segunda-feira, 16 de maio de 2011

PETKOVIC DE VOLTA AO FLAMENGO

Pet será reintegrado ao elenco para o capítulo final de sua história no Fla

Em conversas com Luxemburgo, gringo define programação para jogo de despedida, dia 5 de junho, contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro

globoesporte.com
Por Janir Júnior Rio de Janeiro
Petkovic treino Flamengo (Foto: VIPCOMM)Pet tem recebido salários em dia (Foto: VIPCOMM)
Petkovic se prepara para escrever o último capítulo de sua história no Flamengo. Em conversas com Vanderlei Luxemburgo, ficou decidido que nos próximos dias o sérvio voltará a trabalhar com o grupo principal para se preparar para seu jogo de despedida,  contra o Corinthians, no dia 5 de junho, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro, no Engenhão. O gringo está afastado do elenco desde o início da temporada, já que não fazia parte dos planos do técnico rubro-negro.
Aos 38 anos, Pet não causou polêmica ao ser afastado. Com aval da diretoria, ele traçou com a cúpula do futebol o seu jogo de despedida. Nesta segunda-feira à tarde, o jogador definiu com Vanderlei os últimos detalhes de como será sua reintegração ao grupo.
Desde que foi afastado, Pet deu sequência aos treinamentos com atividades separadas do grupo. Enquanto o elenco treinava no Ninho do Urubu, o gringo realizava trabalhos físicos à parte, na Gávea. Quando der adeus ao Rubro-Negro, Pet também abrirá uma brecha na folha de pagamento, já que tem recebido os salários em dia.
Além da despedida no Brasil, Pet planeja um amistoso em Belgrado, na Sérvia, em que ele jogaria pelo Estrela Vermelha, seu primeiro time, e pelo Flamengo, um tempo com cada camisa. No próximo dia 26, ele lançará no Brasil ‘O Gringo’, documentário sobre sua história no país, dentro e fora de campo, com ênfase nas passagens pelo Rubro-Negro. Enquanto assiste aos seus grandes momentos já editados e finalizados na telona, Pet acrescenta os últimos capítulos da sua história na Gávea.

POEMA DAS COISAS


Ajuntei algumas palavras
e formei um arco-íris
Arco-íris de flores, não de cores
Que dizia ao mundo o colorido dos sonhos.

Ajuntei os sonhos do dia
E com a noite sem sonhos misturei
E formei o corcel enluarado do verde
Que dizia os matizes das noites de luar e mar,
E a esperança me brotou dos olhos
Qual fino cristal límpido e triste
Cristalino e discípulo do orvalho da manhã.

Ajuntei as coisas do meu sentido
Misturadas às coisas que só de coisas sabiam
E extraí dessas o sentido maior das coisas
Onde o Invisível e o Indizível
Se coisificam.

E nesse ajuntamento das coisas com outras coisas
A realidade virou só poesia
E um ser superior e efêmero
Adâmico e Mosaico e reluzente
Me levou pelo buraco negro iluminado
Da janela biônica da vida.

Visitei castelos e reinos e princesas
Mata virgem, céu azul, água verde e dinossauros
Viajei na cultura e ruínas dos Astecas e dos Maias
Naveguei o mar vermelho entre unicórnios e centauros
Das pirâmides egípcias fiz uma ponte à Grécia Antiga
Ligada à Roma pela crença milenar do Oriente
A deusa Tétis brincava nas asas da Fênix
E Nero passeava pelo jardim do Éden
Golpeando Aquiles à espada dos Samurais
Pela Cibéria e Ibéria e Esparta fui vagando vagamente
Na terra santa vi o cordeiro  
Caminhando e pregando mansamente
Em meio aos anjos entoando suas cantigas e corais.

Toquei a evolução de Adão
E de outras e mais outras civilizações
Ainda mais novas e remotas de razões
Que vem desaguar em Marte
Quando neste tinha mar.

