sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

A TITÂNICA PELEJA - Roberval Paulo


As    ondas   passavam   pela praia,   e,   batidas  pelo   vento,   iam chocar-se no calçadão, num surdo rumor de riso e raiva. Voltavam desanimadas para o mar, restabelecendo as forças. Tornava a investir; dessa vez mais forte. Não tinha em mim a lembrança de haver presenciado tamanha insistência, persistência. 

O calçadão aguentava firme. Molhado até os ombros, triunfava orgulhoso. E lá se vinha a onda em nova investida. Uma, duas, três, muitas, unidas, uma atrás da outra, no mesmo objetivo. E o calçadão, firme, resistia a tudo.

As ondas cadenciavam o jogo, trocavam passes, misturavam-se confundindo e, cheias de graça e talento, atacavam. O calçadão rebatia todas, goleiro de seleção; melhor não podia haver. E o dia se passou nesse embate. O sol já se punha, extasiado, passando o apito. A lua agora arbitrava a gigantesca peleja.

E eu ali, do meu campo de observação, dava asas à imaginação, dando vida própria aos combatentes, que, aos meus olhos, já pareciam um tanto quanto cansados, mas não desistiam. Continuavam a se bater, medindo forças.

Cansaram-me!
Me cansei!

Olhei novamente e contemplei a gigantesca peleja. Afastei-me sem ver o “grand finale” de tão fenomenal batalha. Precisava ir. Estava cansado, mas, remoçado e novo, inteiro, quase uma criança.

Olhei para o horizonte descortinado à minha frente. O compromisso esperava. Dei adeus aos combatentes e parti em retirada. A família queria me ver.

Roberval Paulo

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