo de cantar
É no canto que se sabe o que é saudade
E saudade não se sente sem ter pranto
E o pranto te encaminha pra verdade
Desce ao peito feito um rio de acalanto
Faz o amor florescer com a amizade
Faz do sonho o caminhar do destino
Corre o mundo se esquivando da maldade
A voz bradando como o badalar do sino
Ser feliz é ter o Deus de bondade.

Roberval Paulo

ENSAIOS - Roberval Silva


ENSAIO 1 - RECICLANDO


Ser feliz é cantar na solidão
Encontrar a razão de ser sozinho
O perfume da rosa tem espinho
Tudo aquilo que sobe volta ao chão
Ser feliz é andar na contramão
Desfrutar da beleza do universo
Ser feliz é cantar em prosa e verso
Recriar a ilusão no dia a dia
Refletir na tristeza e na alegria
Preterir a razão ao coração.

ENSAIO 2 - FILOSOFIA DO BEIJO

Um instante mágico revela
Se o mundo acabar, nem te ligo
É que beijo, tem o proibido
Um que é pecado e que não se protela
Tem outro que desperta alibido e gela
Faz girar quem está firme no chão
Faz o homem andar na contramão
A mulher esquecer os seus pudores
Enche o peito e a alma de amores
E a razão abandona o coração.

ENSAIO 3 - DOCE AMARGOR

Era tanto amor
Difícil de entender
Qual sonho de luar
Na linha azul do mar
A se doar e perder

Fogueira de paixões
Explosão de desejos
Uma lágrima a rolar
Na pele alva a corar
Um doce e amargo beijo.


Roberval Silva

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

ENCONTRO - Roberval Silva


Saí
Fui distante
Corri pelos sonhos
Busquei o sol, a lua, as estrelas
Busca em vão,
nada disso pude alcançar
Estava sem amor
Estava sem amar
Voltei pra ti, me perdi
Me encontrei querendo me achar
Me achei sozinho
Perdido em um caminho
que se estreitava a cada passo,
se abrindo de repente
em outros tantos e incontáveis
caminhos
vencendo barreiras e rasgando
o vazio do espaço
que se debruçava sobre o meu
mundo
em cor que não se define.


Roberval Silva

COISA BELA - Roberval Silva


Eu escrevo como quem sonha
Como quem sonha a coisa bela
E o sonho é de quem ama
Como a caça é do caçador

Eu sonho como quem ama
Como quem ama a coisa bela
E o amor é de quem cria
Como a criatura é do criador

Eu amo como quem cria
Como quem cria a coisa bela
E a criação é de quem escreve
De quem escreve certo por linhas tortas


Roberval Silva

CANÇÃO DE LUAR - Roberval Silva



E a lua cantando um canção, 
oh! chão
Quem dera pudesse eu pisar-te, 
tocá-lo
Sentir o teu calor, 
beijar tuas entranhas
 Derramar-me em prata 
sobre teus montes e rios
Embriagar-me 
no verde das tuas matas
Quanta beleza, oh! Deus, 
longe desse céu.

Roberval Silva

ADJETIVANDO - Roberval Silva


A moldura, na paisagem
O paisagista emoldura
Enluarada de sol
E ensolarada de lua
Esbranquiçada de negro
E escurecida de alvura

                                              
                                               E a paisagem escurecida
                                               Na moldura esbranquiçada
                                               Pelo sol do paisagista
                                               Que de lua emoldurava
                                               Todo negro enluarado
                                               Que na alvura ensolarava.


Roberval Silva

O Que Será (A Flor Da Pele)

A vida é canção; a canção é a estrada e a estrada é seguir no rumo, com prumo. Então cidadão/cidadã, não perca o prumo; não desafine na canção...