Fiz uma confusão e profusão de coisas
Que coloriu o Monte Olimpo
De toda sorte de deus
E no azar da sorte, não minto
Eu vi um deus pé de pinto
Ocupando o trono de Zeus
E de Hércules a Thor, geração por geração
Todos teletransportados no tempo rumo ao sertão
E no calor da caatinga, sem açude, só cacimba
Seguidos por Lampião e, no encalço, os cangaceiros
Foi em Canudos que se deu e o mediador era eu
O grande encontro dos deuses
Com Antônio Conselheiro
E a república e os deuses se organizaram em motim
E os deuses, desencarnados, se voltaram contra mim
E a vida-matéria em Canudos rolou por terra, foi o fim
Daqueles que só tinham trabalho e fé pra lutar
E eu me revoltei com os deuses e disse que eram só coisas
E eles e a república me disseram escaupelar
Feito os índios da América; a outra América distante
Salva sempre por Deus em desvarios norte-americanos
E os deuses-coisas, vencidos, espernearam e fugiram
Tangidos pelo rugido da minha imaginação
Feridos de morte pelos raios da razão
Alvejando e aniquilando democratas e republicanos.

Ajuntei meu espírito e alma que vagavam
E meu físico e minhas enervantes pernas
E minha força e toda a força dos sonhos
E saí em debandado despertar
Acordei no chão do meu quarto, exausto
Em meio às coisas que eu não ajuntei.

Quis ajuntá-las e vi a viagem da morte
Na porta aberta do sonho da outra noite
No espelho, Narciso se banhava e sorria
E Afrodite se despia aos meus olhos, arfante e sôfrega.

Olhei para as coisas, depois para mim
Fechei os olhos e me encolhi sob o cobertor
Quase morri sufocado de gôzo e de calor
E não mais abri os olhos naquelas manhãs de outono
E lá se foram todas as coisas em enganos e desenganos
E a manhã desabrochou, sonolenta e cismada, na poesia do jardim.

Roberval Paulo


IVETE SANGALO - Shows em Portugal

Ivete Sangalo está em contagem regressiva para shows em Portugal

Link to Ivete Sangalo Oficial » Novidades

Ivete Sangalo está em contagem regressiva para shows em Portugal
Posted: 16 May 2011 05:53 AM PDT
A uma semana do primeiro show da turnê “Ivete Sangalo no Madison Square Garden” em Portugal, a cantora está contando os dias para chegar em terras lusitanas. “Estou com muitas saudades de Portugal e louca pra dividir com o público essa apresentação tão especial na minha carreira. As expectativas são as melhores possíveis, tenho certeza que vai ser incrível.” diz Ivete.
Além de cantar e reencontrar os fãs, a cantora também gosta de curtir tudo que Portugal oferece. “Essa terra além de ser linda tem sabores incríveis, gosto de simplesmente TUDO, mas não vejo a hora é de comer um bom bacalhau português. Já estou com água na boca!” brinca a artista.
Ivete se apresentará em Lisboa na próxima quarta-feira,(18), no Pavilhão Atlântico às 21h, em Porto no dia 20 o evento acontecerá no Parque da Cidade às 21h e em Coimbra no dia 21, o show será na Praça da Canção às 21h. A turnê “Ivete Sangalo no Madison Square Garden” foi lançada oficialmente em Salvador (BA), no dia 27 de março e deverá passar por 25 cidades brasileiras até outubro de 2012.

PATRICIA TALEM - A música não é a mesma sem ela

Musicaria Brasil



PATRICIA TALEM VEM COM OLHOS QUE ENXERGAM ALÉM DO CONVENCIONAL
Posted: 14 May 2011 09:00 PM PDT


Em uma moldura sofisticada, mas ao mesmo tempo singela e de excelente bom gosto, Patricia aborda a música mineira, a bossa e o jazz em uma simbiose perfeita.

Por Bruno Negromonte

Nomes como Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan muito se orgulhariam de conhecer o enorme talento desta cantora paulista chamada Patricia Talem. Dona de uma aptidão natural para o mundo da música, ela faz parte de um seleto grupo de cantoras da nova geração que, de maneira habilidosa, consegue fazer uso de uma trilogia de ritmos com muita propriedade: a forte influência da música mineira, o jazz e a bossa nova. Esses três ritmos se fundem e transformam-se através da voz suave de Talem em algo inebriante a partir de seu mítico canto.
A vivência de Patricia com o mundo das artes vem desde cedo, para ser mais exato vem do período de sua adolescência, mais precisamente quando ela tinha cerca de 14 anos. Foi neste período que ela deu início as aulas de canto e piano. Daí em diante foi só uma questão de aprimoramento, pois o seu talento, era algo que poderíamos afirmar como algo in natura. Com o passar dos anos cantou e encantou por bares da capital paulista ao longo das noites a partir do ano de 1999. Depois de 07 anos nos palcos noturnos, decide em 2006 que já era hora de registrar suas interpretações. A partir daí, resolve com o apoio do produtor Marco Costa, dar início a pesquisa de repertório para a gravação do seu primeiro álbum.



