sábado, 30 de julho de 2011

FLOR VENTO E BEIJA FLOR - Roberval Paulo



"A maior dor do vento é não ser colorido."

Por amor feristes
Este meu coração
E sem mais ter razão
Me vi no vazio
E na dor da paixão
As lágrimas rolaram
E se precipitaram
Formando um rio
E olhando esse rio
Presenciei uma cena
Que me causou espanto
E muita emoção
Uma flor se abriu
Fez "figa" e se fechou
Pro seu beija-flor
Que a esvoaçou
E só vendo os espinhos
Ficou tão tristinho
E bem longe sumiu

E voou o beija-flor
Sem a sua flor
Se viu tão sozinho
Saiu do caminho
E se espatifou
Nas pedras do chão
E em lamentação
Pobre colibri
Ali sucumbiu
E ali ficou
Jogado às traças
Em sua desgraça
Abraçando a sorte
E o vento do norte
Passando lhe viu
E lhe indagou
Quê que foi beija-flor?
E ele respondeu:
minha flor não sorriu

Pra mim se fechou
E sem o seu olor
Meu sonho morreu
E o vento sofreu
E se apiedou
E soprando chegou
Onde a flor dormia
E disse: flor do dia
Flor da noite, flor do tempo
Eu sou o Deus vento
Levo ar a todo ser
E venho soprar a você
Que o beija-flor está sofrendo
Sem seu beijo está morrendo
É só pena o coitadinho
Não é nem beija, nem flor
Venho pedir-lhe um favor
Se abra a esse bichinho
Que só tem pra ti, carinhos

E leva a vida a adejar-te
Só te fazendo carinho
E sem ti está sozinho
Sem vida, sem razão de ser
É certo que vai morrer
Não deixe que isso aconteça
Vai me doer na cabeça
E posso não mais soprar
E sem meu sopro, o mundo
Não pode mais respirar
E tú também vais morrer
E as vidas vão se acabar
E eu vou ficar sozinho
Perdido e sem carinho
Sem movimento, então morro
Tudo em nada vai virar.
E a flor, compadecida
Viu o mal que tinha feito
Chorou muito e com efeito
Se abriu num lindo sorriso

E a última lágrima, rolando
Foi levada pelo vento
Qual gota de cristal líquido
No beija-flor foi batendo
E ele logo, renascendo
À flor um beijo ofertou
E agradeceu ao vento
Que sorrindo se afastou
E de tanta emoção
Chorava que soluçou
E soprou brisa no mundo
Nos quatro cantos caiu
O campo todo floriu
E tudo verde ficou
Flor e Beija-flor sorriram
E o vento a mim chegou
E me vendo acabrunhado
Me envolveu num doce beijo
Que minha face corou

E foi logo perguntando
O que tinha acontecido
Lhe contei, entristecido
O meu amor me deixou
E ele disse, já resolvo
Não precisa mais chorar
Antes que esse sol se vá
Teu amor eu trago aqui
E saiu a te buscar
E eu fiquei  esperando
Pensando que era o fim
E o vento me trouxe à vida
Achando minha flor perdida
Lá pelas bandas do mar
E lhe ensinando a amar
Trouxe-a de volta pra mim
E aqui estamos nós
Dois seres e uma só voz
Sozinhos, juntos enfim.

Roberval Paulo

sexta-feira, 29 de julho de 2011

OS CRAQUES DO PASSADO FALAM SOBRE O JOGO FLA X SANTOS

Craques do passado de Fla e Santos 'assinam' os 5 a 4 na Vila Belmiro

Personagens de tantas outras partidas que marcaram história, Pepe, Lima, Andrade e Júnior elogiam jogaço de quarta-feira pelo Brasileirão

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
 
 (Editoria de Arte)



Armandão: R10 é o craque da rodada com direito a nota 10
Um clássico com a assinatura dos craques do passado. Entusiasmados e esperançosos, ex-jogadores de Flamengo e Santos vibraram com o jogaço protagonizado pelos dois times nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, pelo Brasileirão. Foram nove gols no 5 a 4 a favor do clube carioca, igualando o recorde de gols do confronto (Fla 6 a 3 em 1939, também na Vila). Um jogo para fazer ídolos relembrarem com carinho a época em que jogavam ou até para dar vontade de estar em campo de novo, como foi o caso de Junior, ex-lateral e meia do Fla nas décadas de 80 e 90.
 
- Desde que eu parei, em 93, poucas vezes tive vontade de estar em campo de novo, participar de um jogo como esse. Daqui a 40 anos vão pegar a ficha deste jogo para saber quem participou. Acho que a partida marcou a reconciliação do torcedor com a essência do futebol brasileiro - disse Junior, por telefone.
 
