domingo, 27 de janeiro de 2019

ESTRADA - Roberval Silva


Quisera eu ser a vida
A vida em tempo presente
A vida passando a limpo
A sujeira do passado
Queria até ver o estado
Vivendo a vida das gentes
Aquele tempo indecente
Nas mãos guerreiras do povo
Quisera eu ser homem novo
Não desses que em tudo crê
Daqueles que crê e não crê
Mas acredita, confia
No desenrolar dos dias
Na caminhada infinda
Seguir por esta avenida
Cheia de curvas e esquinas
Ver nos olhos da menina
Sua condição de criança
Sonhar e ter esperança
Nos olhos do criador
Na natureza e no amor
Razão de toda a existência
Sorrir e ser complacente
Construindo o seu destino
O homem se faz menino
No entardecer da jornada
Quisera eu ser a estrada
Dona de todo caminho
Da vida em desalinho
Que vê a ponte caída
Seguir na reta da vida
Salte o vão do desespero
Cair por despenhadeiros
Se aprumar na descida
E da chegada à partida
Ser vida, ser vida viva
Abandonar o cansaço
Matar um leão por dia
Não entregar-se ao fracasso
Fé em Deus e paz na guia!

Roberval Silva

ANGUSTIANTE ESPERA - Roberval Silva


À noite, navegando
sou um rio sereno
leito manso e calmo
silencioso no silêncio das tardias horas
horas mortas da vida em sono de espera.

Se unir ao mar vai esse rio
na lentidão angustiante dos dias
às vezes revolto, carregando dores, bramindo
e por vezes, calmo
soberbo e magestoso
na alegria das flores e da vida.

À noite, o sonho amanhece
e o rio de minha alma     
                  só águas levando
para muito além do
                            engenho do medo
para onde meus sonhos
um dia chegarão.

Vai meu ser e
transporte este rio, que este rio
sou eu
sem o meu existir
e leve-me em suas águas
para eu encontrar-me
na reflexão dormente do meu travesseiro
na noite do meu dia inteiro
no espaço vazio do meu ser que te espera.


Roberval Silva

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

ATIRADOR PASSIONAL - Roberval Silva


O atirador mira... mira... mira...
Aperta o gatilho
Acerta o alvo
O coração
Fere
Depois sofre por ter desferido tiro tão certeiro
Tão mortal,  fatal
Tão letal de morte viva.

Mas já foi no não segurar das emoções
A bala não volta e
A ferida está aberta
O que fazer?

Redimir-se consigo mesmo e como punição
Não mais olhar para o Sol, nem para o Céu
Nem para as Estrelas, até penitenciar – se por
completo

E jamais voltar a desferir tiro
Tão carregado
Tiro tão carregado
                        de noite e de dor.

Roberval Silva

ELA QUE NÃO CONHEÇO III - Roberval Silva


Ela chegou
Chegou e não conversou
Me abraçou
Me beijou
Me amou
Me falou do futuro
E da vida
Do outro lado do muro
Se fez dona de mim
E dormiu ao meu lado
Bem cedo, o café
Mais amor e o paraíso.

Mas depois ela partiu
Como veio, assim
Num estalo
Sem conversa
Só disse que tinha que ser assim
E deixou em mim um vazio imenso
Parece até que me levou de mim.

Roberval Silva

BREVE MOMENTO DE REFLEXÃO - Roberval Silva


Só entro na poesia quando esta sai de mim
Eu a encontro quando ela me deixa partir

Aí reflito! E ela pensa comigo
E juntos, passeamos por um campo florido
Ela agride bem o meu interior
E a resposta se vai em palavras
Palavras soltas, palavras tortas
Palavras, só palavras, sem nada a dizer

Aí, mais reflito!
O entendimento da poesia
Esta ignora-me  e me leva a voar
Povoa os meus sonhos, e medos, e segredos
Toma corpo e invade o meu mundo
Traz de volta o meu sonho no vôo de um pássaro
Percorre em segundos a larga distância do existir
E sua tinta se espalha feito sangue

Aí, ainda mais reflito!
Aí, sou poeta.

Roberval Silva

ASTRO VAGABUNDO - Roberval Silva


Como mais posso te amar
Se tenho em mim um amor
Igual ao mar de profundo

Amo por somente amar
O mistério do amor
Enquanto o mundo for mundo

Este amor é como o sol
Que mesmo anos luz distante
Aquece a bola do mundo

Viajo por este amor
Nas asas estelar do ser
Feito um astro vagabundo.

Roberval Silva

SONETO DA COMPARAÇÃO - Roberval Silva


Ele correu mais depressa que o outro
Mas na sua pressa, tropeçou e caiu
O outro, o sem pressa, passou e chegou
No meio do caminho a pedra “lhe” viu

Ele levantou, sacudiu a poeira
E se desembestou, sem rumo partiu
O outro estudou e traçou seu caminho
Ele tá perdido, o outro intuiu

E ele, na pressa, passou do destino
E ao passar a porta se fechou
O outro, prudente, alcançou a glória

Ele, cansado, sentou e chorou
O outro escreveu o seu nome na história
Ele, sem história, pela vida passou.

