quarta-feira, 28 de agosto de 2019

PARTILHA! - Roberval Paulo


Partilhar tudo! 
Partilhar ainda até o que eu não tenho. 
Partilho assim minha alma que é minha,
Mas que, pelo mistério da vida ou talvez pelo enigma 
do Apocalipse, não me pertence.

Partilho meus sonhos e meus dias, indiscriminadamente. 
Partilho eu todo e não sei em qual parte me encontro por inteiro. 

Sou pedaços, partículas de um bem maior que ainda desconheço, mas que habita em mim 
e me faz olhar todos com o mesmo olhar, sem a discriminação e o desprezo dos olhos "capitalistas". 

Sou Nação antes de ser país;  
Sou a Justiça antes do direito; 
Sou a paz no meio da guerra, querendo ser ouvida; 
Sou o Ser antes do ter, considerando e conciliando o diferente na equação da igualdade. 

Sou Igreja "Povo" antes da religião. 
Sou Deus antes de todos nós. 
Sou Coração e que a razão não nos negue a paz.

Roberval Paulo

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

SEGUNDOS! - Roberval Paulo


A vida é somente um sopro
Repense o seu pensar
Renove sua atitude
Dê graça ao seu caminhar

Semeie por onde for
Carinho, amor, harmonia
Dê por graça o seu sorriso
Promoção de alegria

É tudo tão passageiro
Tudo chega sem aviso
Desfaça a cara amarrada
Libere ao mundo o seu riso

Não se perca na soberba
Não turve o seu pensamento
Seja em si um ser de amor
Só o amor vence o tempo.


Roberval Paulo

A POESIA - Roberval Paulo


A poesia é tudo belo
Não fosse bela a poesia
Seria belo o poema
Da noite no dia a dia
A treva se irradiando
Em luz na mais longa via
Via de destino torto
Que se endireita arredia
Que se endireita entortando
Alinhavando a poesia

A poesia é feito chama
Que aquece a bola do dia
Que embola o frio da noite
E acende a luz da magia
Respinga estrelas no céu
Faz luzir quem não luzia
Faz da cinza um fogaréu
Brilha a lua ao meio dia
Vai por aí feito vida
Findando onde principia


Roberval Paulo

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

EXALTAÇÃO - Roberval Paulo


O meu coração no teu
Minha paz a tua paz
Teu amor o meu amor
Feito efeito contumaz

Minha luz a tua luz
Meu existir teu voar
Teu voar em mim reluz
Essa luz que me seduz
A luz que aviva o mar

Meu encontro, teu querer
Minha busca o teu buscar
Teu encontro, meu querer
O meu rio no teu mar

Minha sina, tua sina
Tua sina, meu pensar
Teu pensar que se destina
Minha nuvem pequenina
Bússola do meu caminhar

Meu canto, teu acalanto
Teu canto, meu habitar
Minha habitação, a tua
Teu mundo, meu abraçar

Meu sorrir, tua alegria
Tua alegria, meu ar
Teu olhar mina poesia
Teu verso água vertia
Meu hino o teu cantar.

