Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
NO ESTRADAR DA INFÂNCIA - Roberval Paulo
Escrevi este meu sonho antes da noite acordar
Um sonho verde e vermelho mergulhado em sangue e tinta
Recordei a minha casa numa solidão retinta
A mocidade chegando pela porta do lembrar
E acordei quase sem eu, sem já ser eu, que desalento
Assim, misturando eu comigo, angustiado
Pus a mente lá distante a buscar os meus lembrados
Tanto fui longe que perdi meus pensamentos
Desalentado naveguei no meu sonho acarvonado
Onde deixei tanto riso e tanto sonho que nem sei
E nos dias já passados eu com medo cavuquei
O medo de perder o que nunca foi achado
Busquei o velho baú da mente dos meus guardados
Afugentei a poeira libertando a memória
E a caneta na mão e a mão e os olhos na história
Comecei a estradar a estrada do meu passado
No horizonte à distância do olhar, tudo ofuscado
Um verde desbotado se via lá no fim do mar
E era tanta légua e água o meu sonho a matizar
Que os meus olhos, meu caminho fez-se todo enluarado
Retornando ao começo da origem originada
Onde a saudosa saudade fez parar a consciência
Vi o terreiro e os laranjais no quintal da inocência
A rede embalançando uma paisagem aurorada
Disanuviando a nuvem que encobria minha lembrança
Disseminando o pensamento para além da serrania
Na nascente da tristeza eu vi brotar a alegria
E no verde ensangüentado descortinou a esperança
Rememorei tanta vida que eu vivi e nem lembrava
De minha mãe, seu riso terno e a máquina de costura
Noite adentro a costurar. De meu pai a formosura
A postura e a firmeza que minh’alma acalentava
E já outros dormidos no meu sonho perpassava
Na estrada o meu avô e o seu canto boiadeiro
O meu pai, a minha mãe e eu menino no terreiro
Perseguindo as borboletas, fazendo aquela algazarra
E os meus irmãos na caminhada a caminho da ribeira
Saltitantes, só meninos nas meninices da vida
Vagueando com os vagalumes à luz da fonte garrida
Borboleteando ao vento uma ciranda alvissareira
O rio da minha infância que aguacento me abraçava
E me espraiava em sua praia de areia algodoada
E me cantava as cantigas com sua voz aveludada
Rumorejando e levando meu ser que desabrochava
Era uma tarde de chuva, o horizonte escurecia
E a enxurrada na rua, cautelosa escorregava
E foi levando o meu tudo e fiquei só com o meu nada
E no espelho da memória desencantou a fantasia
Era ainda uma tarde nebulosa e atormentada
E o meu sonho, esfriado, noite adentro viajava
E a encontrar o inevitável todo o meu ser caminhava
E aquela ponte intransponível outra vez fechava a estrada
Ah! Se eu tivesse asas. Se as tivesse, eu voava
E no assombroso vazio do espaço eu reluzia
E todas as minhas noites eu clareava com dias
Para acordar o meu sonho em manhã ensolarada
Ficou desse tempo a dor de não poder nele voltar
Revive a alma a alegria cada recorte lembrado
As lágrimas caem do sonho p’ro real imaginado
E a rede embala o homem desse menino luar.
Roberval Paulo
SEMPRE SE MORRE AMANHÃ - Roberval Paulo
SEMPRE SE MORRE AMANHÃ - Roberval Paulo
A vida tem dessas coisas
Dessas coisas que não se entende
Porque da vida, porque da morte
Porquê disso, porquê daquilo
Por quê? Por que? Porque?
É tanta coisa pra se saber
que até é melhor não saber
Se sabendo ou não sabendo
Vamos indo a morrer
é tudo que eu sei
Sei que nasce o sol todo dia
A noite é da lua, Ave Maria!
Mas amanhã me vou embora
Sempre se morre amanhã
Aquele passarinho que canta
Porquê? Há! Não sei
O gato pulou
O canto cessou
Porquê?
Não me perguntem
Não sei... Não sei... Não sei...
Quem saberá?
A terra suspensa no ar
No espaço, sem cordas
não cai
A força da gravidade
A falta de gravidade
Também não tem cordas
Mas, e daí? Estou ficando é maluco
Porquê se fica maluco?
Também não sei
Não sei... Não sei... Não sei...
