sexta-feira, 14 de agosto de 2015

CONSTRUÇÃO NATURAL - Roberval Paulo

Se não for como eu falei
É bem melhor que nem seja
É melhor nem ser bastante
Pra não ficar bem lembrado
É melhor não ser amante
É bom que seja espontâneo
É preciso ser estranho
Pra se dar a conhecer
É bom que saiba perder
Assim se aprende a ganhar
Na guerra em que for lutar

Lute por qualquer verdade
Nos becos dessa cidade
Quanta mentira escondida
Quanta gente destruída
E outras mais se perdendo
O trem da vida correndo
Nos trilhos do seu destino
A vida em desatino
Pede socorro a morrer
Não tem de não entender
Tudo vai se consumar
Mesmo que não concordar
Não é o que ninguém falou
Nem mesmo quem semeou
Ou deixou de semear
É sol em qualquer lugar
Tempestade em qualquer casa
Pra voar tem que ter asa
Mas é fácil rastejar
Eu disse, eu vou falar
Tem que ser como eu pensei
São as coisas que eu não sei
Que me fazem entender
Que a vida pra não morrer
Precisa entender a morte
Não é mais como eu falei
É como Ele escreveu
A morte que ele venceu
Não foi plantada na sorte
Tudo é como o vento norte
Tem direção natural
Existe a raíz do mal
Mesmo em meio a todo amor
O exército do desamor

É construção natural.

Roberval Paulo

sexta-feira, 6 de março de 2015

O PARTIR ANTES DO TEMPPO - Roberval Paulo

Às vezes penso que o segredo de tudo está nos porquês?
Penso e repenso até o mundo ficar tenso
Inclinado, descaído, pendido, penso...
Penso, só penso!
Mas não me atrevo a dizer.

Porque se vem, porque se vai?
Porque que vem quem nada tem?
Por que um ser se detém antes mesmo de nascer?
O porquê de se ficar tão pouco tempo aqui
O porquê de se passar tanto tempo sem medida
Na subida desta vida sem este sol merecer.

Penso também que é porque não existe um por quê?
O porquê é só um ser mais enigma que razão
Não um ser, uma equação que se vai a resolver
Que ninguém conhece a fórmula,
Que não perece, renova, sem nunca ao seu fim chegar
Qual romeiro em romaria pelo caminho sagrado
Que segue desarvorado só com o instrumento da fé
Novena que só rezando faz um milagre danado
Sem nada ser explicado, sem porque, sem paramento
Mas que segue devorando
Homens, sonhos, pensamentos
Semeando contra o vento a planta do bem virá.

Porque se vai pela estrada sem ter chegado a sua hora?
Tanta dor deixa pra trás, tanto sofrer... Oh! Tormento!
Quanta saudade a encher o existir do meu peito
Angústia que quase mata que é um tanto doer!
Que não explica, se sofre,
Que nada entende, só sente
Que não quer este presente que a vida lhe fez herdar
Quer até recomeçar, mas não tem forças... é inclemente.
O sangue de um inocente que o inevitável levou
O cálice que derramou antes do seu transbordar
Como entender o porquê da vida interrompida
Sem um motivo aparente, sem a razão se mostrar.

Penso que é por quê... Não sei dizer o porque
Talvez nem tenha porque, talvez tenha.  O que fazer?
É o mistério da vida que segue pregando peças
Não deixa aresta nem brecha para um porque indagar
Só nos resta o consolar compassivo de meu Deus!
Oh! Deus de misericórdia! Deus de bondade infinita!
Já que sofri esse golpe que não pedi pra sofrer
Dê-me forças pra viver... pra vida continuar
Cubra-me com o teu amor, com tuas bênçãos Senhor
Mostre-me o prosseguir, me guie com o seu olhar
Sou só dor, sou um ser andante que se perdeu no caminho
A força deste destino eu não queria viver
Mas se me deste é porque me conheces mais que eu
Vais saber como amparar seus filhos que estão perdidos
Senhor Deus, me dê motivos e me livre de morrer
Nos oriente a encontrar a razão de estar aqui
Eu não sei mais nem porque estou a sofrer assim
Porque os tirou de mim? Porque nos deixou tão só?
Meu Jesus! A tua benção, tua guia e proteção.
Ensine-me a não morrer, dê-me os porquês do ocorrido
Porque que me tens nascido pra suportar tanta dor?
Meu Senhor! Só o teu amor pode enfim me redimir
Ajude-me a persistir nesse caminho de morte
Dê-me um norte que preciso o teu amor encontrar
A vida continuar, nova razão existir
Meu Jesus! O teu perdão, que essa cruz que te chagou
Seja a mesma a me valer pra tua luz eu seguir.

