segunda-feira, 7 de julho de 2014

O PASSAR DESSA VIDA - Roberval Paulo

Nem que eu viesse a sofrer todo o fim da dor do mundo,
Não seria nada perto do que sofreu Jesus Cristo
Não seria nem a sombra do que sofreu nosso rei
Pois que todo sofrimento já lhe foi antes prescrito.

Nada lhe foi perguntado se ele assim aceitava
Já nasceu com esse propósito, Ele tinha que cumprir
Deus Pai assim ordenou. Ele, Filho, obedeceu
Carregou a sua cruz, tinha uma estrada a seguir

Estrada essa lavada na dor do seu próprio sangue
Para que fôssemos libertos do pecado original
E nós não nos atentamos p’esse tão nobre martírio
Continuamos em nós plantando a raíz do mal

E nesse inferno astral de céu para quem padece
Padecemos por querer, por não querermos amar
Tal qual amou Jesus Cristo, nosso Deus e nosso Pai
Amou tanto que morreu pra humanidade salvar

E a humanidade até hoje não entendeu esse gesto
Não quis amar, não quis paz, se arvorou a ferir
Fere o igual, a si próprio, fere o seu Salvador
E se entende soberana na ilusão do existir

Não sabe esta humanidade que aqui estamos passando
Passar é o que nos cabe... vamos a um outro ninho
E nessa passagem o ingresso pra eternidade alcançar
É o amor, a humildade que dispensar no caminho

Nem que eu viesse a sofrer toda dor... a dor do mundo
Não seria nada perto do amor de Deus por nós
Ele amou de tal maneira o mundo que enviou
O seu filho Jesus Cristo e até o matou por nós

E o matando, libertou a vida no mundo inteiro
E o fez ressuscitar, Deus vivo, subindo ao céu
E a humanidade sem rumo viu a luz do novo mundo

Mas não a quis, desprezou e vive vagando ao léu.

Roberval Paulo

PEGARAM COMO BANDEIRA A BANDEIRA DA COPA - Roberval Paulo

É lamentável, triste, horroroso e demasiadamente nojento o discurso arquitetado, ensaiado e tão bem cuidadosamente e intencionalmente propagado pelos membros da oposição ao governo federal, principalmente, pelos parlamentares do PSDB, sobre a realização da copa do mundo no Brasil e, especialmente, sobre as obras da copa.

É bem verdade que temos em nosso país a existência de inúmeros problemas. Problemas estes das mais diversas ordens: social, política, econômica e administrativa, com também problemas de ordem oportunista, leviana, desonesta e interesseira, o que não deixa de retratar a nossa diversidade e a nossa tão certa e incerta realidade desde todo sempre. Somos altamente miscigenados e diversos culturalmente, socialmente, economicamente, etnicamente e interesseiramente e, dado a essa diversidade, não encontramos ainda, em nós, o caminho ou o modelo para a unicidade, para a unidade e para a construção de um povo só.

A nossa realidade é o que somos. A realidade que vivemos foi construída por nós e vive sendo alimentada, realimentada e consolidada pelas nossas atitudes  dia após dia. É muito fácil falarmos e vermos a corrupção que assola e aleija a nossa economia e atinge o nosso povo diretamente, produzida e protagonizada pelo sistema político brasileiro, mas, olhando para dentro de nós, para a nossa casa e para a nossa comunidade, não é tão fácil assim aceitarmos que praticamos essa mesma corrupção todos os dias nas nossas relações mais próximas, e, com essas práticas, acabamos por alimentar, mesmo sem perceber, a indústria nacional da corrupção que tem nos políticos de Brasília o seu Quartel General, onde tudo começa e termina, termina e começa ao mesmo tempo, nos envolvendo a todos, do Oiapoque ao Chuí, do menor ao maior, do analfabeto ao doutor, do ladrão de galinha ao colarinho branco.

Esta é a nossa realidade e era assim antes e será depois da Copa.

Precisamos de mais investimentos em saúde e educação, em infraestrutura e em modernização do sistema atual de políticas públicas. A soberania de um povo está diretamente ligada ao seu conhecimento e ao conhecimento da sua realidade e a cidadania está diretamente relacionada ao sentimento de construção de uma nação de todos e para todos e não a esta nação de poucos para alguns.

Esta é a nossa verdade e realidade. Muito temos ainda para fazer e por fazer, mas, atribuir todas as nossas ruínas e fracassos à realização da Copa do Mundo no Brasil é no mínimo leviano, pobre, mesquinho e de muito mal gosto, pra não falar de puro e total interesse próprio e não interesse do povo.


