quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MORRE WANDO - Um romântico inveterado


Musicaria Brasil 



O cantor Wando morreu na manhã desta quarta-feira (8/2/12) aos 66 anos de idade. Ele estava internado desde o dia 27 de janeiro na UTI do Biocor Instituto, em Nova Lima, Belo Horizonte.


Morreu às 8h desta quarta-feira (8) o cantor Wando. Ele estava com 66 anos e foi internado no dia 27 de janeiro com problemas cardíacos graves no Hospital Biocor, em Nova Lima, em Minas Gerais. Após passar por uma angiolplastia, que reduziu significativamente o risco de morte, o cantor apresentou uma melhora, mas sofreu uma parada cardíaca.

De acordo com a nota oficial do hospital, também assinada por familiares do cantor, houve um súbito agravamento do quadro clínico por volta das 5h40. "Agradecemos o carinho e a atenção de todos, especialmente ao senhor Wanderlei Alves dos Reis, sua esposa e filhos, a sociedade, a imprensa, os médicos do corpo clínico, os profissionais de saúde e demais colaboradores, que com dedicação e respeito atuaram de forma intensiva e completa, aplicando todos os recursos e técnicas disponíveis, nada faltando ao paciente durante todo o tratamento", diz o comunicado.

Wando estava com nível de 90% de obstrução de três artérias e precisou respirar com a ajuda de aparelhos durante o período de sua internação. Após a cirurgia de angioplastia, o nível caiu para 40%, sendo considerada uma melhora representativa do ponto de vista da equipe médica.

Apesar de não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, Wando mantinha péssimos hábitos alimentares e era bastante sedentário. Ao dar entrada no hospital, ele estava pesando 110 kg, 30 a mais do recomendado pelos médicos. Outro agravante é o histórico familiar do artista: seu pai e irmão também morreram em decorrência de problemas cardíacos.



O cantor Wando morreu aos 66 anos na manhã desta quarta-feira (8) no Biocor Instituto, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava internado desde o dia 27 de janeiro. Segundo o cardiologista particular, João Carlos de Souza Dionísio, ele teve uma parada cardiorrespiratória às 8h.

Em nota, médicos e familiares informaram que, a partir das 5h40, houve um súbito agravamento do quadro de saúde. O óbito aconteceu na presença da mulher de Wando, Renata Costa Lana e Souza. O cardiologista particular do cantor disse que foram feitas manobras de ressuscitação, mas o paciente não resistiu. Segundo boletim médico divulgado na terça-feira (7), ele apresentava quadro estável e melhora progressiva, mas a recuperação ainda era considerada de alto risco.

No domingo (5), o cantor enviou um bilhete para os fãs. "Eu estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem!”. Ele lutava contra o entupimento das três artérias coronárias. O cantor chegou a ser submetido a duas cirurgias e havia tido um infarto agudo dentro do hospital.

Wando foi hospitalizado com quadro de angina de peito, e exames apontaram que as artérias do coração estavam entupidas por placas de gordura. Ele estava com 110 quilos no momento da internação, 30 a mais do que o recomendado, segundo o cardiologista particular.


Cantor romântico

Como letrista, Wando ficou célebre por composições de teor romântico e erótico. Sua marca registrada era a calcinha. Em depoimento disponível em seu site oficial, o próprio cantor conta como tudo teria começado, explicando que a peça foi uma espécie de fonte de inspiração para seu álbum “Tenda dos prazeres” (1990). “Uma calcinha de cabeça pra baixo, ela vira uma tenda, não é? Aí, coloquei uma calcinha na capa do disco, e essa coisa fez tanto sucesso, que até hoje eu não consigo tirar do show. Eu distribuo calcinhas e recebo, tenho uma coleção muito grande, de todas as formas, jeito, cores e tamanhos.”

No mesmo depoimento, Wando aborda outras estratégias que adotou ao longo da carreira: “Teve uma época [em] que eu mordia a maçã no palco, e continuo mordendo ainda, porque conta a história de como é que começou o pecado, não é?”. As alusões ao sexo prosseguiram, com distribuição de convites de motel – sempre durante apresentações ao vivo. “Teve uma época no Canecão [casa de shows do Rio de Janeiro, atualmente inativa] que a gente botou uma banheira no palco, eu botava uma mulher nua no palco. Eu sempre gostei desses negócios.”



