terça-feira, 22 de março de 2011

PINTO DO MONTEIRO - O maior cantador repentista do mundo

Astúcias de Pinto do Monteiro


Pinto do Monteiro foi um poeta superlativo. Astuta raposa, cobra das mais venenosas. O seu poder de criação e a velocidade de raciocínio muitas vezes faziam as palavras tropeçarem umas nas outras, não pelo verso quebrado, absolutamente, mas quase engolindo sílabas, dada a ligeireza dos versos despejados em turbilhão. Autor de versos contundentes, tudo nele transpirava grandiosidade. Foi um gênio da cantoria.


Pinto já se encontrava doente e sem enxergar quando João Furiba chegou na porta de sua casa e, saudando o poeta, disse:

"Há tempo que eu não vinha
nesta santa moradia
visitar o velho Pinto
Me traz tanta alegria
Que é mesmo que ter tirado
O bolão da loteria"


Pinto com muito bom humor, disse:

"Eu não imaginaria
que você chegasse agora
Com essa sua presença
Obtive uma melhora
Quer ver eu ficar bom mesmo
É quando você for embora"


Alguns versos soltos de Pinto do Monteiro

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaBwGD960OU86sSgHLtqkStko5PL5kEUVeUyLYuMT16ZZCVpx-16bCNzjqsC_PBLLuZ8Fg_0YcMGf8qpQl4sl2E0Hd7iFdEdaaUfsVG7gYhFXywStjAvI56Z8wUzCeyeW3xCjPLA8c/s400/pinto.jpg

Eu comparo esta vida
à curva da letra S:
tem uma ponta que sobe
tem outra ponta que desce
e a volta que dá no meio
nem todo mundo conhece

Esta palavra saudade
conheço desde criança
saudade de amor ausente
não é saudade (é lembrança)
saudade só é saudade
quando morre a esperança

Aonde eu chego, não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute
Cantor que não endoideça

Cantar com quem canta pouco
é viajar numa pista
com um carro faltando freios
o chofer faltando a vista
e um doido gritando dentro
atola o pé motorista

Minha corda não se estica
não se tora nem se enverga
da terra pro firmamento
meu pensamento se alberga
em um lugar tão distante
que lente nenhuma enxerga

Eu vou fazer uma casa
na Serra da Carnaíba
a frente pra Pernambuco
as costas pra Paraíba
só pra não ver duas coisas:
Nem Sumé, nem João Furiba

Há vários dias que ando,
Com o satanás na corcunda:
Pois, hoje, almocei na casa
Duma negra tão imunda,
Que a prensa de espremer queijo
Era as bochechas da bunda!

Esse post foi extraído do Blog Cultura Nordestina, do escritor Marcos França - editor responsável pelo blog e autor da obra "Para rir até chorar com a cultura popular". Confira...

ADRIANO NO FLAMENGO - A volta é certa


Novela Adriano: jogador pode voltar para o Flamengo



50 exibições
O ex-vice presidente de futebol do clube, Marcos Braz, divulgou na internet que a volta do Imperador é certa. Luxemburgo não quer. Já a presidente Patrícia Amorim não descarta a hipótese.

BREVE MOMENTO DE REFLEXÃO - "Ser Poeta"



Só entro na poesia quando esta sai de mim
Eu a encontro quando ela me deixa partir

Aí reflito! E ela pensa comigo
E juntos, passeamos por um campo florido
Ela me agride no meu interior
E a resposta se vai em palavras
Palavras soltas, palavras tortas
Palavras, só palavras, sem nada a dizer.

Aí, mais reflito!
O entendimento da poesia
Esta me ignora e me leva a voar
Povoa os meus sonhos e medos e segredos
Toma corpo e invade o meu mundo
Trás de volta o meu sonho no vôo de um pássaro
Percorre em segundos a larga distância do existir
E sua tinta se espalha feito sangue.

Aí, ainda mais reflito!
Aí, sou poeta.

