sábado, 11 de maio de 2013

POEMA DAS MÃES - Giuseppe Artidoro Ghiaroni


 - Para Leonesa, minha Mãe, lá em Araguaçu - TO.
                            "Que Deus a proteja e a ilumine sempre, conservando-a na mais plena e completa paz, gozando de perfeita saúde e do intenso amor que sempre devotou a seus filhos e à vida. 
            Parabéns neste dia tão especial:   Dia das Mães 

Mãe! hoje volto a te ver na antiga sala
Onde uma noite te deixei sem fala
Dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
Porque a sina das mães é esta sina:
Amar, cuidar, criar, depois... perder.

Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
Já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
Sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
Ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
Fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
Olhando o leito que eu deixei vazio, 
Cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
E te encontro quietinha na cadeira,
A cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
Não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
De te mostrar nas rugas do meu rosto
Toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
Da minha máscara irreconhecível,
Minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
Eu brandi o punhal dos assassinos,
Eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
Eu fui vilão em todas as tragédias,
Eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
E só agora, quando chego ao fim,
Traído pela última esperança,
E só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
A cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
E, me envolvendo num milhão de abraços,
Rendendo graças, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
E parece que Deus entrou aqui,
Em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
Quase é como se o Céu me perdoasse,
Me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
Que eu compreendo o que significa:
O filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
Mas que me beija como agradecendo
Toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
Mas tu me olhas num olhar tão doce
Que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
Maior que todo o mal da humanidade
Purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
Enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
Cantará a esperança para o mundo

Redes Sociais
de Giuseppe Artidoro Ghiaroni - Jornalista e Poeta Brasileiro

sexta-feira, 10 de maio de 2013

LUZ DO INDECIFRÁVEL - Roberval Paulo


Paredes de vento e concreto
Dor e prazer, agonia
Vida e morte, todo dia
Amor, paixão e desejo
A natureza do beijo
Autofágica sinergia
Florescer da anatomia
Carnes e partes e formas
Momento, tempo presente
Cimento, sólido tear
Chão, vulcão e passamento
Rebentos, ondas geladas
Sensações desenfreadas
Química, corações e velas
Degelo, solar-lunar
Átomos das cores mais belas
O metafísico eclipse
Na geografia dos corpos
Mistério, chaves, segredos
Passíveis de desenredo
Sangue, nervos e magia
Explosão, disritmia
Possível punhal do tempo
Abismo de nostalgia
Bocas úmidas, gritos roucos
Labirinto de vontades
Revelando o inconsciente
Na luz do indecifrável.

Roberval Paulo

UM LOUCO DA VIDA - Roberval Paulo



Meu sonho está na estrada
Eu vivo um dia por dia
Eu rezo a Ave Maria
E sigo fazendo história
Sou de fracassos e glórias
Sou mesmo um louco da vida
Quero esta noite aquecida
Pelo véu do criador
Sopa de estrelas luzentes
Colchão de relva macia
Estou falando em poesia
Tenho um cavalo ligeiro
Asado, um cavalo alado
Que busca até pensamento
No peito do firmamento
No verde mar dos teus olhos
Tô na chuva e não me molho
Tenho sede de justiça
Estou um pouco cansado
Cadê o trem que não passa?
O santo que não me abraça?
Porque não começa a missa?

Meu sonho está na estrada
Eu vivo um dia por dia
Eu rezo a Ave Maria
E sigo fazendo história
Sou de fracassos e glórias
Sou mesmo um louco da vida.

Roberval Paulo

DIÁLOGO DO AMOR DESESPERADO - Roberval Paulo


ELE:– Mais eu te amo!
ELA:– Não adianta,
            Lhe falta o nosso sustento.
ELE:– Tu me amas?
ELA:– Só o que tenho é amor.
ELE:– O amor é tudo.
ELA:– Não, se existe a fome.
ELE:– Vamos viver de brisa.
ELA:– Está pensando que eu sou flor?
            Não. Brisa não alimenta.
ELE:– Alimenta sim. A alma.
ELA:– Somos também corpo.
ELE:– Ah! Isso não é amor.
ELA:– Somos matéria, carne, pecado.
ELE:– Eu sou só espírito,
           Transcendental é o meu amor.
ELA:– Você está sonhando,
            Isso é poesia, delírio.
ELE:– Não seria poeta
           Se não fosse um sonhador.

