As famílias choram e as lágrimas e gritos se espalham e se
perdem, sem ser ouvidos, na insensatez e insensibilidade desumanizada de uma
sociedade sem norte.
A dor não cicatriza e se sente mais e mais a cada dia, sem
alcançar o porque, a razão; o motivo do nascer sem cura.
O que era família já não mais se vê nem se sabe. Os valores se
perderam no precipício do que um dia foi princípio...
A ética e a moral só um pouco ainda existem, bem pouco, e o
egoísmo e a ambição, associados à individualização do ser, hoje falam por si só
ou pelo seu grupo de iguais, agrupando-se pelas conveniências do lucrar mais em
detrimento do que um dia foi a classe humilde mais abastada que, mesmo
habitando o lado esquerdo da moeda, tinham o seu valor, pois a dignidade
mantinha-se no exercício do seu auto e garantido sustentar.
Hoje não mais. O que foi família já não se vê. Os valores se
foram na evolução imaterial, revertida na agregação e adição surtada da razão à
emoção do material, que se agiganta em importância nas relações que já foram
de amor, transformadas hoje em mero comércio no objetivo seco e bruto do quem
ganha mais.
O capital é a razão de ser da nossa inescrupulosa e irracional
sociedade. Ele se faz “nobre” e único objetivo e meta nas mãos dos amantes da
ambição e do egoísmo e, nesta matemática do ter que só opera a soma e a
multiplicação, a parte mais frágil da sociedade, em tão maior número, vem a
cada dia sendo subtraída e subtraindo-se, exercendo e executando, à força de
sangue e dor, a divisão do que há muito se fez indivisível.
A batalha está perdida. O Socialismo que um dia sonhou
socializar o mundo, "dis-socializou-se". Saiu de cena antes de se apresentar e, por isso, não foi entendido. Em sua primeira versão, antes de se aperfeiçoar,
foi tolhido em suas ideias e tragado pelo trator negro e valorado materialmente
do extemporâneo capitalismo que não considera e não respeita nem tempo e lugar,
muito menos vida e gente.
A batalha se perdeu e as sociedades perecem vítimas do seu
próprio desamor para com o seu igual e vencidas pelo maligno e insensível existir
do ouro e do poder, e, por consequência, pela inteligência humana que se faz
insana quando o assunto é ter e acumular e... sempre ter mais.
A razão está devidamente comprometida e perdida e a emoção
responde pela sandice e imundície que somos.
Sandice e imundície que somos enquanto sociedade criada à imagem
e semelhança de Deus.
E que ele, DEUS, nos perdoe, se houver perdão.
Roberval Paulo
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