Roberval Paulo

IVETE SANGALO - Lançamento da turnê


Veja o vídeo do lançamento da turnê de Ivete Sangalo 

Link to Ivete Sangalo Oficial » Novidades


Posted: 22 Mar 2011 09:09 AM PDT
Ivete inicia a turnê Madison Square Garden com show em Salvador no dia 27 de março de 2011.
Posted: 22 Mar 2011 07:56 AM PDT
O prefeito João Henrique teve um encontro nesta segunda-feira (21), no Palácio Thomé de Souza, com a cantora Ivete Sangalo. “Agradeci a Ivete Sangalo pelo show com o qual ela vai presentear Salvador pela passagem do seu aniversário. A prefeitura tomará todas as providências relacionadas para garantir a infraestrutura necessária para este evento”, declarou João.
aniversário de Salvador é no dia 29 de março e será comemorado com uma festa no dia 27 (domingo), com inicio às 17h, em frente ao Mercado Modelo. “Estou retribuindo o carinho que as pessoas em Salvador têm comigo. É uma felicidade poder realizar a abertura da turnê nacional em Salvador, na minha terra, a Bahia. Há um grande apelo visual neste show, com bastante pirotecnia. Então, está tudo bem organizado”, frisou Ivete. Uma das providências que serão adotadas pelo Município é a instalação de tapumes nos casarões históricos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

INTIMIDADE II



O meu som tem a cor da tua pele
A minha voz só se cala no teu beijo
Olhando para o céu são os teus olhos que eu vejo
A esfinge de um amor que se revele

No evangelho da palavra que se vele
Da moça se emoldurou a canção
E do canto fez se um rio em oração
O prenúncio de um enigma, e me fere

Não se entende, não entendo esse tormento
Um sentimento que não quer se revelar
Mais que vive e viaja no pensamento

No intuito de juntos um dia estar
Dois seres só esperando o momento
Alma e corpo na doce luta de amar.

Roberval Paulo

DOCE LEMBRANÇA


Um sonho
Uma flor que eu vi nos teus cabelos
Um sorriso numa tarde ensolarada
Um violão, uma canção.

Um sorriso bem aberto e tão de perto
Um olhar manso e certeiro que invadiu a minh’alma.

Minha mão visitou num roçar leve a tua face
E na presença desse ser e seu sorriso tão Divino
Eu me espraiei, me esbaldei e me sorri igual menino
E me senti, assim, sorrindo, subindo ao infinito céu.

Roberval Paulo

ADRIANO E FLAMENGO - Novo casamento


Depois de Obama, Patricia tenta fazer Luxa vestir a camisa de Adriano

Presidente do Fla trabalha para convencer o técnico a pensar na contratação do Imperador. Magoado, atacante espera contato da diretoria

Por Janir Júnior e Richard Souza Rio de Janeiro
Por mais que nas declarações públicas o assunto Adriano seja dado como enterrado, o nome do Imperador segue vivo no Flamengo e agita o clube. Mesmo com todas as negativas, nos bastidores crescem a cada dia as manobras para tentar convencer Vanderlei Luxemburgo de que o atacante pode ser útil ao Rubro-Negro. Na manhã do último sábado, depois do treino no Ninho do Urubu, a presidente Patricia Amorim teve uma longa conversa com o técnico. A possibilidade de contratar o atacante esteve em pauta. Depois de demonstrar astúcia para entregar a camisa do Fla ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a mandatária, com jeitinho, pode abrir o caminho para a volta do Imperador.   
patricia amorim luxemburgo (Foto: VIPCOMM)No sábado, Patricia Amorim conversou por aproximadamente 40 minutos com Luxemburgo (Foto: VIPCOMM)
Com diversas propostas nas mãos, entre elas uma do Corinthians, Adriano está magoado com Luxemburgo, mas revelou a amigos que, pelo coração, ainda aguarda um contato do Fla, o que pode acontecer a qualquer momento. Mesmo sem previsão de retorno aos gramados por conta da operação no ombro direito, o jogador vive a expectativa de ao menos ter uma conversa com dirigentes rubro-negros.
Adriano na academia no Rio de Janeiro (Foto: Reyes de Sá Viana do Castelo / APPROACH)Adriano se exercita em academia do Rio
(Foto: Reyes de Sá Viana do Castelo / APPROACH)
Na sexta-feira, o discurso de Vanderlei sobre uma possível volta do Imperador ao clube começou a mudar. Se no dia 10 de março ele foi taxativo ao dizer que o acatacante estava fora da filosofia adotada no Flamengo e não seria contratado, uma semana mais tarde negou com veemência que tenha vetado a contratação. Minutos antes, se irritou com as perguntas sobre o assunto e ameaçou sair da sala de entrevistas. O tema, antes indiscutível, está em pauta.