O homem ganha a vida
A vende depois para a morte
Nada era antes
Do nada à vida
Ganhou um nome
E agora? Agora ele tem um nome
E depois? Ele morre
Não vou dizer o por que
Simplesmente por não saber
O céu é azul
Azul é a cor do infinito
DEUS mora no infinito
Pensei que lá fosse o céu
Se é... Se não é...
Não sei... Mais sei...
Que amanhã me vou embora
Sempre se morre amanhã
É que a vida tem dessas coisas
Dessas coisas que não se entende
Um pobre... Um rico... Um homem...
Um morre, outro morre, o outro também morre
È tanta coisa pra se saber
Que até é melhor não saber
Mas amanhã vou me embora
E nada levarei comigo
O sol, o pássaro, o homem
A terra, a lua, o universo
A vida em prosa e verso
O vento, o tempo sem fim
Por quê? Por quê? Pra quê?
Não sei nem quero saber
Sempre se morre amanhã.
Roberval Paulo
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Blog Roberval Paulo: LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval ...
Blog Roberval Paulo: LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval ...: Uma cantiga de vento enrubesceu os amantes E na moldura viajante dos olhos A noite vinha lá do fim do mundo A lua se escondia na...
LUA DOS AMANTES - O novo quando vem... - Roberval Paulo
Uma
cantiga de vento enrubesceu os amantes
E
na moldura viajante dos olhos
A
noite vinha lá do fim do mundo
A
lua se escondia na brancura da nuvem
E
na sonoridade da alma
Um
silêncio se ouvia
Um
silêncio de fazer cantar os mudos
O
som do amor se encarnou por toda a luz
E
todas as bocas disseram o provar de corpos em êxtase
Um
uivo abafou a imensidão da distância
E
o prazer aquiesceu a alma enamorada
Os
desejos ardem, convulsões desenfreadas
Sensações
que se revelam
Na
rima solta do verso
O
ar cansado desmaia
Num
respirar lento e cortante
E
a forma disforme se renova
No
formatar novo do novo.
Roberval Paulo
FORÇA MÍSTICA - Roberval Paulo
Existe
uma força que é de nós desconhecida
Uma
força expressiva que a tudo dá movimento
Uma
força que é sentida, não se vê e não se toca
Força
essa que é revolta na profecia do tempo
Há
um mundo paralelo deste mundo que é palpável
Há
mais mundos paralelos do que podemos prever
Há
forças desconhecidas na galáxia que habitamos
E
quantas outras galáxias devemos desconhecer?
A
natureza é a mãe de todo ser existente
De
toda coisa que existe, da vida, gente, ciência
A
natureza é prenúncio, o germinar da semente
É
um mistério Divino, de Deus a onipotência
O
homem busca explicar-se ao construir sua ciência
Mas
foi criado por Deus, sua imagem e semelhança
E
desconhece esse Deus nesta santa ignorância
Não
sabe do Criador ser nossa única esperança
De
Deus é todo o poder, e glória e honra e amor
O
homem tão semelhante se apega a desatinos
Construiu
o egoísmo e ambiciona o poder
Constrói
assim o seu fim ignorando o Divino
A
vida, só, segue em frente e não retrocede nunca
Não
precisa questionar, é só em frente seguir
Pois
a vida, por si só, lhe mostrará o caminho
E
você, sem conhecer, saberá pra onde ir.
Roberval Paulo
DESCAMINHO - Roberval Paulo
Tem
hora que a estrada fecha
Tem
vez que o caminho acaba
É
aí que o rio enche
E
não tem jeito, deságua
Deságua
água no mundo
A
quem quer, a quem não quer
E
a estrada fechada
Em
dilúvio é desmanchada
Indo
ao revéz do moinho
E
o caminho acabado
Se
vai assim desaguado
Em
outro novo caminho
O
caminho que se abre
A
estrada que continua
Mais
seu humilde passante
Nunca
mais será o mesmo
Será
um outro do mesmo
Seguindo
um outro caminho
E
o passante, enluarado
Novo
estradar aventura
Ainda
mais caminhante
Ainda
mais açoitado
Mais
nunca mais será o mesmo
Novo
caminho em começo
Endireitando-se
o avesso
De
um caminhar renovado.
Roberval Paulo
CONSTRUÇÃO NATURAL - Roberval Paulo
Se
não for como eu falei
É
bem melhor que nem seja
É
melhor nem ser bastante
Pra
não ficar bem lembrado
É
melhor não ser amante
É
bom que seja espontâneo
É
preciso ser estranho
Pra
se dar a conhecer.
