Um blog que se propõe a lhe atender meu querido leitor. Acesse sem receio, leia tudo, cure seus medos, reflita e siga em paz. Que os seus caminhos encontrem a saída e que esta porta lhe transporte à essência do insinuante e insondável sentimento do ser... Roberval Paulo
domingo, 14 de julho de 2019
A VOLTA - Roberval Paulo
Uma singela homenagem a Mário Quintana
Avistei
ainda de longe
as primeiras casas
Os
campos conhecidos
chegavam-me aos olhos
Um
pouco diferentes
Mas
com a mesma familiaridade
Entrei
na Avenida Principal
As
casas pareciam cumprimentar-me
Muros
sorriam
Estavam
com saudades
Paredes
novas e retocadas
Portas
e janelas
de caras novas
Pisei
o chão da minha rua
Eles
me saudaram
Um
olhar asfáltico
Entrei
na casa da minha
infância
Acordando
minhas lembranças
todas
verdes
Elas receberam-me, em festa
e maduras
E
com um sorriso amarelo
Reclamaram
tamanha ausência
Sorri
de lágrimas nos olhos
Chorei
de sorriso nos lábios.
Roberval Paulo
terça-feira, 9 de julho de 2019
CORAÇÕES - Roberval Paulo
O
meu coração no teu
Minha
paz a tua paz
Teu
amor o meu amor
Feito
efeito contumaz
Minha
luz a tua luz
Meu
existir teu voar
Teu
voar em mim reluz
Essa
luz que me seduz
A
luz que aviva o mar
Meu
encontro, teu querer
Minha
busca o teu buscar
Teu
encontro, meu querer
O
meu rio no teu mar
Minha
sina, tua sina
Tua
sina, meu pensar
Teu
pensar que se destina...
Minha
nuvem pequenina
Bússola
do meu caminhar
Meu
canto, teu acalanto
Teu
canto, meu habitar
Minha
habitação, a tua
Teu
mundo, meu abraçar
Meu
sorrir, tua alegria
Tua
alegria, meu ar
Teu
olhar mina poesia
Teu
verso água vertia
Meu
hino o teu cantar.
Roberval Paulo
quinta-feira, 27 de junho de 2019
AMOR E TEMPO - Roberval Paulo
A vida é somente um sopro
Repense o seu pensar
Renove sua atitude
Dê graça ao seu caminhar
Semeie por onde for
Carinho, amor, harmonia
Dê por graça o seu sorriso
Promoção de alegria
É tudo tão passageiro
Tudo chega sem aviso
Desfaça a cara amarrada
Libere ao mundo o seu riso
Não se perca na soberba
Não turve o seu pensamento
Seja em si um ser de amor
Só o amor vence o tempo.
Roberval Paulo
terça-feira, 25 de junho de 2019
UMA PEDRA NA RUA - Roberval Paulo
A
pedra despida
De
todo olhar
Ali
estendida
Deitada
na rua
Era
só uma pedra
Sem
sonhos, sem nada
Somente
uma pedra
Matéria pura
A
pedra de pedra
Dura
mais que o dia
Fosse
ela, a pedra
De
mais nobre matéria
Duraria
até mais
Que
a matéria vida
É que pedra
se mantém
Tal
qual como começou
E até
me mais parece
Que
sabe mais de amor
A
pedra despida
De
todo e qualquer olhar
Ali
me olhando
Eu
a lhe olhar
Ela
nada diz
E
me diz tanto e tanto
Que
eu até me espanto
De
tanto escutar
E
lá se vou eu agora
Sendo
a pedra da história
Ela
não procura a glória
Mas
a tem sem procurar
Por
simplesmente existir
Por
receber sol e chuva
Por
se entender como é
Sua
natureza de pedra
Seu
jeito, sua estranheza
Sendo
pedra, ou sendo deusa
Não
exprime um reclamar
Despeço-me
envergonhado
Deixo
a pedra ali do lado
Na
rua, no campo ou canto
Para
ela tanto faz
Vou
ao sol que encurta os dias
De
um estradar renovado
No
caminho tinha uma pedra
Tinha
uma pedra no caminho
Tropecei
no meu destino
A
pedra me despertou
Sem
nada dizer de amor
De
amor fez seu legado.
