Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
terça-feira, 18 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
DESCONHECIDO - Roberval Paulo
Quando parti para os dias
Nem sabia, da noite, os seus mistérios
Se ia, sem destino, ao vento
Contando, dia a dia, a história de minha vida
Assim, quase sem querer
Sem vontade se seguir em frente, só seguindo
Sem entender o badalar das horas, só indo
Ingressava eu no ritmo louco do tempo
E este, o tempo, passando sem parar
Sem olhar para trás, sem se importar, só a seguir
E eu me vi no tempo, era eu e ele, ali
Caminhando a estrada que só se caminha
Que só se caminha, sem saber onde vai dar
Pude perceber
Que a caminhada é pra se levar
Que as pedras são pra se tropeçar e enfim
Cair e se levantar é pra quem sabe onde quer ir
Que os caminhos tortuosos é pra quem sabe
andar e quer chegar
Que a estrada colorida, florida e iluminada
é pra quem veio do mar
Que o destino é pra seguir com o tempo
Sem conhecer, sem saber, sem se abater
Só a romper a larga distância do sonhar
Sorrir e chorar no desconhecido mundo
Sofrer e amar ao som do vento vagabundo
Cantar, entre flores e lágrimas, a nossa breve trajetória
De quem veio, sem saber de onde
E vive, sem saber a razão
E fala, quando ninguém responde
Mas segue, segue em frente
A buscar o que nem sabe se existe
Às vezes, alegre, outras vezes, um ser triste
Que cansado da jornada, só pensa em chegar
Aonde? Não sabe...
Por que? Desconhece...
Mas sabe que um breve fim o espera
Porque a estrada se faz no caminhar.
Roberval Paulo
A ESTRADA - Roberval Paulo
Quisera eu ser a vida
A vida em tempo presente
A vida passando a limpo
A sujeira do passado
Queria até ver o estado
Vivendo a vida das gentes
Aquele tempo indecente
Nas mãos guerreiras do povo
Quisera eu ser homem novo
Não desses que em tudo crê
Daqueles que crê e não crê
Mas acredita, confia
No desenrolar dos dias
Na caminhada infinda
Seguir por esta avenida
Cheia de curvas e esquinas
Ver nos olhos da menina
Sua condição de criança
Sonhar e ter esperança
Nos olhos do criador
Na natureza e no amor
Razão de toda a existência
Sorrir e ser complascente
Construindo o seu destino
O homem se faz menino
No entardecer da jornada
Quisera eu ser a estrada
Dona de todo caminho
Da vida em desalinho
Que vê a ponte caída
Seguir na reta da vida
Salte o vão do desespero
Cair por despenhadeiros
Se aprumar na descida
E da chegada à partida
Ser vida, ser vida viva
Abandonar o cansaço
Matar um leão por dia
Não entregar-se ao fracasso
Fé em Deus e paz na guia.
Roberval Paulo
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
ELE E O OUTRO - Roberval Paulo
ELE E O OUTRO
PONDERAÇÃO
As tartarugas bem mais que as lebres
podem narrar sobre as estradas.(Kahlil Gibran)
Ele correu mais depressa que o outro
Mais na sua pressa, tropeçou e caiu
O outro, o sem pressa, passou e chegou
No meio do caminho a pedra “lhe” viu
Ele levantou, sacudiu a poeira
E se desembestou, sem rumo partiu
O outro estudou e traçou o caminho
Ele tá perdido, o outro intuiu
E ele, na pressa, passou do destino
E ao passar a porta se fechou
O outro, prudente, alcançou a glória
Ele, cansado, sentou e chorou
O outro escreveu o seu nome na história
Ele, sem história, pela vida passou.
Roberval Paulo
Roberval Paulo
IDENTIDADE FILOSÓFICA - Roberval Paulo
IDENTIDADE FILOSÓFICA
Uma singela homenagem ao poeta João Cabral de Melo Neto
A nossa identidade está na pedra
Na natureza da pedra
Na dureza da pedra
Na pedra que a tudo suporta e teme.
A nossa certeza é a da pedra
Da pedra que por tudo passa
Da pedra que em mim abraça
Seu corpo ainda semente.
Roberval Paulo
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
FUGAZ! - Roberval Paulo
Senti a vida fugir pelos vãos dos dedos
Fechei bem as mãos e agüentei firme
Abri os olhos e, surpresa
Dei de cara com a vida, que, apertada, olhava para mim.
Sorri em retribuição
Por tê-la ali tão na palma na mão
A vida tem alma, tem coração
Não fosse isso, a deixava partir
E ficava só, com a minha dor
Que não sei de onde vem
Mas que vive em mim
Tão viva que me faz pensar
Se a vida se for
Ela me deixará.
Roberval Paulo
O ATIRADOR - Roberval Paulo
O atirador mira... mira... mira...
Aperta o gatilho
Acerta o alvo
O coração.
Fere
Depois sofre por ter desferido tiro tão certeiro
Tão mortal, fatal
Tão letal de morte viva.
Mas já foi no não segurar das emoções
A bala não volta e
A ferida está aberta
O que fazer?
Redimir-se consigo mesmo e como punição
Não mais olhar para o Sol, nem para o Céu
Nem para as Estrelas, até penitenciar-se por
completo.
E jamais voltar a desferir tiro
Tão carregado
Tiro tão carregado
de noite e de dor.
Roberval Paulo
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