As ondas passavam pela praia, e, batidas pelo vento, iam chocar-se no calçadão, num surdo rumor de riso e raiva.
Voltavam desanimadas para o mar, restabelecendo as forças. Tornava a investir;
dessa vez mais forte. Não tinha em mim a lembrança de haver presenciado tamanha
insistência, persistência.
O
calçadão aguentava firme. Molhado até os ombros, triunfava orgulhoso. E lá se vinha
a onda em nova investida. Uma, duas, três, muitas, unidas, uma atrás da outra,
no mesmo objetivo. E o calçadão, firme, resistia a tudo.
As
ondas cadenciavam o jogo, trocavam passes, misturavam-se confundindo e, cheias
de graça e talento, atacavam. O calçadão rebatia todas, goleiro de seleção;
melhor não podia haver. E o dia se passou nesse embate. O sol já se punha,
extasiado, passando o apito. A lua agora arbitrava a gigantesca peleja.
E
eu ali, do meu campo de observação, dava asas à imaginação, dando vida própria
aos combatentes, que, aos meus olhos, já pareciam um tanto quanto cansados, mas
não desistiam. Continuavam a se bater, medindo forças.
Cansaram-me!
Me
cansei!
Olhei
novamente e contemplei a gigantesca peleja. Afastei-me sem ver o “grand finale”
de tão fenomenal batalha. Precisava ir. Estava cansado, mas, remoçado e novo,
inteiro, quase uma criança.
Olhei
para o horizonte descortinado à minha frente. O compromisso esperava. Dei adeus
aos combatentes e parti em
retirada. A família queria me ver.
Roberval
Paulo
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