A mudança de opinião é parte do trabalho de convencimento de Patricia Amorim, e o treinador começa a ser demovido da ideia de que Adriano faria mal ao grupo. O corpo jurídico do clube já estaria trabalhando para fazer um contrato que não traga prejuízos. Desde o caso Bruno, há uma cláusula no vínculo dos jogadores que prevê rescisão na ocorrência de problemas disciplinares. A última passagem do Imperador pela Gávea teve como ápice o título brasileiro em 2009 e a derrocada pelo primeiro semestre apinhado de problemas em 2010. As faltas aos treinos marcados de manhã ou em dias seguintes aos jogos eram constantes.
Outro ponto favorável a Adriano é a manifestação do desejo de voltar ao Rubro-Negro. Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, na quarta-feira passada, o atacante revelou que sonha fazer parte do elenco que conta com Ronaldinho e companhia, se colocou à disposição para ajudar o grupo e lamentou a forma como Vanderlei tratou o caso e vetou sua contratação sem ter, ao menos, uma conversa cara a cara. Apesar de querer o Flamengo, o jogador disse que a espera “tem limite”.
torcedores do Flamengo fazem protesto (Foto: Richard Fausto / GLOBOESPORTE.COM)Rubro-negros pediram a volta de Adriano na Gávea
(Foto: Richard Souza / GLOBOESPORTE.COM)
Vanderlei é contrário a ideia, mas a torcida faz pressão. No início da tarde de sábado, um grupo de cerca de 40 pessoas fez um protesto tímido em frente à sede social do clube, na Gávea. Questionadas se preferiam a permanência do técnico ou o retorno de Adriano, muitas concordaram que o ideal seria ter os dois. No entanto, caso isso não seja possível, para elas, a volta do Imperador é prioridade. Em enquete recente no GLOBOESPORTE.COM, 87% dos torcedores mostraram-se favoráveis ao retorno de um dos líderes do hexacampeonato brasileiro. O clima agora é de tudo pode acontecer.

INTIMIDADE I



Um dia claro, de sol e luz que brilhava
Meu interior negro como a solidão
Ouvi a voz daquela que não disse sim nem não
E nos meus olhos novo sonho remoçava

Falamos e detalhamos a intimidade passada
Fagulhas de sentimentos fervilhavam o coração
Ela quis dizer um sim, na verdade disse não
Quer dizer, nem não, nem sim, disse que em DEUS aguardava

Sugeriu uma leitura, eu falei em oração
Toda a verdade floresce na sagrada escritura
Ela falou comovida, tive uma revelação

Bateu forte o coração, nossa verdade mais dura
Nós dois falamos de amor, ela falou de perdão
É na palavra de DEUS que todo verbo se cura.

Roberval Paulo

IDENTIDADE



Sou sozinho
Sim, me sou sozinho neste mundo
Pois não nasci atrelado e nem grudado a ninguém
Saí sim, de minha Mãe, e ela, com toda honra e glória
Pela eternidade da história
É a única pessoa que me tem

Não sou sozinho por gosto nem tão pouco por desgosto
Sou sozinho por ser sozinho e é assim que me sinto bem
Mas sempre preciso de um
E outra vez é dum outro
E a outra vez do outro e do um
E que, simultaneamente, precisam de mim também
Mas neste mundo de meu Deus o que mesmo me alegra
E me conforta e me assossega
São os olhos do meu alguém

Olhos de quem nem conheço
E nem mesmo sei se existe
Neste tempo que é presente
Mais que é amiga do vento
E vive assustadoramente em meu pensamento
Uma imagem reluzente, transparente, incandescente
Rastro de estrela cadente
No rosto do firmamento

Não me entrego a sorrisos
Não sou fácil de entender
Não sei nem o que querer, nem mesmo como querer
E se me queres pretender
Chegue sem me dar aviso
Chegue sim, com um sorriso, um verdadeiro sorriso
Que eu deixo o meu juízo
Pra teu juízo querer

Mais se queres mesmo saber quem sou positivamente
E pela vontade instigante de um momento
Puder em teu pensar repensar meu pensamento
E quiseres não mais me conhecer tão sozinho
Seja em ti um ser de amor e de carinho
Chegue até mim olhos nos olhos, frente a frente
E me dê a sua mão mansa e fraternalmente
E me diga com verdade, muito prazer meu amigo
Que eu seguirei na caminhada lado a lado contigo
E brando e serenamente lhe chamarei também amigo
E transfigurando os sonhos nessa mais terna amizade
Redirecionando a vida no caminhar da verdade
Lá vamos nós, não mais a sós, sorrindo, a cultivar gentes.