Que eu possa um dia entender que assim é que tinha que ser
Que tudo valeu a pena e que nada foi em vão.

Amém Senhor! O teu perdão!

Roberval Paulo

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CAMINHAR DE NUVEM - Roberval Paulo

Não sei em que dia me encontro ou em qual noite descanso. 
Tudo é como as águas de um rio que descem caudalosas e cautelosas e nada as detém. 
Sou feito o sol escondendo-se da chuva e só voltando quando esta já partiu. 
Fugir da vida não posso. 
O chão que me espreita é paciente pois tem em si a certeza que me terá um dia. 
Não fujo do encontro, só retardo o que certo é. 

Ela vejo em sonho e seus cabelos e olhos me dizem amar. 
Fecho os olhos e sua visão faz-se mais nítida. 
Estamos do lado oposto da hora. 
Não sei em qual órbita ficou guardado o nosso encontro. 
Espero pacientemente e caminho na direção contrária do medo, 
pois tenho em mim a certeza que o nosso dia chegará.

Roberval Paulo

ADORAÇÃO - Roberval Paulo

Se me perco, és o meu encontro
Se me escondo, sou o teu achado
Se me despenco, tu me tens ao colo
Se me vejo só, estais ao meu lado

Se choro, és tu o consolo
Se estou triste, me dás alegria
Se me sinto pobre, tu és meu tesouro
Se me falta luz, és tu o meu guia

Quando canto, és tu a canção
Se tenho frio, tu és o abrigo
Se me apaixono, és minha ilusão
Se estás comigo, já não há perigo

Se sou o fim, tu és o começo
Se sou o começo, és tu o meu fim
Se choras, se sofres, sou eu quem padeço
Se tens alegria, alegras a mim

Sou labirinto, tu és a saída
És flor na minha vida, sou o teu jardim
És enfim, meu oásis, sou eu, do deserto

O caminhante, ao certo, tenho a ti, tens a mim

Roberval Paulo

A RAÍZ DO IRREAL - Roberval Paulo

Na sombra do som que se instalou em meus olhos
Na luz da manhã que anunciou o crepúsculo
Na fonte cansada que transportava a vida
Surgiu sua dor
As folhas se agitaram ao tocar os teus pés
O sabiá emudeceu ao sentir o teu canto
A lua se esquivou à tua presença
E eu,
Corri em desespero pelos dias
À procura do teu encontro
Que perdi na noite passada

Na explosão bombástica que dizimou o mundo vida
Na fome que se instalou no seio morto da vida
Nas lágrimas verdes da mata em sua mortal cantiga
Me veio sua dor
As águas pararam para lhe dar passagem
O sol escureceu aos seus raios divinais
O tempo abriu as portas para que fosses ao vento
E eu,
Parti extasiado pelo abraço de Vênus
A encontrar o teu amor
Naufragado nos braços do mar “desprezo”.

Na ilusão clarividente do dia que não anoiteceu
Na fantasia interminável da noite que não amanheceu
No acordar morto do sonho que não adormeceu
Chorei sua dor
O sol se fez permanente à tua chegada
A lua se mostrou clara à tua presença alada
O céu em constelação ornou o teu existir.
E eu,
Despertando em pensamento mórbido na estrada
Abracei o teu amor nesta fria madrugada
E a manhã abriu seus raios em vida plena e abundante
A Abundância da vida no amor plenificada.


Roberval Paulo

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Que o NATAL seja somente NATAL! - Roberval Paulo

O menino Jesus nasceu. Num estábulo, uma mangedoura, em meio aos animais. Em um ambiente rústico e pobre mas carregado da energia vital do existir e da essência viva da vida na natureza. Trouxe em si a simplicidade para o mundo e a humildade das almas generosas.

O menino Jesus nasceu. Não tinha mansões, nem castelos, nem riqueza, nem tão pouco ostentação. O berço foi arquitetado ali, na hora e, astuciosamente, feito com palhas, a matéria prima disponível no ambiente e que agasalhou bem alcochoadamente aquele minúsculo corpinho cheio de divindade e o aqueceu do seu próprio calor; o calor da vida em sua total plenitude.

