terça-feira, 26 de julho de 2011

COPA UNIÃO DE 87 - Flamengo e Sport: O caso se arrasta a 24 anos

Em carta enviada à CBF, Fifa diz que não lhe cabe julgar a polêmica de 87

Flamengo e Sport recorreram à entidade máxima do futebol mundial em busca de uma decisão para o caso que se arrasta há 24 anos

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
A polêmica envolvendo Flamengo e Sport em relação ao título brasileiro de 1987 chegou até a Fifa, mas ainda está longe de uma solução. A CBF não divulgou, mas recebeu uma carta da entidade que comanda o futebol mundial. Nela, a Fifa informa não ter competência para julgar o caso.
Nesta terça-feira, o site oficial do Sport informou que o vice-presidente jurídico do clube, João Humberto Martorelli, teve uma reunião com membros da Fifa. No entanto, a nota não deixa claro onde foi o encontro, uma vez que ela cita a sede da entidade, em Zurique, na Suíça, e a Ilha do Retiro, em Recife, como locais da reunião. O GLOBOESPORTE.COM tentou, sem sucesso, entrar em contato com os dirigentes rubro-negros por telefone para esclarecer a situação.

Ainda de acordo com a nota divulgada pelo Sport, João Humberto Martorelli afirma que a entidade máxima do futebol resolveu não se envolver na briga e não admitiu uma audiência por não ter sido procurada pelo Flamengo formalmente.
- Eles (FIFA) não admitiram a audiência por não existir nenhum processo na entidade. Diante dessa resposta, pedimos um documento por escrito falando que não existe esse processo, e ela nos deu. Estamos com o documento nas nossas mãos. A informação era que o Flamengo tinha feito uma reclamação formal, mas ela não existe... No documento por escrito, a FIFA ainda disse que não tem competência para definir quem é o campeão brasileiro de 1987 e que isso é um assunto interno da CBF - disse Martorelli, ao site oficial do Sport.
 

Zico e o troféu da Copa União: 'Nesse nem o Fla põe a mão'

Por O Dia - Postado por Abraao Na Rede
Zico e Copa União
Fla desmente Sport e confirma ter ido à Fifa
O vice-jurídico do Flamengo, Rafael De Piro, informou que a CBF encaminhou ao Flamengo, por se tratar de um dos envolvidos no caso, uma carta da Fifa enviada ao Sport e à CBF, alegando que a discussão deveria ser feita na própria CBF, por se tratar da entidade máxima do futebol brasileiro. No documento, a Fifa recusa o pedido de audiência do clube pernambucano e diz que a atitude de recorrer à Justiça Comum fere o parágrafo segundo do artigo 64 do estatuto da entidade (recursos a tribunais de Justiça comum são proibidos, a menos que especificamente embasados nos regulamentos da Fifa). No entanto, não há qualquer menção a uma possível punição ao Sport.
Segundo De Piro, a Fifa não recebeu o Sport pois o clube não foi acompanhado pela CBF à sede da entidade, ao contrário do Rubro-Negro carioca, que foi à Suíça em junho representado pela presidente Patrícia Amorim, que teria ido acompanhada de Carlos Eugenio Lopes, diretor jurídico da CBF.
Rafael De Piro revelou que, na ocasião, Patrícia Amorim se reuniu com membros do Comitê Disciplinar da Fifa e solicitou que a entidade privilegiasse a decisão da CBF, que em fevereiro deste ano declarou o Flamengo como campeão brasileiro de 1987, ao lado do Sport. O clube carioca também denunciou o Sport à entidade por ter recorrido à Justiça Comum e assim estaria sujeito a punições por extrapolar a esfera esportiva.

Reviravoltas

Em junho, a CBF acatou a decisão da 10ª Vara da Justiça Federal e voltou a reconhecer o Sport como o único campeão brasileiro de 1987. Na ocasião, a entidade esclareceu que a decisão judicial é passível de recurso e diz entender que o reconhecimento do Flamengo como campeão brasileiro daquele ano não contraria os limites da coisa julgada.
No dia 21 de fevereiro deste ano, a CBF reconheceu o Flamengo como campeão de 87. A decisão, a princípio, colocaria fim a uma polêmica que já dura mais de 24 anos. Na ocasião, o presidente do Sport, Gustavo Dubeux, afirmou que não aceitaria dividir o título com o clube carioca e tomou as providências cabíveis.
 

GOLEIRO GUSTAVO SE ARREPENDE DA AGRESSÃO AO JOGADOR DO VASCO

Goleiro do Sport se arrepende de voadora: 'Não acreditei no que fiz'

Gustavo tentou se encontrar com Elivélton no hospital, mas desistiu devido ao movimento de jornalistas no local. Goleiro depõe nesta quarta-feira

Por GLOBOESPORTE.COM Barão de Cocais, MG
Sério, mas sem chorar. Arrependido, mas consciente de que não agiu de má-fé. O goleiro do time júnior do Sport, Gustavo Pereira de Lima, não esconde a chateação pela repercussão da 'voadora' que deu no colega de profissão, o jogador Elivélton, do Vasco, durante partida entre as duas equipes na Taça BH de Futebol Júnior. E quer se encontrar com o agredido para pedir desculpas.
- Estou muito arrependido. Na hora não pensei, foi gesto sem pensar, no calor do momento, pois estava perdendo a partida. Nunca fiz isso nem em campo, nem fora. Não acreditei no que fiz. Só me dei conta quando o menino estava na maca. Eu me desesperei. Estou arrependido. Que sirva de lição para todos os atletas e pessoas que viram, para que não aconteça de novo.