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ESTE DIA - Roberval Silva


Ainda ontem
Sonhei com este dia
Este dia que viria
Mesmo sem eu planejar
Este dia que seria
Sem eu nem mesmo esperar
Este dia que o dia
Toda verdade diria
Toda verdade seria
Mesmo quando o novo dia
Se inclinasse a raiar

Foi no curso deste dia
Que me despi da euforia
Vesti-me de alegria
Dei asas ao caminhar.
Vi-me transpondo destinos
Visitei-me eu ser menino
Sorri com o vento andino
A impulsionar meu voar

Nesse voar intrigado
Mais um voar renovado
Rodopiei morcegado
De pés e mãos para o ar.
Eu que pensava o horizonte
Ser o horizonte a seguir,
Ser motivado a partir
Pra vencer o estradar
Me ver verticalizando
Foi surpresa superando
Não mais seguia chorando
Cantarolava a voar.


Roberval Silva

O TRÁGICO FIM DE HORINHA DE DEUS - Roberval Silva


JORNALDOTOCANTINS.COM.BR
"O dedo polegar levantado simultaneamente à resposta, no que ríamos de nos perder em graça"

Essa crônica de minha autoria está publicada no Jornal do Tocantins de 29/01/2019. Leia o texto completo a seguir:

O Trágico fim de Horinha de Deus

Horinha de Deus foi o nome que lhe demos tão logo chegou à nossa cidade, por volta do ano de 1983. Veio da estrada. Era desses que saem pela vida sem destino certo, fazendo parada e morada aonde afeto e carinho encontrar. Lá se radicou por força dos sorrisos e abraços recebidos nas ações espontâneas e características do nosso povo quando se trata de acolhida.

Seu nome verdadeiro não me recordo. Horinha de Deus fazia jus a este emblemático morador, pois respondia prontamente a cada cumprimento que recebia, com o dedo polegar em riste, exprimindo freneticamente: - na horinha de Deus. Muitos e, principalmente, as crianças, o cumprimentavam sempre e às vezes até pelas costas só para ouvir a imediata frase: - na horinha de Deus, com o dedo polegar levantado simultaneamente à resposta, no que ríamos de nos perder em graça.

Mas Horinha de Deus nos era desconhecido. Estava ali todos os dias no nosso meio, andando pelos bares, comércio da cidade, pontos de encontro e na praça principal, sempre rodeado ou rodeando as reuniões típicas e comuns do interior, fazendo suas graças, tomando sua birita e em harmonia e graça com todos.  Mas de fato não o conhecíamos; não sabíamos de onde surgira nem onde seria sua próxima parada. Vivíamos ainda o romantismo da inocência interiorana que acolhe a todos e qualquer, sem amiudar a origem.

Deixando por hora o Horinha de Deus, volto minha atenção para o outro lado dessa história, apresentando-lhes uma família pioneira da cidade. Senhor Zico e Dona Dita, pais de quatro filhos, moradores da zona rural em um sitio a pouco mais de meia légua da cidade, trajeto este feito quase que cotidianamente a pé ou de bicicleta quando das idas à cidade para compras ou visita aos filhos mais velhos que por lá já residiam.

Quando e como se deu, caro leitor, o trágico encontro desta família com Horinha de Deus é o que veremos a seguir.

Em uma manhã de verão escaldante, Dona Dita, montada em sua bicicleta, trazendo à garupa o filho menor, deixa o sítio com destino à cidade. Na bagagem, queijos frescos para venda no comércio. Concretizada a venda e já de posse de alguns víveres, visita os filhos e retornam ao sítio neste mesmo dia no período da tarde. Seu Zico tinha ficado sozinho e as tarefas do sítio são muitas; necessário era o imperioso retorno neste mesmo sol.

Não sabia Dita que seu retorno era vigiado. Realmente não o conhecíamos, pois era Horinha de Deus quem os espreitava, seguindo-os em outra bicicleta. O sol dava mostras de abrandar o seu fulgor, trazendo as primeiras sombras ao caminho, enquanto sombras outras e maléficas rodeavam as pedaladas de Dita.

