Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
terça-feira, 28 de agosto de 2018
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
Blog Roberval Paulo: CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo
Blog Roberval Paulo: CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo: Meus conceitos não são velhos Velho é me conceituar Velho é tecer conceitos A quem não segue conceitos Pois conceitos não são f...
CONCEITUAÇÃO! - Roberval Paulo
Meus
conceitos não são velhos
Velho
é me conceituar
Velho
é tecer conceitos
A
quem não segue conceitos
Pois
conceitos não são feitos
Para
as gentes bitolar
Quando
muito, pra lembrar
Que
o conceito conceitua
Mas
nele não se acentua
O
acento do caminhar
Pois
que a luz do estradar
É
o reflexo do passante
Chega
a ser entediante
A
quem negligenciar
Que a ordem conceitual
Não
vá te desordenar
A
rua rima com lua
Mais
só uma é de andar
A
outra é pra apreciar
Sem
um qualquer preconceito
Pois
que dentro do conceito
A
lua é moça formosa
Pretendente
venturosa
Do
sol raivoso e sisudo
Que
em um conceito mudo
É
quase ouro a brilhar
E
que no seu viajar
Manifesta
sua grandeza
Mas
não nos dá a certeza
Que
essa airosa grandeza
Mesmo
estando posta à mesa
Alguém
vá conceituar?
Então
não me conceitue
Conceitue,
mas assim
Não
conceituando a mim
Mas
a ti dê seu conceito
Pois
dando a ti o efeito
Do
conceito dado a mim
Compreenderás
enfim
Bebendo
o próprio veneno
Adentrarás
o terreno
Da
consciência moral
Não
desejando ao igual
O
que não queres pra ti
É
só em frente seguir
O
caminhar está feito
Pois
o efeito do conceito
Não
mais irá te ferir.
Autor: Roberval Paulo
SACRAMENTO - Roberval Paulo
Se me nascesse jogado
Em colchão de folha seca
Ou mesmo ao som de clarineta
O batismo é o meu sustento
Nem que me fora de ouro
Ou do mineral mais nobre
Veria o sonho de um pobre
Ser mais que qualquer unguento
Mas não seria eu avesso
Sendo a unção dos enfermos
De óleo santo e sagrado
Ungidos ao firmamento
É mais que poder dizer
Ungir-se é se alimentar
Pois no deserto, Maná
Era Deus ali atento
Sei que não posso parar
Dessa longa caminhada
Pois o porvir da jornada
É ir no passo do tempo
Mesmo que eu não queira amar
Não deixo de prosseguir
Pois a estrada a seguir
É o nosso ordenamento
O sol que me queima a pele
É o mesmo que me encoraja
O rastejar é da naja
Eu me adejo ao vento
A lua tem seus mistérios
A noite clara é um encanto
Ela vestindo o seu manto
Eu desvestido e cinzento
Cantando a canção da estrada
Sigo pisando em espinhos
Há flores em meu caminho
Miragens do meu tormento
No olhar crivo e cortante
Sinto a dureza da vida
Vejo a beleza da vida
Nas verves do sacramento.
Autor: Roberval Paulo
QUASE UM EPITÁFIO, UFA! - Roberval Paulo
Passa
por mim o vento com açoites
No
meu ser;
É
o único a me sorrir ao me despir por inteiro
Me
despir dos sonhos que ora já não mais sonho
Da
luz que não mais clareia
O
meu andar peregrino.
Passa
por mim o verde que um dia foi esperança
Uma
esperança morta que se fez viva de dor
Da
dor de não poder nem mesmo sentir dor
Da
dor de não doer o sacrossanto mistério do amor
A
lâmina fina que talha o íntimo da alma
A
alma indolor.
Passa
por mim o sonho
A
insônia da surrealidade
Meu
espírito ardendo em febre
Meus
dias corroídos pela dor social
Pela
sede insaciável
Pelo
ser desvirtuado
Pelo
ter exacerbado
Pela
luz que já pagou o seu doce brilho frágil.
Passa
por mim a vida
Passa
por mim o seguir
Passa
por mim o partir
Que
a morte não quer nem saber de ti.
