Eu
sonho a paz porque meus dias só viveram guerras.
Eu
canto a vida porque meus pés só cantaram a estrada.
Eu
choro os amores idos porque meus olhos não os viram chegar. E
ao chegar, porque não foram vistos, partiram.
Eu
sonho o tempo porque minhas horas se foram em minutos.
E
meus anos se viram passar de forma supersônica.
Eu
canto porque a música se fez não mais ouvir e meus discos foram-se; era uma vez
discos que eu ouvia.
Eu
choro noite afora porque meus dias não mais me dão lágrimas.
Soluço
seco
Eco
de sons desafortunados
Ponta
de faca.
Luminosidade
inata
Fio
da navalha
Letal.
Roberval Silva
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