Roberval Paulo

A Seleção está aí: A SELEÇÃO BRASILEIRA! - Roberval Paulo

A seleção está aí. A seleção brasileira está aí. Com alguma ou outra preferência ou referência com relação a este ou àquele jogador, este “grupo” dos convocados agrada à maioria. E esse é o termo correto; um grupo em sinônimo e sintonia de equipe, tão bem preparado e elaborado pelo pai Felipão de todos. Felipão mais uma vez, em sua coerência, mantendo uma base por ele criada, trabalhada, estruturada e tão bem blindada por ele mesmo, tornando-a assim meio imune às interferências ou ingerências de tantos que não por maldade, mais por pura paixão, acabam por opinar sobre a seleção de forma negativa, sem poder evitar diversas manifestações por parte da imprensa e da comunidade esportiva, leia-se aí toda a nossa sociedade que tal qual Felipão ou qualquer outro técnico, conhece muito bem e com particularidades, cada um dos nossos jogadores.

Vejam o caso do goleiro Júlio César que, por não estar já a algum tempo defendendo uma grande equipe de um centro referencial do futebol, sofreu duras críticas de parte da imprensa esportiva; críticas essas que foram reproduzidas pela população à sua maneira, ou seja, de reafirmar o que já foi afirmado, porém, sem se fundamentar e que começaram por trazer algum desconforto para o atleta e uma desconfiança para uma grande maioria que não fazem as suas próprias análises e só se apropriam da análise da imprensa ou de quem divulgou ou propagou, já dando esta análise como certa e causando dano à seleção, mas que, no momento oportuno, foi muito bem atalhada pelo Felipão, que na sua sensibilidade estulta, assumiu a responsabilidade pela convocação, dizendo ser o jogador de sua total confiança, trazendo para si toda a carga de peso e de energia negativa que estava com o jogador, aliviando-o para o trabalho com segurança e fora dos holofotes.

Aconteceu algo semelhante na convocação e formação do grupo para a Copa de 2002, com todo o noticiário esportivo e, por reprodução, toda a população, pela paixão, pedindo a convocação de Romário e Felipão, na sua coerência e responsabilidade profissional, não cedeu, assumindo o risco, porém, um risco calculado, pois tinha números em mãos que lhe mostravam de forma muito contundente que a convocação pedida, repito, pela paixão, não traria benefícios à Seleção e ao grupo e sim, poderia trazer prejuízos. Esse é o Felipão, passível de erros como todo mortal, mas muito firme nas suas posições, tendo como parâmetro os resultados do trabalho realizado, de onde extrai suas mais convincentes convicções.

Acredito nesta Seleção. Acredito na Seleção Brasileira que carrega tão apaixonadamente os sonhos de toda a torcida brasileira. Felipão foi a melhor escolha naquele momento de tanta desconfiança com os nossos atletas, e, juntamente com Parreira, formou-se aí a dupla vitoriosa das nossas duas últimas conquistas, portanto, uma dupla bem experiente e a mais experiente que poderíamos encontrar neste estágio do nosso futebol. Uma escolha muito bem acertada pelo Presidente Marins, da CBF.

A seleção está aí. Se não temos atacantes como em outras ocasiões, temos Fred no melhor momento de sua carreira, e temos... Neymar, o nosso grande astro e uma das maiores revelações do futebol brasileiro dos últimos anos, já  consolidado, já acontecendo, já realidade. Temos um dos melhores sistemas defensivos já dispostos na seleção, basta olharmos os números da nossa defesa. Se não temos aquele homem da ligação, da inteligência, da bola longa, o cérebro que tínhamos em outras formações, temos um conjunto de passe, mobilidade, de velocidade que nos enche de confiança e  faz nossa paixão de torcedor aflorar em tom de crença e de esperança. Se o nosso goleiro não é hoje de uma grande equipe europeia, não é motivo de desconfiança ou de aflição; é só verificarmos os seus números na seleção, os seus resultados e atuações, para termos o orgulho de dizer: ele é o nosso goleiro, o nosso goleiro titular e nele confiamos.

A seleção está aí. A seleção brasileira está aí. Podemos perder a copa, mas está aí um conjunto muito forte e é o melhor que temos. Podemos ganhar, pois, da mesma maneira, é um conjunto forte e é o que temos de melhor. Por isso, seja qual for a observação que façamos, esse grupo carrega a nossa esperança, a nossa paixão, a nossa total emoção, o nosso amor pelo futebol, pois somos o povo mais amante e apaixonado por futebol no mundo, mas também precisa carregar a nossa esperança, a nossa confiança, o nosso acreditar na vitória, a nossa fé e crença de que a vitória da seleção brasileira se converta na vitória do povo, na vitória de uma nação inteira, uma nação de chuteiras que, mesmo sofrida com tantos problemas sociais e econômicos que assolam e amargam a nossa vida, nunca perdeu a coragem de lutar, de vencer, de sonhar e mais sonhar com o alcance de dias melhores e de uma existência mais justa.

