quinta-feira, 10 de novembro de 2011

GAL COSTA - 40 ANOS DE FA-TAL - GAL A TODO VAPOR


Musicaria Brasil

40 ANOS DE FA-TAL - GAL A TODO VAPOR: O ÁLBUM DA GERAÇÃO DO DESBUNDE


Por Jeocaz Lee-Meddi



Há momentos sublimes da criação do artista, cujo carisma é assimilado por uma legião de pessoas em busca de uma definição de ideais, sonhos ou apenas identificação na essência mais primária da composição do retrato humano. Quando esse momento acontece em uma determinada obra do artista, esta lhe é arrebatada (quase usurpada) e feita voz, ícone e representação. Assim aconteceu com “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Joahnn Wolfgang van Goethe em 1774, livro símbolo de uma geração de jovens na Europa do romantismo, que fizeram dos sofrimentos e da forma de estar na vida do jovem Werther, o modelo a ser seguido.

No Brasil da fase pós-AI-5, promulgado em 13 de dezembro de 1968, o endurecimento da ditadura deixou uma geração calada e sem rumo. Uma geração que passou pelos suspiros das contestações de 1968, pelo psicodelismo embriagante do roque do fim dessa década, pelas drogas, a Tropicália, o movimento Flower Power e pelo histórico espetáculo de Woodstock; essa mesma geração chega ao início da década de setenta mergulhada em um vazio e em uma lacuna deixada pelo silêncio de quem pensava e via as palavras caladas pela força bruta.

Essa geração sem heróis ou ídolos para exaltar e refletir o espelho de Narciso, encontra-se em 1971 com Gal Costa, que com a sua voz de sereia, estreava o show que seria o símbolo dessa geração: “Gal a Todo Vapor”. Nessa simbiose entre artista e público, a geração que ficaria para sempre conhecida como a do desbunde, faz do show um momento de fuga e sonho, de poder dizer não às convenções de uma sociedade de um país calado pela repressão, mas mutante em seus costumes. O show estréia em novembro de 1971 no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro, dirigido por Waly Salomão. Com ele a geração do desbunde elege a sua musa, Gal Costa. O espetáculo torna-se obrigatório durante todo o verão de 1972.

Do show surge o álbum duplo “Fa-tal: Gal a Todo Vapor”. O disco, assim como "Werther" de Goethe, é arrebatado da cantora para se tornar o hino cultural da geração do desbunde.



Geração Desbunde


A moda à época do show “Gal a Todo Vapor” é a dos cabelos compridos. Aquela geração de cabeludos órfãos da Tropicália e de Woodstock torna-se a Geração do Desbunde. O termo desbunde foi denominado pela esquerda radical. Era tido como um movimento individualista e sem propósito ideológico. Seus participantes eram vistos como politicamente alienados e alienantes.

Seguiam a cultura underground sugerida pelo tropicalismo e pelo movimento hippie. A cultura vista como marginal e de ruptura estética. É a contracultura.

A contracultura surgiu com a publicação do poema “Howl”, de Allen Ginsberg (1956). Ginsberg foi o representante máximo do que ficou conhecido como a beat generation. Os beats foram os precursores ideológicos dos hippies, que surgiram nos anos sessenta. Os dois movimentos incitavam à filosofia do Drop Out: não lutar por mudanças no sistema, mas sim debandar (desbundar) e “curtir a vida” como lhes apetecesse, longe de princípios a ser seguidos, indiferentes às críticas e aos preconceitos dos “caretas”. A palavra de ordem era "não ser careta".


A geração de poesia marginal ou geração desbunde da década de 70, surge no eixo Rio-São Paulo. É um movimento de artistas (escritores, cineastas, cantores, pintores) independentes, que não possuem plataforma estética explícita, o que lhes tira o caráter histórico de movimento. No movimento modernista era comum a exaltação dos símbolos nacionais. No desbunde a exaltação é o homem e o seu existencialismo angustiado, a sexualidade rompe com os tabus. É a importação dos moldes americanos com o existencialismo europeu de Jean-Paul Sartre.

Glauber Rocha, dizia sobre as juventudes do desbunde e a juventude armada do final da década de sessenta: "a luta da granada contra o rock".

O desbunde trava o discurso do corpo, a festa, a droga. Procura novas formas de percepção, vocifera uma liberdade existencial convulsiva e prazerosa. Traz no underground a contestação.

No Rio de Janeiro, essa geração freqüentava no início da década de setenta o Píer, local que se tornou moda, criado por causa de um Emissário Submarino e ficava entre as Ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Melo. Proporcionou boas ondas no mar e sensação nas areias de Ipanema. Ali nasceram as dunas do barato, ou dunas da Gal, local predileto da cantora. O ambiente descontraído reunia surfistas, artistas, hippies e intelectuais.


Fa-tal – Gal a Todo Vapor: o Disco

“Fa-tal – Gal a Todo Vapor” foi lançado pela Philips antes do natal de 1971. Primeiro álbum duplo da carreira de Gal Costa, traz dezenove faixas e dezessete canções, que foram imortalizadas no show. Na capa é destacada a boca vermelha da cantora ao microfone, que a partir de então, seria símbolo e ícone da sua carreira, juntamente com os cabelos. Quando lançado em CD teve as disposições das músicas alteradas em relação ao LP e até a capa veio adulterada. Na versão do CD, é respeitada o início do show, com Gal Costa, intimista, ao violão. No LP, o disco inicia na segunda parte, com a cantora e a banda no palco.


Como completa tradução de uma geração calada e perdida em suas próprias dúvidas, é um disco de canções existencialistas e de sentimentos rasgados à flor da pele. Grandes nomes da MPB identificados à época como representantes do underground, assinam as faixas.

“Dê Um Rolê” (Galvão – Moraes Moreira) inicia o canto que arrebatará a geração dos cabeludos. Vinda de músicos da banda Novos Baianos, é um rompimento de quem traduz no amor os anseios de uma vida, maior do que a força do dinheiro. Ser “amor da cabeça aos pés” é ser maior do que o modelo da sociedade capitalista tão bem representada pelo “milagre brasileiro”, então no seu auge.

Mas se “Dê Um Rolê” é superior ao momento vivido, “Mal Secreto” (Jards Macalé – Waly Salomão) é a própria sombra dilacerante da força bruta que cala um país, uma juventude. Visceral, inquietante, protesto sufocado e silêncio diluído nos medos, mascarar e massacrar a dor, uma realidade social ou do amor.