A tarde já se despedia quando venceram a primeira metade da jornada, sendo alcançados neste momento por Horinha de Deus que os seguia de perto. Não se sabe com que motivação ou o que intentava, mas o fato é que Horinha de Deus partiu para o ataque, jogando Dita ao chão ao mesmo tempo em que, à força, tentava desvesti-la de suas roupas. Entraram em luta corporal, com Horinha de Deus tentando domina-la e despi-la, mas Dita resistia com a força de uma leoa defendendo a cria.

No ataque, ao derrubar a bicicleta, o pequeno que estava na garupa caiu a uma distância de metros e dali mesmo se pôs em vertiginosa carreira rumo ao sítio onde se encontrava o pai, seu Zico. Era uma distância considerável para tão pequeno ser, mas vencida em instantes pela força do salvamento que precisava ocorrer. O pequeno chegou ofegante e seu Zico entendeu no olhar desesperado do filho que Dita estava pelo caminho e corria perigo.

Lançou mão da espingarda que descansava pendurada na parede da sala e saiu a passos largos pela estrada, seguindo a corrida incansável do pequeno guia. Alcançou o local da contenda onde Dita ainda resistia em luta bravia com aquele que ousava, pela força e covardia, manchar sua moral e sua verdade de mulher honrada. O fim não podia ser outro e quantas vezes me pergunto sobre o fatídico episódio, tentando merecer ou almejar um outro desfecho, ressalto sempre: de fato, não o conhecíamos e não podíamos atinar para tão depreciável atitude, porém, sem julgamentos, pois não nos cabe.

Volto um pouquinho na história só para que o leitor visualize e vislumbre esse quadro visto por seu Zico ao chegar ao local. Seu filho tão pequeno, ofegante em avisa-lo e a mostrar-lhe o caminho; sua velha e querida companheira de uma vida toda ali jogada ao chão, sendo subjugada por um estranho, tendo já metade das roupas rasgadas e bravamente resistindo. Um misto de emoções percorreu todo o seu corpo, correndo por suas veias, arrefecendo seus músculos, enchendo de sangue o coração e a mente, aflorando os instintos primitivos que nos habitam e dormem quando tudo em nós está harmônico, bastando uma pequena desarmonia para que estes se manifestem.

A desarmonia estava à mostra e era demasiadamente brutal. Seu Zico apressa o passo e ao ter percebida sua chegada, grita seus alertas para que o agressor a deixe. Este porém levanta-se rapidamente e tomado pela fúria ou sei lá qual outro sentimento, parte para cima de seu Zico de braço erguido, empunhando uma faca na mão direita e vociferando em brados agressivos e incompreensíveis. Não resta a seu Zico outra alternativa. O tiro parte e alcança Horinha de Deus bem debaixo do braço, que cambaleia e tomba ao chão de bruços, já sem vida. Foi alcançado em lugar mortal. 

As autoridades são chamadas. Seu Zico presta esclarecimentos. Vê-se criminoso, sente-se criminoso. Foi em legítima defesa da honra, não tinha ele outra saída. Redime-se consigo mesmo e almeja pelo perdão.

Horinha de Deus vai ao sepulcro ali mesmo na cidade, pois seus restos mortais não foram reclamados. Era sozinho, não se sabe de parentes. A ida ao inevitável fora da curva, pela ação fora do esquadro que tão bem esquadrinha a vida. O retorno ainda mais só do que o só, sem choro e sem vela, só com a vela do descanso final. – Deus cuidará! Ainda ouço o ressoar das vozes de muitos aos meus ouvidos.

Dita está salva, o pequeno também, mas o desfecho é triste e trágico. A família está intacta, mas são profundos os arranhões e as marcas no corpo e na alma. 