O registro desse álbum só veio acontecer de fato 02 anos depois, quando ela começou a gravação do disco "Patricia Talem" com produção de Marco Costa e do Sandro Albert. O disco foi gravado no Brasil e nos Estados Unidos contendo 11 faixas, onde já é possível perceber as características que guiam os dois álbum lançados até agora pela Patricia: as composições mineiras, o balanço da bossa e a sutileza e bom gosto dos arranjos jazzistícos. O álbum reúne diversos compositores, dentre os quais Alexandre Blasifera, Renato Motha, Patrícia Lobato, Keko Brandão, Jairzinho, Elder Costa, Marcelo Pompeu, Rita Altério,Pedro Altério e Sandro Albert e para uma pessoa que está debutando no mercado fonográfico algo pouco comum: letras inéditas de um medalhão da MPB, Flávio Venturini. Algumas releituras também são encontradas em seu álbum de estreia como “Só de você”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho; “Ludo real”, de Chico Buarque e Vinicius Cantuária e uma versão de Pedro Baldanza para “Stella by starlight”. É importante enfatizar que na gravação deste álbum houve a participação, em todas as faixas, dos membros da conceituada banda de jazz Yellowjackets: o baixista Jimmy Haslip e do pianista Russell Ferrante. Lançado pelas gravadoras Nugroove e Points South, o álbum chegou a ser indicado ao Press Award 2010 em duas categorias: a de "Melhor álbum" e a de "Melhor tour 2009". Porém este excelente e requintado disco ficou restrito ao mercado norte-americano e até o momento não foi lançado no Brasil. Com a excelente receptividade tanto do público quanto da crítica americana, não foi difícil para Patricia a sua inserção nos grandes circuitos musicais americanos e da Europa, onde frequentemente participa de espetáculos em cidades Miami, Nova York e Los Angeles e brevemente estará em Portugal.

2011 vem como o ano da consolidação da carreira de Talem no Brasil, pois o lançamento do seu segundo álbum atravessou as fronteiras americanas e está sendo lançado também em sua pátria. O álbum vem com o nome de "Olhos" (álbum este que você pode adquirir clicando na capa existente ao lado direito de nosso site), título sugestivo porque nos remete a diversos prismas, dentre os quais os olhos de seu povo que se voltam para o seu primeiro trabalho lançado no Brasil, as peculiaridades e requintes que podemos observar no resultado final deste trabalho, os bons olhos que todos estão recepcionando este álbuns, além da perspicácia na escola do repertório. Aliás, o saudoso Toninho Spessoto na apresentação do álbum "Olhos" sintetizou bem o título do disco quando escreveu que muitos são os olhares que se debruçam sobre as canções. Alguns as veem com o corpo rítmico, outros a enxergam somente com a sensibilidade auditiva, e há os que as entendam com a alma. Este é o caso da Patricia Talem.

Gravado no Bennett Studios (de propriedade do cantor Tony Bennett) em New Jersey com a produção novamente do Marco Costa e sob os arranjos do músico Russell Ferrante, "Olhos" ainda teve a participação dos músicos Christian McBride, Sandro Albert e Bob Mintzer. É um disco que é composto por 09 belíssimas canções interpretadas de maneira bastante pessoal, dando um toque particular e definitivo a canções inéditas e fazendo releituras tão distintas que mesmo conhecidas do grande público, chegam a soar como inéditas.

O passeio musical começa com uma versão inédita de um clássico do jazz norte-americano gravado pela primeira vez em 1933 por Joe Venuti e sua orquestra, a canção intitulada "Moonnglow" (Will Hudson, Irving Mills e Eddie DeLange) que ganhou a tradução do escritor, compositor e jornalista Carlos Rennó. Em seguida vem um clássico da bossa-nova composto pelo paulista Sérgio Ricardo, onde Talem imprime o seu talento e toda bossa que o gênero sugere em "Folha de Papel". O álbum segue com uma belíssima versão bilíngue da canção "Nascente", canção composta por Murilo Antunes e Flávio Venturini e gravada pela primeira vez no álbum "A página do relâmpago elétrico" do mineiro Beto Guedes. Patricia a interpreta em português e a cantora americana Jane Monheit canta a versão em inglês traduzida por Murilo e Tonico Mercador intitulada "Sunrise".