“Pérola Negra” (Luiz Melodia) é a ousadia da nova forma de amar que a década trazia, “tente saber tudo mais sobre o sexo”, porque já se pode falar sobre sexo, estamos diante da geração que no final da década de sessenta descobrira o amor livre, que descobriu ser possível levá-lo para dentro dos brandos costumes da sociedade. Gal Costa quase que grita com o seu canto, esse momento tão arrancado de dentro de quem vivia a fase de transição da mudança de tais costumes. A música cresce, a voz da cantora é aqui guerreira, mostrando porque aquela geração a havia escolhido para musa. Quem ousava na época cantar a relação rasgando a camisa e as roupas? Com esta canção um novo compositor fica conhecido no cenário musical brasileiro, Luiz Melodia. Gal Costa revisitaria “Pérola Negra” na comemoração dos seus trinta anos de carreira, no álbum “Acústico MTV”, em 1997, em dueto com o compositor da música.

Duas faixas do “Legal” (1970), álbum anterior, são registradas aqui: “Hotel das Estrelas” (Duda – Jards Macalé) e “Falsa Baiana” (Geraldo Pereira). A primeira é uma canção que descreve a juventude que vê amigos mortos pela ditadura e pela droga. A juventude que se sente tolhida e ameaçada. Nem a ditadura nem a droga oferecem saídas, mas a segunda alivia um pouco mais os tormentos. É a solidão dos anos vista pela janela e pela distância:

“Dessa janela sozinha
Olhar a cidade me acalma
Estrela vulgar a vagar
Rio e também posso chorar
Oh, e também posso chorar...”



A segunda, música de 1944, leva uma roupagem estilo bossa nova que se perpetuou ao repertório de Gal Costa, uma verdadeira baiana. Teria uma terceira versão no "Acústico MTV".

Um momento intimista do disco, quebrando um pouco o seu canto instigante, acontece com “Assum Preto” (Humberto Teixeira – Luiz Gonzaga). Aqui Gal Costa usa a sua voz de sereia como arma da mais profunda beleza e tristeza, como os olhos da ave cegada para cantar melhor. Como a cantora se sentia com o exílio dos amigos da Tropicália. A interpretação comove. O disco segue na linha da saudade e da homenagem aos amigos: “Bota a Mão nas Cadeiras” (Folclore Baiano), homenagem à Maria Bethânia, que cantava a canção em seu show Rosa dos Ventos”. “Maria Bethânia” (Caetano Veloso) reflete a homenagem à cantora homônima. “Não se Esqueça de Mim (Chuva, Suor e Cerveja)” (Caetano Veloso) é uma lembrança aos amigos Caetano e Gil, que estão do outro lado do Atlântico, em Londres.

“Como Dois e Dois” (Caetano Veloso) aparece em duas faixas. A canção foi gravada naquele ano por Roberto Carlos, tornando-se sucesso de público na interpretação do cantor. O registro de Gal Costa é mais intimista, apesar de aparecer duas vezes no álbum, não marca o seu repertório e nem se torna uma interpretação essencial. E como o tempo é de sofrimento existencialista, “tudo vai mal” ou tudo está perfeito “como dois e dois são cinco”, Caetano Veloso fizera a música no auge do seu exílio na Europa.

Ainda percorrendo o universo intimista do álbum, esbarramos com a canção “Fruta Gogóia” (Folclore Baiano), que “Como Dois e Dois”, também aparece em duas faixas. Recuperada do vasto folclore da eterna magia baiana, “Fruta Gogóia” é daquelas canções que por algum motivo se prendeu para sempre ao mundo musical de Gal Costa, não se separando mais. A canção volta a ser incluída no álbum “Gal Costa ao Vivo”, de 2006. E cumprido a promessa, samba que Gal Costa ensaiar o mestre não olha.


Na calma momentânea do álbum passamos rapidamente por “Charles Anjo 45” (Jorge Ben), outra alusão ao amigo Caetano Veloso.

Na sua visita de homenagens à saudade, traz de volta “Coração Vagabundo” (Caetano Veloso), primeiro quase sucesso de sua carreira em 1967, do álbum de estréia “Domingo”. E alguns anos depois, o coração não se cansava em tempos difíceis, de ter esperança de um dia ser tudo.

Desfilando pela MPB, Gal Costa recupera uma antiga canção, “Antonico” (Ismael Silva), que até então já ninguém mais se lembrava, depois desse registro, ninguém mais se esqueceu. “Antonico” tornou-se uma canção cultuada pelos críticos e fãs da cantora. Em algumas fases da recente história brasileira, a canção foi assimilada no cotidiano brasileiro com o nepotismo e com a política de favores. Assim como “Fruta Gogóia”, também voltaria a ser regravada no álbum “Gal Costa ao Vivo”.

O auge do intimismo do álbum é alcançado com “Sua Estupidez” (Erasmo Carlos – Roberto Carlos), uma das interpretações mais definitivas da carreira da cantora. A canção tinha sido lançada por ela em um compacto simples no início de 1971. A melodia, a poesia da letra, a melancolia saudosista e a sua beleza ímpar, tudo cai com perfeição à voz da cantora. “Sua Estupidez” consegue algo raro, ser diferente e lírica em todas os registros que há na interpretação de Gal Costa. Além das duas versões de 1971, ao vivo e em estúdio, ela reaparece em 1997 no “Acústico MTV” e no dueto com Roberto Carlos em seu tradicional programa de fim de ano na Rede Globo; em 2006 numa participação especial no álbum de Wagner Tiso, “Wagner Tiso 60 Anos – Um Som Imaginário”. Nos cinco registros Gal Costa emociona nas interpretações desta canção.

Após as canções intimistas, voltamos à essência do álbum com “Luz do Sol” (Waly Salomão – Carlos Pinto). Novamente o protesto implícito da geração sufocada pelo medo e pelos perigos do regime. Aqui já não se grita que tudo é perigoso, ou divino maravilhoso, os tempos são outros. Tempo de silêncio e tortura, de sobrevivência. E quem sobrevive só pensa em ver a luz do sol brilhar novamente nas trevas dos tempos e da história do Brasil.


Mas é “Vapor Barato” (Jards Macalé – Waly Salomão) a canção que se irá tornar o hino oficial da Geração do Desbunde. A canção tinha sido lançada em compacto no início de 1971, em uma versão rock, totalmente diferente da versão ao vivo. A canção reflete essa juventude intelectualmente consciente do momento vivido, mas presa às limitações do regime e da droga. É na contestação da sexualidade imposta e do amor livre proposto que extravasam essas limitações.