Roberval Paulo
segunda-feira, 24 de junho de 2019
REFÉM DO SILÊNCIO - Roberval Paulo
É tanto pra se dizer
Que
o silêncio que nada diz
a
receita contradiz
e
ainda se faz
mais
valer
Eis
que são tantas as palavras
Que
estas se perdem da ordem
E
em desordem dispersadas
Transcendem-se
no silêncio
de vozes amordaçadas
E
este, o silêncio, é mais que mil palavras
E
fala por si, mesmo só
e órfão de todo som
O
tanto a dizer já não mais faz sentido
A
desconstrução vocabular se fez
por
sons e tons descodificados
em
algoritmos infindos
condensados
em fervente e lúdica enunciação
Os
olhares feriram-se e agora
operam
a auto cura
Filha
dos mesmos olhares
Herdeira
de outra expressão
O
enigma resolveu-se
e
em gozo esplêndido aquietou-se
até
nova manifestação
livre
e espontânea
e
também imprevisível
A
insígnia gravada
no
coração de um estigma
Que
é vivo e latente
desde
que a vida fez-se vida
Em
coração não se manda
Com
coração não se brinca
E
estamos a brincar
Desde
que o pobre coração
senhor
trepidante e inconstante da razão
Pulsou
e morreu-se de dor
tragando
a vida viva.
Roberval Paulo
sexta-feira, 21 de junho de 2019
LUZ ÚNICA - Roberval Paulo
Para Carlos Drummond de Andrade e
Gabriel García Márquez – “in memoriam”.
Veias do tempo quatro ventos
entrando pela janela
Arrepiando pelos, cabelos, alma e
coração
Ser vivo e sentir o sol
Não tire o que é meu
Liberdade no vazio pardo dos
olhos
Vazando a cadeia das teias do
arrebol
Sou mais horizonte que céu
Mais loucura que conto de novela
Um homem voando no espaço
Pés e sonhos cravados na Física
Corpos no amor do filho chegando
Vida onde já não existe
Sou menino no Vietnã
Não tive querer
O sol na flor de Hiroshima
Canto que te vejo sonho
A luz única perdida nas trevas
Farol, barco, luar e muito amor
Mar e porto no tapete da sala
Eu e você
A manhã levando a noite
Sonhos que se materializam
O imaginário é real
Os deuses se foram no tempo
A morte venceu a vida
A vida em si, continua
Eu e você contra todos
Eu e você contra o mundo.
O escritório, o trabalho
A feira, o sentimento
A história, o lazer
O acontecer, a festa
O pregão, a fome
A especulação, o desemprego
A onda lambendo a favela
O sal na moça
e
a moça na praia.
O tiro perdido...
A inocência na rua
O frio gelando ossos
Mesa farta, falta mesa
O amor nos tempos do cólera
Um homem vai devagar
Êta vida besta meu Deus!
Cem anos de Solidão
Drummond e García Márquez
A rotina tomando seu lugar
E agora José?
A luz apagou
Em olhos de cão azul
O veneno da madrugada
Não nos afastemos muito
Vamos de mãos dadas
Do ferro de Itabira
Um trem para Macondo
Em prosa ou poesia
Esquecer para lembrar
De sol em sol a peregrinação
E a vida mundo nem aí pra nós.
E que Deus ilumine a mente
e
o caminho dos homens,
para que eles possam construir
nações,
verdadeiras
nações
e não países – sociedades
com
sede de ouro e poder.