Roberval Paulo





A CASA DA SEREIA


No fundo do mar, bem lá no fundo, no lugar encantado do mar, existe casa. Casa mesmo, de verdade; casa de tijolos e telha, casa seca, com móveis, colchão macio, geladeira, fogão, churrasqueira; é, dá até pra se fazer churrasco. Tem chuveiro quente, varanda... quintal com árvores, flores e pardais.

É lá que habita a sereia do mar. Quando desencanta, é claro. E lá ela é mulher de verdade, a mulher mais linda do mundo, e com duas pernas, igual as das outras mulheres e com tudo o mais de mulher. Lá ela não tem calda de peixe não. Lá ela é mulher de verdade, de verdade mesmo e que sabe tudo de amar e de amor.

Bobo que não sou, é lá que eu quero ir; é lá que eu quero chegar. Só aguardo a aparição da sereia pra me mandar daqui e seguir com ela. Quando ela aparece, te atrai. E se te beija, você se encanta com ela e aí, não se afoga, pode ir no fundo do mar até a casa da sereia. E lá, depois do encanto, você será um homem feliz e terá do seu lado a mulher mais linda do mundo e também o seu amor. Felicidade eterna, posto que lá não se envelhece. Lá o tempo não passa, pois lá não se vê a luz do sol. Tudo debaixo do sol passa, porém, lá é diferente. Como não é iluminado; não é alcançado pela luz do sol, essa morada fica imune a ação do tempo.

Só existe uma situação em que tudo pode mudar. Não se pode perder o amor da sereia amada. É diferente da vida aqui, acima das águas e debaixo do sol. Ela precisa estar apaixonada sempre. E para isso, tu precisas lhe devotar todo o amor do mundo, amá-la todos os dias e noites, satisfazer todos os seus caprichos e desejos, dedicar  todo o seu tempo de vida  à sereia amada. Ela, realmente, precisa estar sempre apaixonada, porque senão, desfaz-se o encanto. Se ela se desencantar de você, ela se veste de sua calda de peixe e vem à praia seduzir um outro amor. E se isso acontecer, você já é passado pra ela. E como a vida no fundo do mar; a vida de casa de sereia é imune a ação do tempo pela ausência da luz do sol, isso quer dizer que lá o passado não existe, e, consequentemente, você também não mais existirá, desaparecendo como que em um encantamento, extinguindo-se na imensidão das águas, que, por sua vez, notícia alguma darão de ti, sendo o seu fim eterno, sem direito a uma nova chance.

Então, em se encantando e se enamorando dela, não perca o amor da sereia amada; não dê motivos para que ela venha a deixar de gostar de você. Sede fiel e único em sua vida e assim a terá por toda a eternidade, pois o amor verdadeiro jamais morrerá. O amor perdura por toda a vida, seja lá, seja cá, e, uma vez perdido, despedaça, e, despedaçado, seus cacos nunca mais se juntarão, tanto lá, como cá. 

Então, seja o seu amor sereia ou mulher; seja lá ou seja cá, ame-a com todas as suas forças, e lealdade, e amor, e dedicação para não vê-la partir, pois, assim acontecendo, na sua partida, tanto lá, como cá, se dará o desencanto, o desencanto do amor e aí, será tarde, porque, com ou sem a ação do tempo, o gatilho apertado não trás mais a bala de volta. É assim no amor. Uma vez perdido, a estrada se torna triste e você, sozinho, e, sozinho, é nada e o nada se extingue, seja nos segredos do espaço ou no mistério das águas, passando a ser só saudade. 

Saudade sabe, daquelas que não se vê e não se toca, só se sente. Sentimento inaudível, inexplicável, insolúvel, só sentimento. De sentir e de doer, enquanto o tempo, tanto lá, como cá, se esquece das horas; se esquece de si próprio e acelera sua marcha rumo ao incerto e sabido, o único mal... ou bem... irremediável, que amarga a face do nosso destino sobre este... ou outro mundo. 

Não vou mais querer ir à casa da sereia.