É
bom que saiba perder
Assim
se aprende a ganhar
Na
guerra em que for lutar
Lute
por qualquer verdade
Nos
becos dessa cidade
Quanta
mentira escondida
Quanta
gente destruída
E
outras mais se perdendo.
O
trem da vida correndo
Nos
trilhos do seu destino
A
vida em desalinho
Pede
socorro a morrer
Não
tem de não entender
Tudo
vai se consumar
Mesmo
que não concordar
Não
é o que ninguém falou
Nem
mesmo quem semeou
Ou
deixou de semear.
É
sol em qualquer lugar
Tempestade
em qualquer casa
Pra
voar tem que ter asa
Mas
é fácil rastejar
Eu
disse, eu vou falar
Tem
que ser como eu pensei
São
as coisas que eu não sei
Que
me fazem entender
Que
a vida pra não morrer
Precisa
entender a morte
Não
é mais como eu falei
É
como Ele escreveu
A
morte que Ele venceu
Não
foi plantada na sorte
Tudo
é como o vento norte
Tem
direção natural
Existe
a raíz do mal
Mesmo
em meio a todo amor
O
exército do desamor
É
construção natural.
Roberval Paulo
A CASA DA SEREIA - Roberval Paulo
No
fundo do mar, bem lá no fundo, no lugar encantado do mar existe casa. Casa
mesmo, de verdade; casa de tijolos e telha, casa seca, com móveis, colchão
macio, geladeira, fogão, churrasqueira; é, dá até pra se fazer churrasco. Tem
chuveiro quente, varanda... quintal com árvores, flores e pardais.
É
lá que habita a sereia do mar. Quando desencanta, é claro. E lá ela é mulher de
verdade, a mulher mais linda do mundo e com duas pernas, igual as das outras
mulheres e com tudo o mais de mulher. Lá ela não tem calda de peixe não. Lá ela
é mulher de verdade, de verdade mesmo e que sabe tudo de amar e de amor.
Bobo
que não sou, é lá que eu quero ir; é lá que eu quero chegar. Só aguardo a
aparição da sereia pra me mandar daqui e seguir com ela. Quando ela aparece, te
atrai. E se te beija, você se encanta com ela e aí, não se afoga, pode ir no
fundo do mar até a casa da sereia. E lá, depois do encanto, você será um homem
feliz e terá do seu lado a mulher mais linda do mundo e também o seu amor. Felicidade
eterna, posto que lá não se envelhece. Lá o tempo não passa, pois lá não se vê
a luz do sol. Tudo debaixo do sol passa, porém, lá é diferente. Como não é
iluminado; não é alcançado pela luz do sol, essa morada fica imune a ação do
tempo.
Só
existe uma situação em que tudo pode mudar. Não se pode perder o amor da sereia
amada. É diferente da vida aqui, acima das águas e debaixo do sol. Ela precisa
estar apaixonada sempre. E para isso, tu precisas lhe devotar todo o amor do
mundo, amá-la todos os dias e noites, satisfazer todos os seus caprichos e
desejos, dedicar todo o seu tempo de
vida à sereia amada. Ela, realmente,
precisa estar sempre apaixonada, porque senão, desfaz-se o encanto. Se ela se
desencantar de você, ela se veste de sua calda de peixe e vem à praia seduzir
um outro amor. E se isso acontecer, você já é passado pra ela. E como a vida no
fundo do mar; a vida de casa de sereia é imune a ação do tempo pela ausência da
luz do sol, isso quer dizer que lá o passado não existe, e, consequentemente,
você também não mais existirá, desaparecendo como que em um encantamento,
extinguindo-se na imensidão das águas, que, por sua vez, notícia alguma darão
de ti, sendo o seu fim eterno, sem direito a uma nova chance.
