sexta-feira, 22 de novembro de 2019

DESPEDIDA! - Roberval Paulo


Queria eu nunca me despedir
Queria só sair e ir em frente
Sem olhar para trás
Sair despercebido
E quando se percebesse indo
Já estivesse distante
Longe dos olhos tristes
De quem ficou para trás

De quem ficou só
E só, me fez mais sozinho
Quase um abandonado
Esquecido numa curva do caminho
Um retirante sem pátria e sem chão
Sem lugar nessa imensidão de céu e mar
Tão só que mais pareço um zumbi
Vagando sem sol e na sombra
De uma lembrança que dói nos ossos e na alma

Minha alma chora
Meu peito arde
Minha cor se faz mortificada
Desbotada em tom de apagada e triste

Queria eu nunca me despedir
Despeço-me como se eu que fosse
Olho mãe e irmãos, todos mortalhas vivas
A dor que não se descreve tão absurda que é
Olhos fitos no nada a contemplar o além

Olho mais uma vez e o retrovisor é só dor
A vida alegre que eras agora disforme e inerte
O seu vivo e feliz sorriso ainda vive em mim
A sua voz dizendo me amar
Meu irmão e pai, você me dizia sempre
E eu te amo demais, não dá pra aguentar.

Mãe e irmãos
A vida nos deixou na encruzilhada
O partir antes do tempo não se explica
É um nó na equação do existir
Como seguir se não encontro o caminho?
Como ir em frente se só de abismo fez-se o horizonte?

Mas... acho que sim
Acho que no fim do túnel ainda existe a luz
E é só por essa luz que insisto em caminhar
A luz da vida que mesmo apagada brilha
A luz da vida que há de brilhar eternamente
Mesmo quando a vida, estagiando, fez-se morte

Uma estrela a mais no céu
Um ser doce a adocicar a eternidade
Uma luz nova em novo alvorecer
Pintando de luz e cores o seu novo despertar
O despertar do eterno em vida de luz e flores
Tempo sem horas e sem dores, de prazer e pleno de amor

Mãe e irmãos, resignemo-nos
Pelo acreditar e pela fé no Criador
Pelo fardo nos dado e tragado
Pelo cálice derramado mais sorvido
Pela dor que trespassou em um tanto doer
Que indolor se tornou e agora fermenta e fomenta
O nosso amor que não morre
E que nas chagas de Cristo Jesus
Chaga essa dor e a faz em amor

Descanse em paz meu amor
Descanse junto ao Criador
E na vastidão do universo
Na retórica do tempo inverso
Olhe por nós
Por nós que ainda não tragamos de todo
A sua partida
Por nós que ainda vamos a carregar a cruz
A cruz que em nós se agigantou
Com a passagem da sua terrena vida
Mas que nessa triste despedida
Fez-se na cruz do próprio Salvador
A cruz de Cristo que alinha
Que simboliza e orienta a vida

Resignemo-nos todos
E façamos deste evento sem explicação
A razão para ainda mais nos amarmos
A razão para mais acreditarmos
No Deus que deu sabedoria a Salomão
No Deus que a Lázaro tornou a vida
E que agora nos trouxe à provação
Fez-nos em pedaços para edificarmo-nos
Edificar-nos-emos todos, mesmo na dor
Com união, amor e Deus no coração.

Roberval Paulo

DESPEDIDA! - Roberval Paulo


Queria eu nunca me despedir
Queria só sair e ir em frente
Sem olhar para trás
Sair despercebido
E quando se percebesse indo
Já estivesse distante
Longe dos olhos tristes
De quem ficou para trás

De quem ficou só
E só, me fez mais sozinho
Quase um abandonado
Esquecido numa curva do caminho
Um retirante sem pátria e sem chão
Sem lugar nessa imensidão de céu e mar
Tão só que mais pareço um zumbi
Vagando sem sol e na sombra
De uma lembrança que dói na alma e nos ossos

Minha alma chora
Meu peito arde
Minha cor se faz mortificada
Desbotada em tom de apagada e triste

Queria eu nunca me despedir
Despeço-me como se eu que fosse
Olho mãe e irmãos, todos mortalhas vivas
A dor que não se descreve tão absurda que é
Olhos fitos no nada a contemplar o além

Olho mais uma vez e o retrovisor é só sangue
A vida alegre que eras agora disforme e inerte
O seu vivo e feliz sorriso ainda vive em mim
A sua voz dizendo me amar
Meu irmão e pai, você me dizia sempre
E eu te amo demais, não dá pra aguentar.

Mãe e irmãos
A vida nos deixou na encruzilhada
O partir antes do tempo não se explica
É um nó na equação do existir
Como seguir se não encontro o caminho?
Como ir em frente se só de abismo fez-se o horizonte?