Roberval Paulo


MUSICARIA BRASIL - O site da MPB


Posted: 20 Mar 2011 06:51 PM PDT
Faleceu esta madrugada a cantora e compositora Francisca Januária dos Santos, Chiquinha Gonzaga. Aos 85 anos, a última dos 10 irmãos de Luiz Gonzaga que ainda viva, lutava contra o Alzheimer. Moradora da cidade de Santa Cruz da Serra, no Rio de Janeiro, ela passou mal e foi socorrida para o hospital com quadro de pneumonia e infecção urinária, onde morreu por volta das 5h. O corpo deve ser trazido para o Recife.
A cantora, que dividia o nome artístico com a célebre pianista e compositora brasileira, trabalhava para manter viva a alma musical da família do maior compositor e representante da cultura nordestina. Com o irmão, ela aprendeu o baião e o xaxado. Aprendeu também que a fama não vem sem sacrifício pessoal, e que laços sanguíneos não significam, necessariamente, ajuda mútua. Ela teve que se virar sozinha para firmar o nome que carrega. A primeira mulher a tocar os oito baixos caiu nas graças de Gilberto Gil, que produziu o CD Pronde tu vai, Luiz? Ela deu continuidade à tradição familiar, principalmente do pai. "É preciso manter a tradição de meu pai Januário, o maior sanfoneiro que o Nordeste já teve", disse ela, que não deixou de cantar os versos que tanto gostava. "Luiz, respeita Januário/ Luiz, respeita Januário/ Luiz, tu pode ser famoso mas teu pai é mais tinhoso/ E com ele ninguém vai, Luiz/ Respeita os oito baixo do teu pai".

Confira trechos de uma entrevista concedida por Chiquinha ao Diario em 2009:
A infância em ExuNós éramos um povoado em uma cidadezinha muito pequena, pacata. Os nove filhos de Januário e Santana, todos nós, gostávamos muito das festas que tinha lá, no Natal ou em outras ocasiões, para nós era a maior riqueza. Meu pai já tocava nas festas, nós dançando. Tudo era festejado com forró. Aí a gente foi crescendo, Luiz foi para o meio do mundo e depois a gente. Mas hoje Exu tá do mesmo jeito, mudou um pouquinho só. A última vez em que estive lá foi em dezembro do ano passado. Eu gosto, chego lá e me dá recordação.

A partida de LuizEle tinha uma namorada lá de Exu, e o pai da moça não aprovava o namoro. Quando ele recebeu uma surra dos meus pais, resolveu ir embora. E a gente ficou lá. Era estranho ter um a menos.



Saída de ExuEm Exu tinha dois políticos grandes, que mandavam em tudo. Eu não sei direito a razão, mas meu pai se desentendeu com eles. Minha mãe mandou logo um telegrama para Luiz, que estava no Rio de Janeiro. Ele queria voltar para Exu dizendo que ia matar gente, era metido a valente. Um amigo o aconselhou a não fazer isso e mandar as passagens para que a gente fosse encontrar com ele.

A construção da carreiraEu só fui subir no palco profissionalmente aos 41 anos. Mas desde pequena tocava aquela sanfoninha, escondida de todos. Quando chegamos ao Rio de Janeiro, Gonzaga montou um show com todos nós, ensaiamos durante um mês com o Dr. Roberto Teixeira. Mas eu era a que mais gostava de aparecer. Ficou muito bonito o show, que se chamava "Os sete Gonzagas". Naquela época foi um sucesso tão grande que quiseram que a gente continuasse por mais um ano. Só que Luiz disse que não, que ia ser só ele e que a gente se virasse. "Vão seguir a carreira de vocês." Aquilo me magoou muito.

Eu disse: "apois eu vou." Eu parei de me apresentar em 1951. Levei mais de uma década cuidando da família. Depois meu irmão Severino Januário me ajudou, me colocou em cima do palco, isso em 1973. Fui para São Paulo gravar meu primeiro vinil. Eu viajava de 15 em 15 dias para tocar forró em São Paulo.

Sucesso de Chiquinha e relação com Gonzaga
Depois que ele casou com Helena, ficou mais distante. A sogra dele falava: "Luiz, você não fique trabalhando com Chiquinha, não, que ela pode passar na sua frente". Ela tinha um ódio da gente tão grande. Como é que eu ia botar Gonzaga para trás? Ele era casado, mas a velha é que dirigia tudo.

Filhos de GonzagãoGonzaguinha nunca foi muito próximo da família. Mas Rosinha é que não chegava nem perto de nós. Ela teve um único filho que não deixava a gente pegar. É uma história triste, a dela. Não tenho mais contato com ela, ela é muito fechada. A família continua acontecendo sem ela.