Os amores são fugazes, por isso vividos intensamente. Seguir à deriva dos sentimentos, partir sem olhar para trás em um navio ou outro veículo qualquer, sem as imposições do dinheiro, aqui novamente desprezado em relação aos sentimentos, visceralmente vividos.

"Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio"


E “Fa-tal – Gal a Todo Vapor”, termina como começou, após um grande role, imerso no vapor barato em fuga, encerrando um dos mais emblemáticos e belos álbuns da MPB. O álbum é poesia underground, é marginal, de um existencialismo convulsivo. Fez parte de um movimento cultural que tomou o canto de Gal Costa como hino. Ver o show Gal a Todo Vapor e ouvir o disco era sinônimo de não ser careta, de pertencer a esse movimento.


Fa-tal - Gal a Todo Vapor (Philips - 1971)
Ficha Técnica:

Direção geral: Waly Salomão
Direção de produção e estúdio: Roberto Menescal
Técnico de gravação: Jorge Karan (gravação ao vivo)
Assistente de produção: Paulo Lima
Arranjos: Lanny
Capa: Luciano Figueiredo e Oscar Ramos
Fotos: Edison Santos e Ivan Cardoso

Músicos Participantes:
Direção musical e guitarra: Lanny
Baixo: Novelli
Bateria: Jorginho
Tumba: Baixinho

"Fa-tal": título extraído do poema homônimo, incluído no livro "Me Segura Que Eu Vou Dar Um Troço" de Waly Salomão


Faixas (Versão do LP):

Disco 01

Lado 01:
01 - Dê um role (Moraes Moreira - Galvão)
02 - Pérola negra (Luiz Melodia)
03 - Mal secreto (Jards Macalé - Waly Salomão)
04 - Como dois e dois (Caetano Veloso)

Lado 02:
01 - Hotel das estrelas (Jards Macalé - Duda)
02 - Assum preto (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga)
03 - Bota a mão nas cadeiras (Folclore Baiano)
04 - Maria Bethânia (Caetano Veloso)
05 - Não se esqueça de mim (Chuva suor e cerveja) (Caetano Veloso)
06 - Luz do sol (Waly Salomão - Carlos Pinto)

Disco 02

Lado 01:
01 - Fruta gogóia (Folclore Baiano)
02 - Charles anjo 45 (Jorge Ben)
03 - Como dois e dois (Caetano Veloso)
04 - Coração vabundo (Caetano Veloso)
05 - Falsa baiana (Geraldo Pereira)
06 - Antonico (Ismael Silva)

Lado 02:
01 - Sua estupidez (Erasmo Carlos - Roberto Carlos)
02 - Fruta gogóia (Folclore Baiano)
03 - Vapor barato (Jards Macalé - Waly Salomão)


Versão do CD:
01 - Fruta gogóia (Folclore Baiano)
02 - Charles anjo 45 (Jorge Ben)
03 - Como dois e dois (Caetano Veloso)
04 - Coração vabundo (Caetano Veloso)
05 - Falsa baiana (Geraldo Pereira)
06 - Antonico (Ismael Silva)
07 - Sua estupidez (Erasmo Carlos - Roberto Carlos)
08 - Fruta gogóia (Folclore Baiano)
09 - Vapor barato (Jards Macalé - Waly Salomão)
10 - Dê um role (Moraes Moreira - Galvão)
11 - Pérola negra (Luiz Melodia)
12 - Mal secreto (Jards Macalé - Waly Salomão)
13 - Como dois e dois (Caetano Veloso)
14 - Hotel das estrelas (Jards Macalé - Duda)
15 - Assum preto (Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga)
16 - Bota a mão nas cadeiras (Folclore Baiano)
17 - Maria Bethânia (Caetano Veloso)
18 - Chuva suor e cerveja (Caetano Veloso)
19 - Luz do sol (Waly Salomão - Carlos Pinto)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

LULA NA 1ª QUIMIOTERAPIA - Aparece usando máscara


Lula aparece de máscara após 1ª quimioterapia

Agência Estado


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu hoje na janela de seu apartamento, em São Bernardo do Campo, usando uma máscara cirúrgica. Diagnosticado há dez dias com um tumor na laringe, Lula concluiu no sábado o primeiro ciclo de quimioterapia para se tratar da doença. Segundo os médicos, estão previstos mais dois ciclos.
De acordo com a equipe médica, o ex-presidente vem reagindo bem ao tratamento. Mesmo assim, ele teve de adiar os planos de voltar ao trabalho, no Instituto Lula, nesta semana. Ontem, Lula sentiu o primeiro efeito colateral da quimioterapia: a fadiga. Nos próximos dias, o ex-presidente deve perceber uma queda acentuada de cabelo, porque os fios ficam mais enfraquecidos com o tratamento.
Segundo os médicos, Lula tolerou bem a primeira sessão de quimioterapia, conseguiu receber a dose completa do tratamento e não sentiu enjoos ou reações mais graves. "Ele teve efeitos mínimos. Só o cansaço, o que é normal. Ele não teve náuseas ou qualquer outro impedimento grave", contou o cirurgião oncológico Luiz Paulo Kowalski.
Na avaliação dos médicos, a reação mínima de Lula ao tratamento é um bom sinal. "Quando o paciente consegue tolerar, ele consegue receber a dose completa, não atrasa o tratamento e isso faz muita diferença no resultado lá na frente", explicou Kowalski. Após as sessões de quimioterapia, Lula passará por sete semanas de radioterapia.

postado por Roberval Paulo

CÉSAR CAMARGO MARIANO - Sua relação com ELIS REGINA e muito mais...

Cesar Camargo Mariano fala de sua formação autodidata, da paixão pelo cinema e da relação com Elis Regina.

Por Francisco Quinteiro Pires - Musicaria Brasil


Ao escrever um livro de memórias, Cesar Camargo Mariano apresentou-se como coadjuvante da própria história. Ele tem alma de artista. Sente muita dor quando alguém critica sua obra, como se sua existência estivesse em questão. Ele soube, porém, abdicar do egocentrismo para narrar suas experiências.

Memórias, que está saindo pela editora LeYa, é um exercício de humildade. Sem os parceiros que encontrou em quase 68 anos de vida, que completa no dia 19 deste mês, Cesar Camargo Mariano pode dar a impressão ao leitor de que não é um dos músicos essenciais da MPB.

O lançamento de Memórias será diferente. Em vez de sentar à mesa de uma livraria e distribuir autógrafos, concebeu um show com 14 músicas inéditas. O instrumentista sobe ao palco do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, nos dias 9, 10 e 11 de setembro.

