terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VELHA ANGÚSTIA - Roberval Paulo


Estou só e penso em você
As paredes se abrem e os olhos se perdem
Na lonjura do infinito
A cama está fria
Estou com frio e nem o cobertor de lã me aquece
Me jogo da altura de muitos andares
Livre e solto no ar e sem asas
O chão que me apara sangra suas dores.

Queria, só por um momento, poder não cair
Sentir o frescor da brisa no peito, em pleno vôo
E a magia do vôo, com asas a me levar
Ao porto seguro que não sou.

Estou só e já morri muitas vezes
Ainda penso em você
O telefone toca, uma voz soa distante
Não é você e nem atendo
Tão longe da realidade que estou
A porta se abre e só entra a noite a me fazer companhia
Me trás a amargura da vida tragada em três dedos de Wiski
Estou boiando na vida, a praia cada vez mais distante
A serenidade naufragada, causa de um só desprezo.

Na janela já é madrugada
O horizonte parece que me espera
Venero a luz
Não sei se a verei de novo
Quando no arrebol vir o sol
Não sei se ainda estarei aqui.

Na lembrança os sonhos e desejos primeiros
Menino e vida se fundiam. Uma alegria só
De emoções e amores a oferecer.
Estou partindo, finalizando a caminhada, e,
Já ouço o chamado. Sua voz é triste chamando por mim
Encurtam-se as distâncias
Não existo na tua ausência
Logo estarei ao teu lado.

Perdoa-me!
Procurar-te-ei por todas as vidas e...
Que o céu nos seja eternamente
Minimizando as dores que fomos
Perdoa-me!
Tua partida me partiu
E só pedaços do existir me deixou
Espalhados por todos os dias e vidas e mortes
À tua procura.

Recomeçar-mos-emos
Do ponto onde não paramos
Da ponte em que não passamos
Do ponto onde começamos
A ver o sol todo dia
Perdoa-me!
Começar tudo de novo
Todo dia um recomeço
No outro lado da vida
Onde a morte já não mais vive.

Roberval Paulo

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