Roberval Paulo

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

IRMÃOS DE SANGUE - Crônica publicada no Jornal do Tocantins de 06/08/2019


Jornal do Tocantins
CRÔNICAS & CAUSOS
Irmãos de sangue são mais irmãos
Roberval Paulo - Poeta
" Se algum mal cometia, era a si mesmo e, consequentemente, à família, que vivia em preocupação constante com a sua boemia"
06/08/2019 - 07:00
Gracindino, um homem comum e cidadão do bem. De alta estatura, esguio e curvado, rosto sulcado, de feição avermelhada e clara e cabelos levemente encaracolados e curtos. Vivia às voltas com seus vícios; o famigerado álcool, a boemia e mulheres. Não era de ofender a ninguém, seriamente, mas tinha bastante curto o estopim e não dispensava uma boa troca de murros quando em seus momentos de embriaguez. Se algum mal cometia, era a si mesmo e, consequentemente, à família, que vivia em preocupação constante com a sua boemia.
Alceste, seu irmão mais velho, era o oposto. Não tão esguio quanto Gracindino, mas em mesma estatura e feição. A diferença entre estes irmãos, fisicamente tão parecidos, estava na compostura. Alceste, como todo jovem, teve seus momentos de boemia e bebidas, mas por pouco tempo. Casou-se cedo, convertendo-se ao protestantismo, consagrando-se Pastor rapidamente. Família constituída, sendo a esposa e um casal de filhos e uma vida centrada na oração e no cuidado ministerial com a sua igreja e seus membros, saindo do sério somente quando tinha que se posicionar frente às confusões criadas pelo irmão Gracindino, o que ocorria com certa frequência.
Essas ocorrências, porém, não produzia efeitos negativos à reputação de Alceste, nem tão pouco, pasmem, à de Gracindino, pois todos muito bem os conheciam. De família íntegra, defensora dos bons costumes e de imutável conduta, logo que passada a situação vexatória e reparados os erros, todos reconheciam a estampa meritória do Pastor e pai de família Alceste e de mesmo modo, a do cidadão e homem de bem Gracindino, somente um boêmio inveterado.
Certa noite, já por volta das 22h00min horas, depois de ter engolido todas em sua comunhão quase que rotineira, Gracindino, despedindo-se dos amigos de confraria e de cruz, deixa para trás o bar, trilhando rumo a casa. Ora assoviando, ora cantando, envereda-se por um atalho tencionando encurtar o caminho, afadigado pelo peso dos tantos goles degustados. De súbito, vê-se cercado por cinco elementos em diligência por acerto de contas em homenagem a umas tapas desfraldadas por Gracindino há uns dias atrás em um dos tais. Gracindino vê-se em desvantagem, mas não arrega, adepto fervoroso da boa troca de murros.
Começam a troca de farpas e a arenga é esboçada em empurrões. Um garoto, passando pelo local, corre a dar notícias do ocorrido ao irmão Alceste que, a esta hora, de paletó e gravata, finalizava a pregação aos fiéis. O garoto adentra a igreja correndo e anuncia que Gracindino está em contenda e em desvantagem, pois são cinco contra um.
Alceste, digerindo a notícia incontinenti, brada seu amém aos fiéis e deixa para trás a Bíblia, saindo avexado ao socorro do irmão. Ao dobrar a esquina, vê Gracindino engalfinhado com a curriola. Cena que passaria em branco ao coração do pastor, mas que fere e atinge em cheio o coração do irmão. Não houve conversa nem ponderação e lá estão Alceste e Gracindino botando pra correr os safardanas à custa de murros e pescoções. O pastor mais uma vez é mais irmão. Gracindino é levado para casa e lá, em quatro paredes, o pastor lhe diz as do fim; ele pode e deve, mas aceitar outro agredi-lo, isso não.
Em outra feita, estava Gracindino em um bordel. Já alto pelo fogo da bebida, saca de uma arma e desfere uns tiros para cima. Foi terrível o rebuliço. Uns se apertam nas portas buscando saída ao mesmo tempo enquanto outros saltam pelas janelas. Nesse salve-se quem puder, ecoam gritos: socorro! Polícia! Gracindino serve mais uma bebida e senta-se, ajeitando em cada perna uma garota, vangloriando-se do feito.
De repente risca no pórtico a viatura e saltam dois policiais dispostos a dar fim ao episódio. Da porta gritam as palavras de ordem: “teje” preso Gracindino. Era o soldado Camelo, acompanhado do parceiro Adnero. Gracindino, lá nos fundos do salão, uma moça em cada perna e de costas para a porta, permanece imóvel. A voz soa novamente, dita pelo soldado Camelo: “teje” preso Gracindino!
Gracindino conhece a voz. Sentado estava, sentado ficou. Sacando da arma presa à cintura, vira o braço imediatamente e vocifera: Oh! Camelo, eu estava mesmo querendo lhe ver; tava doido pra lhe dar um tiro na testa. Simultaneamente à voz, o tiro é disparado e acerta o umbral da porta. Camelo e Adnero pegos de surpresa afastam-se correndo ao uníssono grito de valha-me Deus, deixando para trás a viatura. Neste ínterim, já avisado por terceiros, Alceste adentra o salão. Surpresa no rosto de todos; não é o local mais adequado para um pastor, mas o irmão está lá e aspira por socorro. Gracindino é conduzido para casa e ouvirá um monte com certeza. Obediente ao irmão, nada replicará e terão descanso por algum período.
Os irmãos mais uma vez são notícia de primeira mão no agudo boca a boca do interior e lá se vai o pastor Alceste se explicar com a cidade, com os fiéis e com os policiais destratados e amigos. Tudo resolvido. A rotina volta ao normal na pacata cidadezinha. A bocas pequenas corre o assunto, todos aguardando a próxima de Gracindino. É quando a cidade de fato se movimenta e todos tem muito que dizer.
Roberval Paulo

terça-feira, 6 de agosto de 2019

CLUBE DA ESQUINA - Milton Nascimento

Posted: 04 Aug 2019 08:00 PM PDT - Musicaria Brasil
Por Vinícius Juberte


Na última semana passou por São Paulo a turnê “Clube da Esquina”, álbum antológico de um dos artistas mais talentosos e completos da MPB, Milton “Bituca” Nascimento. Falar da excelência de Milton (ou “Bituca”, apelido pelo qual o próprio prefere ser chamado) é chover no molhado. Gostaria nesse texto de abordar alguns aspectos das músicas dos discos Clube da Esquina e Clube da Esquina II, o show que tive o prazer de assistir e os tempos pelos quais passa o Brasil.

