Musicaria Brasil |
Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
quinta-feira, 14 de abril de 2011
IVETE NAS MINAS GERAIS. É SEXTA!
Ivete Sangalo agita Minas Gerais nessa sexta-feira |
Posted: 14 Apr 2011 08:10 AM PDT A cantora se apresenta no Axé Brasil e recebe como convidado Xanddy do Harmonia do Samba A cantora Ivete Sangalo irá participar de mais uma edição do Axé Brasil, na próxima sexta-feira (15), e dessa vez traz um convidado especial: “Vou receber um convidado especialíssimo no meu show, o Xanddy, do Harmonia do Samba. Podem se preparar que vamos fazer um pagodão daqueles. Vai ser muito massa”, avisa. Ivete já participou de todas as edições do Axé Brasil e tem uma relação especial com o estado de Minas Gerais, onde acontece o evento: “Minas é parte da minha história, já me apresentei em quase todas as cidades e me sinto muito aconchegada quando chego lá. O público é muito intenso e apaixonado pela Bahia, tenho certeza que faremos uma linda festa”. A agenda da artista não para por aí, no sábado (16), Ivete Sangalo se apresenta no Carnabeirão, em Ribeirão Preto. Já no domingo (17), fará o Cerveja e Cia Folia em São Paulo, ao lado do Psirico e Alexandre Peixe. |
IVETE EM LEILÃO BENEFICENTE
Posted: 12 Apr 2011 01:43 PM PDT
A cantora Ivete Sangalo está apoiando a ação social do Instituto For Life doando um DVD autografado para ser leiloado. O projeto visa arrecadação de fundos para o tratamento de dependentes químicos.
Outros artistas como Capital Inicial, Asa de Águia e Bruno & Marrone também participam da iniciativa. O leilão acontece na internet até o dia 22 de abril. Saiba mais informações sobre o Instituto For Life!
Para participar do leilão, clique aqui!
A NOSSA MÚSICA
Musicaria Brasil |
Posted: 13 Apr 2011 07:33 PM PDT Amanhã, dia 14 de abril completa-se 30 anos que faleceu o grande músico Vitor Assis Brasil. "Victor Assis Brasil foi sem dúvida um dos nossos maiores músicos. Brilhou intensamente como instrumentista extraindo do saxofone sons e fraseados inesquecíveis. Como compositor foi um espanto. De sua formação jazzística, escreveu um jazz original entrando no meandro da música brasileira. Trilhou um caminho originalíssimo até os domínios da música erudita, que ele amava de coração. Como irmão e músico, eu tive o privilégio de acompanhar seu processo criativo. As frases e as melodias vinham rápidas, líricas e intensas, assim como um pintor em meia dúzia de traços expressa todo um quadro" (João Carlos Assis Brasil) Victor Assis Brasil nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 28 de agosto de 1945. Oriundo de uma família de classe média, desde cedo teve um ambiente musical propício, menos pela existência de especialistas entre os seus, e muito mais pelo incentivo e boa acolhida que recebeu dos pais e parentes em relação ao interesse pela música. Ainda criança ganhou uma gaita-de-boca e uma bateria, exercitando em ambas e definitiva predileção pelo Jazz. Aos dezessete anos recebeu de presente um saxofone alto, ofertado por uma tia. Aproximação decisiva para a formação de seu vocabulário, estilo e caminho musical. Sem receber nenhuma educação musical formal, começou a apresentar-se publicamente ainda na Juventude, percorrendo festas de amigos e pátios escolares, em particular o do colégio Andrews, onde estava matriculado. Em 1963 grava casualmente seu primeiro registro musical em casa de um amigo. Por volta de 1964 e já sob impacto da Bossa Nova, freqüenta o circuito de bares e boates da zona sul carioca, realizando inúmeras jam sessions, o que certamente lhe ofereceu vasta bagagem musical e bastante conhecimento do instrumento, a ponto de no ano seguinte já circular pelo meio como um profissional. Sua estréia oficial se deu neste momento no antigo Clube de Jazz e bossa em Copacabana. A súbita consciência de seu valor como artista o leva a atitudes extremamente ousada para época. Grava em 1966 seu primeiro LP, Desenhos, entusiasticamente saudado pela crítica especializada como o primeiro grande disco de Jazz gravado no Brasil. Lança-se em concertos públicos tocando sua música ou repertório de sua estrita escolha, fato praticamente inédito em termos de música instrumental entre nós. O sucesso não o desvia da necessidade de um crescente aperfeiçoamento. Toma aulas com o maestro e saxofonista Paulo Moura por algum tempo. Toca no místico Beco das Garrafas. Em uma apresentação conhece o pianista Friedrich Gulda, que o incentiva a participar do Concurso Interna cional de Jazz em Viena. Obtém o terceiro prêmio na categoria saxofone e a oportunidade de permanecer por quase um