Então,
em se encantando e se enamorando dela, não perca o amor da sereia amada; não dê
motivos para que ela venha a deixar de gostar de você. Sede fiel e único em sua
vida e assim a terá por toda a eternidade, pois o amor verdadeiro jamais
morrerá. O amor perdura por toda a vida, seja lá, seja cá, e, uma vez perdido,
despedaça, e, despedaçado, seus cacos nunca mais se juntarão, tanto lá, como
cá. Então, seja o seu amor sereia ou mulher; seja lá ou seja cá, ame-a com
todas as suas forças, e lealdade, e amor, e dedicação para não vê-la partir,
pois, assim acontecendo, na sua partida, tanto lá, como cá, se dará o
desencanto, o desencanto do amor e aí, será tarde, porque, com ou sem a ação do
tempo, o gatilho apertado não trás mais a bala de volta. É assim no amor. Uma
vez perdido, a estrada se torna triste e você, sozinho, e, sozinho, é nada e o
nada se extingue, seja nos segredos do espaço ou no mistério das águas,
passando a ser só saudade. Saudade sabe, daquelas que não se vê e não se toca,
só se sente. Sentimento inaudível, inexplicável, insolúvel, só sentimento. De
sentir e de doer, enquanto o tempo, tanto lá, como cá, se esquece das horas; se
esquece de si próprio e acelera sua marcha rumo ao incerto e sabido, o único
mal... ou bem... irremediável, que amarga a face do nosso destino sobre este
ou... sobre o outro mundo. Não vou mais querer ir à casa da sereia.
Roberval Paulo
sexta-feira, 7 de julho de 2017
DITADURA? NUNCA MAIS!
Ninguém em sã consciência poderá sentir saudade do regime
militar. Vivemos um caos político, é bem verdade, liderado e protagonizado pela
corrupção, um dos grandes males da sociedade e por outros males ainda mais
nocivos, sendo, a ambição e egoísmo de nós humanos, e pelo mal maior, o
capitalismo, criado pelo mal anterior, responsável mor pelas desigualdades
sociais mundo afora, pois tem como fundamento e força de manutenção a
concentração da renda e poder nas mãos de uma minoria, em detrimento da grande
maioria. Mas daí, querermos voltar ao regime militar, à ditadura, um regime
responsável pela página mais negra da nossa história; um regime que segregou
uma nação inteira em prol de um projeto fantasioso, insano e atendendo mais a
interesses americanos do que nossos; um regime responsável por mutilar sonhos,
destruir famílias pela violência gratuita; um regime que assassinou pela
tortura, pela vergonha, pela humilhação e por homicídios covardes, tantos
inocentes; um regime endoidecido, de ideologia desvairada que via subversão até
no caminhar da dona de casa; um regime que suprimiu do seu povo um dos bens
mais preciosos da humanidade e que nos foi dado por Deus que é o livre
arbítrio, a nossa liberdade; um regime doente, instituído pela força doente de
um golpe, legitimado pela força, andando na ordem contrária da democracia e da
soberania nacional; um regime autoritário que subtraiu, minimizou e
desconsiderou os direitos do seu povo. Como sentir saudade disso que foi
chamado de regime militar? Isso foi uma das grandes vergonhas do nosso País e
que deve estar na nossa memória só pra entendermos que voltar à ditadura, ao
regime militar jamais, nunca mais. Sigamos em frente e que os nossos sonhos,
desejos e vontades possam ser livremente sonhados e almejados, apesar dos
pesares, apesar da desigual luta que ainda é nobre pelo livre exercício do ir e
vir.
Roberval Paulo
quinta-feira, 1 de junho de 2017
ESTRELA - Roberval Paulo
Ela
falava tanto de amor
E
eu a namorar-lhe as pernas, uma Deusa
Ela
sorria e dizia: sonho tanto!
E
eu a contemplar-lhe a beleza
E
o olhar de lado disfarçava uma lágrima
E
eu me perdia em tanta candura
Sorrindo,
chorando era tal qual um anjo
A
beleza emanava de uma forma pura
E
de anjo, tomava aspecto incandescente
E
a pele alva e dourada reluzia
O
semblante pueril já cheio de malícia
E
a boca moldando o pecado se abria
E
no desejo de amar esse amor pungente
Transformava-se
em vulcão a estrela fria.
Roberval Paulo
O ENCONTRO DO POETA - Roberval Paulo
Só entro na poesia quando
esta sai de mim
Eu a encontro quando ela me
deixa partir
Aí reflito! E ela pensa
comigo
E juntos, passeamos por um
campo florido
Ela agride bem o meu interior
E a resposta se vai em
palavras
Palavras soltas, palavras
tortas
Palavras, só palavras, sem
nada a dizer
Aí, mais reflito!
O entendimento da poesia
Esta ignora-me e me leva a voar
Povoa os meus sonhos, e
medos, e segredos
Toma corpo e invade o meu
mundo
Trás de volta o meu sonho no
vôo de um pássaro
Percorre em segundos a larga
distância do existir
E sua tinta se espalha feito
sangue
Aí, ainda mais reflito!
Aí, sou poeta.
