terça-feira, 23 de agosto de 2011

POEMA DAS COISAS - Roberval Paulo


Ajuntei algumas palavras
e formei um arco-íris
Arco-íris de flores, não de cores
Que dizia ao mundo o colorido dos sonhos.

Ajuntei os sonhos do dia
E com a noite sem sonhos misturei
E formei o corcel enluarado do verde
Que dizia os matizes das noites de luar e mar,
E a esperança me brotou dos olhos
Qual fino cristal límpido e triste
Cristalino e discípulo do orvalho da manhã.

Ajuntei as coisas do meu sentido
Misturadas às coisas que só de coisas sabiam
E extraí dessas o sentido maior das coisas
Onde o Invisível e o Indizível
Se coisificam.

E nesse ajuntamento das coisas com outras coisas
A realidade virou só poesia
E um ser superior e efêmero
Adâmico e Mosaico e reluzente
Me levou pelo buraco negro iluminado
Da janela biônica da vida.

Visitei castelos e reinos e princesas
Mata virgem, céu azul, água verde e dinossauros
Viajei na cultura dos Astecas e dos Maias
Naveguei o mar vermelho entre unicórnios e centauros
Das pirâmides egípcias fiz uma ponte à Grécia Antiga
Ligada à Roma pela crença milenar do Oriente
A deusa Tétis brincava nas asas da Fênix
E Nero passeava pelo jardim do Éden
Golpeando Aquiles à espada dos Samurais
Pela Ibéria e Esparta fui vagando vagamente
Na terra santa vi o cordeiro  
Caminhando e pregando mansamente
Em meio aos anjos entoando suas cantigas e corais.

Toquei a evolução de Adão
E de outras e mais outras civilizações
Ainda mais novas e remotas de razões
Que vem desaguar em Marte
Quando neste tinha mar.

Fiz uma confusão e profusão de coisas
Que coloriu o Monte Olimpo
De toda sorte de deus
E no azar da sorte, não minto
Eu vi um deus pé de pinto
Ocupando o trono de Zeus
E de Hércules a Thor, geração por geração
Todos teletransportados no tempo rumo ao sertão
E no calor da caatinga, sem açude, só cacimba
Seguidos por Lampião e, no encalço, os cangaceiros
Foi em Canudos que se deu e o mediador era eu
O grande encontro dos deuses
Com Antônio Conselheiro
E a república e os deuses se organizaram em motim
E os deuses, desencarnados, se voltaram contra mim
E a vida-matéria em Canudos rolou por terra, foi o fim
Daqueles que só tinham trabalho e fé pra lutar
E eu me revoltei com os deuses e disse que eram só coisas
E eles e a república me disseram escaupelar
Feito os índios da América; a outra América distante
Salva sempre por Deus em desvarios norte-americanos
E os deuses-coisas, vencidos, espernearam e fugiram
Tangidos pelo rugido da minha imaginação
Feridos de morte pelos raios da razão
Alvejando e aniquilando democratas e republicanos.

Ajuntei meu espírito e alma que vagavam
E meu físico e minhas enervantes pernas
E minha força e toda a força dos sonhos
E saí em debandado despertar
Acordei no chão do meu quarto, exausto
Em meio às coisas que eu não ajuntei.

Quis ajuntá-las e vi a viagem da morte
Na porta aberta do sonho da outra noite
No espelho, Narciso se banhava e sorria
E Afrodite se despia aos meus olhos, arfante e sôfrega.

Olhei para as coisas, depois para mim
Fechei os olhos e me encolhi sob o cobertor
Quase morri sufocado de gôzo e de calor
E não mais abri os olhos naquelas manhãs de outono
E lá se foram todas as coisas em enganos e desenganos
E a manhã desabrochou, sonolenta e cismada, na poesia do jardim.

Roberval Paulo

A GRANDE PELEJA - Roberval Paulo


As ondas passavam pela praia e, batidas pelo vento, iam chocar-se no calçadão, num surdo rumor de riso e raiva. Voltavam desanimadas para o mar, restabelecendo as forças. Tornava a investir; dessa vez mais forte. Nunca vi tamanha insistência, persistência. O calçadão agüentava firme. Molhado até os ombros, triunfava orgulhoso.