O menino Jesus nasceu e não trouxe consigo poder nem ouro; nem palácios, nem reis. Não trouxe ambição ou egoísmo, muito menos soberba ou preconceito. Nem inveja, nem luxo; nem maldade e nem destruição.

O menino Jesus nasceu e trouxe sim, a construção de um mundo novo.
A boa nova foi anunciada e o verbo de Deus se fez carne, para habitar a terra e salvar a humanidade tão sem rumo, cumprindo-se assim as escrituras sagradas.

O menino Deus nasceu e trouxe à humanidade, o amor perdido, esquecido e sepultado na ambição e egoísmo dos homens. Trouxe simplicidade e humildade; trouxe generosidade e os ensinamentos para uma vida reta, justa, digna e repleta de amor de uns para com os outros.

O menino Jesus, nosso Deus e Salvador, nosso ser onipotente e divino tornou-se em carne; tornou-se homem para a salvação da humanidade, sua imagem e semelhança.

E, na sua pureza de homem santo, foi perseguido. Foi julgado, condenado e crucificado, sentindo no corpo e na alma, a dor e o abandono daqueles que tanto amou e ama, feitos, por amor, à sua imagem e semelhança.

Jesus Cristo morreu pregado no lenho da cruz para a salvação do mundo.
Quanto sacrifício! O sacrifício da própria vida por aqueles que o negaram e renegaram e o abandonaram, lavando as mãos.

A vida venceu a morte, é o que nos é pregado.
Será que realmente venceu?
Como a vida venceu se continuamos a morrer todos os dias. Não estou aqui falando da morte em seu sentido literal e natural.
Estou falando da morte que sofre a sociedade todo dia.
A morte pelo desprezo, pelo descaso, pelo abandono.
A morte pela exclusão, discriminação; a morte pelos preconceitos.
A morte pela ambição e egoísmo dos que querem sempre mais, não se importando com a vida dos seus iguais.
A morte pela acumulação de riquezas que confinam no curral da miséria sociedades inteiras que mais parecem bichos largados e caminhando sem destino, aguardando a hora não programada da triste partida.
A morte protagonizada pelos artistas-vilões mor dos sistemas e organizações políticas que rezam nas suas constituições o cuidado e o zelo com a população.
A morte pela falta de amor do homem para com o homem.
A morte pela falta de amor do homem para com o seu igual, unicamente.

O menino Jesus nasceu.
É Natal! É Natal. É Natal?
É Natal e eu não sei o que fazer nem o que dizer.
É natal e tudo continua igual como se o natal já fosse antes do nascimento.

Jesus Cristo nasceu e...que ele não volte senão o matariam de novo.
Que Jesus só habite em nossos corações. Em todos os corações da humanidade e das vidas todas.
E que o natal seja...........................................................Natal. Somente Natal...



Roberval Paulo

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O PASSAR DESSA VIDA - Roberval Paulo

Nem que eu viesse a sofrer todo o fim da dor do mundo,
Não seria nada perto do que sofreu Jesus Cristo
Não seria nem a sombra do que sofreu nosso rei
Pois que todo sofrimento já lhe foi antes prescrito.

Nada lhe foi perguntado se ele assim aceitava
Já nasceu com esse propósito, Ele tinha que cumprir
Deus Pai assim ordenou. Ele, Filho, obedeceu
Carregou a sua cruz, tinha uma estrada a seguir

Estrada essa lavada na dor do seu próprio sangue
Para que fôssemos libertos do pecado original
E nós não nos atentamos p’esse tão nobre martírio
Continuamos em nós plantando a raíz do mal

E nesse inferno astral de céu para quem padece
Padecemos por querer, por não querermos amar
Tal qual amou Jesus Cristo, nosso Deus e nosso Pai
Amou tanto que morreu pra humanidade salvar

E a humanidade até hoje não entendeu esse gesto
Não quis amar, não quis paz, se arvorou a ferir
Fere o igual, a si próprio, fere o seu Salvador
E se entende soberana na ilusão do existir

Não sabe esta humanidade que aqui estamos passando
Passar é o que nos cabe... vamos a um outro ninho
E nessa passagem o ingresso pra eternidade alcançar
É o amor, a humildade que dispensar no caminho

Nem que eu viesse a sofrer toda dor... a dor do mundo
Não seria nada perto do amor de Deus por nós
Ele amou de tal maneira o mundo que enviou
O seu filho Jesus Cristo e até o matou por nós

E o matando, libertou a vida no mundo inteiro
E o fez ressuscitar, Deus vivo, subindo ao céu
E a humanidade sem rumo viu a luz do novo mundo

Mas não a quis, desprezou e vive vagando ao léu.

