terça-feira, 18 de agosto de 2015

TEMPO - Roberval Paulo

O tempo da vida é curto pra se fazer o que se quer fazer.
Aquela música que eu queria aprender.
Aquele livro que eu queria ler.
Aquele filme que eu queria ver.
Vão passando por mim no meu tempo que não me dá tempo.
Nesse tempo que não me dá tempo de viver.

O tempo da vida é tão curto que não me dá tempo.
Tempo de fazer um sonho se realizar
Porque você começa, começa, começa
E antes do fim, já é tempo de parar
Parar e começar a viagem
Que é o começo do fim que de novo se vai a começar

O tempo da vida é curto para ver o sol se pôr
Ele nasce e sobe, sobe e se descamba a descer
E você vai subindo
E quando alarga o caminho
Já é hora de entristecer, de adormecer
A hora de ficar verde antes de amadurecer

O tempo da vida é curto pra ver o dia passar
Você trabalha, trabalha,
E quando a vida embala
E a moça se põe na sala à espera do seu querer
O pai assim recomenda
A lua já deitou renda
De manhã cedo, a venda
Tú tens que amanhecer

O tempo da vida é curto pra se fazer o que se quer fazer
O sonho que eu sonhei. A vida que eu planejei.
A estrada que não se chega ao fim
Ficou tudo preso no tempo
No tempo que se foi com o vento
Um tempo que não ficou em mim.


Roberval Paulo

ESPERANÇA - Roberval Paulo

Tudo passa
Todos passam
A vida passa
E nós ficamos

Ficamos a esperar
Que a vida passe e nos leve
Que o sonho passe e carregue
A nossa esperança vã


Que dizem nunca morrer
Que dizem sim, vai chegar
E o vento chega e descansa
No sol da virgem manhã
A nossa desesperança

Mas ainda assim ela vive
A esperança imortal se faz
Nós somos tão pequeninos
Nós precisamos ser mais
Desesperar não é luz
Desesperar não é paz
Então vamos a esperar
A nossa desesperança
Outra vez se esperançar.



Roberval Paulo

LUZ AMARGA (Diálogo do caminho) - Roberval Paulo

Caminhante 1: Vendo esta luz amarga
Luz da estrada que andamos
Me diz aí camarada
Como insistir na jornada?
Quando fazer a parada?
Quando nos realizamos?

Caminhante 2: Nós não nos realizamos
Vamos só a estradar
Cantando a canção da estrada
Sem saber onde vai dar

Caminhante 1: Então porque tanto lutamos?
Pra que tão longe avoar?

Caminhante 2: Nós não nos realizamos
Só lutamos, só lutamos...
É a verdade do vivo
Só se ir a caminhar.
Cantar quando a dor se ir
Chorar quando ela voltar
Sorrir na hora do sim
Isso quando o não deixar.

Caminhante 1: Sendo assim, me diz amigo
Quando se deve parar?
Como fazer com a estrada
Que não quer ir, quer voltar?

Caminhante 2: Não sei dizer as respostas
Das perguntas que me faz
Mas sei dizer que a vida
Não tem como andar pra trás.
Só pra frente é que se anda
Não tem como regressar
Nessa estrada que é só ida
Não há meios de voltar.

Caminhante 1: Me diz então como pode
A estrada continuar?
Se o caminho se fechou
Tá difícil de passar
Eu tento em frente seguir
Mas meu ser só quer voltar
Está cansado da luta
Aposentando a labuta
Desse vida diminuta
Quer cama pra descansar.

Descansar e não mais seguir
Nessa vida estacionar
Dar fim a todos os planos
Parar de vez, sepultar
Os sonhos que um dia eu tive
Que já parei de sonhar
Não quero a morte encontrar
Quero só saltar da vida
Antes que o trem da partida
Me parta no seu passar.

Quero está fora da vida
Quando o descanso chegar
Pela ponte que eu cruzar
Quero alcançar meu destino
Quero mais nem ser menino
Só o meu destino abraçar
Onde eu for a caminhar
Estradando o meu caminho
Que essa ponte seja enfim
O caminho da partida
Que o saltar fora da vida
Seja o meu libertar.

Caminhante 2: Eu não soube responder
Às perguntas que me fez
Mas vejo que se desfez
Das dúvidas que levantava
É que a vida está traçada
Cada um tem seu destino
É caminharmos com tino
Que saltaremos da vida
E que esse saltar nos seja
O encontro da redenção
Deus estende a sua mão
A todo que nele crê
Que o findar de todo ser
Seja o encontrar do perdão.


Roberval Paulo