sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

IMATERIAL - Roberval Paulo


Pouco me avizinho ou me entendo
com relação às evidências
externas e extemporâneas
que acometem os humanos
em suas místicas sintonias
com o universo além da matéria,
a égide de um maior plano.

Mas, por inúmeras e inúmeras vezes,
deparei-me comigo, desvestido de mim,
livre do peso material que o meu ser carregava,
embrenhando em campo imaterial
como se só de espírito fosse eu batizado,
aquele andar apressado, de pés sem tocar ao chão
e distâncias longas vencidas
por um simples e atemporal salto
no tempo a romper estradas que a terra não cobriu.

Estradas de luz e nuvem,
de anjos e celestial
que não sei eu onde estou,
mas de sensações distantes
dessas sensações terrenas,
sensações de amar e plena
de claridade divina,
novena em mim que se finda
sem chegar ao seu final,
pois foi só mesmo a viagem
que muito me alegrou
em saber que um outro lado
existe e lá tem paz.

Tem gentes bem diferentes
das gentes que vivem aqui,
lá não se sente nem dor,
só mesmo enlevo e prazer,
lá ninguém se desespera,
não se mata nem se morre,
lá é como o vento norte
na direção natural,
que sopra, sopra e soprando
areja e carrega a vida,
um universo além
da pobre matéria irreal.


Roberval Paulo

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