Goleiro Gustavo  junior  Sport recife (Foto: Maíra Lemos / TV Globo Minas)Gustavo quer pedir desculpas pessoalmente ao
vascaíno (Foto: Maíra Lemos / TV Globo Minas)
Nesta quarta-feira, ele prestará depoimento em Barão de Cocais, cidade localizada a 93 quilômetros de Belo Horizonte, onde estava sendo realizada a partida durante a qual ocorreu a agressão - o jogo foi encerrado antes do fim, e Elivélton levado ao hospital, onde passou a noite.
 Gustavo foi afastado da competição, mas ainda não se sabe se ele fica com a delegação ou retorna a Recife. Outra informação, dada pelo supervisor de Futebol do Sport, Carlos José Araújo, é que apesar de o clube ter anunciado no site oficial que o goleiro seria afastado, ainda haverá uma reunião entre dirigentes para definir o futuro do atleta, de 18 anos.
Gustavo ainda revelou que já tentou pedir desculpas a Elivélton. Mas, quando chegou à porta do hospital municipal de Barão de Cocais, preferiu voltar atrás devido ao grande número de jornalistas no local.
Apesar de toda a repercussão negativa do fato, Gustavo avisa que não quer desistir do sonho de ser jogador e não quer encerrar a carreira.
Confira a entrevista do goleiro Gustavo no Jornal Nacional desta terça-feira.
*Colaboraram os repórteres Maíra Lemos e Eric Soares.

Opinião deste Blog: 
Já vi isso acontecer muitas vezes. No calor de uma partida, ânimos exaltados, adrenalina total, sangue agitado nas veias, o descontrole emocioanal age e tudo sai fora do controle. É lamentável mas já aconteceu tantas vezes que já é quase lugar comum e figurinha carimbada nos campos de futebol mundo afora. E quase sempre, com profissionais, jogadores experientes, clubes tradicionais do futebol mundial. 

A atitude desse menino, o goleiro Gustavo, do Sport, é condenável mas não é hora de atirar-lhe só pedras. Não é a saída certa demiti-lo e abandona-lo à estrada mal percorrida do seu ato. É hora sim de chama-lo às falas mesmo mas, prestando-lhe uma assistência e orientação profissional que possa lhe transportar ao atleta e homem que era antes deste episódio. Dirigente precisa ser dirigente e a sua capacidade será desmonstrada na condução deste episódio.

O menino Gustavo errou e precisa ser punido, orientado, reorientado e reconduzido com habilidade e responsabilidade ao que é o verdadeiro futebol e não desliga-lo do clube, banindo-o do futebol como as mentes que pouco pensam proliferaram mídia afora. Afinal, um erro é pra ser consertado e não apadrinhado com outro erro e aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra. Então, correção e humanização sim mas, permitam ao menino continuar no seu sonho: jogar futebol.

Roberval Paulo

TELÊ SANTANA - 80 ANOS HOJE. Saiba mais do grande mestre...




No dia em que Telê faria 80 anos,
filho lembra assédio do Barça

Renê conta que o pai chegou a recusar proposta por respeito a Cruyff, que ainda era o técnico da equipe na época. Depois, Mestre sofreu AVC e parou

globoesporte.com
Por Márcio Mará Rio de Janeiro
Das muitas histórias que o nome de Telê Santana carrega no mundo da bola, uma foi lembrada pelo seu filho, Renê, nesta terça-feira, 26 de julho, dia em que o pai completaria 80 anos de idade se vivo estivesse. Resume, com perfeição, por que virou sinônimo de ética e arte nos quase 50 anos de carreira. Seja como "Fio de Esperança", apelido recebido em pesquisa com torcedores nos tempos em que, franzino, com a camisa do Fluminense, fazia a diferença nos campos como um dos primeiros pontas a cumprir sem erros a missão tática de voltar para ajudar a marcar no meio-campo. Seja como "Mestre", quando, treinador, principalmente no São Paulo, imprimiu às equipes que dirigiu o futebol arte tão sonhado pelos amantes do jogo bonito.
O ano era o de 1996. Telê vivia grande fase. Bicampeão da Libertadores e mundial interlcubes  pelo São Paulo em 1992-1993 (veja este último no vídeo abaixo), entre outros tantos títulos, deixava para trás a fama injusta de pé-frio recebida após os insucessos na Seleção Brasileira que encantou o mundo mas retornou para casa mais cedo em 1982 e 1986.  Voltou a virar notícia e ganhou o assédio de clubes, como o Valencia, da Espanha, e de seleções, como a japonesa. Mas a prioridade era o São Paulo, com quem tinha contrato e compromisso moral. Dizia não sem pestanejar. Até que surgiu no caminho um dos grandes gigantes, o Barcelona...
telê santana são paulo libertadores faixa (Foto: Agência Estado) 
No São Paulo, sempre de camisa vermelha, que usava por superstição, Telê Santana ganhou os títulos mais importantes como treinador, como duas Libertadores e dois Mundiais Interclubes (Foto: Agência Estado) 
 
- Pela primeira vez, ele admitiu ouvir os dirigentes. Mas aí disse o seguinte. "Olha, fico lisonjeado com o convite de um clube como o Barcelona, mas vocês têm um treinador, que é o Cruyff. Não posso aceitar, não seria nada ético." O dirigente  respondeu: "Ele sabe que estamos aqui." Pegou o telefone e ligou para o Cruyff, que explicou estar de saída em um mês. Aí, ele aceitou continuar a conversa, logicamente ouvindo o São Paulo. Só que aconteceu o pior. Adoeceu, teve o AVC e não voltou mais a dirigir clube nenhum. Mas sinto um orgulho enorme pelo comportamento que teve. Sempre com ética e caráter  - afirmou por telefone o filho Renê Santana, em São Paulo para participar de alguns eventos em homenagem a Telê.
 
