segunda-feira, 27 de agosto de 2018

SACRAMENTO - Roberval Paulo


Se me nascesse jogado
Em colchão de folha seca
Ou mesmo ao som de clarineta
O batismo é o meu sustento
Nem que me fora de ouro
Ou do mineral mais nobre
Veria o sonho de um pobre
Ser mais que qualquer unguento

Mas não seria eu avesso
Sendo a unção dos enfermos
De óleo santo e sagrado
Ungidos ao firmamento
É mais que poder dizer
Ungir-se é se alimentar  
Pois no deserto, Maná
Era Deus ali atento

Sei que não posso parar
Dessa longa caminhada
Pois o porvir da jornada
É ir no passo do tempo
Mesmo que eu não queira amar
Não deixo de prosseguir
Pois a estrada a seguir
É o nosso ordenamento

O sol que me queima a pele
É o mesmo que me encoraja
O rastejar é da naja
Eu me adejo ao vento
A lua tem seus mistérios
A noite clara é um encanto
Ela vestindo o seu manto
Eu desvestido e cinzento

Cantando a canção da estrada
Sigo pisando em espinhos
Há flores em meu caminho
Miragens do meu tormento
No olhar crivo e cortante
Sinto a dureza da vida
Vejo a beleza da vida
Nas verves do sacramento.


Autor: Roberval Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poste o seu comentário aqui