segunda-feira, 30 de abril de 2012

PERSISTÊNCIA - Roberval Paulo


água  desceu e o rochedo a cercou
Ela cavou... cavou... cavou... e passou
E venceu.
Tornou-se rio
E tornou-se mar.
O homem entendeu e deixou-a ir
E ela se foi
Senhora da vida.

Roberval Paulo

DOS GRANDES PRAZERES - Roberval Paulo


Os grandes prazeres da vida
São tão simples
                   como beijar um filho
Comer chocolate, por exemplo
É tanto prazer
                   que de tão bom
parece pouco.
Mas ninguém dá valor
                   nem importância maior
Querem mesmo é dinheiro
mesmo que neste
                  não se sinta sabor
E sim o prazer
                   de comprar o mundo
mesmo perdendo
                            o prazer maior,
                   de comer chocolates
                   de beijar seu filho
                   de sorrir com ele
                   de sonhar com ele
                   de mostrar-lhe o mundo
                   de mostrar-lhe a vida
e nele, fazer um afago
         e dele, receber um carinho.

Roberval Paulo

MENORES ABANDONADOS - Roberval Paulo


Pe. Zezinho escreveu em uma linda música da sua imensurável obra, que carrega exatamente esse título: "MENORES ABANDONADOS / Alguem os abandonou / Pequenos e mal amados / O progresso não os adotou". (Pe. Zezinho).
Realmente, o progresso não os adotou.

Renato Russo questionava: "Que país é este? Que país é este?

E eu questiono até hoje, sem poder disfarçar a tristeza da impotência e a naturalidade e normalidade do mea culpa. E, revestido de uma amarga revolta, parafraseando Renato Russo, replico: Que progresso é este? Como chamar progresso um sistema que abandona crianças que ainda nem gente "adulta" é ao destino das ruas sem direção e ao acaso de tão malfadada sorte? Que modelo de sociedade construímos?

E ainda batem no peito e mostram a cara lavada e sem culpa nem vergonha nenhuma dizendo que a onda agora e necessidade primeira é um tal desenvolvimento sustentável. Que precisamos continuar nos desenvolvendo porém sem agredir e sem destruir. Não sabem o que estão dizendo. Ou sabem e disfarçam a realidade nua e crua pela fantasia de um discurso e de um sistema que exclui, segrega e extingue vidas das mais diversas todos os dias.

Quer agressão maior do que matar e aniquilar sonhos e desejos de gerações inteiras? Quer agressão mais cruel do que continuar a deixar dormindo quem ainda nem acordou? Como redimirmos-nos um dia por ferirmos com aço letal e fatal os sonhos coloridos de cores mil do tempo de criança e transforma-los na fatalidade clara e real do preto no branco essa geraçãozinha que continuamos cinicamente a dizer e com todas as letras que esses são o futuro do amanhã? Quanta hipocrisia. Que sociedade continuamos a reinventar e aprimorar mundo e tempo a fora. Porque, salvo as conquistas tecnológicas que atende, se manifesta e se consolida em todas as áreas, tudo dá no mesmo. Tudo tá no mesmo ou seja, a dominação dos mais fracos pelos mais fortes continua.

Foi assim desde os primórdios e continua tudo igual.
Aí vem os grandes estudiosos e falam de evolução da humanidade. Das conquistas, das descobertas. Dos modelos de sociedade construidos, modulados, destituidos e reconstruidos ao longo do tempo da existência humana. Das relações humanas, dos valores éticos e morais. Da revolução na indústria, do crescimento e consolidação do comércio, das relações comerciais internacionais. Do intercâmbio e interação dos governos. Da integração econômica mundial; transnacional. Da interferência e ingerência dos governos na cozinha alheia, onde não lhes dizem respeito.

Enfim, da globalização. Enfim, da maximização dos ganhos em geral por quem detém o capital, seja de onde for, seja onde for. Não importa a origem. Seja asiático ou árabe, europeu ou ocidental, lícito ou ilícito, fruto da exclusão ou da extinção do que seja, mesmo que sejam vidas, o capital é o capital e como tal é tratado em qualquer destino a que se dispuser chegar e normalmente e legalmente, é recebido com pompas e com todas as honras.

Que bonitinho. Tudo está igual desde quando começou. Fico tão baratinado e perdido quando passo a analisar que não sei a quem atribuir culpas e responsabilidades. Acho que a todos nós mesmos, enquanto sociedade que somos. Porque desde as antigas gerações é assim; os fortes e os grandes dominam e aos mais fracos e pequenos, cabe calar e aceitar.

Na geração dos dinossauros, igual. Dos homens das cavernas, na idade da pedra, tudo igual. Na geração de Adão e Moisés, tudo igual continuou. Quando JESUS CRISTO veio ao mundo para tudo mudar, tudo continuou exatamente como estava, no mesmo. O que esperar mais? Em que ou em quem acreditar ou por qual causa lutar se a história e o passar dos anos, geração por geração, nos mostra que nada mudou. Lá no livro bíblico do Eclesiastes, este já dizia: "Que é o que foi? É o mesmo que o que há de ser: Que é o que se fez? É o mesmo que o que se há de fazer. Não há nada que seja novo debaixo do sol, e ninguém pode dizer: Eis aqui está uma coisa nova. Porque ela já a houve nos séculos que passaram antes de nós. Não há memória do que já foi, mas nem ainda haverá recordação das coisas que têm de suceder depois de nós, entre aqueles que hão de existir em tempo a elas muito posterior." Eclesiastes, cap. 1, vers. 9-11.

Ele estava certo, mesmo tão questionado em seu tempo. Realmente não há nada que aconteça que se possa dizer: Vêde, isso é novo.

Sociedades e governos, em batalhas e guerras, continuam se degladiando e vencendo o tempo e, praticando tudo do igual.