O ex-jogador relembrou um jogo de que participou e que teve um enredo semelhante, em 1982. O poderoso São Paulo de Waldir Peres, Marinho Chagas, Darío Pereira, Mário Sérgio e Serginho Chulapa abriu 2 a 0 no Maracanã e conseguiu segurar o placar até os 13 minutos do segundo tempo. Mas o Fla, também cheio de estrelas, como Raul, Mozer, Leandro, Junior, Adílio e Nunes virou com dois gols de Zico e um de Andrade, para vibração dos rubro-negros, nesse que foi o primeiro jogo após o título mundial.

Na história
Maior goleada do Fla no Santos Flamengo 5 x 0 Santos (1984)
Maior goleada do Santos no Fla Santos 7 x 1 Flamengo (1961)
Aliás, 1982 foi um ano de viradas sobre o São Paulo. Naquele ano, o Fla também conseguiu outro resultado importante. Levou o primeiro gol no Morumbi e depois virou para 4 a 1. O Tricolor reagiu e diminuiu para 4 a 3, mas o time carioca segurou o resultado. Andrade, que participou dos dois jogos daquele ano, ficou feliz com o jogão que viu na Vila nesta quarta.
- Foi um dos melhores jogos dos últimos anos. Além dos gols, tivemos muitas jogadas bonitas. Ronaldinho de um lado, Neymar de outro. Quando estava 3 a 0 e o Flamengo empatou, dali já se sabia que seria um jogo diferente. Ainda teve o pênalti perdido (por Elano). E o futebol castiga. Logo depois o Deivid foi lá e empatou - disse Andrade, recordando alguns dos momentos do jogo.
Santistas vibram com a chuva de gols
Quando o Santos de Pelé entrava em campo, a expectativa era de uma chuva de gols. Com a experiência de quem já participou de alguns 5 a 4 na carreira, Pepe se sentiu de certa forma representado em campo e garante que "assinaria" a partida.
pepe santos (Foto: Divulgação / Site Oficial do Santos FC)Pepe é o segundo maior artilheiro do Santos
(Foto: Divulgação / Site Oficial do Santos FC)
- Foi excelente. Um jogo desse era até melhor que não tivesse vencedor. Não podem ser culpados os sistemas defensivos. Foi emocionante, fez lembrar as nossas partidas. O nosso Santos era meio imprevisível. Às vezes ganhava de 7 a 6 do Palmeiras e na mesma semana levava de 6 a 4 do Jabaquara. Não era como esses 0 a 0 chatos, esses jogos cheios de empates da Copa América. Estava 3 a 0 e ficou 3 a 3. Fiquei pensando assim: Que p... de jogo é este? Foi uma partida em que todo mundo ficou até o último minuto esperando uma grande jogada ou um belo gol. E tomara que isso volte, fiquei feliz, empolgado de ver - comentou o segundo maior artilheiro da história do Santos.
Outro que não desgrudou os olhos da TV foi Lima, também integrante do esquadrão santista da era Pelé. O ex-volante disse que o confronto superou todas as expectativas.
- Era um jogo que já seria diferente com Neymar e Ronaldinho em campo. Mas duvido que alguém falaria que seria diferente como foi. Foi tudo altamente inesperado. O torcedor que saiu reclamando desse jogo tinha que sair do estádio com camisa de força.
Para quem gostou do que viu em campo, o jeito agora é esperar que o jogão inspire outras equipes. Ou então aguardar pelo Flamengo x Santos do segundo turno, marcado para o dia 23 de outubro. Será que eles conseguem repetir a dose?

FLAMENGO X SANTOS - Vitória sobre o Santos é passado, diz Luxemburgo. O negócio é olhar daqui pra frente

Luxemburgo vira a página do jogão: ‘Não posso viver dele para sempre’

Técnico diz que vitória sobre o Santos foi importante para o Fla, mas lembra que a evolução tem de continuar. Time recebe o Grêmio neste sábado

GLOBOESPORTE.COM
Por Pedro Veríssimo e Richard Souza Rio de Janeiro
A vitória sobre o Santos foi épica, reforçou a confiança do grupo, deu mais credibilidade ao Flamengo, mas é assunto encerrado para Vanderlei Luxemburgo. Nesta sexta-feira, na reapresentação dos jogadores, o técnico usou parte da entrevista coletiva para virar a página do histórico 5 a 4 na Vila Belmiro. Ele não quer que o resultado importante se transforme em comodismo. Até porque neste sábado o Rubro-Negro recebe o Grêmio, no Engenhão, pela 13ª rodada do Brasileiro.
vanderlei luxemburgo   flamengo (Foto: Maurício Val/VIPCOMM)Luxemburgo diz que vitória do Fla faz parte do passado (Foto: Maurício Val/VIPCOMM) 
 
