É tanto pra se dizer
Que
o silêncio que nada diz
a
receita contradiz
e
ainda se faz
mais
valer
Eis
que são tantas as palavras
Que
estas se perdem da ordem
E
em desordem dispersadas
Transcendem-se
no silêncio
de vozes amordaçadas
E
este, o silêncio, é mais que mil palavras
E
fala por si, mesmo só
e órfão de todo som
O
tanto a dizer já não mais faz sentido
A
desconstrução vocabular se fez
por
sons e tons descodificados
em
algoritmos infindos
condensados
em fervente e lúdica enunciação
Os
olhares feriram-se e agora
operam
a auto cura
Filha
dos mesmos olhares
Herdeira
de outra expressão
O
enigma resolveu-se
e
em gozo esplêndido aquietou-se
até
nova manifestação
livre
e espontânea
e
também imprevisível
A
insígnia gravada
no
coração de um estigma
Que
é vivo e latente
desde
que a vida fez-se vida
Em
coração não se manda
Com
coração não se brinca
E
estamos a brincar
Desde
que o pobre coração
senhor
trepidante e inconstante da razão
Pulsou
e morreu-se de dor
tragando
a vida viva.
Roberval Paulo
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