Roberval Paulo
O SER DA LITERATURA - Roberval Paulo
escrever é não ser literário /
é sorrir no andar da criança /
encontrar com a noite e temê-la /
soluçar por amor, consumir-se /
escrever não é forma, é viver /
não à técnica, vamos na contramão /
a cabeça pensando e a mão /
rabiscando o papel do destino /
cometer o mesmo erro sem vezes /
se este erro é vontade da alma /
escrever é suor e não palma /
é sonhar na cruel realidade /
é fazer no caminhar, a história /
descrevendo a mentira e a verdade.
Roberval Paulo
PASÁRGADA NÃO MAIS EXISTE - Roberval Paulo
Para o poeta Manuel Bandeira (in memoriam)
Vou-me embora daqui Daqui pra um outro lugar
Aonde eu possa ter uns seis
anos mais ou menos
E todos os meus problemas
sejam sonhos de criança
Vou-me
embora daqui
Eu
sei que há um outro lugar
Aonde eu possa viver sem tudo
me incomodar
Aonde eu possa existir
existindo de verdade
E possa contar estrelas sem
verrugas me nascer
Vou-me
embora, vou-me embora, eu sei que já vou embora
Vou porque está em mim o
desejo de partir
O lugar já não existe, aqui
não existe nada
Não posso mais ser tão
triste, preciso me encontrar
E
quando a noite chegar
Quero um sonho que amanheça
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
Aí vou querer voltar aos seis
anos mais ou menos
Aí vou querer viver sem tudo
me angustiar
E
vou querer existir existindo de verdade
E vou poder encontrar-me no
lugar de onde eu vim
E os meus sonhos de criança
vou poder recomeçar
E não vou mais ser tão
triste, vou até me alegrar
Pois
não encontrei Pasárgada
Pasárgada não mais existe
Não vou nem mais querer ter
vontade de me matar
À
noite só quero amar
À noite só quero amar
À noite só quero amar sem
medo de ser feliz
É que aprendi que a vida é a
realidade que há
A realidade que é minha
A realidade que é nossa
A realidade da qual
Se vence no caminhar.
Roberval Paulo
MENORES ABANDONADOS - Roberval Paulo
Pe. Zezinho escreveu em uma linda
música da sua imensurável obra, que carrega exatamente esse título:
"MENORES ABANDONADOS / Alguem os abandonou / Pequenos e mal amados / O
progresso não os adotou". (Pe. Zezinho).
Realmente, o progresso não os adotou.
Renato Russo questionava: "Que país é este? Que país é este?
E eu questiono até hoje, sem poder disfarçar a tristeza da impotência e a naturalidade e normalidade do mea culpa. E, revestido de uma amarga revolta, parafraseando Renato Russo, replico: Que progresso é este? Como chamar progresso um sistema que abandona crianças que ainda nem gente "adulta" é ao destino das ruas sem direção e ao acaso de tão malfadada sorte? Que modelo de sociedade construímos?
E ainda batem no peito e mostram a cara lavada e sem culpa nem vergonha nenhuma dizendo que a onda agora e necessidade primeira é um tal desenvolvimento sustentável. Que precisamos continuar nos desenvolvendo porém sem agredir e sem destruir. Não sabem o que estão dizendo. Ou sabem e disfarçam a realidade nua e crua pela fantasia de um discurso e de um sistema que exclui, segrega e extingue vidas das mais diversas todos os dias.
Quer agressão maior do que matar e aniquilar sonhos e desejos de gerações inteiras? Quer agressão mais cruel do que continuar a deixar dormindo quem ainda nem acordou? Como redimirmos-nos um dia por ferirmos com aço letal e fatal os sonhos coloridos de cores mil do tempo de criança e transforma-los na fatalidade clara e real do preto no branco essa geraçãozinha que continuamos cinicamente a dizer e com todas as letras que esses são o futuro do amanhã?
Realmente, o progresso não os adotou.
Renato Russo questionava: "Que país é este? Que país é este?
E eu questiono até hoje, sem poder disfarçar a tristeza da impotência e a naturalidade e normalidade do mea culpa. E, revestido de uma amarga revolta, parafraseando Renato Russo, replico: Que progresso é este? Como chamar progresso um sistema que abandona crianças que ainda nem gente "adulta" é ao destino das ruas sem direção e ao acaso de tão malfadada sorte? Que modelo de sociedade construímos?