Quis o destino que não se concretizasse a união do técnico brasileiro mais identificado com o futebol bem jogado com o clube cujo lema é formar grandes equipes e encantar o mundo. Nem dá para imaginar como seria essa parceria. Certo na cabeça de Renê Santana é que o Barcelona de hoje, com Messi, Xavi, Iniesta & Cia., deixaria o pai feliz em sua poltrona, em casa, diante da TV. O futebol de toques precisos, rápidos e objetivos foi o que sempre pregou. E o exemplo do comportamento de Telê citado por Renê mostra que arte e ética podem andar juntas sem prejuízo para o esporte. As primeiras palavras de Zico para se referir ao eterno Mestre só reforçam a ideia.
 
- Falar de Telê Santana é falar de bom futebol, lisura, disciplina, jogar bola como numa pelada. Coisas mais raras hoje em dia, que o futebol virou um grande negócio e se quer ganhar a qualquer preço. Ele sempre pedia para tirarmos a bola sem fazer falta. Chegava pra nós e dizia: "Joguem bola. Vocês têm condições." Lembro até hoje de uma imagem dele muito bacana. Foi num jogo contra o Paraguai, no Serra Dourada, pelas eliminatórias. Um dos gols que marquei foi muito bonito, por cobertura. Quando vi o teipe do jogo na TV, uma das imagens era do Telê sorrindo logo após esse gol. Ele adorava uma jogada bonita...
 
Ainda que às vezes mostrasse uma cara amarrada nas entrevistas, os jogadores conheciam um Telê mais leve, solto, bem-humorado. O sorriso que Zico viu na TV era presenciado pelos jogadores no dia a dia. Principalmente na tensão que precedia os jogos.
 
- Quando a gente entrava no ônibus da Seleção, já sabia que o Telê poria uma fita com piadas do Ari Toledo e do Juca Chaves. Mas o Ari era o favorito dele. Tinha jogador que já botava o fone para não ouvir. Ele era muito dvertido, adorava contar piada - afirmou o Galinho, recuperado do susto na sexta passada, quando foi internado no hospital com suspeita de meningite.
 
Se Zico lembra do bom humor do treinador, dona Ivonete, viúva do eterno "Mestre", recorda com saudades do lado supersticioso do técnico nos tempos de São Paulo.
- Ele sempre vestia uma camisa polo vermelha. Dizia que dava sorte. Quando chegava, após uma vitória, ficava todo sorridente, brincando. E procurava sempre passar tranquilidade para a família antes das partidas. Não queria ver ninguém nervoso. Sinto muita saudade. Era um grande marido e companheiro. Cada ano sem ele vai se tornando mais triste - afirmou dona Ivonete, que viveu mais de 50 anos ao lado de Telê, dividindo os momentos de alegria e incertezas, seja na carreira de jogador como de treinador. 
 
Nervosismo em Itabirito 
 
A caminho de uma exposição fotográfica em São Paulo lembrando os 80 anos de Telê, o filho Renê fez uma viagem no tempo e recordou uma das partidas mais tensas do pai como jogador.

telê santana  fluminense (Foto: Agência O Globo)No Flu, Telê ganhou títulos e projeção como jogador
e virou o 'Fio de Esperança' (Foto: Agência O Globo)
- Olha, você não vai acreditar, mas ele disse que ficava muito nervoso quando disputava o clássico de Itabirito, onde nasceu, entre o Itaberense, time em que jogava, e o União. Garante que ficava mais tenso do que num Fla-Flu, por exemplo.
Telê parecia saber que dali poderia despontar para o mundo. O menino franzino se destacou pela habilidade e fôlego. Logo, logo, o América de São João del Rei o contratou. De lá, foi para o Fluminense, onde virou ídolo. Na ponta direita, tornou-se o "Fio de Esperança".. Além do futebol técnico, primava pela eficiência tática. e se tornava o primeiro ponta a se preocupar com a função tática de marcação. Tanto que era comum vê-lo recuar para ajudar na marcação. Sempre com muita raça.
O camisa 7 tornou-se logo ídolo. Ganhou os Cariocas de 1951 e 1959, além da Copa Rio, em 1952, e o Torneio Rio-São Paulo, em 1957 e 1960. No Fluminense, seu time de coração. marcou 162 gols e jogou 557 partidas - é o terceiro da história que mais vestiu a camisa tricolor.
Foi no Fluminense também que Telê pendurou as chuteiras e começou a carreira de treinador em 1968. Lá, desde que se tornou técnico e campeão nos juvenis, começou a imprimir sua marca registrada: era adepto do futebol técnico e com disciplina. Não demorou a levantar o primeiro título nos profissionais.
- Meu pai falava muito do título carioca em 1969. Foi um jogo emocionante. Havia mais de 170 mil pessoas no Maracanã, e o Fluminense venceu por 3 a 2, gol do Flávio - disse Renê.
telê santana  Atlético-MG (Foto: Agência Estado)No Atlético-MG. Telê Santana conquistou primeiro Campeonato Brasileiro, em 1971 (Foto: Agência Estado) 
 
Depois, Telê partiu para o Atlético Mineiro, mas deixou no Flu a base do time que conquistaria o Roberto Gomes Pedrosa em 1970, equivalente ao nacional. No mesmo ano, foi campeão mineiro pelo Galo, e em 1971 deu ao Alvinegro, que tinha no ataque Dadá Maravilha,  o primeiro título da competição já com o nome de Campeonato Brasileiro. Em 1973, teve sua primeira passagem pelo São Paulo, sem sucesso, até chegar a  outro tricolor, o gaúcho. No Grêmio, em 1977, quebrou domínio de oito anos do Inter e ajudou o clube a faturar o título estadual. No Palmeiras, mesmo sem títulos, marcou ao montar grande time, que jogava bonito, despertando o interesse dos dirigentes da CBF, que o convidaram a ser técnico da Seleção Brasileira.
 
