segunda-feira, 21 de março de 2011

MUSICARIA BRASIL - O site da MPB


Posted: 20 Mar 2011 06:51 PM PDT
Faleceu esta madrugada a cantora e compositora Francisca Januária dos Santos, Chiquinha Gonzaga. Aos 85 anos, a última dos 10 irmãos de Luiz Gonzaga que ainda viva, lutava contra o Alzheimer. Moradora da cidade de Santa Cruz da Serra, no Rio de Janeiro, ela passou mal e foi socorrida para o hospital com quadro de pneumonia e infecção urinária, onde morreu por volta das 5h. O corpo deve ser trazido para o Recife.
A cantora, que dividia o nome artístico com a célebre pianista e compositora brasileira, trabalhava para manter viva a alma musical da família do maior compositor e representante da cultura nordestina. Com o irmão, ela aprendeu o baião e o xaxado. Aprendeu também que a fama não vem sem sacrifício pessoal, e que laços sanguíneos não significam, necessariamente, ajuda mútua. Ela teve que se virar sozinha para firmar o nome que carrega. A primeira mulher a tocar os oito baixos caiu nas graças de Gilberto Gil, que produziu o CD Pronde tu vai, Luiz? Ela deu continuidade à tradição familiar, principalmente do pai. "É preciso manter a tradição de meu pai Januário, o maior sanfoneiro que o Nordeste já teve", disse ela, que não deixou de cantar os versos que tanto gostava. "Luiz, respeita Januário/ Luiz, respeita Januário/ Luiz, tu pode ser famoso mas teu pai é mais tinhoso/ E com ele ninguém vai, Luiz/ Respeita os oito baixo do teu pai".

Confira trechos de uma entrevista concedida por Chiquinha ao Diario em 2009:
A infância em ExuNós éramos um povoado em uma cidadezinha muito pequena, pacata. Os nove filhos de Januário e Santana, todos nós, gostávamos muito das festas que tinha lá, no Natal ou em outras ocasiões, para nós era a maior riqueza. Meu pai já tocava nas festas, nós dançando. Tudo era festejado com forró. Aí a gente foi crescendo, Luiz foi para o meio do mundo e depois a gente. Mas hoje Exu tá do mesmo jeito, mudou um pouquinho só. A última vez em que estive lá foi em dezembro do ano passado. Eu gosto, chego lá e me dá recordação.

A partida de LuizEle tinha uma namorada lá de Exu, e o pai da moça não aprovava o namoro. Quando ele recebeu uma surra dos meus pais, resolveu ir embora. E a gente ficou lá. Era estranho ter um a menos.



Saída de ExuEm Exu tinha dois políticos grandes, que mandavam em tudo. Eu não sei direito a razão, mas meu pai se desentendeu com eles. Minha mãe mandou logo um telegrama para Luiz, que estava no Rio de Janeiro. Ele queria voltar para Exu dizendo que ia matar gente, era metido a valente. Um amigo o aconselhou a não fazer isso e mandar as passagens para que a gente fosse encontrar com ele.

A construção da carreiraEu só fui subir no palco profissionalmente aos 41 anos. Mas desde pequena tocava aquela sanfoninha, escondida de todos. Quando chegamos ao Rio de Janeiro, Gonzaga montou um show com todos nós, ensaiamos durante um mês com o Dr. Roberto Teixeira. Mas eu era a que mais gostava de aparecer. Ficou muito bonito o show, que se chamava "Os sete Gonzagas". Naquela época foi um sucesso tão grande que quiseram que a gente continuasse por mais um ano. Só que Luiz disse que não, que ia ser só ele e que a gente se virasse. "Vão seguir a carreira de vocês." Aquilo me magoou muito.

Eu disse: "apois eu vou." Eu parei de me apresentar em 1951. Levei mais de uma década cuidando da família. Depois meu irmão Severino Januário me ajudou, me colocou em cima do palco, isso em 1973. Fui para São Paulo gravar meu primeiro vinil. Eu viajava de 15 em 15 dias para tocar forró em São Paulo.