E ainda batem no peito e mostram a cara lavada e sem culpa nem vergonha nenhuma dizendo que a onda agora e necessidade primeira é um tal desenvolvimento sustentável. Que precisamos continuar nos desenvolvendo porém sem agredir e sem destruir. Não sabem o que estão dizendo. Ou sabem e disfarçam a realidade nua e crua pela fantasia de um discurso e de um sistema que exclui, segrega e extingue vidas das mais diversas todos os dias.
Quer agressão maior do que matar e aniquilar sonhos e desejos de gerações inteiras? Quer agressão mais cruel do que continuar a deixar dormindo quem ainda nem acordou? Como redimirmos-nos um dia por ferirmos com aço letal e fatal os sonhos coloridos de cores mil do tempo de criança e transforma-los na fatalidade clara e real do preto no branco essa geraçãozinha que continuamos cinicamente a dizer e com todas as letras que esses são o futuro do amanhã?
Quanta
hipocrisia! Que sociedade continuamos a reinventar e aprimorar mundo e tempo a
fora? Porque, salvo as conquistas tecnológicas que atende, se manifesta e se
consolida em todas as áreas, tudo dá no mesmo. Tudo tá no mesmo ou seja, a
dominação dos mais fracos pelos mais fortes continua.
Foi assim desde os primórdios e continua tudo igual.
Aí vem os grandes estudiosos e falam de evolução da humanidade. Das conquistas, das descobertas. Dos modelos de sociedade construídos, modulados, destituídos e reconstruídos ao longo do tempo da existência humana. Das relações humanas, dos valores éticos e morais. Da revolução na indústria, do crescimento e consolidação do comércio, das relações comerciais internacionais. Do intercâmbio e interação dos governos. Da integração econômica mundial; transnacional. Da interferência e ingerência dos governos na cozinha alheia, onde não lhes dizem respeito.
Enfim, da globalização. Enfim, da maximização dos ganhos em geral por quem detém o capital, seja de onde for, seja onde for. Não importa a origem. Seja asiático ou árabe, europeu ou ocidental, lícito ou ilícito, fruto da exclusão ou da extinção do que seja, mesmo que sejam vidas, o capital é o capital e como tal é tratado em qualquer destino a que se dispuser chegar e normalmente e legalmente, é recebido com pompas e com todas as honras.
Que bonitinho! Tudo está igual desde quando começou. Fico tão baratinado e perdido quando passo a analisar que não sei a quem atribuir culpas e responsabilidades. Acho que a todos nós mesmos, enquanto sociedade que somos. Porque desde as antigas gerações é assim; os fortes e os grandes dominam e aos mais fracos e pequenos, cabe calar e aceitar.
Na geração dos dinossauros, igual. Dos homens das cavernas, na idade da pedra, tudo igual. Na geração de Adão e na de Moisés, tudo igual continuou. Quando JESUS CRISTO veio ao mundo para tudo mudar, tudo continuou exatamente como estava, no mesmo. O que esperar mais? Em que ou em quem acreditar ou por qual causa lutar se a história e o passar dos anos, geração por geração, nos mostra que nada mudou. Lá no livro bíblico do Eclesiastes, este já dizia: "Que é o que foi? É o mesmo que o que há de ser: Que é o que se fez? É o mesmo que o que se há de fazer. Não há nada que seja novo debaixo do sol, e ninguém pode dizer: Eis aqui está uma coisa nova. Porque ela já a houve nos séculos que passaram antes de nós. Não há memória do que já foi, mas nem ainda haverá recordação das coisas que têm de suceder depois de nós, entre aqueles que hão de existir em tempo a elas muito posterior." Eclesiastes, cap. 1, vers. 9-11.
Ele estava certo, mesmo tão questionado em seu tempo. Realmente não há nada que aconteça que se possa dizer: vêde, isso é novo.
Sociedades e governos, em batalhas e guerras, continuam se degladiando e vencendo o tempo e, praticando tudo do igual.
O homem, nós, somos por nós mesmos, ambiciosos e trazemos junto à ambição o seu companheiro inseparável, o egoísmo. Aí está tudo e pronto. Com essas características que são nossas por natureza e tendo a oportunidade de desenvolvê-las, o resto que se dane.
Não importa o outro, quero saber é de mim. Não sei quem chora nem porque chora e isso não me importa nem me diz respeito, desde que eu possa continuar a sorrir. Essa é a nossa realidade.