Vanderley Alves dos Reis nasceu em 2 de outubro de 1945 – “num arraial chamado Bom Jardim [em Minas Gerais]”. Lá, ficava a fazenda que teria pertencido aos seus avós. Seu registro, no entanto, foi feito na cidade de Cajuri, no mesmo estado. Ele conta que, ainda criança, mudou-se para Juiz de Fora (MG), onde concluiu o antigo primário. Mais tarde, ele foi para Volta Redonda (RJ), “onde eu entreguei leite nas casas, vendi jornal, virei feirante, dirigi caminhão na estrada”. Na mesma época, passou a se interessar por música, tendo inicialmente se dedicado ao estudo do “violão clássico”.

E aí eu descobri que não era legal o violão clássico para o que eu queria: eu queria tocar pras moças, né?”, afirma. “O violão clássico é bacana, mas elas [as mulheres], acho que ficavam um pouquinho entediadas. Descobri que eu tinha que fazer umas canções de amor. Comecei a sentir que era legal, que a música socialmente com a parte feminina dava muito certo, me apaixonei por aquele negócio.

Após deixar a profissão de feirante, Wando mudou-se para Congonhas (MG). Lá, começou a “viver de música”, como integrante de um conjunto chamado “Escaravelhos” – “escaravelho pra quem não sabe, é um besouro, a mesma coisa que Beatles”. Cinco anos mais tarde, decidiu tentar a sorte no “eixo Rio de Janeiro – São Paulo”. Frustrada a passagem pelo Rio, chegou a São Paulo, onde teve gravado seu primeiro sucesso, na voz de Jair Rodrigues. A composição, “O importante é ser fevereiro”, teria sido “uma música muito tocada no carnaval de 1974”, lembrou-se Wando.

A canção integra o disco de estreia de Wando, “Gloria a Deus e samba na Terra” (1973). De acordo com ele, aquele trabalho seguia a linha “do formato do Caetano Veloso, do Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil”. A guinada em direção ao repertório romântico foi simbolizada pela música “Moça”, do disco seguinte, “Wando” (1975). A justificativa: “Cantando na noite em São Paulo, eu descobri que a parte feminina adorava quando eu tocava música romântica.”

Ao longo da década seguinte, Wando consolidaria a reputação, como ele mesmo lista, de “obsceno, o cara da maçã, o cara da calcinha”. É desse período, quando o cantor já vivia no Rio de Janeiro, sua música mais conhecida, “Fogo e paixão”, do disco “O mundo romântico de Wando” (1988), o 14º da carreira, segundo a contagem do site oficial. Ele foi precedido por trabalhos como “Gosto de maçã” (1978), “Gazela” (1979), “Fantasia noturna” (1982), “Vulgar e comum é não morrer de amor” (1985) e “Ui – Wando paixão” (1986). Na sequência, viriam, dentre outros, “Obsceno” (1988), “Depois da cama” (1992) e “O ponto G da história” (1996).


Entre álbuns de estúdio e registros ao vivo, o site de Wando contabiliza 28 trabalhos, ao todo. O cantor acreditava ter vendido dez milhões de discos – “até na época que a gente contava”. “Depois [houve] a história da pirataria, que acabou me fazendo muito mais popular. Eu acho que a pirataria é ruim para um lado, para o lado compositor, mas para o lado intérprete, o cara que faz show, eu acho que ela favoreceu muito.”

Se for ver, você tem que chamar o Chico Buarque de brega, a Maria Bethânia, o Caetano Veloso, o Gilberto Gil. Eles gravaram as músicas que a gente grava."


Wando, em entrevista em 2007

Em entrevista à Agência Estado, em 2007, Wando comentou sua imagem de “sedutor”: “Na verdade, eu sou como um ator. Até porque eu estaria morto hoje se fosse mesmo assim. Isso é um personagem, naturalmente. É normal que as pessoas pensem que eu sou desse jeito, mas não deixo que as pessoas alimentem muito essa imagem”. Sobre a fama de brega, ele respondeu que incomodou e seguia incomodando.

“Quando as pessoas falam de brega, sempre se referem a uma coisa ruim. Então eu brigo por isso. Agora, eles até quiseram colocar o brega como uma coisa bacana, mas eu acho que é uma forma de pedir desculpa, e isso é mau. Se for ver, você tem que chamar o Chico Buarque de brega, a Maria Bethânia, o Caetano Veloso, o Gilberto Gil. Eles gravaram as músicas que a gente grava. Eles gravam melhor? Não. Isso foi uma coisa cruel que eles fizeram.”

Na entrevista, Wando também comentava a música “Emoções”, gravada em 1978, que ele dizia versar sobre a relação entre dois homens: “Fiz isso porque acho que o relacionamento masculino é uma coisa válida. Não por ter aderido, mas porque eu tenho amigos que vivem esse tipo de coisa”.