De início, é bom frisar que segurar as lágrimas durante esse show foi tarefa quase impossível. Como não sentir uma batida forte no peito com “Tudo o Que Você Podia Ser” abrindo aquela noite? De versos como “você queria ser o grande herói das estradas”, “tudo o que você devia ser, sem medo!” e claro, aqueles dizeres que parecem quase um tapinha nas costas de consolo e incentivo por esses dias pelos quais passamos: “você ainda pensa e é melhor do que nada”. E de fato, foi impossível não pensar no Brasil durante todo esse show. Do país que fomos, que somos, mas principalmente, do que podemos ser.

O próprio Milton Nascimento é uma síntese da diversidade e da beleza, em todos os sentidos, do povo brasileiro: menino negro nascido nos morros do Rio, adotado por um casal de classe média, mãe musicista e pai dono de estação de rádio, radicado em Três Pontas, interior de Minas Gerais, escriturário de profissão que decide largar tudo para viver do sonho de cantar. Na música, junto de outras figuras fundamentais como os irmãos Borges (Márcio e Lô, para quem Bituca dedica os shows dessa turnê), Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Toninho Horta e Fernando Brandt (esse último lembrado por Milton durante o show: “Para mim é difícil falar sobre o Fernando. Só posso dizer que a vida não teria sido tão bonita sem a amizade dele”), Bituca criou dois álbuns antológicos da música brasileira: Clube da Esquina e Clube da Esquina II. Uma mistura de The Beatles, bossa nova, jazz e cantigas do cancioneiro popular mineiro. Algo único, genuinamente brasileiro.

Vale sempre lembrar que o cantor e compositor resistiu a todo o peso da ditadura militar sem ir para o exílio, sofreu uma perseguição implacável dos órgãos de repressão que ameaçavam a vida de seu filho como forma de tortura psicológica. Na mesma época, apesar de tudo, Milton estendeu o seu talento em encontros por toda América do Sul que lutava por liberdade. Minas se uniu ao Chile, a Argentina, a Venezuela…o abraço musical de Bituca na mítica Violeta Parra e o dueto com a inigualável Mercedes Sosa nos faz lembrar de algo crucial: entre tantas facetas de nossa formação, somos também latino-americanos. O Brasil faz parte de algo maior, faz parte da Grande América, que desde de tempos imemoriais compartilha dores e esperanças, triunfos e tragédias. Trajetória rememorada na belíssima e melancólica “San Vicente”: “Um sabor de vida e morte/ coração americano/ um sabor de vidro e corte…”.

O que mais me encanta no artista Milton Nascimento é a sua capacidade ímpar de ser local e universal ao mesmo tempo. Ser local sem ser provinciano, e ser universal sem deixar de ser brasileiro. Não seria essa, justamente, a definição do próprio Brasil? Aliás, Milton sintetizou com maestria essa percepção junto a Márcio Borges em “Para Lennon e McCartney”: “Eu sou da América do Sul/ eu sei vocês não vão saber/ mas agora sou cowboy, sou do ouro, eu sou vocês/ sou o mundo/ sou Minas Gerais”. O apelo daquele que quer ser reconhecido como um outro a ser visto e respeitado no mundo.

Voltando ao show, como não pensar nas agruras do Brasil atual e no desejo por mudanças estampadas na letra de “Clube da Esquina”? “Perto da noite estou/ o rumo encontro nas pedras/ encontro de vez, um grande país eu espero/ espero do fundo da noite chegar”. Uma certa melancolia de fundo otimista que dá lugar a certeza de um novo tempo em “Nada Será Como Antes”: “Já estou com o pé nessa estrada/ qualquer dia a gente se vê/ sei que nada será como antes amanhã”.

Destaco que esse novo tempo estava lá, presente nos detalhes do show: a arte de fundo que dava todo o clima da apresentação junto com as luzes era de autoria dos grafiteiros Osvaldo e Gustavo Pandolfo, Os Gêmeos. Também violão e voz ficaram a cargo de Zé Ibarra, vocalista da banda Dônica, jovem que dá um toque todo especial com seu belo timbre de voz às músicas do Clube.