O homem, nós, somos por nós mesmos, ambiciosos e trazemos junto à ambição o seu companheiro inseparável, o egoísmo. Aí está tudo e pronto. Com essas características que são nossas por natureza e tendo a oportunidade de desenvolvê-las, o resto que se dane.

Não importa o outro, quero saber é de mim. Não sei quem chora nem porque chora e isso não me importa nem me diz respeito, desde que eu possa continuar a sorrir. Essa é a nossa realidade.

Emily Bronte, grande escritora e poetisa britânica do século XVIII, autora de O MORRO DOS VENTOS UIVANTES entre outros tantos, que publicou a sua primeira obra com o nome de homem em razão da segregação feminina da época, escreveu: "Se a mais vil das criaturas me esbofeteasse, eu não lhe retribuiria a ofensa e sim pediria desculpas por tê-la provocado." (Emily Bronte)

É bonito isso, muito fácil de dizer e até de escrever, sem precisar recorrer à grande escritora. Agora, viver é que são elas. Não carregamos em nós, apesar de sermos em mesma natureza, o espírito bondoso de JESUS CRISTO, que ofereceu o outro lado do rosto quando foi esbofeteado. Estamos mais para a popular lei de Gerson do bateu levou. É a lei do toma lá da cá e o resto que vá pras cucuias.

Falta amor ao próximo, como JESUS tanto pregou e difundiu e, principalmente, amor a nós mesmos. Este foi o legado de JESUS quando veio ao mundo: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." Mas nós, absortos e envolvidos que estamos e somos pela sobrevivência, diga-se de passagem, louca sobrevivência, não o demos ouvidos e não o entendemos e sim, o condenamos e o crucificamos.

Este mundo não pode ser abençoado se matamos aquele que dizem até hoje ser o nosso salvador. Podemos estar condenados por tempos sem fim e assim, levamos a condenar as nossas crianças.

E JESUS CRISTO, em sua infinita bondade e divina sabedoria, disse mais: "Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus."

Não o entendemos e não fomos capazes de o atender em seu mais doce e sublime ensinamento e, por isso, as nossas crianças andam ao léo por aí, pelas praças e becos e sinais e pontos de drogas e de prostituição das grandes cidades, tão maltrapilhas e esfarrapadas, tão esquecidas e abandonadas, tão exploradas e sacrificadas que nem crianças parecem.

São os filhos da luz que receberam só trevas nessa sua morada terrena mas que, um dia, podem ter certeza, subirão em luz para a luz da qual originaram, enquanto que estes, os mandantes, governantes, detentores do vil metal e acumuladores de riqueza e da desgraça alheia, esses irão e terão como morada  o...

Ah! Deixa pra lá. Deixo estes ilustres às moscas e me recuso a falar sobre eles.

Que o tempo e a estrada que a tudo faz nada e morto e igual se encarregue de tudo e que nossos filhos e netos e assim por diante nos conduzam à quarta e última geração e dimensão, tão além deste mundo. Simplório mundo de carne e lama.

E que sejam perdoados os nossos pecados, se houver perdão.

Roberval Paulo

ÀS VEZES É PRECISO FALAR DE AMOR - Roberval Paulo



Houve uma era em que mais se sentia o amor. E nesse tempo, um  homem que viveu além de tudo e de todas as coisas possíveis e impossíveis, dizia: Amai-vos uns aos outros como eu vos amo. E disse mais: Amai ao próximo como a ti mesmo. Mas, plantar o amor é difícil; colher, muito mais difícil se faz. Ele foi perseguido, acusado, julgado e condenado e, foi morto. Seu pecado? – Falar e viver o amor.

A vida se fez diferente a partir daí. Com o seu amor infinito, libertou e salvou todas as gerações passadas, contemporâneas e futuras pelo seu sacrifício e sofrimento aos pés do calvário, sob o peso do lenho da cruz e pelo seu sangue, que alimenta todos os nossos dias. O mundo se dividiu entre antes e depois dele. A vida triunfou e venceu a morte e a fonte de água viva jorrou no seio da humanidade.

Hoje, depois de tanto tempo e situando-me dentro da realidade atual, pergunto a mim, sem poder livrar-me de uma estranha sensação de descontentamento e impotência: Nada valeu a pena? Será que tudo foi em vão? Recorro ao poeta, que em um tempo mais recente, dizia: Tudo vale a pena se a alma não é pequena. E assim, busco alcançar um entendimento que possa, pela força desse mesmo amor que é dele e que habita em mim, salvar-me e libertar-me das garras sangrentas  do egoísmo e da ambição que, pela inconteste e maléfica influência do desejo negro do ter, instalou-se em nós e nos impede de abrir as portas para as virtudes do ser. O mundo já não canta o amor e a história continua a se fazer com sangue. No ciclo vicioso do poder, a ambição gera seus filhos, verdadeiros pais do egoísmo. A destruição é total e se demorarmos a acordar desse sono e sonho malditos, o caminho é sem volta.

A natureza, agonizando, pede socorro, sem ser ouvida. Os valores éticos e morais foram-se, partiram para uma galáxia distante, expulsos pela nossa soberba e cobiça e pelo nosso desprezo e desrespeito ao semelhante. Só se vê descaso pelas questões sociais que afligem o planeta e aniquila milhões de semelhantes, transformando-os em bichos à procura do nada, abatidos todos os dias pelo tiro certeiro do inevitável, agindo fora do seu ciclo natural. A sociedade perece, vítima do seu próprio desamor e leva consigo a inocência que um dia foi nossa e que reinava nos recôncavos perdidos e esquecidos do limiar da existência. O caos é total e parece não ter fim. Tornar-se-á eterno como eterno foi um dia, o amor, que dorme, enfraquecido e desqualificado, no seio desumano dos humanos que somos.