O álbum segue com uma canção inédita composta por Matt Robbins (um estudante secundarista americano, fã de Patricia, que conseguiu entrar em contato com ela através do Myspace). A valsa-jazz "Shadow of Love" mostra a razão pela qual os americanos se encantaram por Talem. A quinta faixa é uma releitura, com toques jazzisticos, de uma canção do Luiz Melodia gravada originalmente no LP "Mico de circo" em 1978. Na sexta faixa vem um clássico da música popular brasileira composta por dois grandes ícones da música mineira: Lô Borges e Milton Nascimento. Na canção "Clube da Esquina 2" trás mais uma vez o toque mineiro em seu trabalho com o auxílio luxuoso de Flávio Venturini. A sétima faixa trata-se do samba-canção "Olhos negros", uma parceria dos cariocas Johnny Alf e Ronaldo Bastos. Em seguida, Talem mostra-se de ecletismo requintado ao grava a canção "For Your babies" do Mick Hucknall (vocalista do grupo inglês Simple Red) e que também foi registrada pelo grupo no álbum "Stars", gravado a 20 anos atrás. O disco encerra-se com a gravação da toada "O que eu seria sem ti", composta por Peri e Alexandre Leão e que só reforça que o talento de Patricia Talem é inquestionável pois é dona de uma voz afinada e agradável aos ouvidos, tem uma facilidade para interpretar as nuances de subidas e descidas pela escala musical. Além de pronunciar as palavras inteiras, a suavidade de sua voz encanta a quem a está ouvindo. Só me resta atestar que com esse álbum ela deu verdadeiro sentido aos versos do compositor Jota Maranhão quando escreveu que: "A voz é um colibri nas cores das canções."

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A COR DO MEU SONHO


 
  Doze anos já são passados
E o meu amor continua
Eu sem destino na rua
Boêmio ganhando a noite
Atira pedras na lua
O vento sopra em açoite
Arrepiante frio n’alma
Angústia já esquecida
Lembrança de não morrer
A vida é ganha e perdida

E os anos se vão passando
As flores ferem e não matam
O tiro alcança o alvo
Comigo está tudo bem
A tecnologia em alta
A novidade é a praia
A liberdade em baixa
O violão geme e não sente
Meu sonho, estou na estrada
Minha vida no mar deságua

E eu aqui e sem ela
E tudo em mim continua
Um sonho, o mesmo d’antes
A dor que não cessa nunca
O eterno dia após dia
Doze anos que são passados
E o meu amor continua
Eu sem destino na rua
E este sol que não desce
O rio que lento cresce
Meu pranto, fonte de mágoa
Meu sonho, estou na estrada
Caminhar é a jornada
Dias e noites cortadas
Vida que rejuvenesce.

Roberval Paulo

REAPRENDENDO



Sabor amargo na boca
Faca de ponta no peito
Dor funda na angústia de quem perde
Sol que não brilha nunca
Flor sem perfume e beleza
Tempo que parece não passar.


Tempo real
Quem dera fosse sonho
Poder voltar atrás, não!
Mas, recomeçar
Tentar de novo, é o alento
Que derrota é o ponto de partida
Para a seguinte vitória.

Competir
Ganhar e perder
Que o prazer está na luta
O deleite na conquista
Na derrota está o sonho, a lição.

Começar de novo
Trilhar de novo o caminho
Nas voltas que o mundo dá
Ir em frente
Acertar
Que derrota é aprendizado
Feridas do presente
Sangrando futuras glórias.

Roberval Paulo

PRA NÃO DIZER QUE EU DISSE ALGUMA COISA

Tive um sonho e sonhei que era um anjo e aquele anjo sem asas mas que, pela força do invisível e do mistério do incerto, voava e mais voava; voava que nem sabia como era a estrada de andar.. Um anjo sem asas e que de nada entendia nem mesmo porque era anjo e nem mesmo o que é ser anjo mas que, inexplicavelmente, voava, voava e mais voava..