Roberval Paulo
A REGRA DESAFIADA - Roberval Paulo
Eu
sou janela pra ver
O
lado fora da vida
Eu
sou a dor diluída
Para
nunca mais doer
Eu
sou a água a ferver
Sou
o gatilho apertado
Sou
o prego enferrujado
Sou
ferrão de escorpião
Sou
a verdade de Adão
Sou
os quatro cantos do dado
Eu
sou a fonte que canta
Eu
sou a morte que cala
Sou
a estrutura da escala
Sou
morto que se levanta
Eu
sou a fome na janta
Sou
gume de canivete
Sou
a goma do chiclete
Sou
as cores do pavão
Sou
o estrondo do trovão
Sou
a lâmina do pivete
Eu
sou a xêpa da feira
Sou
o começo da vida
Sou
inocência perdida
Sou
pedra de baladeira
Sou
a metade inteira
Sou
a boca do alçapão
Sou
carro na contramão
Sou
a vírgula da história
Sou
insensatez na glória
Sou
sensatez no perdão
Sou
medo na noite escura
Sou
portentoso veneno
Sou
desnível do terreno
Sou
a santa santa e pura
Sou
cravo de ferradura
Sou
coceira na ferida
Sou
uma onça parida
Eu
sou fio da navalha
Sou
o sangue na batalha
Sou
cutilada doída
Eu
sou cigarra vadia
Sou
reta na encruzilhada
Sou
golpes de navalhada
Sou
a face negra do dia
Sou
a treva que alumia
Sou
a luz que se apagou
Sou
porta que se fechou
Sou
janela escancarada
Sou
rasgo de cutilada
Sou
o escuro que clareou
Sou
o calcanhar de Aquiles
Sou
a espada de Heitor
A
honra de Eleanor
Dos
Basílios, sou “Basilis”
Dez
livros de “Pitigrillis”
Sou
o silêncio no sermão
Bomba
no Afeganistão
Sou
guizo de cascavel
Sou
a torre de Babel
Sou
empregado e patrão
Eu
sou pimenta de cheiro
Sou
a malagueta ardida
Eu
sou chegada e partida
Sou
o filho do carpinteiro
Sou
o juro do doleiro
Sou
o rascunho da mente
Sou
o nascer da semente
Sou
terça de carnaval
Eu
sou o bem e o mal
O
lodo e a água vertente
Sou
a areia da ampulheta
Eu
sou a cruz da espada
Sou
bomba atômica testada
Sou
a cura da maleita
Sou
elixir na colheita
Sou
o ataque do leão
O
dente do tubarão
Sou
a lembrança esquecida
Sou
a larva derretida
Sou
o buraco no chão
Sou
labareda de fogo
Sol
o sol do meio dia
Sou
a dor da agonia
Sou
princípio e fim do jogo
Sou
pressão e desafogo
Sou
a prosa e a poesia
Sou
tristeza na alegria
Sou
a marquise arqueada
Sou
o fim da caminhada
Sou
o doce raiar do dia
Eu
sou lagarta de fogo
Sou
a reta que se inclina
Sou
os desejos da menina
Sou
milagre vindo a rogo
Sou
Iago, Jacó, Diogo
Sou
todos e sou nenhum
Sou
vôo penso de anum
Sou
vento no milharal
Sou
calma no vendaval
Sou
a fome no jejum
Sou
torto que se endireita
Sou
regra desafiada
Sou
lei não executada
Sou
resto de coisa feita
Sou
mulher que não se enfeita
Sou
reza dita sem fé
Sou
carro de marcha a ré
Sou
a abelha e seu mel
Sou
o amargor do fel
Sou
enchente na maré
Eu
sou a estrada sem fim
Sou
o infinito que se acaba
Sou
o leite da mangaba
Sou
o pavio, o estopim
Sou
aroma de alecrim
Sou
o burro do oleiro
Sou
a colher do pedreiro
Sou
a praga na invernia
Sou
a verve da poesia
Eu
sou a cruz do madeiro.
Roberval Paulo
PORTAL DO EXISTIR - Roberval Paulo
Sou
o dente da serra
Que
corta impiedoso
A
madeira chorosa
Sou
a pedra de ardósia
Transformando
a vida
No
seio da rocha
Sou
a seiva da vida
Coração
de mato
Olhar
de serpente
Sou
estrela cadente
Sou
olho no olho
Dente
por dente
Mas
não sou a agonia
Da
morte anunciada
Sou
a poeira da estrada
Que
acolhe o passante
Sou
água da vazante
Abrindo
caminho
Pro
núcleo da terra
Sou
o claro do dia
A
noite enluarada
Sou
porta enguiçada
Passado
e presente
O
futuro das gentes
Portal
do existir
Paz
no meio da guerra.
Roberval Paulo
PROVERBIANDO - Roberval Paulo
De
longe não dá pra se ver o perto
À
distância tudo fica pequenino
No
vão da noite os gatos são todos pardos
E
o ancião reincorpora o seu menino
No
passado o presente é o futuro
No
presente passado ficou pra trás
No
futuro presente e passado foram-se
Sobra
o momento que é real e tão fugaz
Devagar
dizem que se vai ao longe
O
apressado come cru, ouço dizer,
Quem
espera, no dizer, sempre alcança
Mais
pra chegar onde se quer tem que correr
Diz-se
do inconveniente, já vai tarde,
Do
agradável, se escuta, fica mais!