Autor: Roberval Paulo
terça-feira, 20 de março de 2018
MEMÓRIAS - Roberval Paulo
Eu
hoje ainda me lembro
Da
minha bela cidade
Minha
doce mocidade
Dos
dias que eu fui feliz
Trago
em minha lembrança
Um
gosto de primavera
No
tempo que o tempo era
O
tempo que eu sempre quis
Estava
sempre a brincar
Corria
pelos quintais
No
gosto dos laranjais
Sentia
o gosto da vida
As
tardes todas de festa
Nas
águas lá da ribeira
“Passarin”
de atiradeira
Uma
alegria perdida
Nesse
tempo eu não sabia
O
que era labutar
Se
ia só a brincar
Todas
as horas do dia
Nadava,
como eu sorria
Sem
responsabilidade
A
fazenda era a cidade
Onde
meu sonho “avoava”
Meu
grito denunciava
A
minha felicidade
Eram
gritos de verdade
Mentira
não existia
A
natureza sorria
Não
tinha ali nem maldade
Hoje
só resta saudade
Daquele
olhar inocente
O
tempo ficou demente
O
mundo mostrou sua dor
Feriu
de morte o amor
No
germinar da semente
Eu
que nem imaginava
Existir
um padecer
Só
alegria e prazer
Meu
viver anunciava
A
mata virgem cantava
Respondia
eu do terreiro
Nesse
canto derradeiro
Eu
me perdia feliz
Pra
o mundo pedia biz
Que
tempo manso e ordeiro!
Hoje
esse tempo medonho
Saudade
é só o que resta
Os
dias cantavam festa
Hoje
é só tribulação
Se
foram sonhos de flores
A
alma respira guerra
Na
boca o gosto de terra
De
sangue no coração
Hoje
eu sou qual esteio
Que
segura a cumieira
Peso
de mil aroeiras
Nas
costas de um só cristão
Não
quero mais ser lembrança
Quero
esse passado agora
Voltar
no tempo, na história
Revisitar
meu sertão.
Roberval Paulo
PASÁRGADA NÃO MAIS EXISTE - Roberval Paulo
PASÁRGADA NÃO MAIS EXISTE
Ao poeta Manuel Bandeira (in memoriam)
Vou-me embora daqui
Daqui pra um outro lugar
Aonde eu possa ter uns seis
anos mais ou menos
E todos os meus problemas
sejam sonhos de criança
Vou-me
embora daqui
Eu
sei que há um outro lugar
Aonde eu possa viver sem tudo
me incomodar
Aonde eu possa existir
existindo de verdade
E possa contar estrelas sem
verrugas me nascer
Vou-me
embora, vou-me embora, eu sei que já vou embora
Vou porque está em mim o
desejo de partir
O lugar já não existe, aqui
não existe nada
Não posso mais ser tão
triste, preciso me encontrar
E
quando a noite chegar
Quero um sonho que amanheça
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
E quando o dia acordar, eu já distante daqui
Aí vou querer voltar aos seis
anos mais ou menos
Aí vou querer viver sem tudo
me angustiar
E
vou querer existir existindo de verdade
E vou poder encontrar-me no
lugar de onde eu vim
E os meus sonhos de criança
vou poder recomeçar
E não vou mais ser tão
triste, vou até me alegrar
Pois
não encontrei Pasárgada
Pasárgada não mais existe
Não vou nem mais querer ter
vontade de me matar
À
noite só quero amar
À noite só quero amar
À noite só quero amar sem
medo de ser feliz
É que aprendi que a vida é a
realidade que há
A realidade que é minha
A realidade que é nossa
A realidade da qual
Se vence no caminhar.
Roberval Paulo
PAZ AO RIO E PAZ AO POVO TAMBÉM - Roberval Paulo
A
pomba branca da paz alçou o seu vôo e sobrevoou toda a baía de guanabara, na
cidade maravilhosa do Rio de Janeiro e, nos morros da insônia e do
desassossego, foi atingida e ferida de morte por balas perdidas e destinadas especificamente
para inibir a paz, e esta, chorando a insensatez da humanidade desordenada e
sem direção, deixou-se abater e caiu por terra em sono profundo para não mais
levantar-se.
Foi-se embora a paz, tragada e morta pela ambição e egoísmo dos seres humanos.
Pela maldade e insanidade dos modelos econômicos vomitados pelas estruturas do
poder que, podres e corruptas, segregam e excluem a grande maioria dos seus
iguais.
E assim, o caos se instalou e a bandeira negra da dor e do terror espalhou sua
legião de seres ante-socializados pela hipocrisia viva e cruel dos homens,
pelos becos e labirintos e vãos dos morros e favelas à caça do sangue que de
suas entranhas foi retirado à custa de ações massacrantes e perversas
contra as massas, arquitetadas pela minoria privilegiada e inescrupulosa
e, o conglomerado da miséria humana encheu, encheu que explodiu, fazendo jorrar
dos morros para o asfalto a desesperança, o descaso, o medo da existência e a
dor aguda da impotência, desencadeando o confronto geral dos que nada tem aos
que tudo ganham.