PlanosHoje em dia eu estou preguiçosa para tocar. Mas levei uma bronca do Gilberto Gil. Ele disse: "Você foi a primeira mulher que tocou com ′isso` debaixo do braço, vai ter que tocar". Ainda mais agora que os Gonzagas foram morrendo e a tradição não pode se perder. Aí agora a gente tá com esse show "O forró dos Gonzagas", onde participamos eu, Joquinha, Daniel e Sérgio.
Posted: 20 Mar 2011 06:39 PM PDT
Por Bruno Negromonte

"O grande oasis do sertão pro Brasil: É esse Rio São Francisco. Onde ele passa, realmente, ele deixa um rastro de verde, uma coisa fantástica. O rio representa a vida de uma parte muito grande do Brasil" (Geraldo Azevedo).

Desde o seu primeiro trabalho solo em 1977 que Geraldo Azevedo reverencia o rio São Francisco. Neste longíncuo trabalho Geraldo trás o rio nos versos da canção "Barcarola do são Francisco", talvez por reminiscências de sua infância em Jatobá (distrito do município de Petrolina, terra banhada pelas águas do velho Chico).

Quando adulto, mesmo geograficamente distante das águas do rio, não se distanciou poeticamente das águas do rio que divide dois municípios tão importantes para a região nordeste como Petrolina e Juazeiro. A imagem do rio e suas características peculiares sempre nortearam a inspiração de Geraldo Azevedo, tanto que com o passar dos anos e com o aumento de sua discografia, muitas foram as vezes em que o São Francisco era citado em verso e prosa. Em seus devaneio poéticos, Geraldo se imaginava pescando versos e acordes para as suas canções e letras.

Sendo assim sempre foi da vontade do Geraldo trazer para o seu público esse projeto temático sobre o rio, porém muitas foram as tentativas para que isso de fato saísse da utopia para se tornar disco de verdade. Lembro-me que esse projeto passou um longo tempo para sair do papel, pois ainda em 2009 perguntei ao próprio Geraldo por esse projeto e ele me dito que até março de 2010 o projeto sairia. Não há como negar que saiu em março, porém um ano depois.

Salve São Francisco é o seu 24º álbum contando com alguns projetos especiais como os três geraldos, por exemplo. Nesse novo álbum Geraldo convidou uma constelação de estrelas de nossa MPB para o acompanhá-lo entre as 12 canções que compõem esse belíssimo disco. Nomes como Maria Bethânia, Dominguinhos, Djavan e Ivete Sangalo fazem parte desse mítico projeto estrelado por nosso Geraldinho Azevedo (que no último doa 06 de março precisou submeter-se a um cateterismo).

As Faixas são as seguintes:
01 - Barcarola Do São Francisco (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando) (Com Djavan)
02 - Santo Rio (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando) (Com Dominguinhos)
03 - Águas Daquele Rio (Geraldo Amaral) (Com Geraldo Amaral)
04 - São Francisco São (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes / Geraldo Amaral) (Com Márcia Porto)
05 - Opara (Salve São Francisco) (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes) (Com Fernanda Takai)
06 - Francisco Francisco (Roberto Mendes / Capinan) (Com Roberto Mendes)
07 - Riacho do Navio (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) (Com Alceu Valença)
08 - Carranca que chora (Geraldo Azevedo / Capinan) (Com Maria Bethânia)
09 - Petrolina e Juazeiro (Geraldo Azevedo / Moraes Moreira) (Com Moraes Moreira)
10 - O ciúme (Caetano veloso) (Com Ivete Sangalo)
11 - Saudade do vapor (Vavá Cunha) (Com Vavá Cunha)
12 - São Francisco Help (Geraldo Azevedo / Galvão) (Com Djavan, Dominguinhos, Alceu Valença, Geraldo AmaralFernanda Takai)
Posted: 20 Mar 2011 06:39 PM PDT
Há 15 anos atrás, em 14 de março de 1996, morria Francisco dos Santos, o Cascatinha da dupla Cascatinha e Inhana. Francisco era casado com Ana Eufrosina da Silva, no qual formaram juntos uma das principais duplas sertanejas do Brasil.
Nascidos no interior de São Paulo, desde cedo a dupla apaixonou-se pela poesia da música sertaneja. Francisco dos Santos já tocava bateria e violão e se apresentava cantando modinhas, canções e valsas românticas. Quando da chegada do circo Nova Iorque no município de Araraquara, Francisco conheceu o cantor Chopp e resolveu formar dupla com ele, adotando então o nome artístico de Cascatinha, nome de famosa cerveja da época, para estar de acordo com o nome do parceiro. Por essa época, Ana Eufrosina se apresentava como solista em um conjunto formado por seus irmãos. A dupla Chopp e Cascatinha se apresentava em circos. Francisco e Ana se conheceram e casaram em 1941. Formou-se então o Trio Esmeralda, com Chopp, Cascatinha e Inhana, nome artístico adotado por Ana. O Trio Esmeralda viajou para o Rio de Janeiro obtendo relativo sucesso. Receberam prêmios nos programas César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, Manuel Barcelos e "Papel carbono", este de Renato Murce, ambos na Rádio Nacional. Em 1942 o Trio se desfez com a saída de Chopp. Cascatinha e Inhana ingressaram então no Circo Estrela D'Alva, com o qual fizeram excursão pelo interior dos estados do Rio e de São Paulo, para onde retornaram. Em São Paulo continuaram a atuar em diversos circos, tendo permanecido por cinco anos no Circo Imperial.