Roberval Paulo

PEGARAM COMO BANDEIRA A BANDEIRA DA COPA - Roberval Paulo

É lamentável, triste, horroroso e demasiadamente nojento o discurso arquitetado, ensaiado e tão bem cuidadosamente e intencionalmente propagado pelos membros da oposição ao governo federal, principalmente, pelos parlamentares do PSDB, sobre a realização da copa do mundo no Brasil e, especialmente, sobre as obras da copa.

É bem verdade que temos em nosso país a existência de inúmeros problemas. Problemas estes das mais diversas ordens: social, política, econômica e administrativa, com também problemas de ordem oportunista, leviana, desonesta e interesseira, o que não deixa de retratar a nossa diversidade e a nossa tão certa e incerta realidade desde todo sempre. Somos altamente miscigenados e diversos culturalmente, socialmente, economicamente, etnicamente e interesseiramente e, dado a essa diversidade, não encontramos ainda, em nós, o caminho ou o modelo para a unicidade, para a unidade e para a construção de um povo só.

A nossa realidade é o que somos. A realidade que vivemos foi construída por nós e vive sendo alimentada, realimentada e consolidada pelas nossas atitudes  dia após dia. É muito fácil falarmos e vermos a corrupção que assola e aleija a nossa economia e atinge o nosso povo diretamente, produzida e protagonizada pelo sistema político brasileiro, mas, olhando para dentro de nós, para a nossa casa e para a nossa comunidade, não é tão fácil assim aceitarmos que praticamos essa mesma corrupção todos os dias nas nossas relações mais próximas, e, com essas práticas, acabamos por alimentar, mesmo sem perceber, a indústria nacional da corrupção que tem nos políticos de Brasília o seu Quartel General, onde tudo começa e termina, termina e começa ao mesmo tempo, nos envolvendo a todos, do Oiapoque ao Chuí, do menor ao maior, do analfabeto ao doutor, do ladrão de galinha ao colarinho branco.

Esta é a nossa realidade e era assim antes e será depois da Copa.

Precisamos de mais investimentos em saúde e educação, em infraestrutura e em modernização do sistema atual de políticas públicas. A soberania de um povo está diretamente ligada ao seu conhecimento e ao conhecimento da sua realidade e a cidadania está diretamente relacionada ao sentimento de construção de uma nação de todos e para todos e não a esta nação de poucos para alguns.

Esta é a nossa verdade e realidade. Muito temos ainda para fazer e por fazer, mas, atribuir todas as nossas ruínas e fracassos à realização da Copa do Mundo no Brasil é no mínimo leviano, pobre, mesquinho e de muito mal gosto, pra não falar de puro e total interesse próprio e não interesse do povo.


Roberval Paulo

A Seleção está aí: A SELEÇÃO BRASILEIRA! - Roberval Paulo

A seleção está aí. A seleção brasileira está aí. Com alguma ou outra preferência ou referência com relação a este ou àquele jogador, este “grupo” dos convocados agrada à maioria. E esse é o termo correto; um grupo em sinônimo e sintonia de equipe, tão bem preparado e elaborado pelo pai Felipão de todos. Felipão mais uma vez, em sua coerência, mantendo uma base por ele criada, trabalhada, estruturada e tão bem blindada por ele mesmo, tornando-a assim meio imune às interferências ou ingerências de tantos que não por maldade, mais por pura paixão, acabam por opinar sobre a seleção de forma negativa, sem poder evitar diversas manifestações por parte da imprensa e da comunidade esportiva, leia-se aí toda a nossa sociedade que tal qual Felipão ou qualquer outro técnico, conhece muito bem e com particularidades, cada um dos nossos jogadores.