Se Milton já apresenta certa fragilidade física pela idade e lutas acumuladas durante a vida, sua voz traz a força e o vigor de sempre, mostrando que barreira alguma é impossível de ser transposta. Foram duas horas de espetáculo, de lágrimas, de aplausos, cantoria e êxtase. Ou seja, uma catarse que só uma entidade como Milton Nascimento é capaz de proporcionar. O melhor do Brasil estava naquele palco: a música, o canto, o instrumental, os desenhos, as luzes, o velho e o novo apontando para novos caminhos. Em tempos de grossura bolsonarista, um alento e um vislumbre do que o Brasil é capaz de ser. Somos capazes de construir uma versão melhor de nós mesmos. Como diz a canção “O Que Foi Feito Devera”, um dos momentos altos do show: “Se muito vale o já feito/ mais vale o que será/ e o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir” e a promessa final: “Outros outubros virão/ outras manhãs. Plenas de sol e de luz”. Uma lição e um caminho para um novo futuro.

Como dizia Darcy Ribeiro, não há lugar melhor no mundo para se construir um grande país que não aqui, que não no Brasil. E Milton Nascimento é a prova viva de que o velho professor tinha razão. Não há tempo ruim que dure para sempre, nem mesmo por aqui. Que o sonho de um grande país continue nos guiando embalados por canções tão cheias de vida e significado quanto essas do Clube da Esquina. Afinal de contas, como canta Bituca em “Clube da Esquina II”: “sonhos não envelhecem!”.

30 ANOS SEM LUIZ GONZAGA: LEGADO DO REI DO BAIÃO PERMANECE VIVO CULTURA BRASILEIRA

Posted: 05 Aug 2019 08:00 PM PDT - Musicaria Brasil

O artista morreu em 2 de agosto de 1989


O cantor morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória, em 1989. 

Luiz Gonzaga do Nascimento, popularmente conhecido como Luiz Gonzaga, é um dos nomes mais importantes da história da música popular brasileira. O cantor pernambucano ficou marcado por mostrar ao Brasil ritmos, até então, pouco expressivos, como o baião, o xote e o xaxado. Sempre acompanhado de uma sanfona e um triângulo, abordava em suas músicas o sofrimento do povo que habita o sertão nordestino. 

Nesta quinta-feira, 2 de agosto de 2018, completam-se 29 anos que Gonzaga morreu, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Mesmo depois de tanto tempo, as composições do autor ainda permeiam todo um povo nordestino e o seu legado continua espalhado por todo o Brasil. 

O Rei do Baião

O apelido não é à toa. Com composições marcantes como Asa branca, Súplica Cearense e Xote das meninas, espalhou para todo o povo brasileiro o sofrimento do povo do sertão nordestino, assim como a alegria e o orgulho de ter as raízes do lugar de onde saiu. O estilo musical tocado nas festas juninas nunca mais seria o mesmo. O baião e o xote tomaram conta das festividades por todo o Brasil. Confira uma das composições do cantor:
A origem
Nascido em 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga é filho de Januário José dos Santos Nascimento e Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento. Teve oito irmãos e foi o segundo dos filhos a nascer. Herdou a técnica dos instrumentos do pai, que também tinha habilidade com o acordeão. 

O cantor e compositor Luiz Gonzaga durante show em colégio. 
Exu
Cidade pernambucana, Exu é o lar de Luiz Gonzaga. E a cidade vive a cultura e o legado do cantor. O local tem um patrimônio cultural deixado pelo Rei do Baião, dentro do parque Aza Branca, nomeado em homenagem a uma das canções famosas do artista. No espaço, estão localizados a casa em que morou, com muitas fotografias e o Museu do Gonzagão, com acervo fonográfico, troféus e presentes. O sanfoneiro e a mulher, Helena, estão enterrados no mausoléu, um monumento funerário, que se encontra no parque. 

Mausoléu de Gonzagão na cidade de Exu, em Pernambuco. 
Produções
Diversos livros, documentários, músicas regravadas, monumentos e até um filme sobre a vida da estrela nordestina foram produzidos. O legado do cantor se espalhou mundialmente e a sua história ainda vive. Confira o trailer do longa que retrata Luiz Gonzaga, lançado em 2012: 

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Como rezar a Novena das Mãos Ensanguentadas de Jesus?

Mãos ensanguentadas de Jesus, Mãos feridas lá na Cruz! Vêm tocar em mim. Vem, Senhor Jesus!