Uma nação e um povo que, mesmo vivendo na adversidade, encontra motivo para exprimir tanta, mais tanta alegria que transformou, nós, os brasileiros, no povo mais feliz do mundo. Povo esse que mesmo diante de tanta dor e sofrimento causados por esta desigualdade terrível produzida pelo descaso, pelo egoísmo e ambição dos nossos iguais, pela má distribuição da renda e pelos privilégios produzidos pelo poder constituído e instrumentalizado que desinstrumentaliza o existir da nossa maioria, nunca desiste e nunca desistiu de acreditar que o melhor está ainda por vir. É questão de acreditar. E eu sou brasileiro, nós somos brasileiros e acreditamos, pois brasileiro não desiste nunca.

A seleção brasileira está aí e com ela, mesmo nas tantas diferenças e indiferenças, nas tantas alegrias e lamentos, nas tantas cores do sofrimento, está o nosso acreditar, pois brasileiro é assim: não desiste nunca. Vamos então de verde e amarelo colorir os sonhos de todos nós, de todos nós brasileiros que de tanto sonhar e amar, de tanto sofrer e esperar, de tanto sorrir e acreditar, construímos a nossa nação Brasil. Construímos o nosso orgulho  de ser brasileiro.

A seleção brasileira está aí, ela é nossa e nela acreditamos como acreditamos nos dias melhores que estão por vir. Salve o povo brasileiro, nossa Pátria tão amada e idolatrada, salve, salve. É Brasil, é gol, é seleção, é o grito na garganta refletindo a nossa emoção. Refletindo o nosso existir, o nosso ser, a nossa razão de sermos Brasiiiiillll! De sermos BRASILEIROOOOSS!

Roberval Paulo

CANÇÃO DO INEVITÁVEL - Roberval Paulo

A morte é sempre chorada, mesmo sendo inevitável
É tão irremediável que se sente inesperada
Não é por ninguém esperada, é talvez inconveniente
Chega e se vai num repente, na insensatez de uma flecha

Não sei se falsa ou honesta, nem tão pouco inconsequente
É feito água vertente brotando da pedra bruta
Não é estúpida, é astuta
Só chega quando é chamada
Um chamado inconsciente que a mão humana não entende.

A morte não é demente... é lúcida, é despachada
É sutil tal qual o nada, é razão da existência
É um nó na inteligência que vê nela uma equação
Que se vai a resolver mais a fórmula não norteia (clareia)
É refém da dor alheia, ninguém sabe a solução.

A morte não é estação que vem no seu tempo e passa
A morte é viva e inata, é bela e nasceu com a vida
É imune à dor da partida, sabe ser esta um presente
Vem do passado ao futuro para ser somente história.

Não é fracasso nem glória, é simplesmente verdade
Não sabe credo ou idade, só que é preciso agir
Não tem de não querer ir, tem mesmo é que viajar
Percorrer a velha estrada que é nova em cada partida
Curar de vez a ferida que a vida sempre chagou
Com amor ou desamor, tem hora, é despedida.



Roberval Paulo

NÃO SOU MAIS UM SÓ - Roberval Paulo

Há muito deixei de ser eu
Quer dizer, não deixei de ser eu.
É que há muito, não sou mais um só.
Sinto que sou tantos que nem me conhecer conheço. 
É tanta identidade
Que eu me desindentifico.
Às vezes fica é esquisito eu não saber como vou
É a situação que faz eu ser quem eu mesmo sou.

Mas eu não sei quem eu sou antes da circunstância não.
É na verdade a situação que me mostra quem eu sou.
Então não posso saber de onde vim pra onde vou.
Se nem mesmo me conhecer eu conheço,
Não sei como devo agir, tão pouco como reagir quando me ponho a pensar.
Mas é a situação chegar e a mim se apresentar que eu, instantaneamente,
Assim, assim de repente, é meio inconscientemente, lá do subconsciente,
Que eu respondo sem pensar, sem nenhum planejamento,
Incorporo um eu de mim que neste instante sou eu, se apresentando a mim.

E sou eu mesmo, é verdade, sou eu tal como me sou
Desconhecido de mim, mas sendo eu, eu autêntico,
Incorporado em mim, que de mim nunca saiu
Só se apresenta na hora em que eu preciso ser
E ao mesmo tempo viver o eu do outro de mim,
Que ainda está em mim e de mim não desistiu.

Roberval Paulo