Mesmo eliminado nas Copas de 1982 e 1986, Telê ganhou o respeito e admiração do mundo ao montar boas seleções. Mas a derrota na Espanha em 1982, no estádio Sarriá, para a Itália, por 3 a 2, é vista por Zico até hoje como maléfica para o futebol, porque dali em diante o medo de perder ficou maior do que a vontade de ganhar jogando bem. Passou a ser mais importante vencer, ainda que de forma feia. Afinal, um time dos sonhos com Zico, Falcão, Sócrates, Junior, Leandro e Éder saía derrotado de um Mundial.
 
Mas esse mesmo futebol, que passou um tempo impregnado por retrancas, viu Telê ressurgir com força no São Paulo no início dos anos de 1990. Com Raí, Palhinha, Cafu, Muller, Leonardo, Cerezo e tantos outros, montou dois times que só deram alegrias. Um bi.da Libertadores e do Mundial em 1992-93 pôs fim às críticas. Telê ganhava o mundo com um time à sua feição.

telê santana  zico sócrates copa do mundo 82 (Foto: Agência Estado)Com Sócrates e Zico, seus favoritos na Seleção Brasileira, Telê montou time dos sonhso em 1982, Mas não conseguiu o título, bem como quatro anos depois, no Mundial de 1986 (Foto: Agência Estado) 
 
- Quando ele chegou ao São Paulo, recuperou o Raí, que estava em baixa. Meu pai conseguiu mexer com os brios dele, que tinha uma proposta do Albacete, da Espanha. Foi aí que meu pai falou: "Olha, se eu fosse você, esperava e acreditava mais no seu futebol. Você tem bola para jogar num clube melhor que o Albacete." Não deu  outra: Raí foi o herói do primeiro Mundial, em 1992, e acabou indo para o PSG, da França. Aí veio o Leonardo, que conheceu no Flamengo, outro que adorava. Esses foram os preferidos. Na Seleção, Sócrates e Zico  - afirmou Renê.
 
Ao abandonar o futebol em 1996 por conta de um acidente vascular cerebral, Telê saiu de cena dos campos, mas deixou um sucessor que pelo menos o segue na sina de titulos. Muricy Ramalho, auxiliar do Mestre no São Paulo, acabou papão de Brasileiros. Foi tricampeão em 2006-07-08. Antes de faturar a Libertadores no Santos este ano e garantir o direito de decidir, contra o mesmo Barcelona que um dia quis Telê, o Mundial de Clubes no fim do ano, levou no Flu seu quarto título nacional. E foi ali, naquele momento, no clube de coração do "Mestre", fez a homenagem a Telê, falecido em abril de 2006.
 
- Eu fiquei tão emocionado que queria falar. Essa noite eu sonhei com o Telê Santana. Sonhei que dei um tremendo abraço nele. Tenho certeza de que ele está muito contente lá em cima com esse título do Fluminense... Acho que esse sonho aconteceu porque falaram tanto dele durante a semana... Acho que foi por isso. Vi o Telê vivo no sonho. E prometi a mim mesmo que, se fosse campeão, ia falar sobre isso - disse Muricy, que, como tantos brasileiros, também sonha em rever o futebol bonito e tão desejado pelo "Fio de Esperança".

Haicai tradicional (clássico) - Como é isso e o que é isso???

Haicai tradicional (clássico)

Professora Benedita Azevedo, respondendo à observação abaixo,
 
Assunto: Interessante....
Vivendo e aprendendo, querida...Eu entendera que os haikais nunca poderiam trazer temas que não focalizassem a natureza. Mas se vc fez, então é porque pode, né? (rsss)__Beijos.

Minha querida amiga!
Pode sim, mas vejamos em quais condições.
Em primeiro lugar vamos esclarecer o que é um KIGO.

“Kigo – é o símbolo da natureza que amamos e louvamos. Não é um termo científico e sim haicaístico. Por isso não se exige exatidão científica quanto à catalogação ou distribuição dentro das estações do ano. Contudo deve ser respeitado o caráter particular de cada termo, tendo como referência as modificações verificadas na natureza de acordo com a sazão. Em outras palavras, é a sensibilidade do poeta que vai determinar a leitura do kigo no haicai.” – in Natureza – Berço do haicai.

 O haicai clássico é uma poesia de estação. Limita-se às impressões efêmeras do momento que passa. Inspira-se nos elementos da natureza em cada uma dessas fases. Mas também, em eventos vivenciais humanos que aconteçam em cada estação.  Desta maneira, CARNAVAL é um kigo de verão. São João é kigo de inverno. Sete de setembro é kigo de primavera e Páscoa é kigo de outono.