É preciso acordar. O sinal de alerta já foi acionado e a luz das trevas só espera o momento para reinar sozinha, negra e sem cor e desesperançada de viver.  A vida, agora, ínfima e tênue, continua a descendente escalada e, teimosa e obstinada que é, procura perenemente e incessantemente pelo amor, para ressuscita-lo.  Procura incansável mas necessária. Só este encontro será capaz de alterar esta realidade; vida e amor andando juntos.

Assim, penso e ainda me sinto existir e volto a crer, depois de tantas incertezas, que a humanidade tem jeito. Mas, depende de todos nós. Vamos dar essa mãozinha. Vamos, todos nós, juntos, ressuscitar o amor e semea-lo em nosso meio e seio. E aí, cheios e repletos do amor, vamos trilhar juntos o caminho da paz, da compreensão, da igualdade e da vida digna e justa a todos, indiscriminadamente. Só o amor de tudo é capaz e é, esse amor, o dom maior. Está no ser e o ser é o espírito e é tudo o que resta. O espírito que é amor; o amor que é espírito. É isso mesmo. Sendo assim, estamos recomeçando no caminho certo.

É o que sempre digo.
Às vezes é preciso falar de amor.

Roberval Paulo

domingo, 29 de abril de 2012

OLHOS NOS OLHOS - Roberval Paulo


Quando tua mão pesar sobre mim, direi:
Porque todos esses anos de infortúnio sobre a terra?
Porque tanta dor se o que buscamos é o prazer?
Se me ouvirá, não sei
Se tenho razão, menos sei ainda
Só acho que o que ainda sei é amar.

Quando tua voz me pedir contas do que fiz, lhe perguntarei:
Posso eu também pedir contas de ti?
Podemos conversar, só conversar, sem cobranças?
Podemos nos sentar e nos falarmos como dois amigos?
Não sei se assim pode ser. Menos ainda sei se assim posso agir.
Só acho que o que ainda sei e posso dizer é que eu amo.

Amo a vida que tenho e não sei se me pertence
Amo o ventre que me gerou e me concebeu
                                      e o rebento do qual sou raíz
Amo o patriarca da minha humilde existência e aos irmãos e irmãs
                                      de lastro sanguíneo e familiar que me destes
Amo as forças conhecidas da natureza, alimento indispensável para a vida
Amo ainda as forças desconhecidas da natureza, sinais latentes e incessantes do teu poder e glória e amor.

Quando teus olhos me olharem e eu neles perceber
                                      um olhar de interrogação, lhe responderei:
O que queres de mim?
O que queres que eu faça se tudo o que fiz não valeu?
Em que Pátria nos desentendemos? Em que corpo me perdi?
Não sei se me ouvirá. Nem sei se assim posso indagar a ti
Só sei que o que ainda acho que sei é da força do amor.

Da força do amor que tudo pode e é só por ele que se vive
Da força desse amor que se justifica por si só e se qualifica por só ser
Da força do amor transcendente, completo em si, sem complementos, sem acessórios, sem adereços. O amor só pelo amor.
Que este sim, é infinito e não se paga imposto pra amar
Que este, o amor, é o que sinto e está no recôndito mais fundo do meu ser
Alimenta minha alma e só por ele se vence grandes distâncias e as agruras dos dias
E também sei que só o sinto pela tua suprema e magnânima existência e presença, pois, só matéria e pó como sou, não seria capaz de amar sem o teu sopro de amor infinito.

Quando teus olhos novamente me olharem e apresentarem aos meus olhos
o olhar da reprovação, eu... me penitenciarei
E lhe indagarei quanto mais do teu amor ainda resta em mim?
E lhe perguntarei o quanto ainda sou capaz de amar?
E lhe responderei que ainda procuro o que nem sei se é possível achar.
E, olhos nos olhos, chorarei
E pedirei perdão pelas minhas faltas
E pedirei perdão por duvidar de ti
E da tua bondade infinita me impregnarei e me agarrarei, me agarrarei à tua mão para não mais soltar.
Me agarrarei à tua mão para reerguer-me e não mais voltar a andar sozinho.

Sei que me perdoará.
Sei que não me abandonarás nunca como jamais abandonou um filho teu.
Aí sim, a luz se acenderá e juntos, juntinhos, lado a lado, caminharemos pela vastidão dessa estrada para não mais nos separarmos.
Dessa estrada que só se caminha, só se caminha, sem saber onde vai dar
Mas agora, confiante caminho e a eternidade nos espera
Pois já não ando mais sozinho e tenho o amor a me guiar.

Roberval Paulo

PERDEMOS A BATALHA - Roberval Paulo



As famílias choram e as lágrimas e gritos se espalham e se perdem, sem ser ouvidos, na insensatez e insensibilidade desumanizada de uma sociedade sem norte.

A dor não cicatriza e se sente mais e mais a cada dia, sem alcançar o porque, a razão; o motivo do nascer sem cura.
O que era família já não mais se vê nem se sabe. Os valores se perderam no precipício do que um dia foi princípio...

A ética e a moral só um pouco ainda existem, bem pouco, e o egoísmo e a ambição, associados à individualização do ser, hoje falam por si só ou pelo seu grupo de iguais, agrupando-se pelas conveniências do lucrar mais em detrimento do que um dia foi a classe humilde mais abastada que, mesmo habitando o lado esquerdo da moeda, tinham o seu valor, pois a dignidade mantinha-se no exercício do seu auto e garantido sustentar.

Hoje não mais. O que foi família já não se vê. Os valores se foram na evolução imaterial, revertida na agregação e adição surtada da razão à emoção do material, que se agiganta em importância nas relações que já foram de amor, transformadas hoje em mero comércio no objetivo seco e bruto do quem ganha mais.