Abri as asas que eu não tinha e ganhei os céus. Eu era esse anjo que asas ele não tinha. Subi, subi alto e contemplei, lá de cima, o altar. Um imenso boneco redondo, nas cores azul e verde e pés e cabeça alvos como neve. Refleti sobre aquela imensidão de espaço vazio e pude perceber a distância do meu pé ao meu pensar. Aquele espação infindo a perder de vista e nada para todos os lados, e direções, e sentidos, e só aquela bolinha em azul e verde, e branco nas extremidades, vagando ao léo, sem destino, suspensa no ar e sem amarras para lhe segurar.

Não entendi o mistério e mesmo se buscasse entender, não entenderia. Aquela bolona imensa, pequena diante do vazio do espaço mas, imensa e desorquestrada...se comparada a mim. De terra e água é seu ninho; de mato e bicho seu peito, e ainda de gente, em todo o seu sentimento e muito de tudo. Milhões e milhões e até bilhões de tudo, portanto, pesada; pesada não, pesadona, e suspensa no vazio do espaço, sem cordas e não cai. Suspensa pela massa do ar e andando ao vento pelo tempo, sem parar e sem ninguém no volante. Não consigo entender nada. Quanto mais me findo nesse propósito, menos entendo. Dizem que é uma tal de gravidade ou lei da gravidade, não sei.

Na verdade, eu nem sabia se existia essa gravidez, nua e filha, nem sei de quem, a viajar pelo espaço, sem amarras, nem cordas, totalmente suspensa, sem raiz, a andar sem destino e sem direção, na órbita de um pensar que não é atmosférico. Penso que vai à procura do Apocalipse final que, a bem de uma outra verdade, eu também não sei o que é e nem onde mora, se é que ele tem residência; ou será que seria ele mais um descamisado andarilho pelos trilhos da esperança e que ao fim só encontra um mar de terra para guardar seu corpo ínfimo e pouco que descansa, leve e morto, ao pé de um jacarandá?

Penso mesmo que essa mãe que às vezes se chama terra, viaja sonho afora é em busca do pai que perdeu. Do pai de sua gravidade gestada em um tempo inexistente e distante, feito minhas asas que um dia estiveram em mim e que ao anúncio da criação dos filhos do gênesis, povoaram o olimpo. Assim zeus se fez Deus para apadrinhar a insensatez da mitologia fora do seu tempo mas que caminhava para encontrar a porta que culminasse e se materializasse nos trilhos da obscura luz da última realidade, ou, pelo menos, que fosse uma janela e, mesmo sendo a passagem, mais estreita, poderia por ela saltar ao espaço do precipício sem fim que é a viagem sem destino e sem direção e também, sem comandante, da mãe que procura pelo pai da gravidade gestada em seu ventre, que subiu e não desceu e, que quando desceu, acabou descendo mais do que o necessário para voltar a subir e, não mais subindo, passou do destino e não mais encontrou o caminho de volta.

Assim se deu a viagem do anjo sem asas que nada de gravidez ou gravidade foi ao espaço buscar, mas, que viu e se solidarizou com o choro das estrelas, lágrimas estas que diziam da estupidez exasperada daqueles seres ingnóbios que mais pareciam micróbios que cavavam sem parar o corpo daquele corpo que ainda hoje viaja mas não encontrou parada nem a estação pra estacionar e nessa viagem sem fim leva toda a nossa vida e as nossas forças e sonhos para o espaço de um lugar que não se sabe onde é e nem se lá vai chegar mas que como todo ser que pisa os degraus do medo vai sem medo para a morte que fica na encruzilhada do canto daquela estrada que não se sabe parida ou se já foi a abortar.

Não desci do meu sonho, só acordei e, quando os olhos eu abri, estava ali, na minha frente, me olhando com aqueles olhos que eu não sei decifrar, o filho do pai que um dia partiu pra órbita da dor e deixou sozinha, a mãe, que viaja sem parar, e chora, como ela chora e suas lágrimas fizeram o mar e esse se vai a encher pois ela não para de chorar porque o pai não encontra e o filho é que aqui está e a mãe ainda nem pariu, só chora e chora e me olha junto com o pai que é seu filho e me chama, me chama e eu, que acordei agora, não sei se já é a hora de seguir não mais eu órfão ou se aqueles olhos de pai de mãe e de filho que é filho do pai da noite vai ainda permitir que o meu corpo comece essa viagem a seguir e que a cria do medo, do meu ser que desconheço me revele o segredo de não mais ter pesadelos e em paz poder dormir.

Roberval Paulo