No mesmo espaço, vai exibir alguns desenhos a lápis criados especialmente para o volume. Desde 1994, vive na cidade de Chatham, em Nova Jersey, a uma hora e meia da Penn Station, em Manhattan. Ele montou um estúdio no porão da casa, onde recebeu a CULT.
Não tenho nenhuma pretensão de ser escritor”, diz. “Ao contrário do vinil, da fita cassete e do CD, o livro é a maneira mais eficiente de eternizar uma obra.” Camargo Mariano não tem vontade de que os outros sigam seus conselhos. “Quero apenas incentivar os jovens a prestar a atenção que eu prestei para ser músico.” Ser atento, segundo o pianista, é ter respeito pelo poder da música.


O amigo Alf

Adolescente, aprendeu o comportamento íntegro em relação à arte com um dos precursores da bossa nova, Johnny Alf, que viveu na casa de seus pais por sete anos. “Ela existe dentro de mim, mas não se submete a mim”, diz. Aos 14 anos, assistiu a um show do pianista na boate Golden Ball.
Na casa dos pais de Camargo Mariano, em São Paulo, o instrumentista era o responsável por buscar as crianças na escola. O pianista não dava conselhos, mas sua presença foi suficiente para Camargo entender “os bastidores da arte, as dificuldades e dramas de ser músico”.




Kubrick e Hitchcock

Por dois anos, a família cuidou de Alf, debilitado por uma cirrose hepática. Beth, uma das irmãs, parou de trabalhar para acompanhar a saúde do músico acamado. A mãe de Camargo Mariano guardou em caixas, legadas para o filho, folhas amassadas e rasgadas em que o hóspede anotou composições.

Em vez de música, o jovem instrumentista conversava com o compositor carioca sobre cinema. “Ele me ensinou a ser um telespectador exigente.” Camargo Mariano sempre revê os filmes de Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock. Lembra ter descoberto por acaso o trabalho de Johnny Mandel, “o maior dos compositores de trilhas sonoras”.

Certo dia, andando à toa pelas ruas de São Paulo, ele e o violonista Théo de Barros entraram à 1 da tarde em uma sala que exibia Adeus às Ilusões (1965). “Esperava um dramalhão com péssima atuação da Elizabeth Taylor.

Protagonizado pela atriz e por Richard Burton, o filme de Vincente Minnelli tinha “uma trilha sonora absurda”, criada por Mandel. Os dois assistiram várias vezes ao longa-metragem, chegando à última sessão, das 2 da madrugada.

Anos depois, no estúdio onde gravou o disco Elis & Tom, Camargo Mariano conheceu pessoalmente o compositor norte-americano, de quem se tornaria grande amigo. Na ocasião, Mandel confessou ser fã do instrumentista brasileiro.


O cinema é inspiração para a técnica musical de Camargo Mariano. Antes de se tornar compositor de trilhas sonoras para filmes, novelas e minisséries, ele entendia como cinematográfico o processo de compor e arranjar.
Trilhas para filmes

A letra e a melodia servem como roteiros para construir uma unidade que expressa os sentimentos e sonhos de um músico”, diz. “Por isso, foi automático fazer trilhas.” Ele compôs para Eu Te Amo (1980), filme de Arnaldo Jabor; Mandala (1987-1988), novela da Rede Globo; e Avenida Paulista (1982), minissérie da mesma emissora.

A paixão pelo cinema conduziu-o ao amor por Elis Regina. A convite de Ronaldo Bôscoli, que estava se divorciando da Pimentinha, em 1971, Camargo Mariano cuidou dos arranjos e da direção musical de uma temporada de shows da cantora no Teatro da Praia.

Às segundas-feiras, dia de folga das apresentações, Elis reunia amigos em casa para uma sessão de cinema. Eles alugavam filmes e um projetor do Museu da Imagem e do Som. Elis convidou Camargo Mariano para assistir a Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman.

Durante uma pausa para a troca dos rolos do longa-metragem, a cantora colocou um bilhete no bolso da camisa do pianista. Disse para ler depois de terminada a exibição. Ele não aguentou, saiu da sala escura e se trancou no banheiro para ler a mensagem de amor. O namoro começou. Tiveram dois filhos, os cantores Pedro Mariano e Maria Rita.


A parceria profissional entre Elis Regina e Cesar Camargo Mariano foi uma das mais bem-sucedidas da música brasileira e atravessou os anos 1970. O pianista produziu e arranjou os discos Elis (1973), Elis & Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Elis (1977), Transversal do Tempo (1978) Essa Mulher (1979), Saudades do Brasil (1980) e Trem Azul (1981).

Nos ensaios para a temporada no Teatro da Praia, Elis fez uma confissão. “Quando escuto essa música, na hora que chega esse trecho aqui, me dá uma dor por dentro, aqui ó”, disse, ao mesmo tempo em que pousava as mãos sobre o ventre.

Elis referia-se, diz Camargo Mariano, a um acorde criado por ele para valorizar a interpretação. “Desde criança, sinto essa dor também por causa de certos acordes. É algo pessoal, intransferível. Só não sabia que outras pessoas sentiam algo semelhante, e a sensação descrita por Elis me ajudou a identificar o que eu próprio sentia e sinto”, diz.


A insegurança de Tom

Clássico da MPB, Elis & Tom (1974) provocou um dos choques emocionais mais fortes que Camargo Mariano já sentira. “Por causa da gravação desse disco, Tom Jobim transformou-se de ídolo em ser humano.

A tomada de consciência sobre a personalidade do compositor de “Águas de Março” ocorreu ao longo de 22 dias de convivência, três deles para as gravações no estúdio.

Elis e Camargo Mariano chegaram a Los Angeles sem avisar. Tom Jobim não sabia de nada, e o compositor Aloysio de Oliveira não conseguiu localizar o compositor por telefone. “Foi uma situação ímpar, além de dramática.

Aos 31 anos, Camargo Mariano teve de superar as inseguranças de Tom Jobim, então com 47. Mesmo sendo uma estrela, Tom sofria com a possibilidade de o disco fracassar. Queria ter controle sobre todo o processo e dispensar os arranjos e a direção musical do jovem pianista. A resistência foi grande, a ponto de Camargo Mariano dizer-lhe, com educação, que o disco era de Elis – e Tom apenas um convidado. Ilustre, mas ainda assim um convidado.

Quando ele terminou a mixagem das gravações às 5 da madrugada, levou uma fita com o material para o compositor. O arranjador insistiu para que escutassem. Ao ouvir o trabalho pronto, Tom chorou compulsivamente.

