E se a realidade for em nós só ilusão
Roberval Silva
E se presente e futuro e passado for só vento
O vento de um inventar pra dar sentido ao ser
Um vento que não se julga nem com o martelo do tempo
E se a mão do juiz for perdão mais que sentença
E se o engenho do ser for mais cruz que sacramento
E se a doce saudade se rir da real lembrança
E construir o absurdo dissolvendo o sentimento
Será que a solidão é prima irmã do tormento
Ou será o improvável mais solo firme que o chão
Quando será que a areia desmedirá a ampulheta
Quando será que a destra virá a ser contramão
Não sei se passo ao largo ou se me torno evidente
Nossos caminhos se fazem de quase um não se encontrar
De um quase não existir pois que habito em esfera
Que rola espaço afora sem ter chão pra descansar
A inexistência do ser é o existir da esperança
A esperança que alcança teu pensar inalcançável
Quem espera sempre alcança, cedo ou tarde, confiança
Esperançando o existir no viés do indecifrável.
Roberval Silva
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