ano na Áustria, aperfeiçoando sua arte. Participa na mesma época do Festival de Jazz de Berlim, sendo considerado o melhor solista do evento, o que lhe vale uma bolsa de estudos para prestigiosa Berklee School of Music, localizada em Boston. Antes de seguir para os Estados Unidos retorna ao Brasil, gravando seu segundo LP, Trajeto, excursionando pelo país, sob o patrocínio da USIS, com o espetáculo Calmalmas, e desenvolvendo intensa agenda em teatros, universidades e shows para televisão. A permanência na Berklee representa o período de maturidade em termos de domínio do instrumento, agora incorporando o registro soprano, e especialmente de criação musical. Evoluindo como compositor, usa com grande maestria elementos da Música Popular Brasileira, do Jazz e da Música Erudita, fundindo-os com resultados admiráveis em termos de harmonia e melodia. Boa parte de suas mais de quatrocentas composições surge nos quase cinco anos que passou na América, onde também se apresentou diversas vezes e lecionou improvisação na J. D. School of Music. Sua obra gravada prosseguiu nesse meio tempo, com o lançamento de Victor Assis Brasil toca Antônio Carlos Jobim, em 1970, e Esperanto, em 1974, sempre com a mesma receptividade positiva. Neste mesmo ano retorna em definitivo ao Brasil, retomando a agenda de shows e concertos. Seu talento como músico, arranjador e compositor está plenamente consolidados e o leva a atuar como solista em apresentações eruditas, a assinar trilhas para a televisão (novela O Grito) e o cinema (filme Marília e Marina) e a participar de eventos especiais como os Domingos da criação do Museu de Arte Moderna do Rio de janeiro (a apresentação com o pianista Luiz Carlos Eça seria postumamente lançada em CD). Faz longas temporadas no circuito de bares da noite carioca, como o Chico´s Bar e o People. Os três últimos anos de vida marcam o ápice de seu prestígio público e também a manifestação mais intensa dos problemas de saúde que o levariam a morte. Destacam-se particularmente suas performances no Festival Internacional de Jazz de São Paulo e no Monterey Jazz Festival, nos quais liderando formações internacionais exibe sua técnica e talento como compositor obtendo sinceros elogios a sua arte. Grava em 1979 seus últimos discos, intitulado Victor Assis Brasil Quinteto e Pedrinho, raros LPs instrumentais da época a contar com grande produção musical, técnica e artística, representando um reconhecimento a sua estatura como um dos grandes nomes do meio naquele momento. Victor Assis Brasil faleceu no Rio de Janeiro em 14 de abril de 1981.Morreu muito jovem, aos trinta e cinco anos, devida a uma doença circulatória rara e grave, a poliarterite nodosa. |
sexta-feira, 8 de abril de 2011
REMINISCÊNCIAS DE UM MORTO
Este texto escrevi na última viagem ao outro lado do nada, onde a vida dorme, viva e indolor.
Roberval Paulo
Quando morri para os dias da vida
E parti na garupa da moça branca de neve
Vivi a enganação dos vivos
E ali, mortinho da silva, me vi carregado
Em ombros que eu nem conhecia
Lágrimas, muitas eu via
De quem eu nem conhecia o pensar
E ao amigo olhei e caí a cara morta
Estava os olhos vidrados
Nos seios da viúva minha.
Morri, é a quarta minha morte; não sabia morrer
Se soubesse não estaria vivo neste corpo morto
Me vendo falsidade em olhos que tanto amei
Me rindo de bocas a quem nunca falei
Chorando a hipocrisia de vivos me querendo torto.
Morri, já sinto a vida da morte
Roupa branca, mãos ao peito e suaves flores
Meu corpo deitado no ataúde. A sala cheia
Amigos, parentes, desconhecidos e,
Minha Mãe
As verdadeiras lágrimas; soluça, como soluça!
Sofre e mais soluça e se agarra ao morto seu
O morto que gerou em suas entranhas e não mais vive
Um corpo sem vida, que ainda vive, inanimado
Animado pelo amor de minha mãe, que jaz, mortalha viva
Parece que ela é quem morreu.
Quis voltar da morte com uma ínfima vida que fosse
Só para consolar-te Mãe. Mas,
Estou morto e sinto o cheiro do morto que sou eu
Aquele cheiro que só velório sabe exalar
Mistura-se ao cheiro de flores mórbidas e de lutuosas velas
Velas em chama sem a chama da vida.
Viver é muito perigoso, já dizia o poeta
Viver não é só perigoso; é muito mais que isso
Diz esse morto ainda quando a vida lhe vicejava
Ainda mais quando a morte se morre viva
O enterro vivo do morto que não sou eu.
Ser enterrado vivo mesmo quando jaz morto
Sem entender, o morto ali, vendo a vida
É o medo visitando este corpo inerte
E perfura minhas carnes mortas com pontiagudos diamantes
E meu sangue escarlate de um róseo azulado
Escorre pelos meus dentes ausentes de vida.
