A poesia é libertação e o
poeta
À força de sangue e suor,
sonhos e inspiração
Se prende nas palavras
Se faz herdeiro do nada
À procura da liberdade que
não vem
A poesia o seu próprio
caminho tem
É esta a estrada na direção
contrária da vida
E em sentido oposto corre o
poeta
Semeando palavras
Descartando sonhos e
encantando serpentes
De veneno mortal
Que mais tarde lhe cravarão
seus dentes
A poesia é água vertente
Descansando nos leitos da
verdade surreal
Encontrando guarida só no
sonho do poeta
Que, isolado e só, recria dia
a dia
Os caminhos da humanidade
desumanizada
A poesia é viagem
desassossegada
Ventania cinzenta colorindo
nostalgias
Em verde azul e róseo
trabalha a mesma poesia
E o poeta, louco e sem cor
Desfila suas dores na
amargura abstrata do nada
E sangrando seus horrores em
sangue e tinta apenada
Ascende aos corações o bem do
amor
A poesia é bela e o belo é
amor
E o amor se mortifica frente
a realidade falida
E o poeta, triste e sozinho,
se desintegra da vida
Saindo à francesa pela
tangente do horror
E tanto dos seus sonhos a
sonhos alheios semeou
Que fez-se sem sonhos a sua
própria partida.
Roberval Paulo
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