A
folha da palmeira roça o meu rosto
E
me diz palavras de vento
E
lá distante, bem antes do advento
O
coqueiro já era na beira do mar
As
baleias e o seu canto chamando o amor
O
apito do trem e a vida a passar
No
norte da vida o sino a tocar
E
os trilhos sem fim de um andar agnóstico
O
existir é maior que a razão
E
o natural é mais que qualquer plano
A
ciência é o limiar de todo engano
E
o amor não é fogo que arde sem se ver
É,
antes de ser fogo, a própria chama
Que
inflama, reclama e se porta feito dor
Mas
é em mesmo tempo a cura indolor
Que
faz a mãe amar o filho ingrato
Esquecendo
de infarto e de súbito impacto
A
dor maior, a dor sem cor
A
dor de amor, a dor do parto
A
ciência não é cura, é realmente infarto
A
natureza é que leva a vida adiante
O
homem traça a estrada errante
E
se faz perdido entre a multidão
E
eu o esteio do seio de Abraão
Que
culpa tenho eu, eu não fiz a vida!
É
que o pastor agora é a ovelha perdida
Se
perdeu do rebanho e está sozinho.
O
errar do homem é o seu existir
Que
orgulho em ir sem saber pra onde ir
E
se dizer senhor do seu destino?
Ora
pois, que destino! Qual destino?
Como
enfim a roda explicar?
A
bola do mundo no espaço a girar
E
eu rodando com meus pensamentos
Minha
cabeça na bandeja do tempo
E
eu avesso à cronologia
Mato
um leão todo santo dia
E
sou réu confesso do santo no altar
O
bom da vida é saber esperar
Mas firmar o passo tão logo nasce o dia.Roberval Paulo
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