- Este jogo mexeu com todo mundo, mas não posso viver dele para sempre. Trabalhamos com campeonato e não com apenas um jogo. Ele está dentro do contexto. A vitória era importante porque o Santos é um adversário direto, foi bom para dar confiança, credibilidade. Mas quero dar um off neste jogo. Se levar para amanhã, estou roubado, não ganho nada.Vanderlei sabe quão elevado é o nível de exigência da torcida e dos críticos. Além disso, espera que a equipe evolua para se consolidar como candidata ao título ou, no mínimo, a uma vaga na Libertadores.- Aqui no Flamengo você tem de matar um leão por dia e correr de dois, de três. Isso aqui é Flamengo. Você vai ser cobrado sempre de maneira diferente. Tem de ganhar a cada jogo. Em sete meses perdemos uma vez, fomos campeões invictos, mas o que fizemos até agora não presta. Para ganhar campeonato você tem de estar evoluindo sempre, até o fim do ano. Uma competição de pontos corridos como o Brasileiro só vai se decidir quando faltarem cinco jogos.
 
Luxa confirmou o retorno do volante Airton ao time. Ele ficou fora contra Ceará e Santos por ter sido suspenso pelo STJD por quatro rodadas. Depois de cumprir duas, o departamento jurídico conseguiu liberá-lo até que um novo julgamento ocorra. O camisa 55 participou de um treino técnico com os reservas nesta sexta, enquanto os titulares fizeram um trabalho regenerativo na academia. Thiago Neves não compareceu ao CT. Ele e Ronaldinho foram julgados e absolvidos pela polêmica dos cartões forçados.
 
O volante Luiz Antonio luxou o ombro direito na partida da última quarta-feira e não enfrenta os gaúchos. Ele fez tratamento com os fisioterapeutas e o prazo para o retorno é de pelo menos três semanas. A provável escalação: Felipe, Léo Moura, Welinton, Angelim e Junior Cesar; Airton, Willians, Renato e Thiago Neves; Ronaldinho e Deivid.
 
O Fla tem 24 pontos e está em terceiro na tabela. A partida contra o Grêmio será às 18h30m (de Brasília).
 

FILHO DO DESCASO


Estou por aí, na sombra nebulosa da noite, à espera do grito, do sinal, do chicote no açoite do braço. Do tiro perdido, sem alvo, a qualquer alvo, ferindo o peito já ferido e maltratado, amordaçado, desesperançado e desolado, esquecido no beco de uma lembrança apagada. 

Sem rosto, sem página, sem a história dos dias passados. Futuro incerto, apontado como imprevisível, um tiro no escuro; o momento seguinte totalmente desconhecido.  Do presente, só o presente, sem embalagem e sem laço de fita. Só a dor da dor vivida e sentida, o sangue agitado nas veias a escorrer pelo horizonte dos olhos. 

Animal abatido num tiro certeiro, animal racional que pela irracionalidade social, irracionaliza-se, desnacionaliza-se, e se perde o sonho se rendendo à dura realidade, traindo a consciência, perdendo a razão, arquivando as conseqüências e o conceito de legalidade. Pra suportar, sem opção. Só com a cabeça feita e, se faz a cabeça. Consome, se consumindo. Ingere-se, injeta-se, compartilhando tudo. 

Amizade inconsciente, risco inerente; gotas e partículas de morte à prestação, só apressando, antecipando o que já está decidido, escrito nos anais das sociedades. Veredicto social, fatalidade da existência, a morte. Afinal, todos cairão. Coragem irresponsável, covarde, coragem em mim sem ser minha, alimentada pela hipocrisia, pelo descaso. 

E eu, sem forças, me rendo, dominado, corrompido. Bicho alienado, fera acuada. Indignado e sem dignidade. Sem direitos, contado para morrer. O que fazer? Aceito passivamente, porém, revido, agrido, matando o que em mim morreu, roubando o que de mim roubaram. É o estágio da decomposição, sem recompensa, assediado por uma falência múltipla de sentimentos. Incongruente, ferindo pela ferida enraízada n’alma, plantada pela Lei do Sistema. 

Sistema posto, imposto, regado livremente sobre espontânea pressão, opressão, repressão, depressão geral, embrutecido pela demagogia, mantido pela lei do mais forte. Insanidade da sandice dos sádicos que endeusados de poder, pelo poder, acreditam na vida só aqui. Ledo engano. O processo está sendo montado, a sentença será proferida. Réo, diante do juiz, sem advogado de defesa, só acusações. 

O direito à defesa prescrito, findo no último dia de vida aqui. Agora é tarde, muito tarde, demasiadamente tarde. O martelo será batido: “condenado, à revelia, sem recurso”. E a pena será cumprida eternamente, e, todos os anos irracionalizados, desnacionalizados sobre a terra será nada frente ao que virá, posto que tudo debaixo do sol passa. 