A guerra foi inevitável e o sangue de culpados e inocentes se igualaram na dor
das famílias destruídas e a batalha sangrenta teve início quando a descrença
venceu o amor e, no rito do cada um por si, na junção da conveniência, venceu o
desentendimento total pela selvagem e necessária sobrevivência.
O caminho inverso está sendo feito. Tudo que vai um dia volta, transformado e
transfigurado. O que foi levado e semeado pelo desamor da sociedade para com
ela mesma retorna agora em ódio e ação contrária à sua própria dor que sangra
com o sabor do sangue imprevisível e inevitável.
Não há mais outro caminho. Não tem mais outro jeito que não o enfrentamento dos
poderes.
O poder oficial, instituído, legítimo, legalizado menos que irracional e guiado
pelos interesses dos seus mandatários e o poder paralelo, também instituído e
legitimado pela lei da sobrevivência, alimentado pelas feridas enraízadas
n'alma, causadas pelas ações ineficazes e cínicas do poder oficial; ilegal, mas
não menos poder enquanto poder de interesses.
Que vença a paz, se isso for possível e que cause o mínimo necessário de dor.
A dor impossível e revolta que ataca nosso peito a cada novo menino garoto
tragado pelo crime.
A cada nova menina moça pintada pelas cores intrigantes e revoltantes da
ascendente e desfigurada prostituição.
A cada pai de família com o peito trespassado pela faca da realidade da vida do
filho morto.
A cada mãe com alma e coração sangrando pelos filhos fulminados, alimentados e
decaídos pelo indestrutível e periculoso tráfico.
A cada novo ser esperançoso dessa tão desesperançada sociedade, descrente e
desencaminhada bem como sedenta e perseguidora voraz da paz tão sonhada e
almejada.
Que vença a paz se isso for possível.
Que vença a paz se isso for possível.
Que vença a paz! Que vença a paz!
Enfim, que vença e reine a paz, consumindo, amenizando, suavizando e
cicatrizando todas as dores que somos enquanto sociedade em
"desevolução", retrocedendo, à procura do seu início.
Roberval Paulo
OS SENHORES DO DIREITO E SEU DIREITO DESENDIREITADO - Robervval Paulo
Os
senhores do Direito, que, direito, tudo tencionavam fazer, viram-se, dentro do
Direito, direitamente endireitados a não realizar nada que fosse do Direito, e,
sim, tudo o que fosse do direito que não é direito.
Assim
então, endireitou-se, no Direito, o direito desendireitado, e, o que era
direito, no Direito, passou a não ser direito e sim, direito que não mais se
endireita.
Portanto,
já não é mais direito tudo o que um dia foi Direito, porém, contudo, todavia,
entretanto e no entanto, tudo o que foi direito, dentro do direito, ainda o é,
como também, tudo o que não é direito, sendo ou não de direito ou do direito.
Resumindo
e virgulando, para clarear, e, tentando melhor explicar, tudo é direito, no
direito, inclusive, o que não é de direito ou do direito, desde que ao Direito
interesse.
Partindo
desta premissa, tudo é direito ao Direito, desde que possa ser visualizado e
analisado à luz do Direito, que é a luz direita que margeia o nosso direito
torto e que não o é, de fato, o direito do direito e dê direito, e, sim, o
direito do nosso interesse no direito.