O capital é a razão de ser da nossa inescrupulosa e irracional sociedade. Ele se faz “nobre” e único objetivo e meta nas mãos dos amantes da ambição e do egoísmo e, nesta matemática do ter que só opera a soma e a multiplicação, a parte mais frágil da sociedade, em tão maior número, vem a cada dia sendo subtraída e  subtraindo-se, exercendo e executando, à força de sangue e dor, a divisão do que há muito se fez indivisível.

A batalha está perdida. O Socialismo que um dia sonhou socializar o mundo, "dis-socializou-se". Saiu de cena antes de se apresentar e, por isso, não foi entendido. Em sua primeira versão, antes de se aperfeiçoar, foi tolhido em suas ideias e tragado pelo trator negro e valorado materialmente do extemporâneo capitalismo que não considera e não respeita nem tempo e lugar, muito menos vida e gente.

A batalha se perdeu e as sociedades perecem vítimas do seu próprio desamor para com o seu igual e vencidas pelo maligno e insensível existir do ouro e do poder, e, por consequência, pela inteligência humana que se faz insana quando o assunto é ter e acumular e... sempre ter mais.

A razão está devidamente comprometida e perdida e a emoção responde pela sandice e imundície que somos.

Sandice e imundície que somos enquanto sociedade criada à imagem e semelhança de Deus.
E que ele, DEUS, nos perdoe, se houver perdão.

Roberval Paulo

sábado, 21 de abril de 2012

O Ser Mulher - Superior e toda a sua importância - Uma linda e sublime homenagem à você Mulher

O Mundo sem as Mulheres

O cara faz um esforço tremendo para ficar rico. Pra que?
O sujeito quer ficar famoso. Pra que?
O indivíduo malha, faz exercícios. Pra que?

A verdade é que é a Mulher o objetivo do homem.
Tudo o que eu quis dizer é que o homem vive em função de você mulher.
Vivem e pensam em você o dia inteiro, a vida inteira.
Se você, Mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Homem nenhum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem,
para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.
Um mundo só de homens seria o grande erro da criação. Cruz creeedooo!!!

Já dizia a velha frase que "atrás de todo homem bem sucedido existe uma grande Mulher".
O dito está envelhecido. Hoje eu diria que "na frente de todo homem bem sucedido, existe uma grande mulher".
É você, Mulher, quem impulsiona o mundo.
É você quem tem o poder, e não o homem.
É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias.
Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem sucedida, ficou na frente de todos os homens.

E, se você que está lendo agora, for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher.
Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua.
Só homens, já pensou? Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras?
Enfim, um mundo sem metas. As mulheres é que fazem as metas.

Alguns motivos pelos quais os homens gostam tanto das Mulheres:

1. O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só xampu;
2. O jeitinho que elas tem de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro;
3. A facilidade com a qual cabem em nossos braços;
4. O jeito que tem de nos beijar e, de repente, fazer o mundo ficar perfeito;
5. Como são encantadoras quando comem;
6. Elas levam horas para se vestir, mas, no final, vale a pena ter esperado;
7. Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora;
8. Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans com camiseta e rabo de cavalo;
9. Aquele jeitinho sutil de pedir um elogio;
10. Como ficam lindas quando discutem;
11. O modo que tem de sempre encontrar a nossa mão;
12. O brilho nos olhos quando sorriem;
13. Ouvir a mensagem delas na secretária eletrônica logo depois de uma briga horrível;
14. O jeito que tem de dizer "Não vamos brigar mais não"...
15. A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza;
16. O modo de nos beijarem quando dizemos "eu te amo";
17. Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta;
18. O modo que tem de se atirar em nossos braços quando choram;
19. O jeito de pedir desculpas por terem chorado por alguma "bobagem";
20. O fato de nos darem um tapa achando que vai doer;
21. O modo com que pedem perdão quando o tapa dói mesmo (embora jamais admitamos que doeu);
22. O jeitinho de dizerem "estou com saudades";
23. A saudade que sentimos delas;
24. A maneira que suas lágrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes causem dor;
25. A sensação que massageia a alma quando nos chama "AMOR".

      Para as Mulheres, que elas possam perceber o quanto são importantes,

      e, para os homens, que eles possam perceber o quanto elas, "vocês, mulheres," são especiais.

       Texto: desconhecemos o autor  -  Formatação: paivabsb-df@uol.com.br.

Roberval Paulo: Por minha conta, minha única conta, digo o seguinte:
"A MULHER é o ser superior. 
Elas são o nosso comando, nossa luz, nosso caminho e a nossa razão de ser.
DEUS, em sua infinita e magnânima bondade, a fez tão bela, para que, diante dela, toda autoridade se curve e...se cure, cultuando-a.
               
Então, cuide daquela que o tem como seu. 
Eu...ah! Muitas eu tive e, as amei todas, mas, por não cuida-las, passaram,
     e em mim, um fio de AMOR cada uma deixou...
e...                 silencio-me...     
               e que o AMOR possa, por si só, se curar e... curar-me."

Roberval Paulo

Eu APRENDI, com William Shakespeare. Venha aprender junto...