Aqui, é só o prenúncio, o prefácio do livro do tempo para a vida eterna, onde um só dia equivalerá aos cem anos aqui passados. Onde a dor ou o gozo serão eternos, resultados do balanço sobre os atos aqui praticados.

Roberval Paulo


RONALDINHO GAÚCHO, THIAGO NEVES E KLEBER são absolvidos no STJD

Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e Kleber são absolvidos no STJD

Rubro-negros ficam livres de punição pelo cartão amarelo contra o Palmeiras. Atacante escapa da acusação de falta de fair play no mesmo jogo

GLOBOESPORTE.COM
Por Fabio Leme Rio de Janeiro
 
Em julgamento na tarde desta sexta-feira, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e Kleber foram absolvidos das acusações que sofreram no último 0 a 0 entre Flamengo e Palmeiras. Os rubro-negros tiveram de responder pelos cartões amarelos que receberam, já que no dia seguinte Thiago Neves afirmou se tratar de uma combinação para ambos ficarem suspensos contra o Ceará. Já o atacante palmeirense foi denunciado por falta de fair play no lance em que chutou a gol depois de o jogo ter sido interrompido para atendimento a Junior Cesar (veja o vídeo com as polêmicas). Thiago Neves e Ronaldinho foram absolvidos por unanimidade. Kleber teve um voto para suspensão por um jogo e três para absolvição. Com três cartões amarelos, o atacante não enfrenta o Atlético-MG, sábado, às 21h.
 
Único dos três jogadores presentes, Thiago Neves não quis dar entrevistas na saída do tribunal. Disse apenas uma frase.
- Estou feliz por poder fazer o que eu mais gosto, que é jogar.
Em seu depoimento, o meia negou que tenha forçado o cartão.
- Não foi combinado. Só depois do jogo é que eu comentei com o Ronaldinho que tinha sido uma boa para o Flamengo. Procuro jogar todos os jogos. Pensei que ia pegar a bola e acabei acertando o adversário - declarou.
Michel Asseff Filho, advogado rubro-negro no caso, argumentou que não há regra impedindo que cartões sejam forçados. O advogado do Palmeiras, André Sica, usou a mesma linha para defender Kleber.
O árbitro Leandro Pedro Vuaden também teve de responder pelo caso, já que a procuradoria entendeu que houve omissão do juiz na polêmica de Kleber. Vuaden explicou que em lances de bola ao chão não cabe ao árbitro julgar quem deve ficar com a bola. Foi proposto ao juiz que ele recebesse apenas uma advertência, sem julgamento. Vuaden aceitou. 
Laser 
A procuradoria do STJD também pediu a condenação do Palmeiras pelo fato de Vuaden ter relatado na súmula a paralisação do jogo aos 10 minutos por conta de a torcida ter usado um laser para atrapalhar o goleiro Felipe. O clube foi punido com multa de R$ 5 mil.
Acompanhando de perto a preocupação do tribunal com o tema, Michel Asseff Filho fez um apelo para que torcedores rubro-negros não usem laser nas partidas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

R10 vence NEYMAR - Genialidade de sobra

No duelo da genialidade, R10 vence Neymar por um 'detalhe': o gol a mais

Números mostram equilíbrio entre os astros em quase todos os quesitos

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
 
Antes de entrar para a lista dos jogos inesquecíveis do Brasileirão - com direito a verbete na Futpédia - o confronto de quarta-feira já se desenhava memorável. Neymar e Ronaldinho duelariam pela primeira vez. O santista voltava de uma Copa América frustrada. Precisava mostrar serviço, assim como o rubro-negro, criticado por ter forçado cartão amarelo contra o Palmeiras. Os dois cumpriram à risca o papel de estrela. O experiente viveu momentos que lembraram os tempos de menino. O craque da Vila provou que já é peixe grande. Os números mostram o equilíbrio do encontro, que no fim teve leve vantagem para o camisa 10 da Gávea:  fez um gol a mais e decidiu o jogo histórico.
 
Houve "empate técnico" em quase todos os quesitos. Neymar finalizou seis vezes, contra cinco de Ronaldinho. O santista acertou 28 passes, um a mais que o rubro-negro. Neymar errou quatro passes. Ronaldinho, seis. O dentuço recebeu mais faltas (4 a 3) e desta vez passou em branco nos cartões - Neymar foi punido por falta em Willians. 
Veja os números do duelo:

info comparativo neymar ronaldinho gaúcho (Foto: ArteEsporte) 
O que os números não mostram é a alternância de bons momentos. Neymar começou melhor. Muito melhor. Caído, foi mais rápido que Welinton e participou do segundo gol de Borges. Em seguida, com dez toques na bola, driblou até a sombra e só parou para comemorar o golaço. 
 