Disponibilizamos a Novena das Mãos Ensanguentadas de Jesus completa para você rezar em sua casa ou grupo de oração. Veja abaixo o conteúdo e as instruções para você começar a rezar hoje mesmo:
Oração
Cura-me, Senhor Jesus!
“Jesus, coloca Tuas Mãos benditas, ensanguentadas, chagadas e abertas sobre mim, neste momento. Sinto-me completamente sem forças para prosseguir carregando as minhas cruzes. Preciso que a força e o poder de Tuas Mãos, que suportaram a mais profunda dor ao serem pregadas na Cruz, reergam-me e curem-me agora. Jesus, não peço somente por mim, mas também por todos aqueles que mais amo. Nós precisamos desesperadamente de cura física e espiritual, através do toque consolador de Tuas Mãos ensanguentadas e infinitamente poderosas.Eu reconheço, apesar de toda a minha limitação e da infinidade dos meus pecados, que és Deus, Onipotente e Misericordioso, para agir e realizar o impossível. Com fé e total confiança, posso dizer: ‘Mãos ensanguentadas de Jesus, Mãos feridas lá na Cruz!Vêm tocar em mim. Vem, Senhor Jesus!’”
*Concluir cada dia, rezando um Pai Nosso e um Glória, em agradecimento às graças, bênçãos e milagres que serão concedidos pelas Mãos ensanguentadas de Jesus através desta Novena.

Fonte:

A RODA DA VIDA - Roberval Paulo

Hoje, 02 de agosto do ano de 2019, mais uma sexta feira. Mais um fim de semana que chega para descanso depois de uma semana como todas. De trabalho e cansaço, de realizações e sonhos, de buscas e encontros, enfim, da batalha incansável que é a vida, que é o viver.

A rotina reclama sempre o seu lugar. Chega a sexta tão ansiosamente esperada, junto com os preparativos para o tão merecido descanso. Um acordar pouco mais tarde, uma ligação dos amigos, o tão gratificante e contagiante e empolgante futebol. Umas cervejas, churrasco, conversa que vai e que vem e sorrisos que não se conta.

O filho correndo solto e sendo admirado. O momento que não devia acabar; devia durar mais que o sentimento. A mulher de tantas lutas e o seu tão nobre amor, sempre dispondo, doando, amando. A alegria se faz tão doce que até parece que todo o mundo é seu.

A vida segue o curso e a visita, a família e todos os agregados desse universo de amor trás deleite e repouso ao coração. A mãe, o pai e a benção do amor maior que te faz suspirar e de fato saber quem és.

O domingo de missa, de culto, de Deus. De reunião em comunidade, de louvação, de comoção, de comunhão. De entrega, agradecimentos e de pedidos para os seus, para a vida, para o amigo com problemas, para a justiça imperar. Para o governo em desgoverno, para a mãe ter mais saúde, para a promoção chegar e a vida ser melhor.

A alma está lavada, o coração tá quase puro e o tão desejado fim de semana já dá mostras de cansaço, suspira em breve adeus e caminha para o fim. O sono está se aproximando e lentamente e em ritmo de dormência vai assumindo o comando, preparando-te para a segunda feira que logo acenderá no horizonte e tudo recomeça outra vez.

É a roda viva da vida que tão vivo e mágico faz o nosso existir. Mais disposição, mais correria; é quase um mais de tudo no enfrentamento da sobrevivência. O trabalho, a feira, a escola e os dias brancos que cansam, mais que é bom. Compromissos e obrigações, aspirações e suor e o penoso e doce ansiar pra que a sexta chegue logo.

É o mais do mesmo sempre, mas tudo é tão novo e diferente que trás até a impressão que a rotina "desrotinou-se" e agora opera a seara da novidade, fazendo novo e alentador o que já é demasiadamente velho. Demasiadamente velho, mas novo no giro que a roda dá. A roda viva que gira girando o nosso existir, gira desejos e sonhos e nos faz esperançar. Faz o moço ficar velho para depois remoçar.

