Eu continuo sem entender a perda.
Porque
se perde e qual é a razão de tanto sofrer?
A
dor aguda que se sente torna-se quase insuportável.
É
insuportável, de fato, e só se suporta para não morrer, apesar de que morto por
dentro já está.
É
dor que não cicatriza e se faz mais aberta a cada lembrança.
Chaga
o corpo e a alma, o peito e o coração.
Chaga
por completo o seu todo espírito e a sua existência.
Queria,
por pelo menos um dia, ser o Senhor do meu ser e do meu querer.
Queria
poder entender para curar-me e não mais me perder na dor.
Mas
quem sou eu para poder não sofrer?
Jesus
Cristo tragou o cálice amargo da sua missão e suportou.
Quase
se entregou! Chegou a suplicar e reclamou.
Mas
suportou para que se cumprisse o que tinha que ser cumprido.
Suportou
para a salvação da vida.
Suportou
para não mais morrer e sim partir para a vida eterna.
A
ressurreição se fez real para todos e para todo o sempre.
Então,
morrendo, nasce-se para a vida eterna.
Mas
então se morrer é nascer para a vida eterna, porque ainda dói tanto?
Queria
eu ser sabedor desse mistério.
Talvez
assim não sofresse, ou pelo menos, não sofresse tanto.
Talvez
aí se compreendesse o sentido maior das coisas.
Talvez
aí se entendesse o sentido maior de tudo.
Mas
não, não sabemos.
Não
é nos dado saber e nem mesmo entender tantos porquês?
Porque
se vem? Porque se vai?
Porque
se morre antes mesmo de nascer?
Porque
se vai quem podia aqui ficar?
Porque
que vem quem não podia morrer?
Ah
Deus meu, socorra-me! Socorra-me!
Faça-me,
por TEU amor, o TEU amor encontrar
Faça-me
ver o sentido de a cada dia mais crer?
Faça-me
acreditar que a vida tem que seguir,
E
na estrada tens que ir sem nunca estacionar.
A
não ser quando o existir não mais habitar meu peito
Aí
poderei dormir e minha alma descansar
Livre
do peso matéria que despurifica o ser
E
não o deixa entender que a vida... é só semear.
Meu
eu, despurificado, continua sem saber
Sem
entender o perder e sozinho continuar
Mas
meu eu, puro, espírito, não me deixa desistir
Quando
a matéria ruir, meu corpo há de seguir
Corpo
luz, alma e espírito, leve e livre, a flutuar.
Aí
saberei do amor, das perdas, dos desencontros
Das
lutas que já travei, das dúvidas do meu pensar
Das
dores e dos horrores, das contas que já são contos.
Ganharei
todas as perdas, verei meus entes voltar.
Não
mais seguirei sofrendo, pois que encontrei a vida
E
junto a todos os meus pela terra prometida
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