Vejam o caso do goleiro Júlio César que, por não estar já a algum tempo defendendo uma grande equipe de um centro referencial do futebol, sofreu duras críticas de parte da imprensa esportiva; críticas essas que foram reproduzidas pela população à sua maneira, ou seja, de reafirmar o que já foi afirmado, porém, sem se fundamentar e que começaram por trazer algum desconforto para o atleta e uma desconfiança para uma grande maioria que não fazem as suas próprias análises e só se apropriam da análise da imprensa ou de quem divulgou ou propagou, já dando esta análise como certa e causando dano à seleção, mas que, no momento oportuno, foi muito bem atalhada pelo Felipão, que na sua sensibilidade estulta, assumiu a responsabilidade pela convocação, dizendo ser o jogador de sua total confiança, trazendo para si toda a carga de peso e de energia negativa que estava com o jogador, aliviando-o para o trabalho com segurança e fora dos holofotes.

Aconteceu algo semelhante na convocação e formação do grupo para a Copa de 2002, com todo o noticiário esportivo e, por reprodução, toda a população, pela paixão, pedindo a convocação de Romário e Felipão, na sua coerência e responsabilidade profissional, não cedeu, assumindo o risco, porém, um risco calculado, pois tinha números em mãos que lhe mostravam de forma muito contundente que a convocação pedida, repito, pela paixão, não traria benefícios à Seleção e ao grupo e sim, poderia trazer prejuízos. Esse é o Felipão, passível de erros como todo mortal, mas muito firme nas suas posições, tendo como parâmetro os resultados do trabalho realizado, de onde extrai suas mais convincentes convicções.

Acredito nesta Seleção. Acredito na Seleção Brasileira que carrega tão apaixonadamente os sonhos de toda a torcida brasileira. Felipão foi a melhor escolha naquele momento de tanta desconfiança com os nossos atletas, e, juntamente com Parreira, formou-se aí a dupla vitoriosa das nossas duas últimas conquistas, portanto, uma dupla bem experiente e a mais experiente que poderíamos encontrar neste estágio do nosso futebol. Uma escolha muito bem acertada pelo Presidente Marins, da CBF.

A seleção está aí. Se não temos atacantes como em outras ocasiões, temos Fred no melhor momento de sua carreira, e temos... Neymar, o nosso grande astro e uma das maiores revelações do futebol brasileiro dos últimos anos, já  consolidado, já acontecendo, já realidade. Temos um dos melhores sistemas defensivos já dispostos na seleção, basta olharmos os números da nossa defesa. Se não temos aquele homem da ligação, da inteligência, da bola longa, o cérebro que tínhamos em outras formações, temos um conjunto de passe, mobilidade, de velocidade que nos enche de confiança e  faz nossa paixão de torcedor aflorar em tom de crença e de esperança. Se o nosso goleiro não é hoje de uma grande equipe europeia, não é motivo de desconfiança ou de aflição; é só verificarmos os seus números na seleção, os seus resultados e atuações, para termos o orgulho de dizer: ele é o nosso goleiro, o nosso goleiro titular e nele confiamos.

A seleção está aí. A seleção brasileira está aí. Podemos perder a copa, mas está aí um conjunto muito forte e é o melhor que temos. Podemos ganhar, pois, da mesma maneira, é um conjunto forte e é o que temos de melhor. Por isso, seja qual for a observação que façamos, esse grupo carrega a nossa esperança, a nossa paixão, a nossa total emoção, o nosso amor pelo futebol, pois somos o povo mais amante e apaixonado por futebol no mundo, mas também precisa carregar a nossa esperança, a nossa confiança, o nosso acreditar na vitória, a nossa fé e crença de que a vitória da seleção brasileira se converta na vitória do povo, na vitória de uma nação inteira, uma nação de chuteiras que, mesmo sofrida com tantos problemas sociais e econômicos que assolam e amargam a nossa vida, nunca perdeu a coragem de lutar, de vencer, de sonhar e mais sonhar com o alcance de dias melhores e de uma existência mais justa.

Uma nação e um povo que, mesmo vivendo na adversidade, encontra motivo para exprimir tanta, mais tanta alegria que transformou, nós, os brasileiros, no povo mais feliz do mundo. Povo esse que mesmo diante de tanta dor e sofrimento causados por esta desigualdade terrível produzida pelo descaso, pelo egoísmo e ambição dos nossos iguais, pela má distribuição da renda e pelos privilégios produzidos pelo poder constituído e instrumentalizado que desinstrumentaliza o existir da nossa maioria, nunca desiste e nunca desistiu de acreditar que o melhor está ainda por vir. É questão de acreditar. E eu sou brasileiro, nós somos brasileiros e acreditamos, pois brasileiro não desiste nunca.