Quem
se gosta, quando vai, deixa saudade
Ao
indesejável, quando vai, não volte mais
Deus
ajuda quem parte pela madruga
Mais
dormir nunca foi e nem é pecado
De
quem viaja só se espera a chegada
Ao
que não foi, melhor esperar sentado
Todo
ser tem que carregar a cruz
A
cruz que é sua ninguém leva pra você
A
estrada torta tem a sua parte reta
Tudo
o que sobe uma hora vai descer
Só
se levanta quem se permite cair
Todas
as águas vão se desaguar no mar
O
caminhar de qualquer um é bem assim
Subir e descer é o
seu aperfeiçoar.Roberval Paulo
sexta-feira, 14 de junho de 2019
QUANDO ELA PASSA - Roberval Paulo
Esse andar ajustado
Essa passada matreira
Olhar de água, ribeira
Lua branca no banhado
Teu bronzear aureado
Olhar que ofusca o mar
As tranças luzindo ao ar
Tua cantiga de sereia
O mar em ondas mareia
Tecendo o teu caminhar
Teu sonho é o meu sonho
Sonhar é mais que viver
Eis que o sonho é tecer
Um realizar risonho
A ti meu amor proponho
Ser tuas asas, teu voar
Ser o teu vinho, manjar
Ser enfim teu sol, tua luz
A luz que em mim reluz
O teu ser a me habitar.
Roberval Paulo
A CAMINHO DA FEIRA - Roberval Paulo
A
minha casa é o meu existir
Meu
existir é a luz e a estrada a seguir
A
estrada a percorrer é de nós desconhecida
Minha
imagem no espelho é o meu caminhar
O
nosso viver é viver e morrer
Nascer
de novo é um morrer sempre
Nada
permanece em semente
Dou
passos pra me encontrar
Não
sei em que sonho estou
A
vida é sempre em frente
Pra
trás não sei caminhar
Prendo-me
ao caminho estreito
O
amor tem tanto efeito
Que
existe sem se notar
A
beleza liberta e solta
Desprovida
do tempo
Desgarrada
do ser
O
belo pelo belo e só
Penso
no amor que liberta
Penso
no belo que é amor
Vai-se
o amor pela dor
Busquemos
o amor maior
O
olhar nas alturas
O
pé na estrada
A
faca nos dentes
Seguir
a jornada
Um
dia o sonho será
Só
as cinzas da quarta feira
Não
sei onde vou estar
Não
sei nem o que virá
Não
sei mesmo onde vai dar
Domingo
quero ir na feira.
Roberval Paulo
quinta-feira, 13 de junho de 2019
segunda-feira, 3 de junho de 2019
POEIRA DAS ESTRELAS / POÇO SEM BEIRAS - Roberval Paulo
Por
favor, não me falem de moral
Nem
de sol ou de sal, nem do bem ou do mal
Não
me venham querer recriar a criação
Tudo
o que é, é o que sempre foi
E
o que será, será, mesmo que não venha a eternidade
Não
me venham deslizando em seus falsos moralismos
Não
me venham destilando heresias
A
humanidade não é e nunca foi diferente
A
hipocrisia sempre se pôs na vanguarda dos comportamentos
E
a virtude do ser, em mesma forma, nunca foi do ser
e
sim das situações
Alteram-se
crenças e valores, Divindades e potestades,
e
o fundamento normatizador é a conveniência
Diga-me
com quem andas e eu lhe direi quem és!
Diga-me
o que queres e eu lhe direi qualquer coisa!
E
tu já não mais serás o todo que lhe envolvia
Serás,
em parte, a influência das palavras proferidas e absorvidas
Tudo
se altera e se alterna, mas, inexoravelmente,
Tudo
permanece igual
O
homem, todavia, claro e obscuro,
Percorre
a esteira da história
Sendo
o lobo do próprio homem
O
átomo está em mim, em ti e está no oceano
Está
em tudo que vive ou morre
Está
no físico ou no imaterial
No
todo do qual sou parte e encarte
Sou
pó de estrelas, se é que queres saber um pouco de mim
A
realidade me custa tão caro que às vezes até sonho
Sonho
com o mágico, o insondável, a alquimia
Em
ouro quero o meu ser, minhas ações, meu existir
O
ouro espiritual que fundamenta o universo
O
inverso na tez do verso que o poeta sangrou
Portanto,
não me venham pregar especulações
Sou
elétrons, prótons e nêutrons
Sou
átomo, natureza e universo
Indizível
e invisível...indivisível
A
força do natural que decifra pensamento
Sou
fundamento da alma
A materialidade do espírito
A
natureza do físico
A
razão maior do ser e existir
O
ser e o ter em eterno conflito
Sem
compreender o porquê de estar aqui.
Roberval Paulo
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