Roberval Silva

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

CRIANÇA, ESPERANÇA DO MUNDO - Roberval Silva


Uma criança nasce

Com ela, as esperanças do mundo

Uma criança chora

Com ela chora o mundo

Uma criança sorri

O mundo todo se alegra com ela

Uma criança canta

O mundo fica encantado com ela

Uma criança morre e com ela,

as esperanças do mundo.

Cuidemos de nossas crianças
É o que há de mais puro e precioso
Neste mundo tão conturbado e impuro
Onde reina a violência e impera a hipocrisia.


Roberval Silva

LÉGUAS DO CAMINHAR - Roberval Silva


                  A Ascenso Ferreira


Abro o olho
Fecho o olho
Sonho a vida
Corro a estrada
Tô cansado
Tô com pressa
Muita pressa
De partir

Nasce o sol
Abre o caminho
Cruzo o rio
Olho a mata
Já é tarde
Já tô longe
Muito longe
De chegar

E no céu
Sigo as estrelas
Já é dia
Elas se apagam
Vou correndo
Vou na frente
Passam dias
E eu na estrada

Levantei cedo, bem cedo
Tinha nada pra fazer
E pensei na caminhada
Que devia empreender

No peito outro não há
Só o desejo de partir
E na chegada sentir
A alegria de voltar

Pedras ferem
Pés e corpo
O sol queima
A vida e a alma
Eu e Deus
Na caminhada
E tanta légua
Pra andar

Todo o tempo
Só sorria
À noite
Contava estrelas
Andava assim
Nas nuvens
Na poeira
Da estrada

Pra vencer
Só a distância
Quantos sóis
Eram passados
Corpo e alma
Encharcados
Do suor
Da caminhada

E cheguei
Não sei aonde
Só senti
Que era chegado
O final
Da caminhada
Precisava
Regressar

Pé na estrada
Ao revés
Põe-se a lua
Volta o sol
Cruzo o rio
Olho a mata
Tô cansado
Tô com pressa
Já é tarde
Já tô longe
Vou correndo
Vou na frente
Tô voltando
Trago nada
Só o desejo
De chegar.


Roberval Silva

VOCÊ, MINHA VIDA - Roberval Silva


Eu, minha vida
Um tempo, a ponte
Um rio, o sol
Brilhando com os montes
Tudo é belo, o sol
O rio, os montes
Eu, minha vida
Ah! Tempos distantes

Eu, minha vida
Colhendo acácias
No longe, a campina
O verde abraça
É tão bela a campina
O longe,, as acácias
Eu, minha vida
Oh! tempo, não passa

Eu, minha vida
O mar, o infinito
A lua, o abraço
Teus lábios suplico
É belo o infinito
O mar, o abraço
Eu, minha vida
O tempo é o compasso

Eu, minha vida
A noite, o dia
O sonho, a dor
Minha vida partia
É belo, é triste
O sonho, o dia
A noite, a dor
Minha vida vazia



Roberval Silva

SonhaDor - Roberval Silva


Ele diria:
Da noite,
         Prefiro os sonhos
Da lua,
         O sonhar distante
Do dia,
         O sonho da hora, “real”
Da vida,
         O sonho que é flor.

E vivendo,
         Sonhou até a morte
E sonhando,
         Morreu até o fim da vida.


Roberval Silva

LISA! - Roberval Silva


Lisa!
No meu beijo ela sorria
Dos meus braços não saía
E a noite adormecia
Nas asas de um sonho bom

Lisa!
Seu olhar tinha magia
Suas mãos, quanta energia
Sua boca quente, fria
Água e fogo. Rebeldia
Estampada no batom

Lisa era o som
Lisa era o tom
Lisa era o dom
de cantar
de sonhar
de sorrir

Lisa era mel
Lisa era o céu
Lisa era fel
O êxtase e o sabor
O doce amargor
No desejo de ir e vir

Lisa!
Porque que você se foi?
Deus, porque que permitistes?
Deixar partir um filho teu
Se entre todos os amores
O meu era o maior?