Recentemente, o nome de Wando vinha sendo lembrado graças ao documentário “Vou rifar meu coração”, de Ana Rieper, que vem frequentando o circuito dos principais festivais de cinema do país desde alguns meses atrás. Há pouco tempo, teve boa recepção na Mostra de Cinema de Tiradentes, encerrada no último dia 28. O filme trata justamente da música tida como “brega” e traz depoimentos de cantores como Amado Batista, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, Peninha, além de Wando e de ouvintes que contam suas histórias com obras do “gênero”.

Wando, o rei das calcinhas

Wanderley Alves dos Reis nasceu no dia 2 de outubro de 1945, em uma pequena fazenda na cidade de Bom Jardim, em Minas Gerais. Ainda criança, mudou-se para Juíz de Fora e ganhou da avó o apelido de Wando.

Em Minas Gerais, começou a estudar violão erudito e já tinha uma banda na cidade de Congonhas, onde tocava em festas da região. Mais tarde mudou-se para Volta Redonda, no Rio de Janeiro, e trabalhou como entregador de leite e de jornal, além de feirante e caminhoneiro.

Desistiu do violão clássico e começou a "fazer canções de amor para as moças", como ele mesmo narrou em sua própria biografia, disponível em seu site oficial. Alcançou o sucesso em 1973, com Nega de Obaluaê, que já ganhou versões de nomes como Pedro Luís e a Parede, João Sabiá, Benito di Paula, Sambasonics, entre outros.


Em São Paulo, gravou com Jair Rodrigues O Importante é Ser Fevereiro, que também estourou no início da década de 70, mas foi com a faixa Fogo e Paixão que ele consolidou sua carreira de cantor e compositor.

Com álbuns intitulados Ui-Wando de Paixão, Obsceno, Depois da Cama e Vulgar e Comum é Não Morrer de Amor, por exemplo, Wando recebeu o título de "o cantor mais erótico do Brasil". Seus shows eram famosos por cenários com camas, haréns e, claro, a distribuição de calcinhas perfumadas.


Os números na carreira de Wando

O cantor mineiro Wando, que morreu na manhã de hoje (08), colecionou ao longo de seus mais de 40 anos de carreira, além de milhares de calcinhas, muitos sucessos.

No início dos anos 70, "Nega de Obaluaê" se tornou sua primeira canção conhecida (foi regravada por Pedro Luis e a Parede nos anos 2000).

Em 1973 o cantor Jair Rodrigues gravou duas composições de Wando, "Se Deus Quiser" e "O Importante é Ser Fevereiro", esta última uma das mais executadas no carnaval do ano seguinte.

Seu primeiro grande sucesso foi "Moça", lançada na trilha sonora da novela "Pecado Capital", em 1975. O compacto de mesmo nome vendeu a impressionante marca de 1,2 milhões de cópias, e Wando se tornou então conhecido nacionalmente.

No ano de 1979 Wando lança seu primeiro LP, "Glória Deus no Céu e o Samba na Terra", um álbum basicamente de samba, mas é nos anos 80 que o cantor começa a construir - através de suas composições e dos nomes de seus discos - a imagem de "o cantor mais erótico do Brasil".
“Ui-Wando de Paixão”, “Vulgar”, “Comum É Não Morrer de Amor”, “Obsceno”, “Depois da Cama”, “Tenda dos Prazeres” e “Mulheres” são alguns dos nomes de seus trabalhos. Ao todo, Wando gravou 30 álbuns e compôs mais de 400 canções.

Esses números lhe garantiram 19 Discos de Ouro, 7 Discos de Platina e 3 Discos de Diamante, com vendas estimadas em 10 milhões de cópias.

O Maior sucesso de sua carreira é "Fogo e Paixão", lançada no disco "O mundo Romântico de Wando" (1988), e "Obsceno", show também de 1988, foi seu maior sucesso de público, lotando casas noturnas em todos os estados brasileiros.

A título de curiosidade, Wando tinha em sua coleção mais de 17 mil calcinhas.


Discografia Oficial

Glória a Deus e Samba na Terra (1973)
Faixas:
01 - Deus No Céu E Samba Na Terra (Samba É Aleluia) (Wando)
02 - Lamento Do Capoeira (Dunga – Ditinho)
03 - O Ferroviário (Cézar – Círus)
04 - Tapa Na Tristeza (Wando)
05 - Adeus E Até Logo (Yara – Wando)
06 - Sou Da Madrugada (Gilson de Souza – Wando)
07 - Pago Pra Ver (Beto Scala – São Beto)
08 - Amanhã É Outro Dia (Isolda – Milton Carlos)
09 - Ouça Meu Amor (Sérgio Lemke)
10 - Malandro Guardado Rose – Wando)
11 - Benedito E Julieta (Clóvis Cavalcante – Casabranca)
12 - Falou E Disse (Reginaldo Vascomcelos)
13 - O Importante É Ser Fevereiro (Wando – Nilo Amaro) – Se Deus Quiser (Wando – Jair Rodrigues)