Roberval Paulo


segunda-feira, 29 de julho de 2019

O PARTIR ANTES DO TEMPO - Roberval Paulo

Às vezes penso que o segredo de tudo está nos porquês?
Penso e repenso até o mundo ficar tenso
Inclinado, descaído, pendido, penso…
Penso, só penso!
Mas não me atrevo a dizer.
Porque se vem, porque se vai?
Porque que vem quem nada tem?
Por que um ser se detém antes mesmo de nascer?
O porquê de se ficar tão pouco tempo aqui
O porquê de se passar tanto tempo sem medida
Na subida desta vida sem este sol merecer.
Penso também que é porque não existe um por quê?
O porquê é só um ser mais enigma que razão
Não um ser, uma equação que se vai a resolver
Que ninguém conhece a fórmula,
Que não perece, renova, sem nunca ao seu fim chegar
Qual romeiro em romaria pelo caminho sagrado
Que segue desarvorado só com o instrumento da fé
Novena que só rezando faz um milagre danado
Sem nada ser explicado, sem porque, sem paramento
Mas que segue devorando
Homens, sonhos, pensamentos
Semeando contra o vento a planta do bem virá.
Porque se vai pela estrada sem ter chegado a sua hora?
Tanta dor deixa pra trás, tanto sofrer… Oh! Tormento!
Quanta saudade a encher o existir do meu peito
Angústia que quase mata que é um tanto doer!
Que não explica, se sofre,
Que nada entende, só sente
Que não quer este presente que a vida lhe fez herdar
Quer até recomeçar, mas não tem forças… é inclemente.
O sangue de um inocente que o inevitável levou
O cálice que derramou antes do seu transbordar
Como entender o porquê da vida interrompida
Sem um motivo aparente, sem a razão se mostrar.
Penso que é por quê… Não sei dizer o porque
Talvez nem tenha porque, talvez tenha. O que fazer?
É o mistério da vida que segue pregando peças
Não deixa aresta nem brecha para um porque indagar
Só nos resta o consolar compassivo de meu Deus!
Oh! Deus de misericórdia! Deus de bondade infinita!
Já que sofri esse golpe que não pedi pra sofrer
Dê-me forças pra viver… pra vida continuar
Cubra-me com o teu amor, com tuas bênçãos Senhor
Mostre-me o prosseguir, me guie com o seu olhar
Sou só dor, sou um ser andante que se perdeu no caminho
A força deste destino eu não queria viver
Mas se me deste é porque me conheces mais que eu
Vais saber como amparar seus filhos que estão perdidos
Senhor Deus, me dê motivos e me livre de morrer
Nos oriente a encontrar a razão de estar aqui
Eu não sei mais nem porque estou a sofrer assim
Porque os tirou de mim? Porque nos deixou tão só?
Meu Jesus! A tua benção, tua guia e proteção.
Ensine-me a não morrer, dê-me os porquês do ocorrido
Porque que me tens nascido pra suportar tanta dor?
Meu Senhor! Só o teu amor pode enfim me redimir
Ajude-me a persistir nesse caminho de morte
Dê-me um norte que preciso o teu amor encontrar
A vida continuar, nova razão existir
Meu Jesus! O teu perdão, que essa cruz que te chagou
Seja a mesma a me valer pra tua luz eu seguir.
Que eu possa um dia entender que assim é que tinha que ser
Que tudo valeu a pena e que nada foi em vão.
Amém Senhor! O teu perdão!
Roberval Paulo

sexta-feira, 19 de julho de 2019

IRMÃOS DE SANGUE SÃO MAIS IRMÃOS - Roberval Paulo


Gracindino era daqueles que a ninguém ofendia. Sujeito pacato, cidadão do bem. De alta estatura, esguio e curvado, rosto sulcado, de feição avermelhada e clara e cabelos levemente encaracolados e curtos. Vivia às voltas com seus vícios; o famigerado álcool, a boemia e mulheres. Como já frisado, não era de ofender a ninguém seriamente, mas tinha bastante curto o estopim e não dispensava uma boa troca de murros quando em seus momentos de embriaguez. Se algum mal cometia, era a si mesmo e, consequentemente, à família, que vivia em preocupação constante com a sua boemia.

Deixo de lado Gracindino para cuidar da descrição de Alceste, seu irmão mais velho. Não tão esguio quanto Gracindino, mas em mesma estatura e feição, filhos de mesmo pai e mesma mãe, portanto, muito parecidos. A diferença entre estes irmãos, fisicamente tão parecidos, estava na postura e comportamento. Alceste, como todo jovem, teve seus momentos de boemia e bebidas, mas por um curto espaço de tempo. Casou-se cedo, convertendo-se ao protestantismo e em pouco tempo consagrava-se Pastor. Família constituída, sendo a esposa e um casal de filhos. Uma vida centrada na oração e no cuidado ministerial com a sua igreja e seus membros, saindo do sério somente quando tinha que posicionar-se em razão das confusões criadas pelo irmão Gracindino, o que ocorria com certa frequência.

Coração é coração e sangue é mais ainda e, quando se via confrontado pelas situações protagonizadas por Gracindino, sentia na pele e na alma a dificuldade de posicionar-se contra o irmão, mesmo considerando ou atestando a sua culpabilidade. Entrava em tom conciliador buscando aparar arestas. Conversava, relevava, atenuava, mas, de repente, o sangue falava mais alto e ele modificava-se por inteiro, saindo em defesa do irmão e, por muitas vezes, indo aos finalmente, às vias de fato. Não foram poucas as vezes que o burburinho espalhava-se pela cidade de que o Pastor Alceste estava em uma confusão ou numa briga e, como era pequena a cidade, tomava grande repercussão a conversa repetida boca a boca, trazendo consequência, por vezes, até moral ao nobre e digno Pastor Alceste. Mas, por outro lado, eram muitos os que o defendiam, reconhecendo nele a força do lastro familiar, pois, no frigir dos ovos, mesmo diante das circunstâncias, saía sempre em defesa do irmão, da família. Era o sangue reclamando.