Roberval Silva

ENSAIO PARA A MINHA MORTE - Roberval Silva


Eu sonho a paz porque meus dias só viveram guerras.

Eu canto a vida porque meus pés só cantaram a estrada.

Eu choro os amores idos porque meus olhos não os viram chegar. E ao chegar, porque não foram vistos, partiram.

Eu sonho o tempo porque minhas horas se foram em minutos.
E meus anos se viram passar de forma supersônica.

Eu canto porque a música se fez não mais ouvir e meus discos foram-se; era uma vez discos que eu ouvia.

Eu choro noite afora porque meus dias não mais me dão lágrimas.                                                                                                    
Soluço seco
Eco de sons desafortunados
Ponta de faca.

Luminosidade inata
Fio da navalha
Letal.

Roberval Silva

REESTUDO - Roberval Silva


É sempre difícil viver
Difícil mais ainda é conviver
Sonhar, chorar, brigar, amar...
                                               é difícil de ser.
Mas, no fim, tudo se resume no nada
No nada de que nada mais posso mudar
No nada de que nada mais posso fazer
No nada de não mais poder voltar atrás
No nada onde já sou história
                                       e não posso retroceder.

Este é o tempo de fazer e a vida
                                       não anda para trás
Olhe sim, para trás, para os lados e para a frente
                Reestude o caminho
                Faça a correção de rumo
E de bússola e coração na mão
                Siga em PAZ!

Roberval Silva

DANTE - Roberval Paulo


                             Uma homenagem e alusão a Dante Alighieri

Agora já não sonho como “Dante’s”
Alma minha que ao partir, feria-me
De ver-me triste, chorava e sorria
Um louco do deserto, um viandante

Na estrela distante, quis um dia
Avistar-me a sós com o criador
E deleitar-me em teu sublime amor
E deste mundo, esquecer as agonias

E um dia pensava em ser grande
Quão pequeno este mundo me faz
Quão pequeno me sou neste sonho

De sentir-me assim o meu peito brande
Qual verdade esta busca me traz
De ver-me alegre me sou tão tristonho.

Roberval Silva

EVOLUÇÃO - Roberval Silva



Poeta das palavras
Palavras que nada dizem
Palavras que tudo dizem
Palavras que nunca passam
Palavras, só palavras
Que dizem o quer dizer
Até o que se não quer dizer
E vão de encontro a outras palavras

Palavras que cantam o sol
E a lua e tantas coisas
Cantam o amor pela vida
E a saudade de tempos passados

Contam a história dos povos
E todas as línguas são só palavras
Idiomas e dialetos de sons
Leve evolução da humanidade
Caminho das palavras que não passam
Poesia-sonho para um mundo melhor.

Roberval Silva

DOS GRANDES PRAZERES - Roberval Silva


Os grandes prazeres da vida
São tão simples
                   como beijar um filho
Comer chocolate, por exemplo
É tanto prazer
                   que de tão bom
parece pouco.
Mas ninguém dá valor
                   nem importância maior
Querem mesmo é dinheiro
mesmo que neste
                  não se sinta sabor
E sim o prazer
                   de comprar o mundo
mesmo perdendo
                            o prazer maior,
                   de comer chocolates
                   de beijar seu filho
                   de sorrir com ele
                   de sonhar com ele
                   de mostrar-lhe o mundo
                   de mostrar-lhe a vida
e nele, fazer um afago
         e dele, receber um carinho.

Roberval Silva

POESIA - Roberval Paulo


Só entro na poesia quando esta sai de mim
Eu a encontro quando ela me deixa partir

Aí reflito! E ela pensa comigo
E juntos, passeamos por um campo florido
Ela agride bem o meu interior
E a resposta se vai em palavras
Palavras soltas, palavras tortas
Palavras, só palavras, sem nada a dizer

Aí, mais reflito!
O entendimento da poesia
Esta ignora-me  e me leva a voar
Povoa os meus sonhos, e medos, e segredos
Toma corpo e invade o meu mundo
Trás de volta o meu sonho no vôo de um pássaro
Percorre em segundos a larga distância do existir
E sua tinta se espalha feito sangue

Aí, ainda mais reflito!
Aí, sou poeta.

Roberval Silva

AO MESTRE - Roberval Silva


Ah! Mestre
Quizera eu sonhar o teu saber
e neste sonho
realizar meus dias
nos dias do eterno aprender

Quizera ainda dominar
o dom primoroso
o primoroso dom de ensinar
e na janela aberta da mente humana
transportar todo o conhecer da “lida”
transmitir as ilusões perdidas
os ensinamentos necessários à vida
no aprender do caminhar.


Roberval paulo

À ESTRADA - Roberval Silva


Sou contrário à classe que desclassifica outra
Quero mais é integrar todos e juntar todos no mesmo balaio e misturar
Misturar bem e apurar o melhor de cada.

Não às discriminações
Não às abnegações do prazer e da vontade
Não e não mesmo às velhas regras                       
Feridas de morte em um passado que já não existe.