  De acordo com a Kigologia e Antologia NATUREZA - BERÇO DO HAICAI de H. Masuda Goga e Teruko Oda, da Empresa Jornalística Diário Nippak LTDA, os kigos podem estar ligados às estações do ano da seguinte maneira:

PRIMAVERA – denominação poética do período compreendido pelo trimestre setembro, outubro, novembro. Estação do ano  que sucede ao inverno e antecede o verão.Poético: Juventude, aurora da vida, anos dourados, alegria.  Sensação de rejuvenescimento, renascimento.
TEMPO: manhã de primavera, calor de primavera etc.
FENÔMENO ATMOSFÉRICO: Céu de primavera, trovão de primavera etc.
GEOGRAFIA: Mar de primavera,  Serra de primavera, Rio de primavera, etc.
FAUNA: Gorjeio, beija-flor, mosca de primavera, partida de pássaros etc.
FLORA: (Nem todas as flores são de primavera): jacarandá, amoreira, etc.
VIVENCIAIS: lavrar a terra, semear, plantar café, Dia da Pátria, Dia da Criança, Dia de Finados, Dia da Proclamação, Dia da Bandeira, Semana da Pátria, Festa do peão boiadeiro, Dia do Professor etc.

VERÃO – Denominação poética do período compreendido pelo trimestre dezembro, janeiro, fevereiro. Estação do ano que sucede à primavera e antecede o outono. Poético: vivacidade, sensação de que o horizonte se alarga. Efervescência de sonhos.
TEMPO: verão, dezembro, janeiro, fevereiro, Ano Novo, estação chuvosa, noite de verão, dia de toró etc
FENÔMENO ATMOSRÉRICO: crepúsculo, nuvem de verão, trovão, trovoada, toró, aguaceiro, calorão, seca, estiagem,  etc.
GEOGRAFIA: água de nascente, cachoeira, corredeira, pororoca etc.
FAUNA: bicho-preguiça, gambá, garça, piaba, lambari, lesma, siri etc.
FLORA: flor de palmeira, angico, cássia, fedegoso, tinhorão, lótus, etec
VIVENCIAIS: Natal, presépio, árvore de natal, Papai Noel, missa do galo, Ano Novo, Dia de Reis, Carnaval, vestibular, férias de verão, calendário novo, guarda-sol, picolé etc.

OUTONO – denominação poética do período compreendido pelo trimestre março, abril, maio. Estação do ano que sucede ao verão e antecede o inverno. Poética: a maturidade, o ocaso, sensação de melancolia de decadência.
TEMPO: outono, março, abril, maio, vinda de outono, início de outono, tarde de outono, noite alongada, noitinha de outono etc
FENÔMENO: Céu azul profundo, arrebol de outono, águas de março, orvalho, neblina, relâmpago, estrela cadente etc.
GEOGRAFIA: serra de outono, rio de outono, mar de outono, arrozal de outono, água transparente, campo de outono etc.
FAUNA: passarada outonal, sanhaço, codorna, cutia, libélula, louva-a-deus, ave de arribação, esquilo, robalo etc.
FLORA: abacate, algodão, café, caqui, quiabo, uva, cravo, pinhão etc
VIVENCIAIS: Dia da mentira, quaresma, bacalhoada, dia da paixão, sexta-feira-santa, sábado de aleluia, páscoa, Coelho da Páscoa, Dia do índio, Dia do Trabalho, Dia das mães, Dia da abolição, pamonha, curau, Domingo de Ramos, Dia da paixão etc.

INVERNO – denominação poética do período compreendido pelo trimestre junho, julho, agosto. Estação do ano que sucede ao outono e antecede a primavera. Poético: velhice, sensação de solidão.
TEMPO: inverno, junho, julho, agosto, frio, frieza etc.
FENÔMENO: dia curto, vento frio, neve, garoa, etc.
GEOGRAFIA: campo de inverno, campo seco, cascata sec etc.
FAUNA: coruja, borboleta de inverno, micuim, atum etc
FLORA: árvore de inverno, árvore sem folha  etc.
VIVENCIAIS: Dia de Santo Antônio, Dia de São João, Festa Junina, balão, quentão, canjica, pau-de-sebo, Dia dos namorados, Dia dos pais, Dia do folclore, Dia do soldado, lareira, luvas de lã, xale, casaco, cobertor, tosse, colheita de café, corte de cana etc

A KIGOLOGIA E ANTOLOGIA citada acima estava esgotada, mas parece que a livraria virtual www.artepaubrasil.com.br
ainda tem alguns volumes. É único no assunto,
no Brasil.
                       Praia do Anil - Magé - RJ - Brasil
                                            Verão de 2007


Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 21/02/2007
Alterado em 16/03/2008
Código do texto: T388754
Respondendo à observação abaixo
Benedita Azevedo

Assunto: Interessante....
Vivendo e aprendendo, querida...Eu entendera que os haikais nunca poderiam trazer temas que não focalizassem a natureza. Mas se vc fez, então é porque pode, né? (rsss)__Beijos.

Minha querida amiga!
Pode sim, mas vejamos em quais condições.
Em primeiro lugar vamos esclarecer o que é um KIGO.

“Kigo – é o símbolo da natureza que amamos e louvamos. Não é um termo científico e sim haicaístico. Por isso não se exige exatidão científica quanto à catalogação ou distribuição dentro das estações do ano. Contudo deve ser respeitado o caráter particular de cada termo, tendo como referência as modificações verificadas na natureza de acordo com a sazão. Em outras palavras, é a sensibilidade do poeta que vai determinar a leitura do kigo no haicai.” – in Natureza – Berço do haicai.

 O haicai clássico é uma poesia de estação. Limita-se às impressões efêmeras do momento que passa. Inspira-se nos elementos da natureza em cada uma dessas fases. Mas também, em eventos vivenciais humanos que aconteçam em cada estação.  Desta maneira, CARNAVAL é um kigo de verão. São João é kigo de inverno. Sete de setembro é kigo de primavera e Páscoa é kigo de outono.