A seleção brasileira está aí e com ela, mesmo nas tantas diferenças e indiferenças, nas tantas alegrias e lamentos, nas tantas cores do sofrimento, está o nosso acreditar, pois brasileiro é assim: não desiste nunca. Vamos então de verde e amarelo colorir os sonhos de todos nós, de todos nós brasileiros que de tanto sonhar e amar, de tanto sofrer e esperar, de tanto sorrir e acreditar, construímos a nossa nação Brasil. Construímos o nosso orgulho  de ser brasileiro.

A seleção brasileira está aí, ela é nossa e nela acreditamos como acreditamos nos dias melhores que estão por vir. Salve o povo brasileiro, nossa Pátria tão amada e idolatrada, salve, salve. É Brasil, é gol, é seleção, é o grito na garganta refletindo a nossa emoção. Refletindo o nosso existir, o nosso ser, a nossa razão de sermos Brasiiiiillll! De sermos BRASILEIROOOOSS!

Roberval Paulo

CANÇÃO DO INEVITÁVEL - Roberval Paulo

A morte é sempre chorada, mesmo sendo inevitável
É tão irremediável que se sente inesperada
Não é por ninguém esperada, é talvez inconveniente
Chega e se vai num repente, na insensatez de uma flecha

Não sei se falsa ou honesta, nem tão pouco inconsequente
É feito água vertente brotando da pedra bruta
Não é estúpida, é astuta
Só chega quando é chamada
Um chamado inconsciente que a mão humana não entende.

A morte não é demente... é lúcida, é despachada
É sutil tal qual o nada, é razão da existência
É um nó na inteligência que vê nela uma equação
Que se vai a resolver mais a fórmula não norteia (clareia)
É refém da dor alheia, ninguém sabe a solução.

A morte não é estação que vem no seu tempo e passa
A morte é viva e inata, é bela e nasceu com a vida
É imune à dor da partida, sabe ser esta um presente
Vem do passado ao futuro para ser somente história.

Não é fracasso nem glória, é simplesmente verdade
Não sabe credo ou idade, só que é preciso agir
Não tem de não querer ir, tem mesmo é que viajar
Percorrer a velha estrada que é nova em cada partida
Curar de vez a ferida que a vida sempre chagou
Com amor ou desamor, tem hora, é despedida.



Roberval Paulo

NÃO SOU MAIS UM SÓ - Roberval Paulo

Há muito deixei de ser eu
Quer dizer, não deixei de ser eu.
É que há muito, não sou mais um só.
Sinto que sou tantos que nem me conhecer conheço. 
É tanta identidade
Que eu me desindentifico.
Às vezes fica é esquisito eu não saber como vou
É a situação que faz eu ser quem eu mesmo sou.

Mas eu não sei quem eu sou antes da circunstância não.
É na verdade a situação que me mostra quem eu sou.
Então não posso saber de onde vim pra onde vou.
Se nem mesmo me conhecer eu conheço,
Não sei como devo agir, tão pouco como reagir quando me ponho a pensar.
Mas é a situação chegar e a mim se apresentar que eu, instantaneamente,
Assim, assim de repente, é meio inconscientemente, lá do subconsciente,
Que eu respondo sem pensar, sem nenhum planejamento,
Incorporo um eu de mim que neste instante sou eu, se apresentando a mim.

E sou eu mesmo, é verdade, sou eu tal como me sou
Desconhecido de mim, mas sendo eu, eu autêntico,
Incorporado em mim, que de mim nunca saiu
Só se apresenta na hora em que eu preciso ser
E ao mesmo tempo viver o eu do outro de mim,
Que ainda está em mim e de mim não desistiu.

Roberval Paulo

terça-feira, 17 de junho de 2014

ANOITECER DE UM POETA - Roberval Paulo

Ainda não me disseram quem vinha pra me alegrar.
É que eu estava triste, uma tristeza tamanha
que eu quase que nem sabia o que é ser um ser feliz.