Eu aprendi... 
...que ter uma criança adormecida nos braços 
é um dos momentos mais pacíficos do mundo ; 
Eu aprendi...
...que ser gentil é mais importante do que estar certo;
Eu aprendi... 
...que eu sempre posso fazer uma prece por alguém 
quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma; 
Eu aprendi...
...que não importa quanta seriedade a vida exija de você, 
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir juntos;
Eu aprendi... 
...que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para 
segurar e um coração para nos entender; 
Eu aprendi... 
...que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão 
nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas 
para mim quando me tornei adulto; 
Eu aprendi... 
...que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos; 
Eu aprendi... 
...que dinheiro não compra 'classe'; 
Eu aprendi... 
...que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular; 
Eu aprendi...
...que debaixo da 'casca grossa' existe uma pessoa 
que deseja ser apreciada, compreendida e amada; 
Eu aprendi... 
...que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa ? 
Eu aprendi... 
...que ignorar os fatos não os altera; 
Eu aprendi... 
...que quando você planeja se nivelar com alguém, 
apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você; 
Eu aprendi... 
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas; 
Eu aprendi... 
...que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa 
é me cercar de gente mais inteligente do que eu; 
Eu aprendi...
...que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;
Eu aprendi... 
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa; 
Eu aprendi... 
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda; 
Eu aprendi... 
...que as oportunidades nunca são perdidas; 
alguém vai aproveitar as que você perdeu. 
Eu aprendi... 
...que quando o ancoradouro se torna amargo 
a felicidade vai aportar em outro lugar; 
Eu aprendi... 
...que devemos sempre ter palavras doces e gentis 
pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las; 
Eu aprendi... 
...que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência; 
Eu aprendi... 
...que não posso escolher como me sinto, 
mas posso escolher o que fazer a respeito; 
Eu aprendi... 
...que todos querem viver no topo da montanha, 
mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você está escalando-a; 
Eu aprendi...
...que só se deve dar conselho em duas ocasiões:
quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;
Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer. 
Eu aprendi...
... que pessoas invejosas e que nos fazem mal, são dignas de pena e não de raiva.

(William Shaskespeare)

Obs: Este texto é atribuído a William Shakespeare, mas não em sua totalidade. No entanto, é intenso e vale a pena ler.  (Roberval Paulo).  

LUZ ÚNICA - Roberval Paulo

Uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade e Gabriel García Márquez – “in memoriam”.

Veias do tempo quatro ventos entrando pela janela
Arrepiando pelos, cabelos, alma e coração
Ser vivo s sentir o sol
Não tire o que é meu
Liberdade no vazio pardo dos olhos
Vazando a cadeia das teias do arrebol
Sou mais horizonte que céu
Mais loucura que conto de novela

Um homem voando no espaço
Pés e sonhos cravados na Física
Corpos no amor do filho chegando
Vida onde já não existe

Sou menino no Vietnã
Não tive querer
O sol na flor de Hiroshima
Canto que te vejo sonho
A luz única perdida nas trevas
Farol, barco, luar e muito amor
Mar e porto no tapete da sala
Eu e você
A manhã levando a noite
Sonhos que se materializam
O imaginário é real
Os deuses se foram no tempo
A morte venceu a vida
A vida em si, continua
Eu e você contra todos
Eu e você contra o mundo.

O escritório, o trabalho
A feira, o sentimento
A história, o lazer
O acontecer, a festa
O pregão, a fome
A especulação, o desemprego
A onda lambendo a favela
O sal na moça                        
                        e a moça na praia.
O tiro perdido...
A inocência na rua
O frio gelando ossos
Mesa farta, falta mesa
O amor nos tempos do cólera
Um homem vai devagar
Êta vida besta meu Deus!
Cem anos de Solidão
Drumond e García Márquez
A rotina tomando seu lugar
E agora José?
A luz apagou
Em olhos de cão azul
O veneno da madrugada
Não nos afastemos muito
Vamos de mãos dadas
Do ferro de Itabira
Um trem para Macondo
Em prosa ou poesia
Esquecer para lembrar
De sol em sol a peregrinação
E a vida mundo nem aí pra nós.

E que Deus ilumine a mente
            e o caminho dos homens,
para que eles possam construir nações,
                        verdadeiras nações
e não países – sociedades
            com sede de ouro e poder.

Roberval Paulo


A PEDRA - Antônio Pereira (Apon)

                   Obs.: Este poema, publiquei nesta página como de autor desconhecido, com o título de Pedras no Caminho. Tive a felicidade de, através desta publicação, descobrir o autor verdadeiro, o qual me disse ter sido plagiado inúmeras vezes com este mesmo poema, reclamando com razão.                               
                   Está feita a correção querido Antônio Pereira (apon), com os devidos créditos.

O distraído nela tropeçou. 
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu. 
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, ela foi brinquedo. 
Drummond a poetizou. Já Davi matou Golias, 
e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura.

E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem.
Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveita-la 
                                                                para o seu próprio crescimento. 
Facebook.com/pensenisso

             Transcrevo ainda, a seguir, a forma original do poema "A PEDRA", segundo o próprio autor Antônio Pereira (apon):

                               O distraído, nela tropeçou,
                        o bruto a usou como projétil,
                        o empreendedor, usando-a construiu,
                        o campônio, cansado da lida,
                        dela fez assento.
                        Para os meninos foi brinquedo,
                        Drummond a poetizou,
                        Davi matou Golias...
                        Por fim;
                        o artista concebeu a mais bela escultura.
                        Em todos os casos,
                        a diferença não era a pedra.
                   Mas o homem.   
                                                                 (Antônio Pereira (Apon)

     
              Deste Blog: Sobre a "PEDRA", são muitos os autores que falaram sobre e, com mais propriedade, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.
         Eu também, não com a mesma propriedade dos renomados citados, andei me referindo a esta "digníssima criatura" em alguns textos. Transcrevo um a seguir:

"Identidade Filosófica" - de Roberval Paulo

A nossa identidade está na pedra
Na natureza da pedra
Na dureza da pedra
Na pedra que a tudo suporta e teme

A nossa certeza é a da pedra
Da pedra que por tudo passa
Da pedra que em mim abraça
Seu corpo ainda semente.   

                       Roberval Paulo      

O SER MULHER - no "lindo" texto de Nana Rodrigues. Mulheres, leiam...