Em 1947 se apresentaram na Bauru Rádio Clube, que primeiro apresentou a nova dupla em rádios, nos programas "Luar do sertão" e "Cirquinho do Benjamim". Em 1948, passaram a atuar na Rádio América em São Paulo. Em 1950, foram contratados pela Rádio Record onde permaneceram atuando por doze anos. Em 1951, estrearam em disco pela Todamérica cantando a canção "La paloma", de Iradier e Pedro Almeida, e a toada brejeira "Fonteiriça", de José Fortuna, um dos compositores favoritos de Cascatinha. Em 1952, gravaram aqueles que seriam dois de seus maiores sucessos, assim como da própria MPB. Eram a canção "Meu primeiro amor" de H. Gimenez com versão de José Fortuna e Pinheirinho Jr., e a guarânia "Índia" de J. Flores e M. Guerrero, com versão de José Fortuna. A guarânia "Índia" vendeu 300 mil cópias em seu primeiro ano de lançamento e até a segunda metade dos anos 1990 vendeu mais de três milhões de discos. "Índia" mereceu ainda diversas gravações ao longo do tempo como as de Dilermano Reis ao violão, Carlos Lombardi, Trio Cristas e Valdir Calmon e sua orquestra. Em 1973 Gal Costa regravou "Índia", que deu nome a seu LP daquele ano e que obteve grande sucesso. Cascatinha e Inhana receberam em 1951 e 1953 o Prêmio Roquette Pinto. Em 1953, gravaram a toada "Mulher rendeira" tema folclórico com arranjo de João de Barro.

Em 1954, receberam a medalha de ouro da revista "Equipe" e ganharam o slogan de "Os sabiás do sertão", devido aos recursos vocais e às agradáveis nuances desenvolvidos pela dupla. Em 1953, continuando a trajetória de sucessos, lançaram as guarânias "Assunción", de José Fortuna e Federico Riera, e "Flor serrana", de Daniel Salinas e José Fortuna. A partir dessa época, seus nomes estiveram ligados à música paraguaia. Em 1955, estiveram no filme "Carnaval em lá maior", de Ademar Gonzaga, onde cantaram "Meu primeiro amor", outro grande sucesso. No mesmo ano gravaram o bolero "Queira-me muito", de G. Reig e Serafim Costa Almeida, e o rasqueado "Iracema", de Mário Zan e Nhô Pai. Outra gravação do mesmo ano e que fez muito sucesso foi a toada "Despertar do sertão", de Pádua Muniz e Elpídio dos Santos. Em 1956, lançaram mais um disco com versões de compositores paraguaios: a canção "Recordações de Ipacaraí", de D. Ortiz e Z. de Mirkim, com versão de Juraci Rago, e a guarânia "Noites do Paraguai", de S. Aguayo e P. J. Carles com versão de Nogueira Santos. Em 1957, lançaram entre outras, a valsa "Santa Cecília", de Ado Benatti e Carlos Piazolli, e a toada "Tropeiro gaúcho", de Cascatinha e Bolinha.



