quinta-feira, 8 de março de 2012

A EXPLICAÇÃO SOBRE A ENGRAXATARIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS - Deixou de existir-

fonte: Quatrocantos.com
Nota do Blog.: Atendendo a um leitor - que não se identificou - que pediu-me, carinhosamente, que eu usasse meu precioso tempo para conferir a veracidade da matéria antes de posta-la, estou aqui dando a mão à palmatória e respondendo que, mesmo sendo realmente precioso o meu tempo, consultei o site sugerido e está aí a matéria do Quatrocantos.com, preservados os devidos créditos. (Roberval Paulo)


A Engraxataria da Câmara dos Deputados: vai graxa, doutor deputado?



    As primeiras versões da história sobre os reluzentes sapatos de suas excelências os senhores deputados surgiram em dezembro de 2003. Naquele ano, e ao longo do ano seguinte, a mensagem desancava o então presidente da Câmara dos Deputados, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Em 2005, com a eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), a história tomou novo alento e as indignações se renovaram. Já em dezembro 2007, o 'responsável' pela suposta licitação era Arlindo Chinaglia (PT-SP). O tempo passou, os presidentes passaram, mas a mensagem sempre volta.

    O serviço de engraxataria existiu

    Nota distribuída pela Câmara dos Deputados em 10 de Dezembro de 2003 dizia que "A Casa mantinha serviços de engraxataria ... O serviço de engraxataria foi fechado e as cadeiras estão em processo de venda...." Em 14 de abril de 2005, a Agência Câmara da Câmara dos Deputados emitiu nota esclarecendo o assunto. Veja Câmara esclarece boato sobre engraxataria. Diz a nota: ..."os equipamentos de engraxataria antes existentes estão recolhidos ao depósito desde 2003." Mais de dois anos depois, os depósitos da Câmara dos Deputados ainda guardavam tão preciosas relíquias dos bons tempos em que suas excelências desfilavam, pelo Congresso Nacional, os seus reluzentes sapatos. Velhos tempos, bons tempos... Quanto aos ex-engraxates, a nota divulgada em 2003 diz que "...os adolescentes foram transferidos para outros setores da Casa, mais propícios à aquisição de conhecimentos, e qualificação profissional, como Informática, Atendimento ao Público, Operação de Máquinas, etc." A nota de abril de 2005 diz que, em vez de engraxates, a  Câmara contratou ou vai contratar 417 adolescentes. Diz ela: "O contrato prevê a prestação de serviço como mensageiros de 417 adolescentes.. ". São 513 deputados federais e 417 mensageiros. Quase um mensageiro para cada representante do povo brasileiro. Certamente, entre esses mensageiros não se encontram nepotes nem outros parentes de suas excelências os senhores deputados...
    Será que os 417 mensageiros irão substituir os programas gerenciadores de mensagens como o Outlook Express, o Eudora e o Thunderbird? Ou eles serão treinados nessas áreas do conhecimento? :)
    As mensagens dizem que os custos da essencial engraxataria seriam de R$ 3.135.000,00 por 12 meses. Dá R$ 261.000,00 por mês ou ainda R$ 8.700,00 por dia. O remetente de uma das mensagens fez alguns cálculos e concluiu que com a verba diária de R$ 8,7 mil seriam MAIS DE 3.500 PARES DE SAPATOS ENGRAXADOS DIÁRIAMENTE. PODE? Pode não. Conclusão: a engraxataria foi extinta em 2003. Em 2008, existem, à disposição dos nobres deputados, apenas assessores parlamentares, assessores, manicures, pedicures, assessores, cabeleireiros e barbeiros. E, dependendo do cargo ocupado na mesa da Câmara, motoristas, seguranças, assessores, garçons, cozinheiros e maitres. E mais assessores. Pode? Pode, sim. Se não mais existe engraxataria, ainda existe salão de beleza com manicures, pedicures, cabeleireiros e barbeiros à disposição dos senhores deputados. A esperança é que esses tratos deixem deputados e deputadas mais belos e fotogênicos quando aparecerem diante dos holofotes da TV Câmara. Eles merecem. O povo brasileiro merece? ;-(
    Em "Câmara vai processar autores de e-mail falso" (IDG Now!, 19 de abril de 2005) lemos:

    "A Procuradoria Parlamentar da Câmara sugeriu na segunda-feira (18/04) a adoção de providências para identificar e acionar criminalmente o responsável pelo e-mail ofensivo ao órgão e a seu presidente Severino Cavalcanti em circulação na internet."

    Tal e-mail era exatamente esse que menciona despesas com engraxataria inexistente.

    Não se tem notícia se a Procuradoria Parlamentar da Câmara sugeriu a adoção de providências para apurar as denúncias e acionar criminalmente o responsável pela cobrança de propina pelo aluguel do restaurante da Câmara dos Deputados. Conforme divulgado em página do Ministério Público Federal,

    "De acordo com o MPF, o parlamentar tinha ciência de que a imputação de calúnia que fazia a Buani era falsa, pois de fato Severino exigiu, por diversas vezes, vantagens econômicas indevidas em troca da viabilização da prorrogação do contrato de concessão firmado entre a Câmara dos Deputados e o restaurante do empresário."
    Coisa que não se comenta nessas mensagens é sobre a criação e a instalação da tal engraxataria: quando ela foi criada, quanto tempo permaneceu lustrando os pisantes de deputados e deputadas. Alguém lembra o nome dos presidentes da Câmara dos Deputados durante a existência desse essencial serviço público mantido com o dinheiro do contribuinte? Em outubro de 2009, quando o presidente da Câmara dos Deputados era Michel Temer (PMDB - SP), a mensagem continuava a circular desancando o ex-presidente Arlindo Chinaglia (PT - SP). Entra presidente, sai presidente e a mensagem continua a circular Internet a fora. A engraxataria, tal como descrita na mensagem, não existe. Não significa, no entanto, que os sapatos e a formosura de suas excelências sejam descuidados. Para depurar a beleza dos ilustres ocupantes da Câmara dos Deputados a câmara dispõe de salão de beleza conforme o disposto no Processo 100205/2006, cujo Fundamento Legal é a Lei Ordinária 10520/2002. O processo tem como Objeto a Concessão administrativa de uso, a título oneroso, de área destinada à exploração de serviço de barbearia, congêneres e engraxataria da Câmara dos Deputados. Veja detalhes em Licitação e Contratos. A ficha pode até ficar suja, mas os sapatos, ó: estão sempre limpinhos da silva. Uma das versões tem autoria atribuída à advogada Maria da Gloria Bessa Haberbeck que chegou até a receber interpelação judicial impetrada pelo congresso. Veja o desmentido dela.

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