HOMEM TEM QUE TER SACO, MULHER TEM QUE TER PEITO 

                                                                     por Nana Rodrigues


Já que dela depende tudo, e ainda tem que andar com o peito esticado, empinado, siliconado. Se der certo a culpa é da mulher, mas se não der, daí é dela também.
Quem dera ter nas costas apenas a responsabilidade de brigar com alguns outros machos atrás de uns trocados. Mas não, é necessário fazer as unhas dos pés e das mãos, 20 ao total, tirar pelos de maneira extremamente dolor, se pintar para ir pra gerra, sobre um salto desumano, e ainda assim ter que manter os pés bem fincados num chão desnivelados pelas cobranças ancestrais.
E casar e ter filhos e parir e amamentar e dar o sangue todos os meses por um mundo masculinizado.
E deixar tudo bem, tudo em ordem, tudo em paz. Ter ombro amigo. E as pernas sempre abertas. Ser eternamente jovem, eternamente durinha, mas com uma ternura que "só a mulher" sabe ter.
Ser correta, ser honesta, ser direita, fina, comprometida com os valores de uma sociedade que nem sequer foi criada por nós.
E se depois de ser filha, sua experiência for tão traumatizante que você não se ache capaz de ser mãe, tira uma forcinha do cu e tenha uma dúzia de filhos problemáticos, que mulher só serve pra parir, só serve pra isso.
E se depois de anos enclausurada num molde que não te serve e te sufoca, a carne falar mais alto, mais forte e você fizer o que não deve, não se engane, mulher não é feita de carne, só de coração.
Comigo não!

Minha mãe achava que eu era um menino, mas tirei um bom proveito disso. Sou anfíbia.Uma mulher que carrega consigo a certeza de que não é só isso. Eu não menstruo, só depilo se me der vontade e na maioria das vezes não ligo, uso salto quando eu quero e depois ainda xingo o sapato por uns dois ou três dias. Me pinto pra ficar em casa ou tirar umas fotografias. Não quero ter filhos, mas amo os meus sobrinhos como se meus fossem. Moro em duas casas, numa sou solteira e noutra sou casada. Pensem o que quiserem. Pois a minha vida é feita dos meus pensamentos,  não dos seus. Não tenho liberdade, ainda, mas ando no seu encalço. Não estou  preocupada em morrer melhor do que nasci, já que isso vai acontecer impreterívelmente. Não tenho vergonha do meu corpo, se degradando com o tempo. Não tenho vergonha do meu corpo, redondo, que poderia ser quadrado, liso, reto, oblíquo que é, e ainda assim seria um corpo. Gosto de velocidade, de carros, de andar sem calcinha, de ver jogo de futebol e revista de "home" pelado. Gosto de dar risada. E de receber também. Gosto de massagem com creme nos pés.
GOSTO DE SER HUMANA.

Não consigo fugir dos padrões pré-estabelecidos, mas volta e meia, dou uma volta neles.
E quando não consigo, choro num canto, escondida, já que mulher chora, mas não na frente dos outros pra não incomodar o mundo inteiro.
Já que mulher não pode ser fraca, mesmo sendo a fraqueza a sua maior força. 
Já que mulher, bom, mulher é aquilo que ninguém entende.

fonte: Blog Nana Rodrigues - por dentro

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O SISTEMA POLÍTICO E A EVOLUÇÃO DO TER - Roberval Paulo


Sucesso não é só ter dinheiro. Dinheiro é importante e necessário porque o mundo é capitalista e precisa-se dele para viver. Porém, sucesso, não é só ter dinheiro.
Ter sucesso é estar em paz consigo e não perder a essência do natural, a autenticidade e os valores familiares, éticos e morais. Se harmonizar com o mundo, coisas e pessoas, situando-se passivo e serenamente no ambiente no qual está inserido.
Ter sucesso é poder levantar-se todo dia com a consciência em paz e, à noite, voltar para o aconchego do seu lar ainda em paz e poder dormir o sono dos justos.
Ter sucesso é compreender o contexto e a conjuntura da qual participa, ter voz ativa e consciência coletiva para discernir e assimilar que a estrutura é de todos e todos dela dependem, buscando, inteligentemente, o ponto de equilíbrio necessário à sobrevivência de todos.
Precisamos nos mexer. Não sei como mas precisamos lutar contra o poder do ter em detrimento do ser. O dinheiro virou a verdade absoluta das coisas e tudo pode por ele. Tudo é permitido desde que o objetivo seja angariar e ganhar mais e mais. Acostumamos-nos a isso e fermentamos em nós a insensatez, a indiferença e impotência diante da situação.
Ressalto sempre que o dinheiro é importante e é necessário tê-lo, pois é com ele que compramos a nossa casa, o nosso carro, a faculdade do nosso filho. É ele, o dinheiro, que nos permite desfrutar de tanta coisa boa que a vida oferece, satisfazendo e massageando o nosso ego e vaidade. O que refuto é que o TER não pode sobrepor-se ao SER.
Observem quanto caótica é a nossa realidade. Não existe, em nosso país, nenhum outro segmento que, num intervalo de tempo tão curto, promova mais o enriquecimento ilícito de pessoas do que o sistema político. E não tem, para isso, uma explicação lógica, pois, somando-se todas as rendas e subsídios recebidos oficialmente, revela-se uma discrepância e incompatibilidade enormes em relação ao patrimônio adquirido.
Mas todos consideram normal e isso mostra o quanto somos acomodados e alheios à nossa realidade e o quanto nos corrompemos também.
A realidade é cara e se apresenta aos nossos olhos para ser comprada todos os dias na sua forma mais dura e cruel.
Ø  Meninos abandonados e unidos nos sinais de trânsito das grandes cidades ou nos pátios tortos das praças mortas, tão pequenos e maltrapilhos que nem gente parece, tendo sacos de cola como alimento e roubando, roubando o que a sociedade lhes roubou: a dignidade, a inclusão, a família.
Ø  O tráfico aliciando crianças e jovens, homens e mulheres e matando inescrupulosamente quem não aderir ou se calar ao seu poderio.
Ø  As nossas meninas, a cada dia, mais novas, expostas e jogadas nos campos de prostituição, vendendo o corpo e a alma, vendendo os seus sonhos de menina e perdendo a sua aura de anjo.
Ø  As famílias enclausuradas pelas cercas físicas e cercas do medo, assustadas e angustiadas por aqueles que o estado não acolheu e que a evolução lhes negou oportunidades.
Ø  Pais de família começando a roubar, atirados ao submundo pela necessidade, desnorteados entre a fome e a necessidade de comer, entre a dignidade e o descaso.
Ø  As cidades inchando-se dia após dia de sonhadores em busca de dias melhores e que se transformarão, num futuro bem próximo, em um novo bando de miseráveis que arribaram do campo, do interior, tangidos pela miséria e pela fome e que agora engrossam as estatísticas da miséria e da exclusão nos leitos aflitos e imundos das formidáveis favelas.
Enquanto isso, o outro lado do mundo se movimenta; a outra face da moeda mostra a sua cara sinistra. Seus jatinhos e carrões, mansões e paraísos fiscais, piscinas e restaurantes, bebidas e... mulheres meninas. E estas, usadas e descartadas, já não mais vivem, vegetam, relegadas à impureza e ao assalto da sua alma e do seu corpo. Esta é a nossa realidade e nós entendemos tudo isso como normal.
Vejam o nosso congresso nacional, que mistura! Lá tem representantes de todos os segmentos que se dizem organizados do nosso país. Só não tem, de verdade, representantes do povo, do povão mesmo, da massa. Defendem somente os seus próprios interesses e não os interesses do povo.
Coitados de nós. Somos pobres e fracos, alienados e subordinados, interesseiros e imediatistas, sem consciência social e hipócritas. Que o silêncio, a impotência, a parcimônia, a insensatez, o imediatismo, o comodismo, a omissão e a degradação humana falem por todos nós.
Sentar-mos-emos na esfera do tempo e que o cortejo das horas nos leve ao outro lado do sonho, onde a realidade já foi subjugada e a vida, sozinha e única e despida de toda podre matéria, viva, esplêndida e celestialmente, para todo o sempre.
Amém!

