O
existir está longe de ser isso que vês
O
existir é tudo e não me iludo
Do
ópio imaterial
à
escuridão do matagal
Da
imensidão do ser
à
insignificância do ter
Penso,
logo existo!
Descartes
descarta a carta
Na
casta de um mundo real
De
um pensar que se desgasta
Se
não pensar, inexiste?
Descartes
engasga e disfarça
Existir
é ser espaço
É
ser vento e ser andança
É
ser o risco no passo
É
ser o passo na dança
Viver
é tão perigoso!
Ainda
mais quando o vivente
Vivendo
a vida se lança
Ao
exercício de um tudo
E
vestido de esperança
Se
vai por aí sem rumo
Rumo
ao rumo da distância
Tão
distante que aproxima
A
velhice da infância
Existir
é contar estrelas e delas nada saber
Mas
saber, inclusive, que elas nos habitam
Saber
que no frigir dos ovos e da própria existência
Somos
mais estrelas que pó
Mais
espaço que esfera
Mais
trigo que pão de ló
Enfim,
mais nuvem do que artérias
Mais
espírito que matéria
Mais
multidão do que só.
Roberval Paulo
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