E lá vinha novamente a onda, uma, duas, três, muitas... unidas, uma atrás da outra, no mesmo objetivo. E o calçadão firme, resistia a tudo. As ondas cadenciavam o jogo, trocavam passes, misturavam-se, confundindo, e pimba, atacavam. O calçadão rebatia todas, goleiro de seleção; melhor não podia haver.

E o dia se passou nesse embate. O sol já se punha, extasiado, passando o apito. A lua agora arbitrava a gigantesca peleja.

E eu ali dando asas à imaginação, dando vida própria aos combatentes que, aos meus olhos, já pareciam um tanto quanto cansados. Mas não desistiam; continuavam a se bater, medindo forças. Me cansaram. Me cansei.

Olhei novamente e contemplei a peleja. Me afastei, sem ver o “grand finali” de tão fenomenal batalha. Precisava ir. Estava cansado mas, remoçado e novo, inteiro, quase uma criança. Olhei para o horizonte descortinado à minha frente. O compromisso esperava. Dei adeus aos combatentes e bati em retirada. A família queria me ver.

Roberval Paulo

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SER E EXISTIR - Roberval Paulo


É assim, não se explica.
Nascer, viver e ser somente e nada mais.
Os dias chegam como se só vidas trouxessem
 e vão-se em noites de sonhos por terminar.
A manhã rejuvenesce; a cada manhã sou mais velho.
O vento virgem da manhã torna mais velho quem por ele passa.
É que a manhã traz vida nova ao mesmo tempo que envelhece vidas já dormidas.
Os destinos se confundem nas tantas encruzilhadas e confluências do ser e do existir.
A vida, por si só, segue em frente e não se individualiza.
Vive de si mesma e não retrocede nunca.
Vive de si mesma, descompromissada e livre e além das comprovações científicas, porque a vida vive para todo  o sempre – viva – superior a tudo e a todos.
O resto é sobra, e nada, e morte, e inexplicável.
Inexplicável também o é, a vida, mas,
porque abraçá-la com suspeitas e dúvidas,
se o que vale é viver?
É acaso o dia maior que a noite?
Será a ciência a contraprova da fé? Ou vice e versa?
Não é só pelo milagre da vida que é permitido à ciência, existir?
Como por em dúvida a sua própria existência?

A vida vem da vida e traz em seu bojo, a morte.
Dualidade existencial e essencial.
Nascer e morrer. É a lei.
Nascer, viver e morrer, eis a lei e nos basta.

E tudo o mais é especulação.
Vida que segue sem explicação.
Para todo o sempre. Amém!

E que a terra nos seja leve.

Roberval Paulo

DA GERAL - Roberval Paulo

DA GERAL, observo a vida passar por mim na direção do desconhecido e me posiciono como se fosse um imã para que a vida possa em mim grudar e não mais fugir. E assim me encho e me recheio de vida, seguindo com ela a estrada da luz à procura da morte que, viva, me pede perdão e se esgueirando feito cachorro vadio, grita por socorro ao se entender morta. 

Eu, vivo, observo tudo em silêncio e não posso disfarçar uma lágrima clara e fria que escorre pela minha face ao compreender que o grande segredo da existência é o que inexiste e a porta de saída para a próxima vida é o encontro com ela: a mãe que a todos acolhe e a ninguém rejeita. 

Meus pensamentos caminham desordenados e inquietos pelos labirintos do medo e transportam meu ser à legião de um sonhar desesperado sabendo esse desespero ser a esperança em sua mais perfeita tradução pois que a vida ainda está por aqui e, DA GERAL, ainda observo a passar por mim o cortejo fúnebre que ora vivia e que segue ao destino do fim que é, e será, nada mais, nada menos, o começo de tudo. 

Roberval Paulo

A ESTRADA RETA DE UM CAMINHO TORTO




Estou na estrada reta de um caminho torto. Um sonho acordado de um dormir mais pesadelos que sono. Não sei onde parar a ouvir o que não se diz nem mesmo ao silêncio. O estampido rouco e estridente de um inaudível som apoderou-se do meu ser e me leva a escutar o que ninguem falou e o que nem eu mesmo disse a ninguem e nem a mim. 

Sou a curva querendo endireitar-se para reta se tornar e não mais encruzilhar-se. Assim endireitado vou ao norte do caminho onde habita o descortinado horizonte e dele terei notícias e ali descansarei. Não quero mais andar sem saber qual caminho seguir. O caminho não conheço então me vou a estacionar. 