Wando (1975)
Faixas:
01 - Nega de obaluaê (Wando)
02 - Na baixa do sapateiro (Ary Barroso)
03 - Na boca do povo (Isolda - Milton Carlos)
04 - Chega mais (Wando)
05 - Velho batuqueiro (Wando - Magro)
06 - Moça (Wando)
07 - Samba magoado (R. Marie - Wando)
08 - A paz que nasceu pra mim (Jota Velloso - Andó)
09 - A mesa (S. Lemke)
10 - Xavante, lágrimas e poesia (N. Silva - Wando)
11 - Volta (B. D'melo)


Porta do Sol (1976)
Faixas:
01 - Abertura: Porta Do Sol (Sérgio Lemke) – Jesus (Negro Bonito Dos Olhos Azuis) (Wando)
02 - Vê Coração Bandido (Sergio Lemke)
03 - Odoiá (Chico de Assis – Wando)
04 - O Rei (Édson Conceição)
05 - Sumida (Rose Marie – Wando)
06 - Menino De Rua (José Luiz – Milly)
07 - Ei, Amigo (Wando)
08 - Banho De Cerveja (Sergio Lemke)
09 - Você As Vezes Até Sou Eu (Mathuzalém)
10 - Amor Maior (J. Velloso – Andó)
11 - Rosto Marcado (Édson Conceição – Wando)
12 - Há Tanto Pra Dizer (Wando – Macário Batista)


Ilusão (1977)
Faixas:
01 - Boca calada (Wando)
02 - Ilusão de carnaval (J. Velloso, Andó)
03 - Fera louca (Rose Marie, Wando)
04 - Peito aberto (J. Velloso, Andó)
05 - Presidente da favela (Wando)
06 - Se quiser chorar por mim (Wando, Luiz Vagner)
07 - Senhorita, senhorita (Wando)
08 - Samba do perdão (Luiz Carlos, Cláudia)
09 - Cor da minha cor (Seja) (Wando, Macário Batista)
10 - Solidão (Escobar)
11 - O que você foi fazer ontem em meu quarto? (Édson Conceição, Wando)


Gosto de Maçã (1978)
Faixas:
01 - Se quiser chorar por mim (Wando, Luiz Vagner)
02 - Quarta-feira (Como nos velhos carnavais) (Totó)
03 - Oi, Noé (Wando, Kaká)
04 - Morenô (Rose Marie)
05 - Anoiteceu (Wando)
06 - Para uma pequena chamada Gabi (Wando)
07 - Gosto de maçã (Wando)
08 - Emoções (Wando)
09 - Nos olhos perdidos da noite (Iranfe, César Augusto)
10 - Razões e atitudes (Hébano, Wando)
11 - São Paulo e essa gente tão só (Pedrão, Pedrinho, Wando)
12 - Gandaia (Wando, Luiz Vagner)


Gazela (1979)
Faixas:
01 - Gazela (Rose Marie, Wando)
02 Marca dos dentes (Carlinhos Kalunga, Wando)
03 O menino do rio de lágrimas (Carlinhos Kalunga, Wando)
04 Meu coração viaja (Reno)
05 Por um simples alô (Carlinhos Kalunga, Wando)
06 - Corações lusitanos (Wando)
07 - Pot-Pourri:
Moça (Wando)
Vê coração bandido (Wando)
Emoções (Wando)
08 - Das Dores (Wando)
09 - Gandô (Wando, Lua)
10 - Carência (Lula, J. Velloso, Andó)
11 - O ferroviário (Cézar, Círus)
12 - Lembadilê (Wando)

Outros álbuns:
Bem-vindo (1980)
Pelas Noites do Brasil (1981)
Fantasia Noturna (1982)
Coisa Cristalina (1983)
Vulgar é Comum é Não Morrer de Amor (1985)
Ui-Wando Paixão (1986)
Coração Aceso (1987)
O Mundo Romântico de Wando (1988)
Obsceno (1988)
Tenda dos Prazeres (1990)
Depois da Cama (1992)
Mulheres (1993)
Dança Romântica (1995)
O Ponto G da História (1996)
Chacundum (1997)
Palavras Inocentes (1998)
S.O.S. de Amor (1999)
Picada de Amor (2000)
Fêmeas (2001)
Romântico Brasileiro, Sem Vergonha (2005)

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