Sucesso de Chiquinha e relação com Gonzaga
Depois que ele casou com Helena, ficou mais distante. A sogra dele falava: "Luiz, você não fique trabalhando com Chiquinha, não, que ela pode passar na sua frente". Ela tinha um ódio da gente tão grande. Como é que eu ia botar Gonzaga para trás? Ele era casado, mas a velha é que dirigia tudo.

Filhos de GonzagãoGonzaguinha nunca foi muito próximo da família. Mas Rosinha é que não chegava nem perto de nós. Ela teve um único filho que não deixava a gente pegar. É uma história triste, a dela. Não tenho mais contato com ela, ela é muito fechada. A família continua acontecendo sem ela.

PlanosHoje em dia eu estou preguiçosa para tocar. Mas levei uma bronca do Gilberto Gil. Ele disse: "Você foi a primeira mulher que tocou com ′isso` debaixo do braço, vai ter que tocar". Ainda mais agora que os Gonzagas foram morrendo e a tradição não pode se perder. Aí agora a gente tá com esse show "O forró dos Gonzagas", onde participamos eu, Joquinha, Daniel e Sérgio.
Posted: 20 Mar 2011 06:39 PM PDT
Por Bruno Negromonte

"O grande oasis do sertão pro Brasil: É esse Rio São Francisco. Onde ele passa, realmente, ele deixa um rastro de verde, uma coisa fantástica. O rio representa a vida de uma parte muito grande do Brasil" (Geraldo Azevedo).

Desde o seu primeiro trabalho solo em 1977 que Geraldo Azevedo reverencia o rio São Francisco. Neste longíncuo trabalho Geraldo trás o rio nos versos da canção "Barcarola do são Francisco", talvez por reminiscências de sua infância em Jatobá (distrito do município de Petrolina, terra banhada pelas águas do velho Chico).

Quando adulto, mesmo geograficamente distante das águas do rio, não se distanciou poeticamente das águas do rio que divide dois municípios tão importantes para a região nordeste como Petrolina e Juazeiro. A imagem do rio e suas características peculiares sempre nortearam a inspiração de Geraldo Azevedo, tanto que com o passar dos anos e com o aumento de sua discografia, muitas foram as vezes em que o São Francisco era citado em verso e prosa. Em seus devaneio poéticos, Geraldo se imaginava pescando versos e acordes para as suas canções e letras.

Sendo assim sempre foi da vontade do Geraldo trazer para o seu público esse projeto temático sobre o rio, porém muitas foram as tentativas para que isso de fato saísse da utopia para se tornar disco de verdade. Lembro-me que esse projeto passou um longo tempo para sair do papel, pois ainda em 2009 perguntei ao próprio Geraldo por esse projeto e ele me dito que até março de 2010 o projeto sairia. Não há como negar que saiu em março, porém um ano depois.

Salve São Francisco é o seu 24º álbum contando com alguns projetos especiais como os três geraldos, por exemplo. Nesse novo álbum Geraldo convidou uma constelação de estrelas de nossa MPB para o acompanhá-lo entre as 12 canções que compõem esse belíssimo disco. Nomes como Maria Bethânia, Dominguinhos, Djavan e Ivete Sangalo fazem parte desse mítico projeto estrelado por nosso Geraldinho Azevedo (que no último doa 06 de março precisou submeter-se a um cateterismo).

