terça-feira, 1 de março de 2016

LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval Paulo

Uma cantiga de vento enrubesceu os amantes
E na moldura viajante dos olhos
A noite vinha lá do fim do mundo

A lua se escondia na brancura da nuvem
E na sonoridade da alma
Um silêncio se ouvia
Um silêncio de fazer cantar os mudos

O som do amor se encarnou por toda a luz
E todas as bocas disseram o provar de corpos em êxtase

Um uivo abafou a imensidão da distância
E o prazer aquiesceu a alma enamorada

Os desejos ardem, convulsões desenfreadas
Sensações que se revelam
Na rima solta do verso

O ar cansado desmaia
Num respirar lento e cortante
E a forma disforme se renova

No formatar novo do novo.

Roberval Paulo

DESCULTURADO - Roberval Paulo

Pensando culturalmente
Não sou eu aculturado
Sou em mim, desculturado
Numa cultura sem cura
Mais que cura dor de dente
E até quebranto com reza
Portanto, não se despreza
A cultura que é escura
E sim, encontre brancura
Na cultura de sua terra

É a cultura de um tudo
No meio de tanto nada
É a folha da enxada
Antes da folha papel
É a falácia dos mudos
Valendo mais que a história
É uma oração sem glória
Um conceito sem virtude
O teatro de gertrudes
Fecha o pano sem memória

O homem deixa o existir
No tempo e não segue em frente
Mais Deus, compassivamente
Está no tempo e não passa
Mesmo intentando seguir
O homem finda, se encerra
De terra, volta à terra
Não importa o que ele faça
Mais se merecer a graça

Não encontrará mais guerra.

Roberval Paulo

A RETA TORTA DA VIDA - Roberval Paulo

Indo
infindo
me findo
reto
na reta
torta
insólita
morta
apócrifa
sonífera
efêmera
dormindo

Vindo
a caminho
moinho
rodando
a vida
levando
morrendo

sozinho.

Roberval Paulo