No dia seguinte, pelo telefone, confessou ao parceiro mais novo: “Vocês tomam banho de chuveiro, com água fria e corrente, eu tomo de banheira, com água morna, que vai se ajustando à temperatura do meu corpo”, relembra Camargo Mariano, imitando a voz rouca do maestro. Era uma metáfora para a insegurança de Tom diante daqueles jovens atrevidos.


Pai professor

Desde cedo, Cesar Camargo Mariano chamou atenção por seus dotes musicais. Influenciado por Nat King Cole e Erroll Garner, ele aprendeu a tocar de ouvido. Autodidata, teve suas primeiras lições de teoria musical dadas pelo pai. Aos 13 anos, não entendia direito as definições teóricas, mas no piano era capaz de executar de modo comovente o que lhe era pedido.

Boa parte de Memórias aborda a importância das relações familiares. O livro relembra a emoção do primeiro piano, de cor amarela e dispensado pela antiga dona.

O talento natural de Camargo Mariano desenvolveu-se na convivência com músicos da São Paulo do início dos anos 1960. Ele recorda a atuação por dois anos na Baiuca, casa de shows na Praça Roosevelt, no centro da cidade.


Sambalanço

Nas apresentações, tocava habitualmente um repertório de jazz, mas um pedido foi fundamental para a formação de seu estilo. Certa noite, alguém da plateia lhe pediu um samba. Ao tentar tocá-lo no compasso jazzístico, não teve sucesso. Quando introduziu a cadência do samba, acentuando o ritmo no tempo fraco da composição, foi aplaudido.

Nos anos 1960, formou com Airto Moreira e Humberto Clayber o Sambalanço Trio. Tornou-se uma referência para a bossa nova com performances no João Sebastião Bar, o templo paulistano daquele gênero musical nascente.

Na mesma época, ajudou a criar com o coreógrafo norte-americano Lennie Dale e o diretor Solano Ribeiro um espetáculo para o Teatro Arena. Depois de São Paulo, as apresentações foram para o Rio, resultando no disco Lennie Dale & Sambalanço Trio no Zum-Zum (1965).

Camargo Mariano acredita nos ensaios. É bom conhecer minuciosamente as manhas musicais para lidar com o improviso. Foi o que ele aprendeu ao trabalhar como arranjador e diretor musical de Wilson Simonal em programas da Rede Record, na segunda metade dos anos 1960.
Era comum o pianista ensaiar à exaustão e, na última hora, ver o repertório mudar. “É necessário jogo de cintura nessa profissão.

Tendo trabalhado com os músicos brasileiros mais importantes – “só faltam Roberto Carlos e Gilberto Gil” –, Camargo Mariano ainda nutre alguns desejos, como um duo com Tony Bennett. “Não tenho muitas vontade em relação à nova safra brasileira, que está bem difícil.”

Enquanto não realiza o sonho, passa os dias no estúdio, de onde se comunica via Skype com os parceiros musicais. Os instrumentos eletrônicos estão sempre à mão para registrar as novas ideias. Ele reclama que da cabeça para o papel muita coisa se perde. “A criação da música é um drama que revolve as vísceras”, diz. “Mas só sendo assim para trazer dignidade à arte.

Preço médio: R$ 43,90

Roberval Paulo

GOV. SIQUEIRA CAMPOS PROMETE AJUDA AO FUTEBOL TOCANTINENSE EM 2012



GOVERNADOR DO TOCANTINS PROMETE AJUDAR EQUIPES TOCANTINENSES EM 2012

Com o objetivo de fortalecer o futebol tocantinense, o governador Siqueira Campos (PSDB), disse que vai ajudar os clubes financeiramente no próximo ano. Ontem durante visita dos jogadores, comissão técnica e integrantes da diretoria do Tocantins, campeão Tocantinense da Segunda Divisão, no último final de semana, Siqueira Campos afirmou ao grupo que dará sua contribuição aos dirigentes de futebol. O elenco foi recebido por ele em seu gabinete, no Palácio Araguaia, em Palmas.

Segundo o presidente do Tocantins, Belmiran José de Souza, o governador disse que este ano devido aos problemas financeiros que encontrou o Estado não foi possível dar sua contribuição ao esporte de modo geral, mas que em 2012, não só o futebol, mas outras modalidades também receberão seu apoio.

HomenagensDurante a visita do elenco do Tocantins, o governador Siqueira Campos disse que recebia a equipe com muita alegria e orgulho por levar o nome do Estado. Segundo Souza, o governador afirmou que o nome "Tocantins" é forte e espera o crescimento do time e que o clube dê muitas alegrias ao povo tocantinense.

CamisasA direção do Tocantins entregou uma camisa personalizada ao governador com o número 20 bordada, e uma medalha conquistada pelo clube no final de semana. A primeira-dama do Estado, Mariluce Uchoa Siqueira Campos, também recebeu uma camisa amarela do clube. O elenco campeão foi retribuído com um kit entregue a cada um dos presentes com material de divulgação do Tocantins.

ReivindicaçõesO presidente fez algumas reivindicações ao governador no sentido de permitir melhores condições de trabalho para a equipe, como um local apropriado para o clube fazer seus treinamentos. E o campo da Escolinha Nilton Santos, na 407 Norte (Arne 43) foi autorizado pelo governador e será utilizada no próximo ano pelo clube para realizar seus trabalhos. Quem também esteve presente durante o evento festivo no Palácio Araguaia foi o secretário Estadual da Juventude e dos Esportes (Sejuves), Olyntho Neto.

Dep. Eduardo Gomes parabeniza a Escola Estadual Presidente Costa e Silva de Gurupi


19339 300x200 Eduardo Gomes parabeniza a Escola Estadual Presidente Costa e Silva de GurupiA escolha da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, de Gurupi, como Escola Referência Brasil do Prêmio Escolar – ano base 2010 – foi saudada pelo deputado Eduardo Gomes (PSDB). O primeiro secretário da Câmara disse que ficou orgulhoso ao ver uma escola de Gurupi ser a vencedora de um prêmio nacional, que receberá R$ 30 mil. O anúncio ocorreu nesta segunda-feira, 7, em Recife, onde também  aconteceu a IV Reunião Ordinária do Conselho de Secretários de Educação (Consed). A solenidade de anúncio da votação, no Hotel Golden Tulip, foi transmitida ao vivo pelo Canal Futura, sendo divulgada na noite desta segunda-feira, pelo Jornal Nacional da Rede Globo. Eduardo Gomes frisou a importância que um prêmio como este tem para a educação no Estado e para o estímulo dos alunos que terão mais entusiasmo em competir em condições de igualdade com os demais estudantes do país. Votaram cem educadores de escolas e instituições de ensino, além da educação, de Pernambuco, estado anfitrião do evento. Além do Tocantins, concorreram ao título instituições de ensino dos estados do Amazonas, Ceará, Goiás, Roraima e Santa Catarina.Amazonas, Ceará, Goiás, Roraima e Santa Catarina. (Assessoria de Imprensa). 

