Eu
hoje ainda me lembro
Da
minha bela cidade
Minha
doce mocidade
Dos
dias que eu fui feliz
Trago
em minha lembrança
Um
gosto de primavera
No
tempo que o tempo era
O
tempo que eu sempre quis
Estava
sempre a brincar
Corria
pelos quintais
No
gosto dos laranjais
Sentia
o gosto da vida
As
tardes todas de festa
Nas
águas lá da ribeira
“Passarin”
de atiradeira
Uma
alegria perdida
Nesse
tempo eu não sabia
O
que era labutar
Se
ia só a brincar
Todas
as horas do dia
Nadava,
como eu sorria
Sem
responsabilidade
A
fazenda era a cidade
Onde
meu sonho “avoava”
Meu
grito denunciava
A
minha felicidade
Eram
gritos de verdade
Mentira
não existia
A
natureza sorria
Não
tinha ali nem maldade
Hoje
só resta saudade
Daquele
olhar inocente
O
tempo ficou demente
O
mundo mostrou sua dor
Feriu
de morte o amor
No
germinar da semente
Eu
que nem imaginava
Existir
um padecer
Só
alegria e prazer
Meu
viver anunciava
A
mata virgem cantava
Respondia
eu do terreiro
Nesse
canto derradeiro
Eu
me perdia feliz
Pra
o mundo pedia biz
Que
tempo manso e ordeiro!
Hoje
esse tempo medonho
Saudade
é só o que resta
Os
dias cantavam festa
Hoje
é só tribulação
Se
foram sonhos de flores
A
alma respira guerra
Na
boca o gosto de terra
De
sangue no coração
Hoje
eu sou qual esteio
Que
segura a cumieira
Peso
de mil aroeiras
Nas
costas de um só cristão
Não
quero mais ser lembrança
Quero
esse passado agora
Voltar
no tempo, na história
Revisitar
meu sertão.
Roberval Paulo
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