Roberval Paulo
IDENTIDADE - Roberval Paulo
Sou sozinho
Sim, me sou
sozinho neste mundo
Pois não
nasci atrelado e nem grudado a ninguém
Saí sim, de
minha Mãe, e ela, com toda honra e glória
Pela
eternidade da história
É a única
pessoa que me tem
Não sou
sozinho por gosto nem tão pouco por desgosto
Sou sozinho
por ser sozinho e é assim que me sinto bem
Mais sempre
preciso de um
E outra vez é
dum outro
E a outra vez
do outro e do um
E que,
simultaneamente, precisam de mim também
Mas neste
mundo de meu Deus o que mesmo me alegra
E me conforta
e me assossega
São os olhos
do meu alguém
Olhos de quem
nem conheço
E nem mesmo
sei se existe
Neste tempo
que é presente
Mais que é
amiga do vento
E vive
assustadoramente em meu pensamento
Uma imagem
reluzente, transparente, incandescente
Rastro de estrela
cadente
No rosto do
firmamento
Não me
entrego a sorrisos
Não sou fácil
de entender
Não sei nem o
que querer, nem mesmo como querer
E se me
queres pretender
Chegue sem me
dar aviso
Chegue sim,
com um sorriso, um verdadeiro sorriso
Que eu deixo
o meu juízo
Pra teu juízo
querer
Mais se
queres mesmo saber quem sou positivamente
E pela
vontade instigante de um momento
Puder em teu
pensar repensar meu pensamento
E quiseres
não mais me conhecer tão sozinho
Seja em ti um
ser de amor e de carinho
Chegue até
mim olhos nos olhos, frente a frente
E me dê a sua
mão mansa e fraternalmente
E me diga com
verdade, muito prazer meu amigo
Que eu
seguirei na caminhada lado a lado contigo
E brando e serenamente lhe chamarei também amigo
E brando e serenamente lhe chamarei também amigo
E
transfigurando os sonhos nessa mais terna amizade
Redirecionando
a vida no caminhar da verdade
Lá vamos nós,
não mais a sós, sorrindo, a cultivar gentes.
Roberval Paulo
A LIVRE INTERNET X O PENSAMENTO LIVRE - Roberval Paulo
Em
um tempo bem recente a onda era os correios, as cartas, os velhos postais, meu
Deus! Os telegramas até para comunicado de morte; a informação mais
segura e codificada do telex e do rádio amador. O mundo evoluiu rápido e com
ele, a tecnologia da informação. Evoluiu situando-se na vanguarda de todos os
processos.
Por
caminhar mais depressa que os outros sistemas, ficou sozinha em seu ambiente e
perdeu o passo; perdeu o controle do seu próprio caminhar e se desvirtuou do
seu objetivo e fundamento maior que era simplesmente e sempre passar adiante a
realidade dos fatos e acontecimentos o mais depressa possível e o mais
fielmente possível. A informação se desvirtuou por completo e atende
hoje a outros tantos interesses que não só o de informar e se fazer
conhecer. No quesito velocidade nada se questiona. Está muito rápido, até
mais que os “carros de fórmula 1”.
A
questão é a qualidade desta informação e os interesses que ela defende. A
informação está ferida de morte e a internet é o ataúde, o caixão, o
recipiente, o caldeirão "fervente" que acolhe e abriga tudo. É como a
terra. Abriga o anjo tal qual abriga o demônio aos olhos crédulos e incrédulos,
atenciosos e alienados, de boa fé e mal intencionados, no teatro protagonizado
e dirigido pela humanidade irracionalizada e desumanizada pela selvageria dos
interesses materiais e do poder impostos por aqueles que por força da corrupção
do ter, já estão, a muito tempo, desprovidos dos valores éticos e morais que
ainda deveriam nortear as ações e decisões humanas.
O
senso caiu no ridículo e é operado e levado a efeito no fundamento raivoso do
instinto. A estratégia e planejamento das ações na disseminação da informação
tem como objetivo único convencer; somente convencer sem se importar se há
verdade; somente convencer mesmo sendo essa informação um castigo e um pecado
para a sociedade.
Estamos
vivenciando este momento de cruéis noticiários levianos e insanos que ferem de
morte a nossa soberania conquistada a sangue e lágrimas e, a internet, é o
palco maior dessa selvagem batalha. Tudo se fala e se escreve mas nem tudo é
passível de prova.
Tudo
se produz e essa produção fétida e podre é repetidamente cambiada e recambiada
para os olhares das pessoas no intuito de vencer pelo cansaço as mentes e
corpos já surrados por esta louca e surreal realidade. Ferem a honra de
pessoas, a moral de outras e tudo vale pelo desejo macabro do poder.
Estraçalham sentimentos, extravasam emoções e brincam com a fé e crença das
pessoas, usando e abusando até de preceitos religiosos ainda não
resolvidos nas instituições e muito menos na cabeça do povo.
A
informação agride, pela internet, o ambiente livre dos sonhos, onde tudo pode,
é possível e permitido, sem se importar com o rastro de destruição que
segue na calda dessa informação, capaz de dizimar e reduzir a cinzas e ao pó
sonhos inteiros da humanidade.
Vigiemos!
Vamos nos atentar mais para o descontrole da informação pela internet, nos
embasando mais e aprofundando e fundamentando nosso estudo antes de comprar a
ideia. Vamos ser o nosso principal crítico. Não se aliene. Filtre tudo e
absorva só o que é importante. Não importante só para você, mas,
principalmente, para a coletividade. Não ponha crença em tudo e não se deixe
levar pela ideia dominante de que imagem é tudo e que propaganda é a alma do
negócio.