  De acordo com a Kigologia e Antologia NATUREZA - BERÇO DO HAICAI de H. Masuda Goga e Teruko Oda, da Empresa Jornalística Diário Nippak LTDA, os kigos podem estar ligados às estações do ano da seguinte maneira:

PRIMAVERA – denominação poética do período compreendido pelo trimestre setembro, outubro, novembro. Estação do ano  que sucede ao inverno e antecede o verão.Poético: Juventude, aurora da vida, anos dourados, alegria.  Sensação de rejuvenescimento, renascimento.
TEMPO: manhã de primavera, calor de primavera etc.
FENÔMENO ATMOSFÉRICO: Céu de primavera, trovão de primavera etc.
GEOGRAFIA: Mar de primavera,  Serra de primavera, Rio de primavera, etc.
FAUNA: Gorjeio, beija-flor, mosca de primavera, partida de pássaros etc.
FLORA: (Nem todas as flores são de primavera): jacarandá, amoreira, etc.
VIVENCIAIS: lavrar a terra, semear, plantar café, Dia da Pátria, Dia da Criança, Dia de Finados, Dia da Proclamação, Dia da Bandeira, Semana da Pátria, Festa do peão boiadeiro, Dia do Professor etc.

VERÃO – Denominação poética do período compreendido pelo trimestre dezembro, janeiro, fevereiro. Estação do ano que sucede à primavera e antecede o outono. Poético: vivacidade, sensação de que o horizonte se alarga. Efervescência de sonhos.
TEMPO: verão, dezembro, janeiro, fevereiro, Ano Novo, estação chuvosa, noite de verão, dia de toró etc
FENÔMENO ATMOSRÉRICO: crepúsculo, nuvem de verão, trovão, trovoada, toró, aguaceiro, calorão, seca, estiagem,  etc.
GEOGRAFIA: água de nascente, cachoeira, corredeira, pororoca etc.
FAUNA: bicho-preguiça, gambá, garça, piaba, lambari, lesma, siri etc.
FLORA: flor de palmeira, angico, cássia, fedegoso, tinhorão, lótus, etec
VIVENCIAIS: Natal, presépio, árvore de natal, Papai Noel, missa do galo, Ano Novo, Dia de Reis, Carnaval, vestibular, férias de verão, calendário novo, guarda-sol, picolé etc.

OUTONO – denominação poética do período compreendido pelo trimestre março, abril, maio. Estação do ano que sucede ao verão e antecede o inverno. Poética: a maturidade, o ocaso, sensação de melancolia de decadência.
TEMPO: outono, março, abril, maio, vinda de outono, início de outono, tarde de outono, noite alongada, noitinha de outono etc
FENÔMENO: Céu azul profundo, arrebol de outono, águas de março, orvalho, neblina, relâmpago, estrela cadente etc.
GEOGRAFIA: serra de outono, rio de outono, mar de outono, arrozal de outono, água transparente, campo de outono etc.
FAUNA: passarada outonal, sanhaço, codorna, cutia, libélula, louva-a-deus, ave de arribação, esquilo, robalo etc.
FLORA: abacate, algodão, café, caqui, quiabo, uva, cravo, pinhão etc
VIVENCIAIS: Dia da mentira, quaresma, bacalhoada, dia da paixão, sexta-feira-santa, sábado de aleluia, páscoa, Coelho da Páscoa, Dia do índio, Dia do Trabalho, Dia das mães, Dia da abolição, pamonha, curau, Domingo de Ramos, Dia da paixão etc.

INVERNO – denominação poética do período compreendido pelo trimestre junho, julho, agosto. Estação do ano que sucede ao outono e antecede a primavera. Poético: velhice, sensação de solidão.
TEMPO: inverno, junho, julho, agosto, frio, frieza etc.
FENÔMENO: dia curto, vento frio, neve, garoa, etc.
GEOGRAFIA: campo de inverno, campo seco, cascata sec etc.
FAUNA: coruja, borboleta de inverno, micuim, atum etc
FLORA: árvore de inverno, árvore sem folha  etc.
VIVENCIAIS: Dia de Santo Antônio, Dia de São João, Festa Junina, balão, quentão, canjica, pau-de-sebo, Dia dos namorados, Dia dos pais, Dia do folclore, Dia do soldado, lareira, luvas de lã, xale, casaco, cobertor, tosse, colheita de café, corte de cana etc

A KIGOLOGIA E ANTOLOGIA citada acima estava esgotada, mas parece que a livraria virtual www.artepaubrasil.com.br
ainda tem alguns volumes. É único no assunto,
no Brasil.
                       Praia do Anil - Magé - RJ - Brasil
                                            Verão de 2007


Benedita Azevedo - Professora

UMA HISTÓRIA DOS ATOS HUMANOS

Uma história dos atos humanos -  Dr. Plinio: Princípio e Pensamentos

Do site TFP - Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Se tivesse tempo, eu gostaria de escrever uma história dos atos humanos impressionantes, e uma teoria da ação humana. Tomaria os atos enquanto atos e não principalmente pela sua finalidade. E consideraria os estilos de ação, os modos, etc., ordenando-os e sistematizando-os.