Meu corpo já sinto nada, matéria podre e fétida
Se decompondo, putrefacto, ossos e sangue gélidos
As carnes e vísceras rasgadas e inúteis e belas
Nos olhos e ouvidos, os vermes fazendo festa
Sinto o medo da morte que já vive em mim
A morte viva que nos vem mostrar o óbvio
Na terra o ópio, cabeça rolando e línguas e bocas
Aos urubus atônitos com seus olhos de desprezo.
À terra que aceita tudo, resignado me vou
Ao pó voltar para a vida morte prosseguir
E amanhã, eu pó, possa florar uma goiabeira
E ali, em fruta, alimentar uma sabiá
Que me vem bicar os sonhos que eu não soube usar em vida.
A morte morta já é mais do que a vida
Morto só se sabe sendo terra, sendo pó
E de ti, ver nascer tão doces frutos
E águas e plantações e lavouras de todo gosto
Que vão engordando a vida na estrada do matadouro.
Nessa verdade, eu quis até chorar
Mas ao morto não se permite nem mesmo lágrimas
Ao morto só é dado o pó da estrada
Por onde caveiras vivas trafegam e suam e riem
E lutam e choram e sonham e tudo vivem
Sem saber que esse caminho e essa poeira impregnada
Tantas vezes percorrido, tantas vezes repisada
É inexplicavelmente, o seu futuro e eterno lar.
Roberval Paulo
VIAJANTE DO TEMPO
Controlar o tempo
Queria que este não passasse
Devia este momento durar mais que um dia
Mas não estou preso a ele pois o mesmo não me pertence
Só as coisas que nos pertencem nos prendem
Pelo menos é assim que deveria ser.
Controlar o tempo
Podia este parar pra esperar minha
vida que não consegue acompanhá-lo
Se ele parasse eu o alcançaria
e descansaríamos um pouco, sentados numa pedra, levando
intuitiva conversa
para depois, descansados e realimentados
de brisa e de paz, prosseguirmos a viagem que muito dura.
Mas esse tempo não me houve
Controlar o tempo e só seguir pela minha vontade
que controlaria e guiaria os meus passos
e não pela vontade de outrem.
O Céu que me espera não sei se existe e, se
fantasias são verdades,
nem sei como acreditar em mim.
Controlar o tempo
Controlar o tempo que me fechou a porta
e nem adeus me disse, nem se despediu. Se tivesse
o dom e o poder de governar o tempo
um dia sequer
fecharia esta porta e guardaria
a chave em lugar que só eu soubesse, abrindo-a
só quando o dia, por sua vontade, decidisse se encher da manhã
que teria entrada franca em minha vida, com a permissão deste
mesmo dia.
Ah! Controle do tempo!
Porque não vens aqui ensinar-me como
se faz com esse tempo que só sabe andar.
Que caminha, caminha, caminha sem saber
pra onde, sem saber por onde, sem
haver direção no seu caminhar.
Escuta-me senhor do tempo
Só você e unicamente você poderá me ajudar
Mostre-me o caminho que leva ao sol e
ensine-me o segredo de não me queimar.
Leve-me pela estrada do norte, na rota do sul e do bem caminhar.
Que eu cruze rios sem me afogar.
Que atravesse montanhas sem de lá despencar.
E que, ao cair, que eu me levante e encontre
forças para continuar
E que todas as barreiras e os obstáculos e as
curvas da estrada com suas ladeiras eu consiga vencer
pela persistência do muito esforçar.
E, senhor do tempo
Eu não posso parar
Eu não posso parar pois eu sei que ainda tenho
muitas flores para colher, muitos sonhos para perder, tanta
conta para contar.
Tenho a história inacabada, quanto espinho espalhado, os
que já foram pisados e outros mais
que aguardam por meus pés que nem meus são.
Senhor do tempo me diga
Se é eterno o caminhar?
Se encharcando a camisa, suando-se de baixo em cima,
correndo mais que a notícia, quase qual bala que mata, mais
que um golpe de faca lambendo
o vácuo do medo, pode-se uma dia dizer,
vou parar pra descansar?
Controlar o tempo
Ah! Quem me dera eu soubesse desvendar este segredo
Quisera eu não ter medo de sorrir, de ser feliz
E na passagem da vida amar mesmo, sem medida, compartilhar
os meus sonhos com quem quisesse sonhar, semear por onde eu fosse,
muito amor, muito sorriso, muita paz que eu preciso
tornar o mundo melhor. Deveras, levar alegria
a todas as gentes e a mim, a todos nós e a ti
que me lê e nem me conhece, mas, que como eu, padece
do não entender a existência, a razão do ser, das crenças,
as dores e os sacrifícios que a mestra vida nos cobra
sem explicação alguma, mas no tempo e na estrada
vamos nós a cavalgar.
A caminhar, a sonhar,
nos labirintos da sorte
construindo e conquistando, montando um cavalo alado
Eu e você, lado a lado
Destino fraco e do forte
Procurando a própria morte
Por onde o vento levar.
Roberval Paulo
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