Em 1959, lançaram outro de seus maiores sucessos, a guarânia "Colcha de retalhos", de Raul Torres. No mesmo ano, Cascatinha foi promovido a diretor artístico da Todamérica, descobrindo vários talentos. Ainda em 1959, Cascatinha e Inhana gravaram "Rede de taboa", de Elpídeo dos Santos. Em 1960, gravaram os boleros "Quero-te", de Jolmagn, e "Mal pagadora", de L. Valdez Leal e José Fortuna. Em 1962, lançaram a canção rancheira "Coração incerto", de Nico Jimenez e J. Santana, e o rasqueado "Fui culpado", de Zacarias Mourão e Sebastião Vitto. Em 1963, lançaram a guarânia "Fujo de ti" de Waldick Soriano e Jorge Gonçalves, e o rasqueado "Felicidade", de Barrinha. Em 1967, lançaram LP com destaque para "Vinte e cinco anos", de Nonô Basílio, "O menino do circo", de Eli Camargo, "Flor do cafezal", de Carlos Paraná e "A estrela que surgiu", de Zacarias Mourão e Mário Albanesi. Em 1970, lançaram "Amor eterno", de Alfredo Borba e Edson Borges, "Se tu voltasses", de Cascatinha e Carijó, "Como que te quero", de Alberto Conde e Nilza Nunes, e "Castigo", de Marciano Marques de Oliveira. Em 1972, alcançaram sucesso com "Olhos tristonhos", de Dora Moreno. Em 1978, apresentaram no Teatro Alfredo Mesquita em São Paulo espetáculo no qual contavam sua trajetória artística. Ao longo da carreira apresentaram-se em diversos estados brasileiros, cantaram em circos, teatros e gravaram cerca de 30 discos. Em 1996, a Chantecler, dentro da série "Dose dupla", lançou o CD "Cascatinha e Inhana", com 23 composições gravadas pela dupla, entre as quais, "Índia", "Solidão", "Meu primeiro amor" e "Colcha de retalhos".

Maiores Sucessos (Ordem cronológica):


1951 - La Paloma
1952 - Meu Primeiro Amor (Lejania)
1952 - Índia
1953 - Mulher Rendeira
1955 - Queira-me Muito
1955 - Iracema
1955 - Meu Primeiro Amor
1956 - Recordações de Ypacaraí
1958 - Frô do Ipê
1958 - Casinha Pequenina
1959 - Colcha de Retalhos
1965 - A Lua é Testemunha
1966 - Vai com Deus (Vaya con Dios)
1968 - Anahy
1968 - Mulher Fingida (La Mujer Ladina)
1970 - Louco Amor
1971 - Mal de Amor
1972 - O Menino e o Circo
1973 - Flor do Cafezal
1974 - Se Eu Partir
1975 - Cruz de Ouro
1976 - No Silêncio da Noite
1977 - Dois Corações
1977 - Não me censures
1977 - Um novo amanhã
1980 - Cigarra Vadia
1988 - Guarânia da Lua Nova

sábado, 19 de março de 2011

SONHOS E ESPERANÇAS



Recomeçar todo dia até o anoitecer
O sol se esconde, é hora de dormir
Recuperar sonhos perdidos
Se embrenhar na imensidão da noite
O dia também é grande
E as forças precisam estar renovadas.

Todo dia é o mesmo dia
De um novo dia que surge com a manhã
Manhãs novas, manhãs escuras
Manhãs verdes de sonhos e esperanças
Manhãs azuis de palavras e começos
Recomeço no começo de um novo dia.

Roberval Paulo

ONDA AZUL


         

P.S.: esta foto foi extraída do site: www.conselhonet.com.br

ONDA AZUL
  
O céu era azul como é azul todo céu.
De vez em quando branco, enfumaçado, plúmbeo, mas azul,
Porque céu tem cor de azul e não de chumbo.

Céu da boca é vermelho, rosa, pálido, esquálido,
Lânguido céu da boca da onça
Mais aí, é outra coisa e outro céu
E não o céu que se funde com o mar.

E sob o céu azul brincávamos
No azul do nosso amor,
Sobre as folhas e plumagens
Verdes, amarelas, róseas, vermelhas,
Expostos ao verde-vida da planície azulada.

A vida era escura, quase azul-marinho
Na casa onde morávamos
Mas, o amor
O nosso amor era azul
Azul resplandecente
De céu e de verde-mar
Jorrando natureza viva,
Viva no azul deste sol
Viva no azul dos teus olhos
Viva o azul da vida-viva
No azul do teu corpo e teu ser
Que o mundo é azul e de azul
Se fez o universo e nós.

De azul em azul, eu e você
No verde-azul deste mundo de amor.

Sonho azul, mar azul, tudo azul
Céu e terra, azul nos azuis
Das borboletas azuis de voar azul
Vôo azul do nosso sentimento.

Roberval Paulo