Essas coisas fazem com que a virtude da sabedoria torne a vida humana vivível. Não é preciso ir ao teatro, ao cinema, passear e nem conversar muito com os outros. Basta termos as antenas desdobradas para captar o que a vida quotidiana e a História oferecem de exemplos dessa natureza; e saber analisá-los.
Às vezes, encontramos essas coisas em pequenas ocasiões porque as grandes são raras.
Quando assisto a uma conferência, estando eu também na mesa, gosto muito de prestar atenção na co-relação entre as fisionomias dos ouvintes e os altos e baixos do conferencista. É uma coisa curiosíssima.
Um conferencista controla seu auditório como um violinista toca seu violino. A questão é que, na maior parte dos casos, o conferencista não sabe dirigir o auditório. Se ele soubesse, seria uma coisa lindíssima observar as partes verdadeiramente boas de sua conferência, pois os auditórios, em geral, em que pesem os conferencistas, são juízes muito eficientes. Eles normalmente percebem o valor do conferencista, e sua sanção contra este não consiste nas poucas palmas no fim, mas no não-prestar atenção. Quando o conferencista começa a dizer coisas "pocas"1, a atenção do auditório desvia e some. É a vingança do ouvinte. Não podendo se levantar para protestar, ele deixa de prestar atenção; pode-se perceber como esta vai morrendo no auditório.
Às vezes, formam-se ilhotas ou até arquipélagos de atenção. Quando o conferencista é razoável, aquilo se transforma em terra firme; quando é "poca", os arquipélagos vão diminuindo, e por fim é o mar, onde existem um ou outro rochedo, um fanático de conferência que presta atenção; o resto está longe. Terminada a conferência, há aquelas palmas convencionais, que podem ser longas, mas têm o ruído de convencional; todo o mundo se levanta sem pressa. Quando o conferencista é cacete, ninguém tem pressa de sair, e nem coragem de se mover. Os ouvintes saem meio entorpecidos da conferência.

(Extraído de Revista Dr. Plínio n° 137)
1) Palavra criada por Dr. Plinio para exprimir algo medíocre, mesquinho.

UNIVERSO DE OUTRA VIDA - Roberval Paulo


A lugares que não
São feitos de pedra
Coração por exemplo
Por mais duro que seja
A esperança nunca morre
Mesmo quando jaz sem vida
E a morte é uma porta
No universo de outra vida
E por ela temos que passar
Para lá chegar
Não há outro jeito
Precisamos cavalgar
E a morte, a fria morte
Só transporta, acredite
Aquele que a sabe montar.

Roberval Paulo

NO ESTRADAR DA INFÂNCIA - Roberval Paulo


Escrevi este meu sonho antes da noite acordar
Um sonho verde e vermelho mergulhado em sangue e tinta
Recordei a minha casa numa solidão retinta
A mocidade chegando pela porta do lembrar

E acordei quase sem eu, sem já ser eu, que desalento
Assim, misturando eu comigo, angustiado
Pus a mente lá distante a buscar os meus lembrados
Tanto fui longe que perdi meus pensamentos

Desalentado naveguei no meu sonho acarvonado
Onde deixei tanto riso e tanto sonho que nem sei
E nos dias já passados eu com medo cavuquei
O medo de perder o que nunca foi achado

Busquei o velho baú da mente dos meus guardados
Afugentei a poeira libertando a memória
E a caneta na mão e a mão e os olhos na história
Comecei a estradar a estrada do meu passado

No horizonte à distância do olhar, tudo ofuscado
Um verde desbotado se via lá no fim do mar
E era tanta légua e água o meu mundo a matizar
Que os meus olhos, meu caminho fez-se todo enluarado

Retornando ao começo da origem originada
Onde a saudosa saudade fez parada na inocência
Vi o terreiro e os laranjais no quintal da consciência
A rede embalançando uma paisagem aurorada

Disanuviando a nuvem que encobria minha lembrança
Disseminando a natureza para além da serrania
Na nascente da tristeza eu vi brotar a alegria
E no verde ensangüentado descortinou a esperança

Rememorei tanta vida que eu vivi e nem lembrava
De minha mãe, seu riso terno e a máquina de costura
Noite adentro a costurar. De meu pai a formosura
A postura e a firmeza que minh’alma acalentava

E já outros dormidos no meu sonho perpassava
Na estrada o meu avô e o seu canto boiadeiro
O meu pai, a minha mãe e eu menino no terreiro
Perseguindo as borboletas, fazendo aquela algazarra

E os meus irmãos na caminhada a caminho da ribeira
Saltitantes, só meninos nas meninices da vida
Vagueando com os vagalumes à  luz da fonte garrida
Borboleteando ao vento uma ciranda alvissareira

O rio da minha infância que aguacento me abraçava
E me espraiava em sua praia de areia algodoada
E me cantava as cantigas com sua voz aveludada
Rumorejando e levando meu ser que desabrochava

Era uma tarde de chuva, o horizonte escurecia
E a enxurrada na rua, cautelosa escorregava
E foi levando o meu tudo e fiquei só com o meu nada
E no espelho da memória desencantou a fantasia

Era ainda uma tarde nebulosa e atormentada
E o meu sonho, esfriado, noite adentro viajava
E a encontrar o inevitável todo o meu ser caminhava
E aquela ponte intransponível outra vez fechava a estrada

Ah! Se eu tivesse asas. Se as tivesse, eu voava
E no assombroso vazio do espaço eu reluzia
E todas as minhas noites eu clareava com dias
Para acordar o meu sonho em manhã ensolarada

Ficou desse tempo a dor de não poder nele voltar
Revive a alma a alegria cada recorte lembrado
As lágrimas caem do sonho p’ro real imaginado
E a rede embala o homem desse menino luar.

Roberval Paulo

              

LEMBRANÇAS


Um sonho
Uma flor que eu vi nos teus cabelos
Um sorriso numa tarde ensolarada
Um violão, uma canção
Um sorriso bem aberto e tão de perto
Um olhar manso e certeiro que invadiu a minh’alma
Minha mão visitou num roçar leve a tua face

E na presença desse ser e seu sorriso tão Divino
Eu me espraiei, me esbaldei e me sorri igual menino
E me senti, assim, sorrindo, subindo ao infinito céu.