Roberval Paulo

REMINISCÊNCIAS PÓSTUMAS DE UM MORTO VIVO - Roberval Paulo


Quando morri para os dias da vida
E parti na garupa da moça branca de neve
Vivi a enganação dos vivos
E ali, mortinho da silva, me vi carregado
Em ombros que eu nem conhecia

Lágrimas, muitas eu vi
De quem eu nem conhecia o pensar
E ao amigo olhei e caí a cara morta
Estava os olhos vidrados
Nos seios da viúva minha

Morri, é a quarta minha morte; não sabia morrer
Se soubesse não estaria vivo nesse corpo morto
Me vendo falsidade em olhos que tanto amei
Me rindo de bocas a quem nunca falei
Chorando a hipocrisia de vivos me querendo morto

Morri, já sinto a vida da morte
Roupa branca, mãos ao peito e suaves flores
Meu corpo deitado no caixão. A sala cheia
Amigos, parentes, desconhecidos e,
Minha Mãe
As lágrimas verdadeiras; soluça, como soluça
Sofre e mais soluça e se agarra ao morto seu
O morto que gerou em suas entranhas e não mais vive
Um corpo sem vida, que ainda vive, inanimado
Animado pelo amor de minha mãe, que jaz, mortalha viva
Parece que ela é quem morreu

Quis voltar da morte com uma mínima vida
Só para consolar-te Mãe, mas,
Estou morto e sinto o cheiro do morto que sou eu
Aquele cheiro que só velório sabe exalar
Mistura-se ao cheiro de flores mórbidas e de lutuosas velas
Velas em chama sem a chama da vida

Viver é muito perigoso, já dizia o poeta
Viver não é só perigoso; é muito mais que isso
Diz esse morto ainda quando a vida lhe vicejava
Ainda mais quando a morte se morre viva
O enterro vivo do morto que não morreu

Ser enterrado vivo mesmo quando jaz morto
Sem entender, o morto, ali, vendo a vida
É o medo visitando este corpo inerte
E perfura minhas carnes mortas com pontiagudos diamantes
E meu sangue escarlate de um róseo azulado
Escorre pelos meus dentes ausentes de vida

Meu corpo já sinto nada, matéria podre e fétida
Se decompondo, putrefacto, ossos e sangue gélidos
As carnes e vísceras rasgadas e inúteis e belas
Nos olhos e ouvidos, os vermes fazendo festa
Sinto o medo da morte que já vive em mim
A morte viva que nos vem mostrar o óbvio
Na terra o ópio, cabeça rolando e línguas e bocas
Aos urubus atônitos com seus olhos de desprezo

À terra que aceita tudo, resignado me vou
Ao pó voltar para a vida morte prosseguir
E amanhã, eu pó, possa florar uma goiabeira
E ali, em fruta, alimentar uma sabiá
Que me vem bicar os sonhos que eu não soube usar em vida

A morte morta já é mais do que a vida
Morto só se sabe sendo terra, sendo pó
E de ti, ver nascer tão doces frutos
E águas e plantações e lavouras de todo gosto
Que vão engordando a vida na estrada do matadouro

Nessa verdade, eu quis até chorar
Mais ao morto não se permite nem mesmo lágrimas
Ao morto só é dado o pó da estrada
Por onde caveiras vivas trafegam e suam e riem
E lutam e choram e sonham e tudo vivem
Sem saber que esse caminho e essa poeira impregnada
Tantas vezes percorrido, tantas vezes repisada
É inexplicavelmente, o seu futuro e eterno lar;