Fonte: Assessoria de Imprensa do Gab. do Dep. Eduardo Gomes

Postado por Roberval Paulo

terça-feira, 8 de novembro de 2011

FUGA - Roberval Paulo


Vá meu pensamento
Viaje noite adentro e traga uma estrela que não seja o amanhã.
Trás a mim outro momento que não o sofrer.
E, meu pensamento, pense por mim
Mas volte, trazendo o que de mim se foi, ainda que para além do meu ser que desconheço.

Vá a semear minha dor pela distância que corta a linha do imaginário existir e, se flores encontrar, colha-as, mas não todas, que todos precisam.
Mas as colhidas, continue a interminável viagem e as plante em cada coração que visitares e peça a multiplicação, como o pão
Para que não falte aos sonhos cor, perfume, aroma e amor.

E meu pensamento, já estou com saudades de ti.
Volte logo, volte para mim.
E em meu desconhecido ser plante a tua viagem e os corações que conseguistes amar.
Que meus corações agora se entendam, todos eles.
E não lance mão de ti, oh! meu pensamento
Para atropelar e cair da noite com a manhã.

Quando muito, para sorrir contigo
E aprender que a vida é de pensar e amar
De coração dando-se as mãos
E de amor, qual beija-flor de flor em flor
Da cor que se pinta com a vida
Pelo caminho do qual se originou.

Roberval Paulo

DESCONHECIDO MUNDO - Roberval Paulo


 Quando parti para os dias
Nem sabia, da noite, os seus mistérios
Se ia, sem destino, ao vento
Contando, dia a dia, a história de minha vida

Assim, quase sem querer
Sem vontade se seguir em frente, só seguindo
Sem entender o badalar das horas, só indo
Ingressava eu no ritmo louco do tempo

E este, o tempo, passando sem parar
Sem olhar para trás, sem se importar, só a seguir
E eu me vi no tempo, era eu e ele, ali
Caminhando a estrada que só se caminha
Que só se caminha, sem saber onde vai dar

Pude perceber
Que a caminhada é pra se levar
Que as pedras são pra se tropeçar e enfim
Cair e se levantar é pra quem sabe onde quer ir
Que os caminhos tortuosos é pra quem sabe
                                      andar e quer chegar
Que a estrada colorida, florida e iluminada
                                      é pra quem veio do mar

Que o destino é pra seguir com o tempo
Sem conhecer, sem saber, sem se abater
Só a romper a larga distância do sonhar
Sorrir e chorar no desconhecido mundo
Sofrer e amar ao som do vento vagabundo
Cantar, entre flores e lágrimas, a nossa breve trajetória

De quem veio, sem saber de onde
E vive, sem saber a razão
E fala, quando ninguém responde
Mas segue, segue em frente
A buscar o que nem sabe se existe
Às vezes, alegre, outras vezes, um ser triste
Que cansado da jornada, só pensa em chegar

Aonde? Não sabe...
Por que? Desconhece...
Mas sabe que um breve fim o espera
Porque a estrada se faz no caminhar.

Roberval Paulo

OLHOS NOS OLHOS - Roberval Paulo



Quando tua mão pesar sobre mim, direi:
Porque todos esses anos de infortúnio sobre a terra?
Porque tanta dor se o que buscamos é o prazer?
Se me ouvirá, não sei
Se tenho razão, menos sei ainda
Só acho que o que ainda sei é amar.

Quando tua voz me pedir contas do que fiz, lhe perguntarei:
Posso eu também pedir contas de ti?
Podemos conversar, só conversar, sem cobranças?
Podemos nos sentar e nos falarmos como dois amigos?
Não sei se assim pode ser. Menos ainda sei se assim posso agir.
Só acho que o que ainda sei e posso dizer é que eu amo.

Amo a vida que tenho e não sei se me pertence
Amo o ventre que me gerou e me concebeu
                                      e o rebento do qual sou raíz
Amo o patriarca da minha humilde existência e aos irmãos e irmãs
                                      de lastro sanguíneo e familiar que me destes
Amo as forças conhecidas da natureza, alimento indispensável para a vida
Amo ainda as forças desconhecidas da natureza, sinais latentes e incessantes do teu poder e glória e amor.

Quando teus olhos me olharem e eu neles perceber
                                      um olhar de interrogação, lhe responderei:
O que queres de mim?
O que queres que eu faça se tudo o que fiz não valeu?
Em que Pátria nos desentendemos? Em que corpo me perdi?
Não sei se me ouvirá. Nem sei se assim posso indagar a ti
Só sei que o que ainda acho que sei é da força do amor.

Da força do amor que tudo pode e é só por ele que se vive
Da força desse amor que se justifica por si só e se qualifica por só ser
Da força do amor transcendente, completo em si, sem complementos, sem acessórios, sem adereços. O amor só pelo amor.
Que este sim, é infinito e não se paga imposto pra amar
Que este, o amor, é o que sinto e está no recôndito mais fundo do meu ser
Alimenta minha alma e só por ele se vence grandes distâncias e as agruras dos dias
E também sei que só o sinto pela tua suprema e magnânima existência e presença, pois, só matéria e pó como sou, não seria capaz de amar sem o teu sopro de amor infinito.

Quando teus olhos novamente me olharem e apresentarem aos meus olhos
o olhar da reprovação, eu... me penitenciarei
E lhe indagarei quanto mais do teu amor ainda resta em mim?
E lhe perguntarei o quanto ainda sou capaz de amar?
E lhe responderei que ainda procuro o que nem sei se é possível achar.
E, olhos nos olhos, chorarei
E pedirei perdão pelas minhas faltas
E pedirei perdão por duvidar de ti
E da tua bondade infinita me impregnarei e me agarrarei, me agarrarei à tua mão para não mais soltar.
Me agarrarei à tua mão para reerguer-me e não mais voltar a andar sozinho.