Mesmo com a ilusão de que aqui se caminha,
de que aqui se aninha e encontra a felicidade,
mesmo sabendo a cidade ser uma nossa aliada,
andando em suas calçadas de luzes e sons perdidos

De passos quase inauditos, de gritos roucos, de dor,
da noite em seu esplendor a acolher seus incautos,
da vida em passos largos, parando na encruzilhada,
na ponte que está cortada para não mais se emendar

Do ser que foi a voar por perder a caminhada,
da fonte doce e cansada correndo sem se abater,
do canto de um padecer mais solidão que tristeza,
mais prazer que aspereza na calda de um bentevi

Te vi ali, não aqui, resposta de um sabiá:
cantar bem eu sei, sou eu, que não me encontro é com a sorte,
só caminho é para o norte, um caminho conhecido,
não de mim, de um ser antigo que habitava outro mundo
e me disse – extra pra o mundo! – cheguei e aqui sou razão,
não me fale de emoção, isso já foi, é passado,
agora o tempo é fechado, não há lugar para a dor,
todo o horror que habitava o universo do ser,

hoje vai a entardecer o que amanhã for amor.

Roberval Paulo

O FIM DO MUNDO - Roberval Paulo

O som ensurdecedor do trovão ressoou na imensidão azul do céu plúmbeo de medo. E o relâmpago, em raio eletrizante e cintilante, escorreu deslizante na abóbada em mistério anunciada, se perdendo no negro azulado da distância. A atmosfera cerrou as portas e o céu abriu suas comportas, inundando impetuosamente a noite em torrentes de terror e desespero. Escuridão era o que havia. Escuridão de uma noite sem luz e sem lua. De estrelas ausentes, apagadas no imaginar do escuro e de sonhos preocupados na inocente perspectiva de ver ali o mundo acabar.

A profecia se cumpria sem preparo e sem cerimônia. O fim chegava desavisado e não mais havia tempo nem mesmo para falar de amor. Gritos se ouviam em todas as direções. Gritos de desespero e de impotência frente ao fenomenal evento. Uma desordem geral ordenou no mesmo ambiente e espaço todos os seres, revelando uma harmonia inexistente nos tempos da normalidade. Homens e mulheres se juntavam a leões e outros mais bichos, sem se incomodarem. Crianças escalavam dragões e serpentes, na inocência incomum de ambos, sem perigo algum. O ondular das ondas feria o espaço vazio com sua lâmina líquida e aterrorizante, vencendo quaisquer obstáculos, seja de gente, bicho ou outra qualquer natureza, se arremessando ferozmente sobre tudo, devorando sonhos, pensamentos, vidas e histórias, sendo história viajante em viagem de céu. Volumoso corpo aguacento, vivo e adjacente, num surdo rumor de riso e raiva, subindo vertiginosamente pela estrada aberta e larga que só se estreita nos limites dos céus. A natureza fechou seus olhos e se entregou, caindo por terra que nem terra mais era, levantando desta todos os filhos da luz ou trevas, levados igualmente e impiedosamente ao destino da viagem última. Consumado está o que não mais se pode remediar. O que foi é o que é e o que é pode ser o que não será.


O surpreendente de tudo, de todo este imensionável evento é que, mesmo no fim, a vida não acabava. A vida, quando chega ao fim, ainda é, em si, um ser existente. Ela se renova, transfigura-se e habita galáxias desconhecidas da terra a tão largos anos luz distantes, pelo espaço de um instante. E galáxias e outras mais galáxias se encheram de vida. Da vida que a terra renegou por não mais suportar. Se encheram da vida que não mais podiam aqui continuar, mas, que não estavam prontas, aperfeiçoadas para ao destino final e último chegar. E assim, vão por aí, habitando galáxias e mais galáxias até atingirem o último estágio da existência. 

Morrendo e recomeçando, em nova vida inserida, desconhecida de todos a nova vida investida, mas que é o caminhar lento, cortante e necessário para o aperfeiçoamento total enquanto ser, enquanto ser existente vindos do amor maior, vindos do seio do seu criador, por amor, e que se desvirtuaram por pouco quererem entender do amor que os trouxe à existência e então, penalizados estão, sentenciados a habitarem, de vida em vida, o desconhecido, até se conhecerem e se entenderem enquanto seres de amor que são, e, assim, alcançarem, pelo dom do amor, pelo dom do saber amar, o reino prometido lá no seio daquele que um dia por aqui caminhou e plantou com todas as letras e com o adubo da verdade, a razão da sua vinda e sacrifício. 

Lá no seio daquele que, se dirigindo a todos, indistintamente e indiscriminadamente, disse em tom de sabedoria e de santificação, a verdade maior: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao pai senão por mim”.

Roberval Paulo