Roberval Paulo

AMY WINEHOUSE - Sermão ao Cadáver - por João Pereira Coutinho

Sermão ao cadáver


LONDRES - Morreu Amy Winehouse e os moralistas de serviço já começaram a aparecer. Como abutres que são.

Não há artigo, reportagem ou mero obituário que não fale de Winehouse com condescendência e piedade.

Alguns, com tom professoral, falam dos riscos do álcool e da droga e dão o salto lógico, ou ilógico, para certas políticas públicas.

Amy Winehouse é, consoante o gosto, um argumento a favor da criminalização das drogas; ou, então, um argumento a favor de uma legalização controlada, com o drogado a ser visto como doente e encaminhado para a clínica respetiva.

O sermão é hipócrita e, além disso, abusivo.

Começa por ser hipócrita porque este tom de lamentação e responsabilidade não existia quando Amy Winehouse estava viva e, digamos, ativa.

Pelo contrário: quanto mais decadente, melhor; quanto mais drogada, melhor; quanto mais alcoolizada, melhor. Não havia jornal ou televisão que, confrontado com as imagens conhecidas de Winehouse em versão zoombie, não derramasse admiração pela 'rebeldia' de Amy, disposta a viver até o limite.

Amy não era, como se lê agora, uma pobre alma afogada em drogas e bebida. Era alguém que criava as suas próprias regras, mostrando o dedo, ou coisa pior, para as decadentes instituições burguesas que a tentavam "civilizar".

E quando o pai da cantora veio a público implorar para que parassem de comprar os seus discos --raciocínio do homem: era o excesso de dinheiro que alimentava o excesso de vícios-- toda a gente riu e o circo seguiu em frente. Os moralistas de hoje são os mesmos que riram do moralista de ontem.

Mas o tom é abusivo porque questiono, sinceramente, se deve a sociedade impor limites à autodestruição de um ser humano. A pergunta é velha e John Stuart Mill, um dos grandes filósofos liberais do século 19, respondeu a ela de forma inultrapassável: se não há dano para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações e na consequência das suas ações.

Bem dito. Mas não é preciso perder tempo com filosofias. Melhor ler as letras das canções de Amy Winehouse, onde está todo um programa: uma autodestruição consciente, que não tolera paternalismos de qualquer espécie.

O tema "Rehab", aliás, pode ser musicalmente nulo (opinião pessoal) mas é de uma honestidade libertária que chega a ser tocante: reabilitação para o vício? Não, não e não, diz ela. Três vezes não.

Respeito a atitude. E, relembrando um velho livro de Theodore Dalrymple sobre a natureza da adição ("Junk Medicine: Doctors, Lies and the Addiction Bureaucracy"), começa a ser hora de olhar para o consumidor de drogas como um agente autônomo, que optou autonomamente pelo seu vício particular --e, em muitos casos, pela sua destruição particular.

As drogas não se "apanham", como se apanha uma gripe; não se "pegam", como se pega um doença venérea; e não são o resultado de uma mutação maligna das células, como uma doença oncológica. As drogas não "acontecem"; escolhem-se.

O drogado pode ficar doente; mas ele não é um doente - é um agente moral.

Mais: como explica Dalrymple, que durante décadas foi psiquiatra do sistema prisional britânico, o uso de drogas implica um voluntarismo e uma disciplina que são a própria definição de autonomia pessoal. E, muitas vezes, o uso de drogas é o pretexto para que vidas sem rumo possam encontrar um. Por mais autodestrutivo que ele seja.

Moralizar o cadáver de Amy Winehouse? Não contem comigo, abutres.
João Pereira Coutinho João Pereira Coutinho, 34 anos, é colunista da Folha. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras, para a Folha.com.

Obs.: Os artigos publicados aqui são de inteira responsabilidade de seus autores quanto à opinião ou ponto de vista nestes expressados, não representando, obrigatoriamente, a opinião deste blog.

Roberval Paulo

IVETE SANGALO E A COPA DO MUNDO

Ivete Sangalo participa de evento da Copa do Mundo

Link to Ivete Sangalo Oficial » Novidades

Ivete Sangalo participa de evento da Copa do Mundo
Do blog oficial da Ivete

A cantora Ivete Sangalo participará do primeiro evento oficial da Copa do Mundo 2014, o sorteio preliminar que define as chaves dos times para as eliminatórias do mundial. O evento, que acontece no Rio de Janeiro, no Sábado (30.07), será transmitido para emissoras de televisão de todo o mundo. A baiana se apresentará junto com a Orquestra Sinfônica Heliópolis, uma iniciativa que reúne alunos integrantes de famílias de baixa renda, que recebem bolsa auxílio para que possam se dedicar à música. “A expectativa é grande! Posso sentir a pulsação dos corações dos torcedores em todo o mundo. É uma honra estar mais uma vez ligada a um esporte com essa magnitude.”  diz Ivete.
Ivete Sangalo no Fortal 2011
Posted: 25 Jul 2011 10:03 AM PDT

DOS GRANDES PRAZERES


Os grandes prazeres da vida
São tão simples
                   como beijar um filho.
Comer chocolate, por exemplo
É tanto prazer
                   que de tão bom
parece pouco.
Mas ninguém dá valor
                   nem importância maior
Querem mesmo é dinheiro
mesmo que neste
                   não se sinta sabor
E sim o prazer
                   de comprar o mundo
mesmo perdendo
                            o prazer maior,
                   de comer chocolates
                   de beijar seu filho
                   de sorrir com ele
                   de sonhar com ele
                   de mostrar-lhe o mundo
                   de mostrar-lhe a vida
e nele, fazer um afago
         e dele, receber um carinho.

Roberval Paulo