Do outro lado, até então, Ronaldinho tinha dois chutes, ambos defendidos por Rafael (veja o vídeo com lances do rubro-megro). O camisa 10 não teve uma arrancada como a de Neymar, mas começou a virar o cenário depois do 3 a 0. Estava na pequena área para conferir a falha de Rafael no primeiro gol. Mais tarde, cobrou o escanteio para Deivid empatar o jogo e o duelo particular das estrelas: 1 a 1 em gols e assistências.
 
No segundo tempo, Neymar seguiu infernizando a defesa rubro-negra. David Braz e Leonardo Moura sofreram. O santista fez mais um gol e teve ainda outras duas chances. Só diminuiu o ritmo quando Willians encaixou a marcação. No fim, deu sinais de cansaço. Com menos movimentação, Ronaldinho teve fôlego para desequilibrar no fim. Depois de dribles curtos, sofreu falta na entrada da área e cobrou com técnica e inteligência. Na subjetividade da bola, um toque por baixo da barreira valeu para os rubro-negros como os dribles de Neymar: 1 a 1 em golaços.
 
No fim, Ronaldinho consegiu acompanhar contra-ataque puxado por Deivid e Thiago Neves. Chegou inteiro na bola e marcou o terceiro, recebendo elogios do rival na saída de campo. 
- Demos muito espaço para o Ronaldinho. É gênio, um craque. Jogou muito e resolveu o jogo para o Flamengo - resumiu Neymar.
- Os números estão mostrando isso. Desde que cheguei, sofremos apenas uma derrota. Estou brigando pela artilharia, e a equipe está entre as quatro primeiras. O importante é que eu estou bem com a torcida, e a torcida está bem comigo - comentou R10, autor de oito gols no Brasileiro.

EXTRA! EXTRA! - IVETE SANGALO no Fuzuê...

SANTOS X FLAMENGO - Jogo histórico até no placar - Confira!!!

PEIXE ABRE VANTAGEM DE 3 A 0, COM SHOW DE NEYMAR. MAS RONALDINHO COMANDA A REAÇÃO DO FLAMENGO EM JOGO HISTÓRICO

Extraído do Blog Edson fonseca

Por Adilson Barros e Julyana Travaglia

Uma ode ao futebol: Flamengo vence Santos num jogo espetacular na Vila....

Difícil achar um adjetivo para qualificar o que Santos e Flamengo fizeram nesta quarta-feira à noite, na Vila Belmiro, pela 12ª rodada do Brasileirão. Um show, um concerto, um espetáculo? É pouco. Foi, enfim, um jogo histórico, que será lembrado por muito tempo. No fim, o Flamengo, de Ronaldinho Gaúcho, que saiu perdendo por 3 a 0, acabou levando a melhor sobre o Santos, num 5 a 4 de encher os olhos, para apagar da memória dos torcedores brasileiros o burocrático futebol apresentado pela Seleção Brasileira na Copa América. O craque rubro-negro, enfim, mostrou a que veio quando retornou ao Brasil. Foi genial, como há muito tempo não era, marcando três gols, chegando a oito, artilheiro da competição. Neymar também brilhou, com dribles desconcertantes e dois gols, o primeiro antológico.
Muitos gols, uma obra-prima e o vilão


Ninguém tinha dúvidas de que seria um grande jogo, mas acabou saindo melhor, bem melhor mesmo, do que a encomenda. Craques dos dois lados, jogadas de efeito e muitos gols - um deles, de Neymar, uma obra de arte. Foram seis tentos apenas no primeiro tempo. As duas zagas sofreram muito e falharam demais também. Bom para o espetáculo, que começou com o Santos como protagonista.
Ronaldinho Gaúcho comemora gol do Flamengo sobre o Santos (Foto: Eliaria Andrade / Ag. O Globo) 
Ronaldinho Gaúcho faz a festa na Vila Belmiro
(Foto: Eliaria Andrade / Ag. O Globo)



