sexta-feira, 13 de março de 2020

MARCAS DE LUZ - Roberval Paulo

Tenho corpo e alma chagados pelo tempo
São marcas de luz que o tempo me deu
O como hoje penso é reflexo desse andar
Quanto pondero antes de agir e de me posicionar!
Quanta paciência carrego em meu ser!

O ferreiro segue moldando a peça
A forja é o instrumento e a força um complemento
O fogo é o próprio alimento que molda o molde pensado

Então atenha-se! Tome tenência!
O ferreiro, a forja e o fogo são elementos do seu caminhar
Elementos por demais importantes nos dias da sua estrada
Mas pouca atenção lhes damos pois queremos ser bem mais

Mas não, não somos
Definitivamente não somos
Somos somente uma peça
A peça menor de toda uma engrenagem
Uma engrenagem maior e superior
Engrenagem essa que se intitula vida

Lutar pela vida é razão
E a essa luta nos jogamos com todas as nossas forças
Ora triunfando e ora despedaçando
O nosso existir que é o nosso coração

Lutar pela vida é bom e, inexoravelmente,
Espelha o fundamento fundado no sacramento
Um sacramento diáfano, resiliente
Transluzente e comprazente da nossa nobre missão

Mas lutar contra a vida é tolice, é estultice
É estupidez pra não dizer burrice
É quimera e solidão

A vida é superior e maior, muito maior
A vida é tudo e é senhora de si
A vida é o ferreiro, a forja, o fogo

E você, ah meu Deus, quem é você?
Quem você pensa que há de ser?
Você é simplesmente e também, singularmente,
A peça viva e importante,
Mas também comum tal como inconstante
A peça menor desse mágico jogo.

Roberval Paulo

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