À
internet pode-se tudo dizer, mas vamos nos dizer só o que realmente nos seja
importante. À nós e à sociedade, à nossa
população, sem exclusões e ao Brasil como um todo. Vamos controlar o
descontrole, respeitar e preservar os nossos valores, dizer não ao desrespeito
e àqueles que estão nos desrespeitando. Vamos enfim nos importar com o que
realmente importa e fim de papo!
Roberval Paulo
terça-feira, 19 de setembro de 2017
PAISAGEM DO MEDO - Roberval Paulo
PAISAGEM
DO MEDO
Esta
é minha realidade
É
assim que preciso ver
Assim
que preciso agir
Assim
tenho que viver
Não
posso fugir do medo
O
meu medo é um outro ser
Um
ser que está em mim
Um
ser que não vou vencer
Não
posso fugir do medo
O
meu medo é minha sina
Sina
do medo, um enredo
Que
o medo a mim se destina
Vencer
o medo seria
O
mesmo que vencer a mim
Vencendo
o medo, me venço
Serei
vencido de mim
Então
ao invés de vencer
Preciso
o medo enfrentar
Saber
c’ ele conviver
Junto
a ele caminhar
Conhecer
a tênue linha
Entre
o medo e a coragem
Um
começa, outro termina
E
equilibra a paisagem.
Roberval Paulo
terça-feira, 22 de agosto de 2017
TEMPO - Roberval Paulo
O
tempo da vida é curto pra se fazer o que se quer fazer
Aquela
música que eu queria aprender
Aquele
livro que eu queria ler
Aquele
filme que eu queria ver
Vão
passando por mim no meu tempo que não me dá tempo
Nesse
tempo que não me dá tempo de viver.
O
tempo da vida é tão curto que não me dá tempo
Que
não me dá tempo de fazer um sonho se realizar
Porque
você começa, começa, começa...
E
antes do fim, já é tempo de parar
Parar
e recomeçar a viagem
Que
é o começo do fim que de novo se vai a começar.
O
tempo da vida é curto para ver o sol se pôr
Ele
nasce e sobe, sobe e se descamba a descer
E
você vai subindo
E
quando alarga o caminho
Já
é hora de entardecer, de adormecer
A
hora de ficar verde antes de amadurecer.
O
tempo da vida é curto para ver o dia passar
Você
trabalha, trabalha,
E
quando a vida embala
E
a moça se põe na sala à espera do seu querer
O
pai assim recomenda; a lua já deitou renda
De
manhã cedo, a venda. Tú tens que amanhecer.
O
tempo da vida é curto pra se fazer o que se quer fazer
O
sonho que eu sonhei. A vida que eu planejei
A
estrada que não se chega ao fim
Ficou
tudo preso no tempo
No
tempo que se foi com o vento
Um
tempo que não ficou em mim.
Roberval
Paulo
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
ANJOS QUE CHORAM - Roberval Paulo
A dor do estupro invadiu o seio de Platão
E a maldade dos homens se espalhou pela
humanidade sem nome.
E matou sonhos, feriu corações,
aniquilou vidas
e tingiu de um róseo negro
o azul de céu e mar.
A menina ganhou pirulitos de maçã
e subiu saltitante as escadarias do céu.
E o desejo e ainda o prazer
foram sepultados na estupidez
do homem sem cor. Um túnel sem luz!
Mais a alma, na sua pureza de menina
subiu ao céu
No seu sorriso, o pirulito de maçã
e a doce e terna alegria que só no céu se revela.
O cheiro de flor inebriou todo o céu
E as lágrimas dos anjos formaram
as torrenciais chuvas de outono.
Roberval Paulo
VIAJANTE DO TEMPO - Roberval Paulo
Controlar o tempo
Queria que este não passasse
Devia este momento durar mais que um dia
Mas não estou preso a ele pois o mesmo não me pertence
Só as coisas que nos pertencem nos prendem
Pelo menos é assim que deveria ser.
Controlar o tempo
Podia este parar pra esperar minha
vida que não consegue acompanhá-lo
Se ele parasse eu o alcançaria
e descansaríamos um pouco, sentados numa pedra, levando
intuitiva conversa
para depois, descansados e realimentados
de brisa e de paz, prosseguirmos a viagem que muito dura.