Emily Bronte, grande escritora e poetisa britânica do século XVIII, autora de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES entre outros tantos, que publicou a sua primeira obra com o nome de homem em razão da segregação feminina da época, escreveu: "Se a mais vil das criaturas me esbofeteasse, eu não lhe retribuiria a ofensa e sim pediria desculpas por tê-la provocado." (Emily Bronte)
É bonito isso, muito fácil de dizer e até de escrever, sem precisar recorrer à grande escritora. Agora, viver é que são elas. Não carregamos em nós, apesar de sermos em mesma natureza, o espírito bondoso de JESUS CRISTO, que ofereceu o outro lado do rosto quando foi esbofeteado. Estamos mais para a popular lei de Gerson do bateu levou. É a lei do toma lá da cá e o resto que vá pras cucuias.
Falta amor ao próximo, como JESUS tanto pregou e difundiu e, principalmente, amor a nós mesmos. Este foi o legado de JESUS quando veio ao mundo: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." Mas nós, absortos e envolvidos que estamos e somos pela sobrevivência, diga-se de passagem, louca sobrevivência, não o demos ouvidos e não o entendemos e sim, o condenamos e o crucificamos.
Este mundo não pode ser abençoado se matamos aquele que dizem até hoje ser o nosso salvador. Podemos estar condenados por tempos sem fim e assim, levamos a condenar as nossas crianças.
E JESUS CRISTO, em sua infinita bondade e divina sabedoria, disse mais: "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus."
Não o entendemos e não fomos capazes de o atender em seu mais doce e sublime ensinamento e, por isso, as nossas crianças andam ao léo por aí, pelas praças e becos e sinais e pontos de drogas e de prostituição das grandes cidades, tão maltrapilhas e esfarrapadas, tão esquecidas e abandonadas, tão exploradas e sacrificadas que nem crianças parecem.
São os filhos da luz que receberam só trevas nessa sua morada terrena mas que, um dia, podem ter certeza, subirão em luz para a luz da qual originaram, enquanto que estes, os mandantes, governantes, detentores do vil metal e acumuladores de riqueza e da desgraça alheia, esses irão e terão como morada o...
Ah! Deixa pra lá. Deixo estes ilustres às moscas e me recuso a falar sobre eles.
Que o tempo e a estrada que a tudo faz nada e morto e igual se encarregue de tudo e que nossos filhos e netos e assim por diante nos conduzam à quarta e última geração e dimensão, tão além deste mundo. Simplório mundo de carne e lama.
E que sejam perdoados os nossos pecados, se houver perdão.
Roberval Paulo
Foi assim desde os primórdios e continua tudo igual.
Aí vem os grandes estudiosos e falam de evolução da humanidade. Das conquistas, das descobertas. Dos modelos de sociedade construídos, modulados, destituídos e reconstruídos ao longo do tempo da existência humana. Das relações humanas, dos valores éticos e morais. Da revolução na indústria, do crescimento e consolidação do comércio, das relações comerciais internacionais. Do intercâmbio e interação dos governos. Da integração econômica mundial; transnacional. Da interferência e ingerência dos governos na cozinha alheia, onde não lhes dizem respeito.
Enfim, da globalização. Enfim, da maximização dos ganhos em geral por quem detém o capital, seja de onde for, seja onde for. Não importa a origem. Seja asiático ou árabe, europeu ou ocidental, lícito ou ilícito, fruto da exclusão ou da extinção do que seja, mesmo que sejam vidas, o capital é o capital e como tal é tratado em qualquer destino a que se dispuser chegar e normalmente e legalmente, é recebido com pompas e com todas as honras.
Que bonitinho! Tudo está igual desde quando começou. Fico tão baratinado e perdido quando passo a analisar que não sei a quem atribuir culpas e responsabilidades. Acho que a todos nós mesmos, enquanto sociedade que somos. Porque desde as antigas gerações é assim; os fortes e os grandes dominam e aos mais fracos e pequenos, cabe calar e aceitar.
Na geração dos dinossauros, igual. Dos homens das cavernas, na idade da pedra, tudo igual. Na geração de Adão e na de Moisés, tudo igual continuou. Quando JESUS CRISTO veio ao mundo para tudo mudar, tudo continuou exatamente como estava, no mesmo. O que esperar mais? Em que ou em quem acreditar ou por qual causa lutar se a história e o passar dos anos, geração por geração, nos mostra que nada mudou. Lá no livro bíblico do Eclesiastes, este já dizia: "Que é o que foi? É o mesmo que o que há de ser: Que é o que se fez? É o mesmo que o que se há de fazer. Não há nada que seja novo debaixo do sol, e ninguém pode dizer: Eis aqui está uma coisa nova. Porque ela já a houve nos séculos que passaram antes de nós. Não há memória do que já foi, mas nem ainda haverá recordação das coisas que têm de suceder depois de nós, entre aqueles que hão de existir em tempo a elas muito posterior." Eclesiastes, cap. 1, vers. 9-11.