Essas ocorrências, ainda que repetidas por um longo espaço de tempo, não produzia efeitos negativos à reputação de Alceste e pasmem, nem tão pouco à de Gracindino, pois todos os conheciam e muito bem. De família íntegra, defensora dos bons modos e costumes, de comportamento reto e ético sempre, logo que passada a situação vexatória e reparados os erros, todos reconheciam a figura reta do Pastor e pai de família Alceste e de mesmo modo, a do cidadão e homem de bem Gracindino, somente um boêmio inveterado.

Para apreciação e deleite do leitor, relato aqui um episódio protagonizado por Gracindino e, como de costume, arrematado por Alceste, o irmão pastor. Numa noite, já por volta das 22h00min horas, depois de ter tomado todas e mais algumas em sua confraternização quase que rotineira, Gracindino, despedindo-se dos amigos de confraria e de cruz, deixa para trás o bar, tomando a direção de casa. Ora assoviando, ora cantando, envereda-se por um atalho tencionando encurtar o caminho, afadigado pelo peso dos tantos goles degustados. Eis que o previsível acontece; vê-se cercado, em uma curva do caminho, por um grupamento de cinco elementos que já o vigiavam a distância e agora buscam acerto de contas em homenagem a umas tapas desferidas por Gracindino há uns dias atrás em um dos integrantes do grupo. Gracindino vê-se em desvantagem, mas não arrega; era adepto e frequentador assíduo da boa troca de murros e, diga-se de passagem, era um trocador dos bons.

Estaciono aqui por um momento a narrativa para refletir e rememorar. Que tempo saudoso este, pois era assim que a maioria dos entraves e agravos resolviam-se, sem a necessidade de armas. Uns murros aqui, outros ali, umas quedas, alguns arranhões e todos iam pra suas casas com suas marcas e em paz. E no outro dia a cidade estava cheia do acontecido, sendo noticiado em todo canto e com alegria pelos repórteres amadores de plantão, diga-se, em termo popular, os fofoqueiros.

Pois bem, Gracindino não arrega e a confusão está feita. Começam os insultos, a troca de farpas, recheados de não tão nobres palavras e, enfim, as acusações. Eu lhe pego; você vai me pagar; de agora não passa; isso você não vai mais fazer e assim segue a arenga, esboçada em empurrões. Um garoto em sua bicicleta, passando pelo local, vê a contenda e corre a dar notícias do ocorrido ao irmão Alceste que, há esta hora, finalizava a pregação aos fiéis na igreja, de paletó e gravata. O garoto adentra a igreja correndo e anuncia, em alto e bom som que Gracindino está em contenda e que se encontra em desvantagem, pois são cinco contra um. Conta tudo a Alceste, quase pedindo intervenção.

Não carecia nem intervenção pedir. Digerindo a notícia rapidamente, lá estava Alceste bradando seu amém aos fiéis e deixando para trás a Bíblia, saindo em disparada ao socorro do irmão. Ao apontar na esquina, a cena vista não é amena. Lá está Gracindino engalfinhado em luta com cinco oponentes. Golpe certeiro que vai contra muitos que voltam, tal a quantidade de mãos e pés envolvidos. Cena que passaria em branco ao coração do pastor, mas que fere e atinge em cheio o coração do irmão. Não houve conversa nem ponderação e lá está Alceste e Gracindino botando pra correr não menos que cinco não simpatizantes, a custa de murros e pescoções. O pastor mais uma vez é mais irmão. Gracindino é levado para casa pelo irmão e lá, em quatro paredes, o pastor diz todas a Gracindino; ele pode e deve, mas aceitar outro agredi-lo, isso não.

Em outra ocasião, estava Gracindino em um bordel, como era o seu costume e, como sempre, aprontando das suas. Já alto pelo fogo da bebida, saca de uma arma e desfere uns tiros para cima. Foi terrível o burburinho. Uns se apertam nas portas buscando saída ao mesmo tempo, outros saltam pelas janelas. Alguns se escondem embaixo das mesas ou pelos cantos e alguém grita ao telefone: polícia! Gracindino está só no salão, arrodeado por algumas “meninas” que já o conheciam. Ele pede mais uma bebida e, sentando-se, põe em cada perna uma garota, vangloriando-se do feito.

Eis que de repente a viatura risca na entrada e saltam dois policiais dispostos a dar fim ao episódio. Da porta gritam as palavras de ordem, ou seja, a voz de prisão: “Têje” preso Gracindino. Era o soldado Camelo, acompanhado do parceiro Adnero. Gracindino, como estava, ficou. Sentado lá nos fundos do salão, uma moça em cada perna e de costas para a porta. A voz soa novamente, dita pelo soldado Camelo: “Têje” preso Gracindino!