Estaciono-me no lado oposto da existência a esperar pela origem do ser que ensinar-me-a a razão de aqui estar, direcionando os meus passos para o imprevisível do tempo, no mistério alucinante de nada saber de mim nem tão pouco de onde vim nem pra onde caminhar.

Vou ao sol que encurta os dias, alegrando-me para o futuro que me trará o inevitável. Vou ao fim para ser começo. Vou a mim para buscar o outro do eu de mim que ainda não conheço mais sei que em mim está. 

Vou indo, só indo para a reta endireitar pois que já estou cansado de tanta curva fazer e a lugar nenhum chegar. 
Vou indo na estrada reta de um caminho torto. 
Não sei se torto é o caminho ou se o meu caminhar.

Roberval Paulo

PT DE ALIANÇA DO TOCANTINS - 23 ANOS DE EXISTÊNCIA


PT de Aliança comemora 23 anos e reafirma compromissos com o município
 “Hoje é um momento ímpar e de muita alegria para o PT de Aliança. Comemorar nossos 23 anos de luta e conquistas é uma alegria sem igual. Parabéns companheiros e companheiras”, disse emocionada a vereadora petista Rosalina Rodrigues, presidente do PT de Aliança do Tocantins, durante as comemorações do aniversário de 23 anos do Partido, fundado em 12 de junho de 1988 no município. O I Encontro Municipal do PT aconteceu neste domingo, 21, na Sede Social de Aliança e contou com a presença do presidente estadual do PT, Donizeti Nogueira, do prefeito Zé Pequi, dos deputados estaduais Amália Santana e Zé Roberto, do ex-prefeito de Porto Nacional, Paulo Mourão, com a participação de mais 200 pessoas, entre vereadores, prefeitos, autoridades e lideranças da região.
Após a apresentação de um vídeo documentário que contava a história do PT em Aliança, relembrando nomes como da vereadora Rosalina, o prefeito Zé Pequi e o fundador Partido no município Moacir Dias, o presidente do estadual do PT, Donizeti Nogueira, fez uma palestra sobre o panorama histórico de criação do Partido. “A nossa trajetória é de persistência e paciência e a história do PT de Aliança não é diferente da história do PT e da trajetória do Lula. Pois se a companheira Rosalina e o prefeito Zé Pequi tivessem desistido há 20 anos, nós não estaríamos aqui hoje comemorando as conquistas do PT de Aliança”, ressaltou.
O ex-prefeito de Porto Nacional, Paulo Mourão, ressaltou a relevância do PT para o Brasil e o compromisso do Partido para construir um projeto novo para o Estado. “Nós queremos o melhor para o povo do Tocantins, para o Estado desenvolver com democracia e sustentabilidade”, destacou. Já o deputado Zé Roberto falou da importância do Partido nesse processo. “O nosso papel é maior do que ser um deputado, um vereador ou um prefeito. O nosso compromisso é de militância e de luta pela mudança e  transformação do nosso país e também do nosso estado. Por isso que eu e a deputada Amália estamos viajando por todo o Tocantins reafirmando o nosso compromisso com a classe trabalhadora”.
O prefeito Zé Pequi falou sobre a persistência dos companheiros e companheiras, até a conquista das eleições de 2008. “No início nós não imaginávamos a dimensão e a importância que a nossa luta teria para criarmos o Partido dos Trabalhadores e assim possibilitar um projeto novo para a Aliança. A comunidade acreditou no nosso projeto e por isso trabalhamos para manter um governo atento aos anseios do povo de Aliança”, finalizou o prefeito.
O evento contou ainda com a participação do coordenador da macrorregional de Gurupi, vereador Cabo Carlos, do secretário geral do PT no Tocantins e superintendente da Pesca, Josafá Maciel, do secretário de Assuntos Institucionais Zé Geraldo, do presidente do PT de Palmas, Divino Mariozan, dos prefeitos de Fátima e Jaú do Tocantins, Luiz Mourão e João Luiz, respectivamente, e do secretário da juventude do PT de Palmas Iranilto Sales.

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Atenciosamente,
Assessoria de Comunicação Partido dos Trabalhadores do Tocantins

Rose Dayanne SantanaJornalista DRT-TO 525
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