Ele estava certo, mesmo tão questionado em seu tempo. Realmente não há nada que aconteça que se possa dizer: vêde, isso é novo.
Sociedades e governos, em batalhas e guerras, continuam se degladiando e vencendo o tempo e, praticando tudo do igual.
O homem, nós, somos por nós mesmos, ambiciosos e trazemos junto à ambição o seu companheiro inseparável, o egoísmo. Aí está tudo e pronto. Com essas características que são nossas por natureza e tendo a oportunidade de desenvolvê-las, o resto que se dane.
Não importa o outro, quero saber é de mim. Não sei quem chora nem porque chora e isso não me importa nem me diz respeito, desde que eu possa continuar a sorrir. Essa é a nossa realidade.
Emily Bronte, grande escritora e poetisa britânica do século XVIII, autora de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES entre outros tantos, que publicou a sua primeira obra com o nome de homem em razão da segregação feminina da época, escreveu: "Se a mais vil das criaturas me esbofeteasse, eu não lhe retribuiria a ofensa e sim pediria desculpas por tê-la provocado." (Emily Bronte)
É bonito isso, muito fácil de dizer e até de escrever, sem precisar recorrer à grande escritora. Agora, viver é que são elas. Não carregamos em nós, apesar de sermos em mesma natureza, o espírito bondoso de JESUS CRISTO, que ofereceu o outro lado do rosto quando foi esbofeteado. Estamos mais para a popular lei de Gerson do bateu levou. É a lei do toma lá da cá e o resto que vá pras cucuias.
Falta amor ao próximo, como JESUS tanto pregou e difundiu e, principalmente, amor a nós mesmos. Este foi o legado de JESUS quando veio ao mundo: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." Mas nós, absortos e envolvidos que estamos e somos pela sobrevivência, diga-se de passagem, louca sobrevivência, não o demos ouvidos e não o entendemos e sim, o condenamos e o crucificamos.
Este mundo não pode ser abençoado se matamos aquele que dizem até hoje ser o nosso salvador. Podemos estar condenados por tempos sem fim e assim, levamos a condenar as nossas crianças.
E JESUS CRISTO, em sua infinita bondade e divina sabedoria, disse mais: "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus."
Não o entendemos e não fomos capazes de o atender em seu mais doce e sublime ensinamento e, por isso, as nossas crianças andam ao léo por aí, pelas praças e becos e sinais e pontos de drogas e de prostituição das grandes cidades, tão maltrapilhas e esfarrapadas, tão esquecidas e abandonadas, tão exploradas e sacrificadas que nem crianças parecem.
São os filhos da luz que receberam só trevas nessa sua morada terrena mas que, um dia, podem ter certeza, subirão em luz para a luz da qual originaram, enquanto que estes, os mandantes, governantes, detentores do vil metal e acumuladores de riqueza e da desgraça alheia, esses irão e terão como morada o...
Ah! Deixa pra lá. Deixo estes ilustres às moscas e me recuso a falar sobre eles.
Que o tempo e a estrada que a tudo faz nada e morto e igual se encarregue de tudo e que nossos filhos e netos e assim por diante nos conduzam à quarta e última geração e dimensão, tão além deste mundo. Simplório mundo de carne e lama.
E que sejam perdoados os nossos pecados, se houver perdão.
Roberval Paulo
terça-feira, 30 de maio de 2017
SONETO DA INTIMIDADE II - Roberval Paulo
O meu som tem a cor da tua
pele
A minha voz só se cala no teu
beijo
Olhando para o céu são os
teus olhos que eu vejo
A esfinge de um amor que se
revele
No evangelho da palavra que
se vele
Da moça se emoldurou a canção
E do canto fez se um rio em
oração
O prenúncio de um enigma, e
me fere
Não se entende, não entendo
esse tormento
Um sentimento que não quer se
revelar
Mais que vive e viaja no
pensamento
No intuito de juntos um dia
estar
Dois seres só esperando o
momento
Alma e corpo a este amor se
entregar.
Roberval Paulo
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