Lutas de classes, se entendam
E formem uma classe maior
ÚNICA!
Em um mundo maior, solidário
Que agregue a todos sem segregar um sequer.

Roberval Silva

A ESTRADA - Roberval Silva


Quisera eu ser a vida
A vida em tempo presente
A vida passando a limpo
A sujeira do passado
Queria até ver o estado
Vivendo a vida das gentes
Aquele tempo indecente
Nas mãos guerreiras do povo
Quisera eu ser homem novo
Não desses que em tudo crê
Daqueles que crê e não crê
Mas acredita, confia
No desenrolar dos dias
Na caminhada infinda
Seguir por esta avenida
Cheia de curvas e esquinas
Ver nos olhos da menina
Sua condição de criança
Sonhar e ter esperança
Nos olhos do criador
Na natureza e no amor
Razão de toda a existência
Sorrir e ser complacente
Construindo o seu destino
O homem se faz menino
No entardecer da jornada
Quisera eu ser a estrada
Dona de todo caminho
Da vida em desalinho
Que vê a ponte caída
Seguir na reta da vida
Salte o vão do desespero
Cair por despenhadeiros
Se aprumar na descida
E da chegada à partida
Ser vida, ser vida viva
Abandonar o cansaço
Matar um leão por dia
Não entregar-se ao fracasso
Fé em Deus e paz na guia!

Roberval Silva

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

REFAZENDO - Roberval Silva

Vou-me embora
Vou-me embora
Vou-me embora
Vou na frente

Vou correndo
Mais querendo
Andar bem mais devagar

Caminhando
Caminhando
Caminhando
e conspirando

A favor da existência
Contra o sol da inexistência
Que é preciso mais ainda
Muito longe caminhar

Sempre em frente, rumo ao norte
Norteando
Norteando
Norteando
e transpirando
Com DEUS e a muito suar

Esperando pela hora
Enfrentando, a ir embora
Acontecendo
Refazendo
No destempero do vento
Nas intempéries do tempo
Sem desviar da subida
Sem se empolgar com a descida
E o destino a desvendar.

Roberval Silva

O NOVO - Roberval Silva

Adicionar legenda

Mesmo que o sonho fosse algo inatingível
E se o eco do som inaudível se tornasse
Mesmo que as horas teimassem em não passar
E se o tempo não mais fosse a prosseguir
Seria enfim, o fim chegando aos tropeços
Seria assim, um começo sem ter fim
Seria a aurora começando à meia noite
Seria a noite se completando em mim...

Se o escuro da noite mais escuro se tornasse
E se os olhos da noite nos meus olhos se fundissem
E se as horas do dia não passassem e me esperassem
Ate que a noite cansada no meu colo desmaiasse
Seria enfim só o fim no tempo tão necessário
Que sem sustento se inventa nesse tempo temerário
Sendo desterro e desfecho na mão do vento operário
Indo ao começo do fim reaquecendo o itinerário.

Roberval Silva

CAMINHAR DE NUVEM - Roberval Silva



Não sei em que dia me encontro ou em qual noite descanso. Tudo é como as águas de um rio que descem caudalosas e cautelosas e nada as detém.

Sou feito o sol escondendo-se da chuva e só voltando quando esta já partiu. Fugir da vida não posso. O chão que me espreita é paciente pois tem em si a certeza que me terá um dia. Não fujo do encontro, só retardo o que certo é.

Ela vejo em sonho e seus cabelos e olhar me dizem amar. Fecho os olhos e sua visão faz-se mais nítida. Estamos do lado oposto da hora. Não sei em qual órbita ficou guardado o nosso encontro.

Espero pacientemente e caminho na direção contrária do medo, pois tenho em mim a certeza que o nosso dia chegará.

Roberval Silva

A RAÍZ DO IRREAL - Roberval Silva


Na sombra do som que se instalou em meus olhos
Na luz da manhã que anunciou o crepúsculo
Na fonte cansada que transportava a vida
Surgiu sua dor
As folhas se agitaram ao tocar os teus pés
O sabiá emudeceu ao sentir o teu canto
A lua se esquivou à tua presença
E eu,
Corri em desespero pelos dias
À procura do teu encontro
Que perdi na noite passada

Na explosão bombástica que dizimou o mundo vida
Na fome que se instalou no seio morto da vida
Nas lágrimas verdes da mata em sua mortal cantiga
Me veio sua dor
As águas pararam para lhe dar passagem
O sol escureceu aos seus raios divinais
O tempo abriu as portas para que fosses ao vento
E eu,
Parti extasiado pelo abraço de Vênus
A encontrar o teu amor
Naufragado nos braços do mar “desprezo”.

Na ilusão clarividente do dia que não anoiteceu
Na fantasia interminável da noite que não amanheceu
No acordar morto do sonho que não adormeceu
Chorei sua dor
O sol se fez permanente à tua chegada
A lua se mostrou clara à tua presença alada
O céu em constelação ornou o teu existir.
E eu,
Despertando em pensamento mórbido na estrada
Abracei o teu amor nesta fria madrugada
E a manhã abriu seus raios em vida plena e abundante
A Abundância da vida no amor plenificada.

Roberval Silva