terça-feira, 26 de julho de 2011

UMA HISTÓRIA DOS ATOS HUMANOS

Uma história dos atos humanos -  Dr. Plinio: Princípio e Pensamentos

Do site TFP - Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Se tivesse tempo, eu gostaria de escrever uma história dos atos humanos impressionantes, e uma teoria da ação humana. Tomaria os atos enquanto atos e não principalmente pela sua finalidade. E consideraria os estilos de ação, os modos, etc., ordenando-os e sistematizando-os.

Essas coisas fazem com que a virtude da sabedoria torne a vida humana vivível. Não é preciso ir ao teatro, ao cinema, passear e nem conversar muito com os outros. Basta termos as antenas desdobradas para captar o que a vida quotidiana e a História oferecem de exemplos dessa natureza; e saber analisá-los.
Às vezes, encontramos essas coisas em pequenas ocasiões porque as grandes são raras.
Quando assisto a uma conferência, estando eu também na mesa, gosto muito de prestar atenção na co-relação entre as fisionomias dos ouvintes e os altos e baixos do conferencista. É uma coisa curiosíssima.
Um conferencista controla seu auditório como um violinista toca seu violino. A questão é que, na maior parte dos casos, o conferencista não sabe dirigir o auditório. Se ele soubesse, seria uma coisa lindíssima observar as partes verdadeiramente boas de sua conferência, pois os auditórios, em geral, em que pesem os conferencistas, são juízes muito eficientes. Eles normalmente percebem o valor do conferencista, e sua sanção contra este não consiste nas poucas palmas no fim, mas no não-prestar atenção. Quando o conferencista começa a dizer coisas "pocas"1, a atenção do auditório desvia e some. É a vingança do ouvinte. Não podendo se levantar para protestar, ele deixa de prestar atenção; pode-se perceber como esta vai morrendo no auditório.
Às vezes, formam-se ilhotas ou até arquipélagos de atenção. Quando o conferencista é razoável, aquilo se transforma em terra firme; quando é "poca", os arquipélagos vão diminuindo, e por fim é o mar, onde existem um ou outro rochedo, um fanático de conferência que presta atenção; o resto está longe. Terminada a conferência, há aquelas palmas convencionais, que podem ser longas, mas têm o ruído de convencional; todo o mundo se levanta sem pressa. Quando o conferencista é cacete, ninguém tem pressa de sair, e nem coragem de se mover. Os ouvintes saem meio entorpecidos da conferência.

(Extraído de Revista Dr. Plínio n° 137)
1) Palavra criada por Dr. Plinio para exprimir algo medíocre, mesquinho.

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