Roberval Paulo

A ESTRADA - Roberval Paulo




Quisera eu ser a vida
A vida em tempo presente
A vida passando a limpo
A sujeira do passado
Queria até ver o estado
Vivendo a vida das gentes
Aquele tempo indecente
Nas mãos guerreiras do povo
Quisera eu ser homem novo
Não desses que em tudo crê
Daqueles que crê e não crê
Mas acredita, confia
No desenrolar dos dias
Na caminhada infinda
Seguir por esta avenida
Cheia de curvas e esquinas
Ver nos olhos da menina
Sua condição de criança
Sonhar e ter esperança
Nos olhos do criador
Na natureza e no amor
Razão de toda a existência
Sorrir e ser complascente
Construindo o seu destino
O homem se faz menino
No entardecer da jornada
Quisera eu ser a estrada
Dona de todo caminho
Da vida em desalinho
Que vê a ponte caída
Seguir na reta da vida
Salte o vão do desespero
Cair por despenhadeiros
Se aprumar na descida
E da chegada à partida
Ser vida, ser vida viva
Abandonar o cansaço
Matar um leão por dia
Não entregar-se ao fracasso
 Fé em Deus e paz na guia.

                      Roberval Paulo

A POESIA COMO REALIDADE ABSTRATA - Roberval Paulo



A poesia é libertação e o poeta
À força de sangue e suor, sonhos e inspiração
Se prende nas palavras
Se faz herdeiro do nada
À procura da liberdade que não vem

A poesia o seu próprio caminho tem
É esta a estrada na direção contrária da vida
E em sentido oposto corre o poeta
Semeando palavras
Descartando sonhos e encantando serpentes
De veneno mortal
Que mais tarde lhe cravarão seus dentes

A poesia é água vertente
Descansando nos leitos da verdade surreal
Encontrando guarida só no sonho do poeta
Que, isolado e só, recria dia a dia
Os caminhos da humanidade desumanizada

A poesia é viagem desassossegada
Ventania cinzenta colorindo nostalgias
Em verde azul e róseo trabalha a mesma poesia
E o poeta, louco e sem cor
Desfila suas dores na amargura abstrata do nada
E sangrando seus horrores em sangue e tinta apenada
Ascende aos corações o bem do amor

A poesia é bela e o belo é amor
E o amor se mortifica frente a realidade falida
E o poeta, triste e sozinho, se desintegra da vida
Saindo à francesa pela tangente do horror
E tanto dos seus sonhos a sonhos alheios semeou
Que fez-se sem sonhos a sua própria partida.

Roberval Paulo

SABEDORIA - Roberval Paulo


                Ao meu Avô - (em memória)
As pessoas boas recordo meu avô
Uma lembrança perdida
Que não a alcança os olhos
É a memória que viaja
Pelo passado dos meus verdes dias
O presente tão sem cor
Que quase só de memórias sou feito
E o passado não roda moinho
Mas roda o tempo ao revés
Trazendo-me pelo tempo
A criança que um dia fui
E o meu avô, seu braço forte
Seu olhar severo, seu coração mole
Seu jeito de encantar
Ele era tão criança
E me disse no meu tempo de menino
Vai pela vida meu filho
Que esse mundo é todo seu
Plante o amor
                   e colherá a paz
Plante a certeza
                   e colherá a realização
Plante a vida
                   e colherá a vida eterna
E sede como a água meu filho
Corra sem parar
Corra mesmo sem ter onde chegar
Corra mesmo sem saber onde vai dar
O que importa se o fim da corrida é a terra... ou o mar?
O importante é semear
A essência da vida por onde passar

Que a vida lhe seja em excesso
E que o mar “mundo” esteja feliz
com a sua chegada.