As Faixas são as seguintes:
01 - Barcarola Do São Francisco (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando) (Com Djavan)
02 - Santo Rio (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando) (Com Dominguinhos)
03 - Águas Daquele Rio (Geraldo Amaral) (Com Geraldo Amaral)
04 - São Francisco São (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes / Geraldo Amaral) (Com Márcia Porto)
05 - Opara (Salve São Francisco) (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes) (Com Fernanda Takai)
06 - Francisco Francisco (Roberto Mendes / Capinan) (Com Roberto Mendes)
07 - Riacho do Navio (Luiz Gonzaga / Zé Dantas) (Com Alceu Valença)
08 - Carranca que chora (Geraldo Azevedo / Capinan) (Com Maria Bethânia)
09 - Petrolina e Juazeiro (Geraldo Azevedo / Moraes Moreira) (Com Moraes Moreira)
10 - O ciúme (Caetano veloso) (Com Ivete Sangalo)
11 - Saudade do vapor (Vavá Cunha) (Com Vavá Cunha)
12 - São Francisco Help (Geraldo Azevedo / Galvão) (Com Djavan, Dominguinhos, Alceu Valença, Geraldo AmaralFernanda Takai)
Posted: 20 Mar 2011 06:39 PM PDT
Há 15 anos atrás, em 14 de março de 1996, morria Francisco dos Santos, o Cascatinha da dupla Cascatinha e Inhana. Francisco era casado com Ana Eufrosina da Silva, no qual formaram juntos uma das principais duplas sertanejas do Brasil.
Nascidos no interior de São Paulo, desde cedo a dupla apaixonou-se pela poesia da música sertaneja. Francisco dos Santos já tocava bateria e violão e se apresentava cantando modinhas, canções e valsas românticas. Quando da chegada do circo Nova Iorque no município de Araraquara, Francisco conheceu o cantor Chopp e resolveu formar dupla com ele, adotando então o nome artístico de Cascatinha, nome de famosa cerveja da época, para estar de acordo com o nome do parceiro. Por essa época, Ana Eufrosina se apresentava como solista em um conjunto formado por seus irmãos. A dupla Chopp e Cascatinha se apresentava em circos. Francisco e Ana se conheceram e casaram em 1941. Formou-se então o Trio Esmeralda, com Chopp, Cascatinha e Inhana, nome artístico adotado por Ana. O Trio Esmeralda viajou para o Rio de Janeiro obtendo relativo sucesso. Receberam prêmios nos programas César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, Manuel Barcelos e "Papel carbono", este de Renato Murce, ambos na Rádio Nacional. Em 1942 o Trio se desfez com a saída de Chopp. Cascatinha e Inhana ingressaram então no Circo Estrela D'Alva, com o qual fizeram excursão pelo interior dos estados do Rio e de São Paulo, para onde retornaram. Em São Paulo continuaram a atuar em diversos circos, tendo permanecido por cinco anos no Circo Imperial.



Em 1947 se apresentaram na Bauru Rádio Clube, que primeiro apresentou a nova dupla em rádios, nos programas "Luar do sertão" e "Cirquinho do Benjamim". Em 1948, passaram a atuar na Rádio América em São Paulo. Em 1950, foram contratados pela Rádio Record onde permaneceram atuando por doze anos. Em 1951, estrearam em disco pela Todamérica cantando a canção "La paloma", de Iradier e Pedro Almeida, e a toada brejeira "Fonteiriça", de José Fortuna, um dos compositores favoritos de Cascatinha. Em 1952, gravaram aqueles que seriam dois de seus maiores sucessos, assim como da própria MPB. Eram a canção "Meu primeiro amor" de H. Gimenez com versão de José Fortuna e Pinheirinho Jr., e a guarânia "Índia" de J. Flores e M. Guerrero, com versão de José Fortuna. A guarânia "Índia" vendeu 300 mil cópias em seu primeiro ano de lançamento e até a segunda metade dos anos 1990 vendeu mais de três milhões de discos. "Índia" mereceu ainda diversas gravações ao longo do tempo como as de Dilermano Reis ao violão, Carlos Lombardi, Trio Cristas e Valdir Calmon e sua orquestra. Em 1973 Gal Costa regravou "Índia", que deu nome a seu LP daquele ano e que obteve grande sucesso. Cascatinha e Inhana receberam em 1951 e 1953 o Prêmio Roquette Pinto. Em 1953, gravaram a toada "Mulher rendeira" tema folclórico com arranjo de João de Barro.