Sei que me perdoará.
Sei que não me abandonarás nunca como jamais abandonou um filho teu.
Aí sim, a luz se acenderá e juntos, juntinhos, lado a lado, caminharemos pela vastidão dessa estrada para não mais nos separarmos.
Dessa estrada que só se caminha, só se caminha, sem saber onde vai dar
Mas agora, confiante caminho e a eternidade nos espera
Pois já não ando mais sozinho e tenho o amor a me guiar.

Roberval Paulo

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A lição de THOMAS JEFFERSON - Antônio Ermírio de Moraes


  • Publicado na Folha de São Paulo,02/12/94

    Foi num velório de um amigo comum. Lá estavam Joaninha, colega de ginásio, e Matias, fazendeiro do interior de São Paulo. A conversa entre os dois corria solta e com ares de consternação. Pensei que era em respeito ao falecido. Que nada, o tema era outro: política. Peguei o bonde quando Joaninha dizia:
    "Jamais pensei que o partido que foi o baluarte da campanha da ‘ética na política’ viesse receber numerários de empresas que ele mesmo ajudou a combater."
    "Eu também me choquei", acrescentou o Matias. "Afinal, é o partido cuja filosofia se dizia baseada na moralidade embora eu nunca tenha caído nessa conversa. Sempre desconfiei de gente que vive sem trabalhar... Você não achou estranho o fato de aquele partido no meio da apuração das denuncias de corrução, ter desistido de levar até o fim a CPI das empreiteiras?"
    "Foi tamanha a propaganda em favor da ética durante a campanha que eu havia me esquecido disso", falou a Joaninha. "Aliás, a minha irmã, tonta de leste a oeste, votou num barbudinho que dizia ser patrono do tal 'clube da moralidade. Deu-se mal. O homem foi eleito deputado e, agora, a Chiquinha está arrependida até o dedão do pé."
    "Isso aconteceu com muita gente da minha família", retrucou Matias.
    "Como professora, eu passei a vida inteira reprisando para os meus alunos a famosa frase de Thomas Jefferson que dizia: ‘A arte de governar consiste na arte de ser honesto’. Repeti isso durante 40 anos por estar convicta de que os princípios que regem a conduta na vida pública são os mesmos que presidem a conduta na vida privada."
    "Eu sou de um outro tempo", provocou o Matias. "Cresci dentro da cultura do ‘rouba mas faz’... Nunca me conformei com isso, mas foi a única coisa que ouvi na minha juventude."
    "Eu também vivi esse mundo, ponderou a Joaninha. Mas, ainda assim, sempre insisti com meus alunos que a ética na política tem de começar com a ética na família; no trabalho, no estudo e, sobretudo, nos partidos. Ninguém pode ter autoridade para pleitear a moral no mundo político enquanto não conseguir estabelecer a moralidade na sua própria vida."
    Foi nesse ponto que os dois se viraram para mim e perguntaram a queima-roupa:
    "E você só ouve? Perdeu a língua?"
    Nunca tive tanta vontade de continuar calado. Compartilhei da indignada deles mantendo, porém, o meu otimismo. Entendo que, a democracia é um processo lento, baseado em longas cadeias de erros e acertos - sendo que a descoberta dos erros é tão importante quanto os resultados dos acertos. Essa transparência que começa a surgir entre nós é crucial para o progresso democrático. A cura da corrução é como a cura da tuberculose: depende de ambientes abertos e de muito ar "puro".
    Os dois me chamaram de romântico, convidando-me a engrossar o coro das orações do velório, sugerindo ainda que orasse também pela classe política que, na opinião da Joaninha, está precisando muito mais das nossas preces do que o santo amigo Luciano que ali se despedia para subir ao céu.

  •  

    OH! CABRA MACHO


    COM CABRA MACHO É ASSIM...É SANGUE NO MEIO DA CANELA

    ELE - não briga - riska a faca
               não vai em festa - vai pra forró
               não entra - imburaca
               não vai embora - pega o beko
               não conserta - indireita
               não bate - pranta a mão
               não fala vamos - fala rumbora
               não joga fora - rebola no mato
               não discute – chuta o pau da barraca
               não vigia - pastora
               não chaveca - canta
               n ao enche a barriga - fica de bucho chei
               não cola - pesca
               não vai agora - vai 'nestante'
               não avisa - dá um toque
               não bagunça - esculhamba
               não tem velhos amigos - tem amigos das antigas
               não respeita - considera.
               não basta ser bom - tem que ser massa

    COM NÓS É DESSE JEITO...É ASSIM MESMO E ESTAMOS CONVERSADOS...

    domingo, 6 de novembro de 2011

    FLAMENGO 5 X 1 CRUZEIRO - O CAMPEÃO VOLTOU!!!