Gracindino conhece a voz. Sentado estava, sentado ficou. Sacando da arma presa à cintura, vira o braço imediatamente e vocifera: Oh! Camelo, eu estava mesmo querendo lhe ver; “tava” doido pra lhe dar um tiro na testa. Simultaneamente à voz, o tiro é disparado e acerta o umbral da porta. Camelo e Adnero, pegos de surpresa, gritam um valha-me Deus e afastam-se correndo, deixando para trás a viatura. Neste momento, já avisado por terceiros, Alceste, o pastor, adentra o salão. Surpresa no rosto de todos; não é o local mais adequado para um pastor. Mas o irmão está lá e precisa de socorro, tudo explicado.

Gracindino mais uma vez é convencido e conduzido para casa pelo seu protetor. Ouvirá um monte com certeza e obediente ao irmão que é, nada responderá e dará descanso por um período, curto período.

Os irmãos mais uma vez roubam a cena e são notícia de primeira página no agudo boca a boca do interior e lá se vai o pastor Alceste se explicar com a cidade, com os fiéis e com os policiais destratados e amigos. Tudo resolvido. A rotina volta ao normal na pacata cidadezinha. A bocas pequenas e ao som de boas gargalhadas corre o assunto dos dias seguintes, todos aguardando a próxima de Gracindino. É quando a cidade de fato se movimenta e todos tem muito o que dizer.

Roberval Paulo

quinta-feira, 18 de julho de 2019

SIQUEIRA E TOCANTINS – Mais um capítulo - Roberval Paulo


O Tocantins está em festa e em evidência mais uma vez, protagonizando o cenário político nacional, pela posse do seu idealizador e eterno Governador Siqueira Campos no Senado Federal. O vereador eleito em Colinas do Tocantins - à época pertencente ao estado de Goiás - com votação expressiva, lá pelos idos dos anos 60, talvez não vislumbrasse, mesmo com sua mente futurista, que ao longo da sua estrada e trajetória, poderia ele protagonizar tão nobres feitos.

Deputado Federal pelo estado de Goiás, encabeçou, com tenacidade e persistência, tomando-a como sua, a emblemática luta pela separação e consequente libertação do então norte de Goiás; desejo este que esteve dominante por quase 200 anos na mente e sonhos de muitos desbravadores desta região, encontrando no velho Siqueira de guerra o seu expoente maior, o que culminou com a criação do vicejante estado do Tocantins.

Governou o estado que criou por quatro mandatos e, no limiar dos seus 90 anos, colocou-se à disposição do estado mais uma vez, lançando-se como candidato a Senador no último pleito. Afastando-se da disputa por problemas de saúde, indicou Eduardo Gomes para a vaga, assumindo a primeira suplência e emprestando seu prestígio e sua história à candidatura no decorrer da campanha.

Eduardo Gomes sagrou-se Senador e, agora, assumindo um posto de destaque no estado junto ao governador Mauro Carlesse, na Secretaria de Estado da Governadoria, abre espaço para o velho Siqueira de guerra no Senado Federal.

Pode-se muito ouvir dizer que é somente uma homenagem, um arranjo, um acordo de campanha, mas o que não se ouvirá em momento algum é que Siqueira Campos não é merecedor desta cadeira no Senado da República.

Sua história e trajetória falam por si. Seus feitos e os efeitos dos feitos o caracterizam como um dos maiores idealizadores da política nacional. Suas realizações e conquistas o credenciam a ter, cativa, a sua cadeira na história. Sua grandeza e envergadura confundem-se com a pujança e beleza da capital Palmas e com a consolidação socioeconômica deste estado, enquanto terra da livre iniciativa e da justiça social.

O Senado Federal começa a escrever hoje um novo capítulo. Basta ver as reverências dos senadores em saudação ao velho Siqueira, o seu mais novo e ilustre par.

O girassol que floriu por todo o estado do Tocantins e matizou de amarelo o verde esperançoso dos sonhos tocantinenses pela estadia de Siqueira Campos aqui, hoje é plantado na Capital Federal, colorindo as águas tranquilas do lago Paranoá, expandindo seu brilho pela esplanada da história.

No Senado, mais uma voz em defesa do Tocantins e do seu povo. Uma voz que já soa espaçada, compassada, mas ainda carregada de indissolúvel lucidez.

Sei que muito ainda contribuirá com o nosso existir e nossa consolidação.
Sei que acrescerá em muito a sua já robusta e significativa fábula de “homem público”, conferindo aqui a mais verdadeira acepção ao termo.

Sei que quase de nada sei, mas sei que a história se encarregará de nos contar esse enredo. Enredo este que nos fará refletir e dizer: valeu a pena Siqueira, pois tua alma não é pequena, em paráfrase ao genial Fernando Pessoa.

Roberval Paulo
Poeta Tocantinense