Em 1954, receberam a medalha de ouro da revista "Equipe" e ganharam o slogan de "Os sabiás do sertão", devido aos recursos vocais e às agradáveis nuances desenvolvidos pela dupla. Em 1953, continuando a trajetória de sucessos, lançaram as guarânias "Assunción", de José Fortuna e Federico Riera, e "Flor serrana", de Daniel Salinas e José Fortuna. A partir dessa época, seus nomes estiveram ligados à música paraguaia. Em 1955, estiveram no filme "Carnaval em lá maior", de Ademar Gonzaga, onde cantaram "Meu primeiro amor", outro grande sucesso. No mesmo ano gravaram o bolero "Queira-me muito", de G. Reig e Serafim Costa Almeida, e o rasqueado "Iracema", de Mário Zan e Nhô Pai. Outra gravação do mesmo ano e que fez muito sucesso foi a toada "Despertar do sertão", de Pádua Muniz e Elpídio dos Santos. Em 1956, lançaram mais um disco com versões de compositores paraguaios: a canção "Recordações de Ipacaraí", de D. Ortiz e Z. de Mirkim, com versão de Juraci Rago, e a guarânia "Noites do Paraguai", de S. Aguayo e P. J. Carles com versão de Nogueira Santos. Em 1957, lançaram entre outras, a valsa "Santa Cecília", de Ado Benatti e Carlos Piazolli, e a toada "Tropeiro gaúcho", de Cascatinha e Bolinha.



Em 1959, lançaram outro de seus maiores sucessos, a guarânia "Colcha de retalhos", de Raul Torres. No mesmo ano, Cascatinha foi promovido a diretor artístico da Todamérica, descobrindo vários talentos. Ainda em 1959, Cascatinha e Inhana gravaram "Rede de taboa", de Elpídeo dos Santos. Em 1960, gravaram os boleros "Quero-te", de Jolmagn, e "Mal pagadora", de L. Valdez Leal e José Fortuna. Em 1962, lançaram a canção rancheira "Coração incerto", de Nico Jimenez e J. Santana, e o rasqueado "Fui culpado", de Zacarias Mourão e Sebastião Vitto. Em 1963, lançaram a guarânia "Fujo de ti" de Waldick Soriano e Jorge Gonçalves, e o rasqueado "Felicidade", de Barrinha. Em 1967, lançaram LP com destaque para "Vinte e cinco anos", de Nonô Basílio, "O menino do circo", de Eli Camargo, "Flor do cafezal", de Carlos Paraná e "A estrela que surgiu", de Zacarias Mourão e Mário Albanesi. Em 1970, lançaram "Amor eterno", de Alfredo Borba e Edson Borges, "Se tu voltasses", de Cascatinha e Carijó, "Como que te quero", de Alberto Conde e Nilza Nunes, e "Castigo", de Marciano Marques de Oliveira. Em 1972, alcançaram sucesso com "Olhos tristonhos", de Dora Moreno. Em 1978, apresentaram no Teatro Alfredo Mesquita em São Paulo espetáculo no qual contavam sua trajetória artística. Ao longo da carreira apresentaram-se em diversos estados brasileiros, cantaram em circos, teatros e gravaram cerca de 30 discos. Em 1996, a Chantecler, dentro da série "Dose dupla", lançou o CD "Cascatinha e Inhana", com 23 composições gravadas pela dupla, entre as quais, "Índia", "Solidão", "Meu primeiro amor" e "Colcha de retalhos".

Maiores Sucessos (Ordem cronológica):


1951 - La Paloma
1952 - Meu Primeiro Amor (Lejania)
1952 - Índia
1953 - Mulher Rendeira
1955 - Queira-me Muito
1955 - Iracema
1955 - Meu Primeiro Amor
1956 - Recordações de Ypacaraí
1958 - Frô do Ipê
1958 - Casinha Pequenina
1959 - Colcha de Retalhos
1965 - A Lua é Testemunha
1966 - Vai com Deus (Vaya con Dios)
1968 - Anahy
1968 - Mulher Fingida (La Mujer Ladina)
1970 - Louco Amor
1971 - Mal de Amor
1972 - O Menino e o Circo
1973 - Flor do Cafezal
1974 - Se Eu Partir
1975 - Cruz de Ouro
1976 - No Silêncio da Noite
1977 - Dois Corações
1977 - Não me censures
1977 - Um novo amanhã
1980 - Cigarra Vadia
1988 - Guarânia da Lua Nova

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