O Fla até tinha a bola e explorava bem o lado esquerdo da defesa alvinegra, com Luiz Antônio aproveitando-se dos espaços às costas de Léo. Mas o Peixe era mais incisivo. Borges ampliou, completando jogada individual de Neymar, que, deitado no chão, conseguiu acertar o passe para o companheiro.
O time rubro-negro parecia entregue. E Neymar, inspirado. A goleada estava desenhada e com um toque de gênio. Aos 26, o craque santista arrancou pelo meio, jogou para Borges, que escorou e devolveu. Num drible improvável, o camisa 11 passou por Welinton, Angelim e ficou na frente de Felipe. O toque final foi leve, por baixo do goleiro. A Vila Belmiro aplaudiu de pé.
A festa alvinegra estava armada. Cabia muito mais. Aliás, houve muito mais. Só que, agora, por parte do Flamengo. O jogo mudou de lado. O Rubro-Negro não se intimidou com a vantagem adversária e continuou indo para cima. Marcou dois gols rápidos, com Ronaldinho e Thiago Neves e pressionou o Santos, que apresentava muitas falhas defensivas. Lembrou o time de 2010, que dava sustos na mesma medida em que marcava gols.
Foi aí que apareceu o vilão da noite. Neymar, endiabrado, invadiu a área pela esquerda e caiu. O árbitro marcou pênalti de Willians. Uma marcação duvidosa. Borges pegou a bola para bater, mas Elano assumiu a bronca. Queria se redimir do vexame da Copa América, quando, na decisão por penalidades nas quartas de final, contra o Paraguai, ele mandou uma bola na estratosfera, muito acima da meta. Em momentos difíceis, abusar não costuma ser prudente. Uma cavadinha displicente. A bola, leve, tranquila, morreu nos braços de Felipe, que ainda teve tempo de 'descontar' a ousadia do santista ao fazer embaixadinhas antes de repor a bola em jogo.
A Vila caiu em vaias na cabeça de Elano, que chegou a fazer sinais para os alvinegros descontentes. Para piorar a situação do meia santista, Deivid, escorando cobrança de escanteio, empatou a partida. O Flamengo estava vivo; o Santos, adormecido. Elano, em maus lençóis.
Thiago Neves no jogo do Flamengo contra o Santos (Foto: Alexandre Vidal / FlaImagem) 
Thiago Neves marca o segundo gol do Fla, de cabeça (Foto: Alexandre Vidal / FlaImagem)
Neymar + Ronaldinho = show
O segundo tempo foi tão eletrizante quanto o primeiro. O Fla foi melhor, teve mais a bola. Chegou, inclusive, a encurrralar o Peixe. O sistema defensivo santista falhava na marcação. Ronaldinho e Thiago Neves tinham muito espaço para trocar passes. Os alvinegros, mal posicionados, corriam atrás. Neymar, porém, fazia a diferença. Puxando contra-ataques, ele tirou o Peixe do sufoco logo após o início do segundo tempo, arrancando pela esquerda e dando um toque inspirado para matar Felipe.
Mas Neymar não era o único protagonista do jogaço. Ronaldinho Gaúcho mostrou que o craque pensa à frente, surpreende, improvisa. Falta na entrada da área, pelo lado direito. Rafael armou a barreira e se posicionou no lado direito. Todos esperavam a batida por cima da barreira. Esperto, o camisa 10 tocou rasteiro. A bola passou por baixo e enganou o goleiro santista. 4 a 4!
A Vila Belmiro não respirava. Privilegiadas, as quase 13 mil testemunhas do jogo do ano no Brasil não desgrudavam os olhos do gramado. Qualquer piscada e se perderia um drible de Neymar, um toque refinado de Ronaldinho.
Neymar driblava, chutava, só sofria mesmo com a marcação de Willians. O jeito era fazer a bola não chegar ao astro santista. Foi isso o que o Flamengo fez quando roubou a bola no meio de campo - num erro de Ganso. Um contra-ataque mortal, com Ronaldinho arrancando pela esquerda, invadindo a área e definindo o placar.
Uma salva de palmas para o futebol.
SANTOS 4 X 5 FLAMENGO
Rafael, Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Ibson, Elano (Alan Kardec) e Ganso; Neymar e Borges. Felipe, Léo Moura, Welinton (David), Ronaldo Angelim e Junior Cesar; Willians, Luiz Antonio (Bottinelli), Renato e Thiago Neves; Ronaldinho e Deivid (Jean).
Técnico: Muricy Ramalho Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Gols: Borges, 4, 16, Neymar, 26, Ronaldinho Gaúcho, 28, Thiago Neves, 31, Deivid, 43 minutos do primeiro tempo; Neymar, 5, Ronaldinho Gaúcho, 22, 36 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Welinton, Willians, Thiago Neves, Renato (Flamengo). Léo, Neymar (Santos)
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP). Data: 27/07/2011. Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO). Auxiliares: Márcio Eustáquio Santiago (MG) e Erich Bandeira (PE). Renda e público: R$ 312.040,00 /12.968pagantes.                                                                                                                           

quarta-feira, 27 de julho de 2011

MACIEL MELO - A biografia de um dos maiores cantadores do nordeste

Maciel Melo - Biografia

do site Cultura Nordestina 


Maciel Melo nasceu na pequena Iguaraci, cidade do sertão pernambucano, a 363 km do Recife. O pai, tocador de sanfona, ensinou-lhe desde cedo que o autêntico forró pé-de-serra não se limita a sanfona, zabumba e triângulo. Vale utilizar também o violão com baixaria, sopros, cavaquinho, banjo e até guitarra elétrica.