Mas esse tempo não me houve
Controlar o tempo e só seguir pela minha vontade
que controlaria e guiaria os meus passos
e não pela vontade de outrem.
O Céu que me espera não sei se existe e, se
fantasias são verdades,
nem sei como acreditar em mim.
Controlar o tempo
Controlar o tempo que me fechou a porta
e nem adeus me disse, nem se despediu. Se tivesse
o dom e o poder de governar o tempo
um dia sequer
fecharia esta porta e guardaria
a chave em lugar que só eu soubesse, abrindo-a
só quando o dia, por sua vontade, decidisse se encher da manhã
que teria entrada franca em minha vida, com a permissão deste
mesmo dia.
Ah! Controle do tempo!
Porque não vens aqui ensinar-me como
se faz com esse tempo que só sabe andar.
Que caminha, caminha, caminha sem saber
pra onde, sem saber por onde, sem
haver direção no seu caminhar.
Escuta-me senhor do tempo
Só você e unicamente você poderá me ajudar
Mostre-me o caminho que leva ao sol e
ensine-me o segredo de não me queimar.
Leve-me pela estrada do norte, na rota do sul e do bem caminhar.
Que eu cruze rios sem me afogar.
Que atravesse montanhas sem de lá despencar.
E que, ao cair, que eu me levante e encontre
forças para continuar.
E que todas as barreiras e os obstáculos e as
curvas da estrada com suas ladeiras eu consiga vencer
pela persistência do muito esforçar.
E, senhor do tempo
Eu não posso parar
Eu não posso parar pois eu sei que ainda tenho
muitas flores para colher, muitos sonhos para perder, tanta
conta para contar.
Tenho a história inacabada, quanto espinho espalhado, os
que já foram pisados e outros mais
que aguardam por meus pés que nem meus são.
Senhor do tempo me diga
Se é eterno o caminhar?
Se encharcando a camisa, suando-se de baixo em cima,
correndo mais que a notícia, quase qual bala que mata, mais
que um golpe de faca lambendo
o vácuo do medo, pode-se uma dia dizer,
vou parar pra descansar?
Controlar o tempo
Ah! Quem me dera eu soubesse desvendar este segredo
Quisera eu não ter medo de sorrir, de ser feliz
E na passagem da vida amar mesmo, sem medida, compartilhar
os meus sonhos com quem quisesse sonhar, semear por onde eu fosse,
muito amor, muito sorriso, muita paz que eu preciso
tornar o mundo melhor. Deveras, levar alegria
a todas as gentes e a mim, a todos nós e a ti
que me lê e nem me conhece, mas, que como eu, padece
do não entender a existência, a razão do ser, das crenças,
as dores e os sacrifícios que a mestra vida nos cobra
sem explicação alguma, mas no tempo e na estrada
vamos nós a cavalgar.
A caminhar, a sonhar,
nos labirintos da sorte
construindo e conquistando, montando um cavalo alado
Eu e você, lado a lado
Destino fraco e do forte
Procurando a própria morte
Por onde o vento levar.
Roberval Paulo
A RAÍZ DO IRREAL - Roberval Paulo
Na sombra do som que se instalou em meus olhos
Na luz da manhã que anunciou o crepúsculo
Na fonte cansada que transportava a vida
Surgiu sua dor
As folhas se agitaram ao tocar os teus pés
O sabiá emudeceu ao sentir o teu canto
A lua se esquivou à tua presença.
E eu,
Corri em desespero pelos dias
À procura do teu encontro
Que perdi na noite passada
Na explosão bombástica que dizimou o mundo vida
Na fome que se instalou no seio morto da vida
Nas lágrimas verdes da mata em sua mortal cantiga
Me veio sua dor
As águas pararam para lhe dar passagem
O sol escureceu aos seus raios divinais
O tempo abriu as portas para que fosses ao vento.
E eu,
Parti extasiado pelo abraço de Vênus
A encontrar o teu amor
Naufragado nos braços do mar desprezo.
Na ilusão clarividente do dia que não anoiteceu
Na fantasia interminável da noite que não amanheceu
No acordar morto do sonho que não adormeceu
Chorei sua dor
O sol se fez permanente à tua chegada
A lua se mostrou clara à tua presença alada
O céu em constelação ornou o teu existir.
E eu,
Despertando em pensamento mórbido na estrada
Abracei o teu amor nesta fria madrugada
E a manhã abriu seus raios em vida plena e abundante
A Abundância da vida no amor plenificada.
Roberval Paulo
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