Ah! Lisa!
O meu mundo se perdeu
Os meus dias são qual noites
Trevas, frio, solidão
Lâmina na carne, sou eu
Na terra fria, no pó

E o vermelho tinge a alma
E um suspiro abranda a dor
Finda o som do vento, a calma
Último dia, última fala
Lisa! Não estou mais só.


Roberval Silva

INFINITO AMOR - Roberval Silva


O infinito é tão grande
Que não tem fim
Como explicar o infinito?
Não se explica
Se é infinito, não tem dimensões
                   nem limites
                   nem referências
Impossível de ser medido.

Agora entendo
É por isso!
É por isso que não compreendo
               que não explico
Nem o infinito
Nem o meu amor
Também é infinito
E está dentro de mim.

Só não sei como pode
Estar em mim esse amor
É amor infinito
Infinito amor
E dentro de mim
Também sou infinito
Eu, o infinito, o amor
Infinitamente infinitos.


Roberval Silva

CANÇÃO DE LUAR - Roberval Silva


E a lua cantando um canção, oh! chão

Quem dera pudesse eu pisar-te, tocá-lo

Sentir o teu calor, beijar tuas entranhas

Me derramar em prata sobre teus montes e rios

Embriagar-me no verde das tuas matas

Quanta beleza, oh! Deus, longe desse céu.



Roberval Silva

CAMINHANTE - Roberval Silva


Se me perco, és o meu encontro

Se me escondo, sou o teu achado
Se me despenco, tu me tens ao colo
Se me vejo só, estais ao meu lado

Se choro, és tu o consolo
Se estou triste, me dás alegria
Se me sinto pobre, tu és meu tesouro
Se me falta luz, és tu o meu guia
                               
Quando canto, és tu a canção
Se tenho frio, tu és o abrigo
Se me apaixono, és minha ilusão
Se estás comigo, já não há perigo

Se sou o fim, tu és o começo
Se sou o começo, és tu o meu fim
Se choras, se sofres, sou eu quem padeço
Se tens alegria, alegras a mim

Sou labirinto, tu és a saída
És flor na minha vida, sou o teu jardim
És enfim, meu oásis, sou eu, do deserto
O caminhante, ao certo, tenho a ti, tens a mim.

Roberval Silva

BRINCANDO DE SOL - Roberval Silva


Sol dourado, de ouro, alaranjado
Sol amarelado, de ouro, encarnado
Sol cinzento, de ouro, com ungüento
Sol sonhado, de ouro, encantado

Sol quimera, de ouro, é primavera
Sol forjado, de ouro, pelo outro lado
Sol desterra, de ouro, sal sobre a terra
Sol asado, de ouro, desgovernado

Sol chumbo, de ouro, a virar mundo
Sol azul, de ouro, chuva no sul
Sol mundo, de ouro, vai-se Raimundo
Sol igloo, de ouro, no polo sul

Sol triste, de ouro, dedo em riste
Sol ferido, de ouro, oh! que perigo
Sol vermelho, de ouro, eu vi primeiro
Sol de trigo, de ouro, de pão me viro

Sol augusto, de ouro, levei um susto
Sol tangente, de ouro, incandescente
Sol restrito, de ouro, vamos ver isto
Sol plangente, de ouro, também semente

Sol triunfante, de ouro, poesia, Dante
Sol enfumaçado, de ouro, turvo, cansado
Sol contagiante, de ouro, no céu, cortante
Sol esbranquiçado, de ouro, lânguido, cansado

Sol freemente, de ouro, sonho dormente
Sol do amanhã, de ouro, febre ter sã
Sol proeminente, de ouro, tom veemente
Sol atemporã, de ouro, corrida vã

Sol, um marco no tempo, andar
Sol, princípio da vida, a flor
Sol, de todos os dias, sonhar
Sol, razão de um tudo, AMOR!


Roberval Silva