quarta-feira, 20 de julho de 2011

ENSAIOS ENSAIADOS DO IMPROVISO - Roberval Paulo


FELICIDADE

Ser feliz é cantar na solidão
Encontrar a razão de ser sozinho
O perfume da rosa tem espinho
Tudo aquilo que sobe volta ao chão
Ser feliz é andar na contramão
Desfrutar da beleza do universo
Ser poeta é cantar em prosa e verso
Preterir a razão ao coração


INSTANTE MÁGICO

Um instante mágico revela
Se o mundo acabar, nem te ligo
É que beijo, tem o proibido
Um que é pecado outro que venera
Tem um que desperta alibido
Faz girar quem está firme no chão
Faz o homem andar na contramão
A mulher a esquecer os seus pudores
Enche o peito e a alma de amores
E os desejos arrebatam o coração.


DOCE AMARGO

Era tanto amor
Difícil de entender
Qual sonhos de luar
Na linha azul do mar
A se doar e perder

Fogueira de paixões
Explosão de desejos
Uma lágrima a rolar
Na pele alva a corar
Um doce e amargo beijo.



EU FUGITIVO DE MIM

Vou me lembrar ainda um dia de quem eu fui antes de existir
É porque nunca soube quem ser
Ainda que seja eu é como se eu não fosse
E ainda assim vou querer saber de mim
Vou querer saber porque eu penso que já sou outro
E quando assim me reporto é porque já tô perdido
E no mundo em que eu vivi no tempo não prometido
Eu me enganava comigo pensando em ser eu de novo
Mas não era, era outro que existia em mim
Numa confusão de dúvidas duvidando a identidade
Identificando o ser de não ser uma verdade
E em ser e parecer fugi de mim sem ser visto.


FELICIDADE DO INFELIZ

Correr pra felicidade! É preciso
Estar pronto neste sonho infeliz
É preciso antes de tudo, diretriz
Saber realmente o que é felicidade
A felicidade não é plena, é amante
Nem eterna, nem constante, inverdade?
A felicidade é uma estrada errante
Sem sombra alguma de realidade
Que poucas vezes se chega ao destino
É do ancião que se vê a mocidade
É quase feito um sonho de menino
Sem nada conhecer de liberdade.

Roberval Paulo
   

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