Roberval Paulo

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Uma Homenagem ao Povo Nordestino


Preconceituoso x Nordestino

Fonte: Blog Cultura Nordestina

Preconceituoso x Nordestino
(Guibson Medeiros)

É um sujeito maldoso
gente sem educação
o tal do preconceituoso
é alma sem coração
é um cabra rancoroso
bicho mais preguiçoso
disfarçado de cidadão

Eu conheço o Nordestino
porque sou nordestinense
trabalha desde menino
na lavoura Maranhense
no sertão Pernambucano
no agreste Paraibano
e na pesca Cearense

O cabra preconceituoso
pensa que sabe demais
se acha bem grandioso
e bom em tudo que faz
más só termina sozinho
e vai seguindo o caminho
dos braços do satanás

O Nordestino é valente
um povo bem destemido
o sol que encara de frente
reflete o rosto sofrido
é calo que brota da mão
é raça de Lampião
é o dever sempre cumprido

O preconceito é um fato
daqueles que se abomina
é proclamar o maltrato
a quem já tem dura cina
e esse bicho selvagem
tem inveja é da coragem
que vem da mão Nordestina.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

EU FUGITIVO DE MIM - Roberval Paulo


Vou me lembrar ainda um dia de quem eu fui antes de existir
É porque nunca soube quem eu ser
Ainda que seja eu é como se eu não fosse
E ainda assim vou querer saber de mim

Vou querer saber porque eu penso que já sou outro
E quando assim me reporto é porque já tô perdido
E no mundo em que eu vivi no tempo não prometido
Eu me enganava comigo pensando em ser eu de novo

Mas não era, era outro que existia em mim
Numa confusão de dúvidas duvidando a identidade
Identificando o ser de não ser uma verdade
E em ser e parecer fugi sem ser visto em mim.   

Roberval Paulo       

A CASA DA SEREIA - Roberval Paulo


No fundo do mar, bem lá no fundo, no lugar encantado do mar existe casa. Casa mesmo, de verdade; casa de tijolos e telha, casa seca, com móveis, colchão macio, geladeira, fogão, churrasqueira; é, dá até pra se fazer churrasco. Tem chuveiro quente, varanda... quintal com árvores, flores e pardais.

É lá que habita a sereia do mar. Quando desencanta, é claro. E lá ela é mulher de verdade, a mulher mais linda do mundo, e com duas pernas, igual as das outras mulheres e com tudo o mais de mulher. Lá ela não tem calda de peixe não. Lá ela é mulher de verdade, de verdade mesmo e que sabe tudo de amar e de amor.

Bobo que não sou, é lá que eu quero ir; é lá que eu quero chegar. Só aguardo a aparição da sereia pra me mandar daqui e seguir com ela. Quando ela aparece, te atrai. E se te beija, você se encanta com ela e aí, não se afoga, pode ir no fundo do mar até a casa da sereia. E lá, depois do encanto, você será um homem feliz e terá do seu lado a mulher mais linda do mundo e também o seu amor. Felicidade eterna, posto que lá não se envelhece. Lá o tempo não passa, pois lá não se vê a luz do sol. Tudo debaixo do sol passa, porém, lá é diferente. Como não é iluminado; não é alcançado pela luz do sol, essa morada fica imune a ação do tempo.

Só existe uma situação em que tudo pode mudar. Não se pode perder o amor da sereia amada. É diferente da vida aqui, acima das águas e debaixo do sol. Ela precisa estar apaixonada sempre. E para isso, tu precisas lhe devotar todo o amor do mundo, amá-la todos os dias e noites, satisfazer todos os seus caprichos e desejos, dedicar  todo o seu tempo de vida  à sereia amada. Ela, realmente, precisa estar sempre apaixonada, porque senão, desfaz-se o encanto. Se ela se desencantar de você, ela se veste de sua calda de peixe e vem à praia seduzir um outro amor. E se isso acontecer, você já é passado pra ela. E como a vida no fundo do mar; a vida de casa de sereia é imune a ação do tempo pela ausência da luz do sol, isso quer dizer que lá o passado não existe, e, consequentemente, você também não mais existirá, desaparecendo como que em um encantamento, extinguindo-se na imensidão das águas, que, por sua vez, notícia alguma darão de ti, sendo o seu fim eterno, sem direito a uma nova chance.

Então, em se encantando e se enamorando dela, não perca o amor da sereia amada; não dê motivos para que ela venha a deixar de gostar de você. Sede fiel e único em sua vida e assim a terá por toda a eternidade, pois o amor verdadeiro jamais morrerá. O amor perdura por toda a vida, seja lá, seja cá, e, uma vez perdido, despedaça, e, despedaçado, seus cacos nunca mais se juntarão, tanto lá, como cá. Então, seja o seu amor sereia ou mulher; seja lá ou seja cá, ame-a com todas as suas forças, e lealdade, e amor, e dedicação para não vê-la partir, pois, assim acontecendo, na sua partida, tanto lá, como cá, se dará o desencanto, o desencanto do amor e aí, será tarde, porque, com ou sem a ação do tempo, o gatilho apertado não trás mais a bala de volta. É assim no amor. Uma vez perdido, a estrada se torna triste e você, sozinho, e, sozinho, é nada e o nada se extingue, seja nos segredos do espaço ou no mistério das águas, passando a ser só saudade. Saudade sabe, daquelas que não se vê e não se toca, só se sente. Sentimento inaudível, inexplicável, insolúvel, só sentimento. De sentir e de doer, enquanto o tempo, tanto lá, como cá, se esquece das horas; se esquece de si próprio e acelera sua marcha rumo ao incerto e sabido, o único mal... ou bem... irremediável, que amarga a face do nosso destino sobre este... ou outro mundo. Não vou mais querer ir à casa da sereia.

Roberval Paulo