Roberval Paulo 

OLHANDO ESTRELAS,,, (Persistência) - Roberval Paulo


E meu corpo estava cansado
E meus olhos mal podiam ver
E tudo era turvo ao meu redor
                   E eu olhava as estrelas tentando vê-las

Nuvens densas enegreciam o crepúsculo
O chão fugia aos meus pés
Um abismo se abria à minha frente
                   E eu olhava as estrelas tentando vê-las

Nada mais fazia sentido
Tudo era silêncio e dor
Só o pensamento falava por mim
                   E eu olhava as estrelas tentando vê-las

O mundo se voltava contra mim
Tudo explodia à minha volta
A vida estava por um fio
                   E eu olhava as estrelas tentando vê-las

A lua chorava lágrimas de prata
Presenciando o meu infortúnio
A tempestade se fazia ainda mais forte
                   E eu olhava as estrelas tentando vê-las

E de repente, tudo deixou de existir
Agora era eu só e o deserto
As estrelas nunca apareceram
                   Mas eu continuo olhando, tentando vê-las

Simples vida, olhos fixos no céu
E tantas outras vidas sobre minha cabeça
E me pisam, me maltratam, me quebram e me humilham
                   E eu continuo olhando as estrelas pois sei que vou vê-las!

Roberval Paulo

PASÁRGADA JÁ NÃO EXISTE - Roberval Paulo

                                        Uma singela homenagem ao grande poeta Manuel Bandeira (em memória)

Vou-me embora daqui                                                              Daqui pra um outro lugar
Aonde eu possa ter uns seis anos mais ou menos
E todos os meus problemas sejam sonhos de criança

Vou-me embora daqui
Eu sei que há um outro lugar
Aonde eu possa viver sem tudo me incomodar
Aonde eu possa existir existindo de verdade
E possa contar estrelas sem verrugas me nascer

Vou-me embora, vou-me embora, eu sei que já vou embora
Vou porque está em mim o desejo de partir
O lugar já não existe, aqui não existe nada
Não posso mais ser tão triste, preciso me encontrar

E quando a noite chegar
Quero um sonho que amanheça
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
Aí vou querer voltar aos seis anos mais ou menos
Aí vou querer viver sem tudo me angustiar

E vou querer existir existindo de verdade
E vou poder encontrar-me no lugar de onde eu vim
E os meus sonhos de criança vou poder recomeçar
E não vou mais ser tão triste, vou até me alegrar

Pois não encontrei Pasárgada
Pasárgada não mais existe
Não vou nem mais querer ter vontade de me matar

À noite só quero amar
À noite só quero amar
À noite só quero amar sem medo de ser feliz
É que aprendi que a vida é a realidade que há
A realidade que é minha
A realidade que é nossa
A realidade da qual
Se vence no caminhar.

Roberval Paulo

SONETO DA INTIMIDADE II - Roberval Paulo



O meu som tem a cor da tua pele
A minha voz só se cala no teu beijo
Olhando para o céu são os teus olhos que eu vejo
A esfinge de um amor que se revele

No evangelho da palavra que se vele
Da moça se emoldurou a canção
E do canto fez se um rio em oração
O prenúncio de um enigma... e me fere

Não se entende, não entendo este tormento
Um sentimento que não quer se revelar
Mas que vive e viaja no pensamento

No intuito de juntos um dia estar
Dois seres só esperando o momento
Alma e corpo a este amor se entregar.