Maciel já entrou na história da música nordestina com o clássico “Caboclo Sonhador”, sucesso com Flávio José e Fagner. Virou uma referência para onde se voltam tantos cantores do gênero, que vivem na região, ou os que emigraram para o sudeste: Xangai, Santanna, os citados Flávio José e Fagner, Zé Ramalho, Elba Ramalho.

Veja seu DVD

O primeiro disco de Maciel Melo, “Desafio Das Léguas”, foi lançado em 1989. Um disco ousado para um desconhecido, com participações de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos e Dércio Marques, que comprovam o seu talento.

Sete anos depois o álbum "Janelas" deu continuidade ao trabalho iniciado com dificuldade. No ano seguinte (1997) ele gravou o disco "Retinas". Em 1998 o artista participou do primeiro número da coletânea Só Forró, pela Kuarup. O álbum conta com a participação de grandes artistas nacionais, como Sivuca, Xangai, Dominguinhos, Marines e Petrúcio Amorim. Em 1999 Maciel gravou o disco "Jeito Maroto"; em 2000, "Isso Vale um Abraço"; em 2001 lançou "Acelerando o Coração". Ainda no mesmo ano ele emprestou seu talento à coletânea Só Forró II (Kuarup). Nesse CD Maciel Melo gravou ao lado de nomes como Jackson Antunes, Juraildes da Cruz, Heraldo do Monte, Dominguinhos e Genaro. Já “O Solado da Chinela” foi gravado em 2002.

A temática de suas letras é fundamental para a continuidade do forró que teve as bases assentadas por Gonzagão. Não menos importante, o forró de Maciel Melo é feito para dançar. Não tem nada de forró pé-de-serra de ocasião, universitário da moda, moderno produzido em linha de montagem. É simplesmente atemporal, como toda grande música que se preze.

O UNIVERSO MATUTO DE JESSIER QUIRINO

O universo matuto de Jessier Quirino




Por João Paulo da Silva, de Natal (RN)
 



 
 
    O poeta Jessier

“Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954, na cidade de Campina Grande, Paraíba, e é filho adotivo de Itabaiana, também na Paraíba, onde reside desde 1983.” É dessa forma que o poeta e prosador matuto Jessier Quirino se apresenta. Singelo como todo sertanejo, o artista paraibano é hoje, incontestavelmente, um dos nomes mais importantes na luta em defesa da cultura nordestina. Dono de uma capacidade bastante apurada para observar tudo aquilo que o rodeia, Jessier traduz em seus livros e recitais os hábitos, a linguagem, a vida do homem do sertão e seu modo de ver o mundo. Assim, através de grande bom humor e sensibilidade, o poeta reconstrói um curioso e particular universo matuto.

O arquiteto domador de palavras
Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo, Jessier Quirino fez os primeiros estudos em Campina Grande e no Recife, formando-se depois em Arquitetura na cidade de João Pessoa, em 1982. Embora ainda exerça sua profissão, os dias e a agenda do poeta têm sido preenchidos quase que completamente pela literatura e apresentações pelo Brasil. Jessier pode até se considerar um autodidata, já que nunca fez nenhum tipo de curso sobre técnicas literárias. Toda sua intimidade com a prosa e os versos vem de uma destreza para “desenhar” as rimas e a métrica de seus textos, o que faz de Jessier Quirino um arquiteto domador de palavras.

Cronista, poeta e contador de causos matutos
A obra de Jessier está reunida, até o momento, em oito livros que retratam com precisão o cotidiano da vida no sertão nordestino. Entre seus principais trabalhos, destacam-se Paisagem de Interior, Agruras da lata d'água, Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão, Prosa Morena, Bandeira Nordestina e Berro Novo. Alguns dos livros do artista, inclusive, vêm acompanhados de CD´s que trazem narrativas de causos matutos, composições declamadas e poemas musicados. Assim, a arte de Jessier Quirino, além de resgatar os costumes e as características do sertanejo, também não deixa de ser herdeira da tradição oral que havia antes da invenção da linguagem escrita.

Como um cronista da tradição nordestina, influenciado pela literatura de cordel, Jessier lança seu olhar minucioso sobre os aspectos que compõem o cenário do sertão. Em Paisagem de Interior, poema que também dá nome ao livro, Jessier Quirino descreve com perfeição milimétrica o ambiente onde vive o matuto. “Três moleque fedorento morcegando um caminhão / chapéu de couro e gibão / bodega com surtimento / poeira no pé de vento / tabulêro de cocada / banguela dando risada / das prosa do cantador / buchuda sentindo dor/ com o filho quase parido / isso é cagado e cuspido / paisagem de interior.”.