    A CRÔNICA
    por Richard Souza  
         globoesporte.com
    Thiago Neves gol Flamengo (Foto: André Portugal / VIPCOMM)Thiago Neves comemora um dos gols que fez pelo Flamengo (Foto: André Portugal / VIPCOMM)
    Um Engenhão vermelho, preto e feliz. Feliz e confiante. O Flamengo teve uma tarde de domingo como há muito não se via. De bom futebol, de gols de sobra, de talento. Um domingo de Thiago Neves, autor de três gols, de Deivid, que fez dois, de Muralha, que, pouco a pouco, se consolida como uma grata revelação do Rubro-Negro. Um domingo de goleada empolgante, de volta ao G-5 e de sonho ainda muito vivo pelo título Brasileiro. Soberano, o time de Vanderlei Luxemburgo goleou o Cruzeiro por 5 a 1, de virada, pela 33ª rodada. O gol de Anselmo Ramon, no primeiro tempo, acabou sendo apenas um susto. Com o resultado, o time chega a 55 pontos, assume a quarta posição e aguarda o encerramento da rodada. Durante quase todo o segundo tempo, a torcida, 34.496 eufóricos pagantes, festejou aos gritos de “o campeão voltou”.
    Do lado celeste, drama. Daqueles que fazem doer lá no fundo da alma. O esforço dos jogadores foi inútil. Mesmo quando esteve em vantagem não conseguiu ser melhor. Faltou sorte no gol de empate do Fla, quando a bola explodiu no travessão, tocou no goleiro Fábio e entrou. Faltou competência ao zagueiro Victorino, que perdeu um pênalti quando o placar apontava 1 a 0 para a Raposa. Faltou Montillo, a única andorinha que faz verão de um time desencontrado. O argentino sentiu a coxa esquerda logo no início do segundo tempo. Com 34 pontos, o Cruzeiro está na zona de rebaixamento, em 17º lugar.
    Na próxima rodada, o Flamengo enfrenta o Coritiba no domingo, no Couto Pereira, em Curitiba, às 17h. Às 19h, o Cruzeiro recebe o Inter na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
    Travessão ‘defende’ e ‘ataca’ pelo Fla
    No vestiário do Flamengo, pouco antes de o jogo começar, caiu no colo do goleiro Paulo Victor uma bomba em forma de oportunidade. Na revisão feita pelo médico José Luiz Runco, Felipe, titular da posição, informou que fizera uso de um analgésico proibido sem consultar o clube. Vanderlei Luxemburgo teve de vetá-lo, já que havia o risco de ser pego no exame antidoping, caso fosse sorteado. O treinador mostrou-se profundamente irritado e chamou o camisa 1 de irresponsável.
    O Rubro-Negro e o Cruzeiro entraram em campo pressionados para uma decisão. Os cariocas de olho no G-5 e no título, e os mineiros em apuros na cercanias da zona de rebaixamento. Foi um Flamengo empolgado, empurrado pela torcida, mas com dificuldades na articulação de jogadas. A saída de bola com Maldonado e Airton ficou comprometida, lenta, já que Thomás, Thiago Neves, Ronaldinho e Deivid estavam muito avançados. O jeito foi chutar. Uma, duas, três, muitas vezes. Thiago Neves tentou quatro arremates de fora da área antes dos 15 minutos. Thomás também arriscou. Diego Renan fez o mesmo pelo Cruzeiro.
    Ronaldinho Flamengo x Cruzeiro (Foto: André Portugal / VIPCOMM)Ronaldinho tenta se livrar da marcação durante o primeiro tempo (Foto: André Portugal / VIPCOMM)
    O torcedor do Flamengo não esqueceu o que Montillo fez na Libertadores do ano passado, ainda pelo Universidad de Chile. O argentino foi vaiado desde o primeiro minuto, marcado, mas não se intimidou. Como sempre, conduziu a equipe celeste com arrancadas e bons passes. Na bola parada, criou o gol da Raposa, aos 22. Em cobrança de escanteio, achou Farías, que escorou para Anselmo Ramon completar. Sem marcação, o atacante completou de pé direito: 1 a 0. O segundo não saiu quatro minutos depois por pouco. Farías acertou o travessão, e Paulo Victor ficou com o rebote.
    Em desvantagem, o Flamengo mostrou-se perdido por alguns minutos. Montillo aproveitou. Aos 28, em nova arrancada, o camisa 10 invadiu a área e foi derrubado por Alex Silva, de forma grotesca. O árbitro marcou pênalti. Depois de perder quatro cobranças na temporada, o gringo deu um tempo e deixou de ser o batedor oficial. O zagueiro uruguaio Victorino assumiu a responsabilidade e falhou. No chute forte, parou no travessão de PV.
    Inflamada, a torcida rubro-negra fez a equipe de Luxa correr mais, se doar muito mais. O travessão que ajudou a defender, também ajudou a atacar. Em bonito chute de Deivid de fora da área, a bola explodiu na barra, bateu no goleiro Fábio e entrou mansa, aos 35. Décimo quarto gol do camisa 9 no Brasileirão, o melhor do Flamengo na primeira etapa: 1 a 1. O empate deu gás, e o time criou uma sequência de boas chances. Na melhor delas, Thiago Neves, mais uma vez, buscou o ângulo em chute de fora da área, mas Fábio fez grande defesa. Faltou tempo para a virada.
    Endiabrado, Fla aniquila o Cruzeiro
    Havia dois times em campo, mas só um jogou. Foram 12 minutos endiabrados do Flamengo no início do segundo tempo. Irretocáveis. Se algum rubro-negro demorou um pouco mais no banheiro no intervalo, perdeu o segundo gol. Aos três minutos, Ronaldinho cobrou escanteio na segunda trave, e Deivid completou de cabeça: 2 a 1. Desta vez, a torcida que tanto critica o camisa 9, aplaudiu. Ele mereceu. Deivid correu demais, armou, brigou pela bola e fez o que se espera dele. Com 15 gols, é o artilheiro do time no Brasileirão.
    O Cruzeiro sentiu o golpe. E doeu. Doeu também a coxa esquerda da Montillo, substituído aos seis minutos. Roger entrou e viu Muralha, que substituíra Maldonado no intervalo, e Thiago Neves brilharem. Com duas assistências do volante, o camisa 7 fez o terceiro e o quarto: 4 a 1 com direito a gritos de “olé” e de “o campeão voltou”. Enquanto R10 e Thiago dançavam na bandeirinha de escanteio, Thomás e Muralha, a nova geração rubro-negra, festejavam abraçados e aos pulos do outro lado do gramado. E antes do segundo gol de Thiago, Ronaldinho quis fazer graça e perdeu a chance de fazer o dele: livre na grande área, olhou para o lado na hora de finalizar e mandou para fora.
    Vagner Mancini fez as duas alterações que lhe restavam para tentar diminuir o tamanho do estrago. Tirou Charles e colocou Elber. No lugar de Farías, lançou Wellington Paulista. Em vão. O Rubro-Negro continuava soberano, agressivo, com gana. Aos 24, Thiago Neves abusou da categoria. Em bola recuada, Fábio chutou em cima do camisa 7. Com calma e talento, Thiago encobriu o goleiro com um toque lindo. Golaço e Engenhão aos pulos: 5 a 1.
    Completamente entregue, o Cruzeiro não teve qualquer chance de reação. Para completar, Anselmo Ramon ainda foi expulso de campo, após acertar o pé na cabeça de Fierro. Com um a menos, o jeito foi esperar, ao som dos gritos de olé, a agonia passar e tentar entender como um time que encantou na maior parte do primeiro semestre vive uma fase tão ruim.

    quarta-feira, 2 de novembro de 2011

    COCAÍNA...ISSO NÃO CHEIRA BEM! Veja:

    A cocaína é uma droga produzida das folhas da Erythroxylon coca e outras substâncias químicas e, sob a forma de pedras de crack, produzem efeitos intensos e dependência severa em pouco tempo. 

    Existe ainda, um produto menos purificado quando misturado a pasta de coca a outras substâncias que é chamada de merla.

    • As sensações provocadas pelo uso da cocaína são: insônia, falta de apetite, irritação, agressividade, delírios, alucinações e etc. 
    • Tem efeito imediato e é estimulante, mas depois vem a depressão.
    • A temperatura e a pressão arterial aumentam, a pupila dilata e o coração acelera, podendo ocorrer parada cardíaca.
    DIGA NÃO ÀS DROGAS
    DROGA MATA!

    Roberval Paulo