Roberval Paulo

SONETO DA INTIMIDADE I - Roberval Paulo


Um dia claro, de sol e luz que brilhava
Meu interior negro como a solidão
Ouvi a voz daquela que não disse sim nem não
E nos meus olhos novo sonho remoçava

Falamos e detalhamos a intimidade passada
Fagulhas de sentimentos fervilhavam o coração
Ela quis dizer um sim, na verdade, disse não
Quer dizer, nem não, nem sim, disse que em DEUS aguardava

Sugeriu uma leitura, eu falei em oração
Toda a verdade floresce na sagrada escritura
Ela falou comovida, tive uma revelação

Bateu forte o coração, nossa verdade mais dura
Nós dois falamos de amor, ela falou de perdão
É na palavra de DEUS que todo o verbo se cura.

Roberval Paulo

LITERATURA - Roberval Paulo



escrever é não ser literário
é sorrir no andar da criança
encontrar com a noite e temê-la
soluçar por amor, consumir-se
escrever não é forma, é viver
não à técnica, vamos na contramão
a cabeça pensando e a mão
rabiscando o papel do destino
cometer o mesmo erro cem vezes
se este erro é vontade da alma
escrever é suor e não palma
é sonhar na cruel realidade
é fazer no caminhar, a história
descrevendo a mentira e a verdade.

Roberval Paulo





quinta-feira, 9 de maio de 2013

MANIFESTO "DITADURA NUNCA MAIS" - Roberval Paulo

Ninguém em sã consciência poderá sentir saudade do regime militar. Vivemos um caos político, é bem verdade, liderado e protagonizado pela corrupção, um dos grandes males da nossa sociedade e por outros males ainda mais nocivos, sendo, a ambição e egoísmo de nós humanos e o  mal maior, o capitalismo, criado pelo mal anterior, responsável mor pelas desigualdades sociais e econômicas mundo afora, pois tem como fundamento e força de manutenção a concentração da renda e poder nas mãos de uma minoria, em detrimento da grande maioria. 


Mas daí, querermos voltar ao regime militar, à ditadura, um regime responsável pela página mais negra da nossa história; um regime que segregou uma nação inteira pela implantação e execução, pela força, de um projeto fantasioso, insano e atendendo mais a interesses econômicos americanos do que nossos; um regime responsável por mutilar sonhos, destruir famílias pela violência gratuita; um regime que assassinou pela tortura, vergonha, pela humilhação e por homicídios covardes tantos inocentes; um regime endoidecido, de ideologia desvairada que enxergava subversão até no caminhar da dona de casa; um regime que suprimiu do seu povo um dos bens mais preciosos da humanidade e que nos foi dado por Deus que é o livre arbítrio, a nossa liberdade; um regime doente, instituído pela força doente de um golpe ilegal e ilegítimo, desprovido de direitos, legitimado pela truculência, andando na ordem contrária da democracia e da soberania nacional; um regime autoritário que subtraiu, minimizou e desconsiderou os direitos do seu povo. 


Como sentir saudade disso que foi chamado de regime militar? Isso foi uma das grandes vergonhas do nosso País e que deve estar na nossa memória só para entendermos que voltar à ditadura, ao regime militar, jamais, nunca mais. 


A Nação Brasileira ainda chora seus filhos dos anos de chumbo na dor das famílias mutiladas, na dor de mães e pais, de irmãs, de filhos e filhas, de namoradas, de esposas, ao ver seus entes queridos presos, torturados, desaparecidos, mortos covardemente e cruelmente pelo "governo" em nome do seu próprio país, num processo de arbitrariedades sem fim.


Sigamos em frente e que os nossos sonhos, desejos e vontades possam ser livremente  sonhados e almejados, apesar dos pesares. E que possam ser livremente tentados, apesar da desigual luta que ainda é nobre pelo livre exercício do ir e vir.


Que a nossa democracia se aperfeiçoe e se consolide cada vez mais e que um dia consiga minimizar, amenizar, diminuir as diferenças e desigualdades sociais e econômicas, aproximando mais as classes.


Vamos com esse intuito, confiança, perseverança e crença, marcharmos nessa direção, apesar dos pesares, mas, voltarmos à ditadura, jamais, jamais, jamais...batam na madeira Nação Brasileira e isola, que isso é muito perigoso.


Roberval Paulo