A sensibilidade e o bom humor do poeta ao descrever os traços que marcam os interiores do Nordeste, utilizando-se de expressões típicas do sertanejo, estão presentes em praticamente toda sua obra. O deslumbramento e a estranheza do sertanejo diante das contradições entre a cidade grande e o campo também aparecem de forma divertida na literatura de Jessier. Em Berro Novo, seu livro mais recente, o contador de causos matutos explica quais as razões que levam alguém a ter um problema cardíaco. “Mas cumpade véi, eu vou dizer um negócio a você: uma coisa que não existe no sertão é pobrema cardíuco! O pobrema cardíuco é uma doença que se adquere com o vírus da letra i: Imposto de Renda; IPTU; ICMS; Implacamento de Carro, Ingarrafamento e Istresse! Essas são as palavra que causa pobrema cardíuco; e no sertão não tem essas palavra!”.

A obra de Jessier Quirino está repleta de situações cômicas, sempre destacando o matuto e sua maneira de ver o mundo. Há, inclusive, um personagem que constantemente marca presença nos livros do autor. Mané Cabelim é um matuto enrolado, todo metido a sabido, que a todo instante está envolvido em situações escabrosas e sendo passado para trás. Ele representa exatamente o contrário da esperteza do sertanejo nordestino, tão comum no universo de Jessier.

Mas o lirismo poético e a beleza das paixões também possuem espaço garantido nos versos do poeta. Em Paixão de Atlântico na Beira do Mar, poema integrante do livro Berro Novo, Jessier Quirino dá uma amostra de versatilidade literária e de capacidade para criar imagens simbólicas. “E a moça abeirando meus véus de espuma / Olhar de cupido a me recear / Aqui... bem aqui! O cabelo a voar / De cor, cor-de-cuia de louro brejeiro / Seus pés, de mansinho, me tocam primeiro / E a boca em suspiro aspira o meu ar / Recolhe os bracinhos a se arrupiar / E se carrapixam os poros e pelos / Os outros primores, eu nem pude vê-los / Morri de Atlântico na beira do mar.”.

A poesia como arma política
Para um artista tão sensível e atento ao mundo que o circunda, a picaretagem da política brasileira não poderia passar despercebida. No poema Politicagem, do livro Bandeira Nordestina, Jessier Quirino dispara seu arsenal matuto e rebelde contra a corrupção. “A tal da politicagem / É o acento circunflexo / Da palavrinha cocô... / É feito brigar com gambá / Pois mesmo o cabra ganhando / Sai arranhado e fedendo.”.

Mas a composição mais afiada mesmo fica por conta do poema Virgulino Lampião, Deputado Federá, escrito no formato de um discurso ficcional do famoso cangaceiro. “Seus Dotôres Deputado / falo sem tutubiá / pra mostrá que nós matuto / sabe se pronunciá / dizê que tá um presídio / com dó e matuticídio / a vida nesse lugá. / O Brasí surgiu de nós / nós tudo que vem da massa / deram um nó no mêi de nós / que nós desse nó não passa / e de quatro em quatro ano / vem vocês com o véio plano / desata o nó e se abraça. / Tamo chêi dessa bostice / de promessa e eleição / dos que vem de vez em quando / se rindo, estendeno a mão / candidato a caloteiro / aprendiz de trapaceiro / corruto, falso e ladrão.”.

Ignorando os limites entre prosa e poesia, a arte de Jessier Quirino lança mão de sua singeleza e criatividade para marcar uma visão crítica sobre o Brasil. Apropriando-se da voz de seu Virgulino Lampião, Jessier ainda manda um recado a todos os parlamentares. “Político que come uva / em plena safra de manga / vai pra lei dos desperdiço / nas faca dos meus capanga.”.

Nadando contra a maré
Em um país onde a padronização cultural ganha cada vez mais espaço, seja através de fórmulas nacionais ou estrangeiras repetidas à exaustão, a obra de Jessier Quirino deve ser reconhecida como uma trincheira avançada na luta em defesa da cultura nordestina. E essa “nordestinidade” não é apenas a expressão de um regionalismo, mas também a exposição de uma manifestação artística original, repleta de sentidos e significados. O universo matuto de Jessier, formado por costumes sertanejos, arcaísmos e neologismos, coloca o poeta no rastro de grandes mestres da literatura nacional, como Guimarães Rosa e Manuel de Barros.

No combate ao esvaziamento artístico de muitas produções contemporâneas, o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo reconhece a importância de Jessier. “Talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica.”.

É por estas e outras que a arte de Jessier Quirino é um símbolo de resistência cultural, uma prova de que ainda existem os que nadam contra a maré.