Mas... acho que sim
Acho que no fim do túnel ainda existe a luz
E é só por essa luz que insisto em caminhar
A luz da vida que mesmo apagada brilha
A luz da vida que há de brilhar eternamente
Mesmo quando a vida, estagiando, fez-se morte

Uma estrela a mais no céu
Um ser doce a adocicar a eternidade
Uma luz nova em novo alvorecer
Pintando de luz e cores o seu novo despertar
O despertar do eterno em vida de luz e flores
Tempo sem horas e sem dores, de prazer e pleno de amor

Mãe e irmãos, resignemo-nos
Pelo acreditar e pela fé no Criador
Pelo fardo nos dado e tragado
Pelo cálice derramado mais sorvido
Pela dor que trespassou em um tanto doer
Que indolor se tornou e agora fermenta e fomenta
O nosso amor que não morre
E que nas chagas de Cristo Jesus
Chaga essa dor e a faz em amor

Descanse em paz meu amor
Descanse junto ao Criador
E na vastidão do universo
Na retórica do tempo inverso
Olhe por nós
Por nós que ainda não tragamos de todo
A sua partida
Por nós que ainda vamos a carregar a cruz
A cruz que em nós se agigantou
Com a passagem da sua terrena vida
Mas que nessa triste despedida
Fez-se na cruz do próprio Salvador
A cruz de Cristo que alinha
Que simboliza e orienta a vida

Resignemo-nos todos
E façamos deste evento sem explicação
A razão para ainda mais nos amarmos
A razão para mais acreditarmos
No Deus que deu sabedoria a Salomão
No Deus que a Lázaro tornou a vida
E que agora nos trouxe à provação
Fez-nos em pedaços para edificarmo-nos
Edificar-nos-emos todos e em tempo
Com união, amor e Deus no coração.

Roberval Paulo

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

POEMA DO GRANDE AMOR - Roberval Paulo


Quão bom seria se todos os casais tivessem
Paz.
A paz tão sonhada da mulher, do homem,
de quem ama.
A paz do amor livre,
regada em doses de compreensão e entrega.
Duas partes a formar um todo.

A taça repleta de vinho
a adocicar o paladar
no estalar da língua
e no gotejar das minas do pensamento.
Nascente inesgotável de água para a vida.

Água virgem
Véo natural do tempo
Sangue do mundo
A escorrer pela terra e para a terra
Clara e transparente como o amor.

O amor
Esse pode tudo
E é por ele que se vive
Se justifica por si só
Se qualifica por só ser
Sem acessórios, sem adereços
Sem complementos, sem endereço.

O amor só pelo amor
Completo em si
Transcendente, sem materialismos
Espírito de luz e cor
Alma e corpo em luta de amar.

Um sonhar de dois
Olhos falando segredos
Gestos dissimulados,
a dizer tudo
sem pronunciar palavra.

O amor tudo entende
Sua chama nunca apaga
Também nunca queima
Nem dói.
Dói. Mais sem doer.

É como disse o poeta:
         AMOR....    é fogo que arde sem se ver
                            é ferida que dói e não se sente
                            é um contentamento descontente
                            é dor que desatina sem doer.

Parafraseando o poeta:
         O AMOR... se auto flagela
                            se auto ajuda
                            por si só se cura

                            se vencido, é vencedor
                            se no abismo, o mesmo amor
                            pelo amor, sobe às alturas.

E enquanto não chega o imprevisível
tempo
de partir para o innevitável,
a vida segue.
Dos dois se fará um
Nesse universo de sol e mar.

A base será sempre o amor
Cumplicidade sem culpa
Realidade em cor de criança
Beijo de pétalas a bafejar o espírito
pelo espírito.
A carne queimando em desejo
Também é amor
Ardente
Na química do dois em um.
E o um só tornará em dois
Quando vencida a fronteira do desconhecido
Em busca dos jardins dos céus
Na eternidade do tempo sem horas.

É o novo tempo
A continuidade desconhecida da existência
A nova vida
Do divino amor.

Para trás, tudo
Menos o amor
Está no ser
E o ser é o espírito
E é tudo o que resta
         O espírito que é amor
         O amor que é espírito.


Roberval Paulo

O TEMPO AINDA É DE IR - Roberval Paulo


Se estou perdido na noite
Eu busco a luz do dia
O vento sopra em açoite
Depois tudo é calmaria

Se uma porta se fecha
Outra terá que abrir
Chegou o final da festa
Acabou, tenho que ir

Vem o sol, vai o sol, é assim
Todo dia é um dia pra mim

Se estou no fundo do poço
Dali só posso subir
Mesmo com a corda ao pescoço
Vale a pena reagir

Bola na marca do pênalti
Só tem que chutar no gol
Se o mar não está pra peixe
Pra dentro dele não vou

Se chorando ou se sorrindo
Todo dia é meu dia, eu vou indo

Eu sou a sabedoria
A sensatez, o perdão
Não importa a cor do seu dia
Não vá perder a razão

Do universo, o segredo
É saber que vai passar
Faça da vida um enredo
De fé, de amor, paz, cantar

Aqui cheguei, daqui me vou
Muitos amei, ela me amou.


Roberval Paulo

ZABÉ - Roberval Paulo / Karinne Gomes


Sabe o que é Zabé?
A verdade é que você nunca quis foi me querer,
Que você queria mermo era do bom que eu te dava
Amor, casa, comida... te abençoava,
Roupa lavada não, nisso você era boa
A roupa era tão alva, mais tão alva
Que inté mermo parecia
O claro do branco do dia
Que inté as vista ofuscava.

Mais Zabé, você me tinha mais não me queria
Era só o benefício do que era estar comigo
Você vinha, eu lhe atendia
Dinheiro muito eu lhe dava
Você bebia, eu pagava
Tu muito se divertia
Nos forró com tu eu ia
Dançava e como dançava
Era mermo uma pé de valsa
Quanta leveza no andar
Era bela
Como uma pomba a voar
E eu olhava... olhava e me alegrava
De te ter ali, toda minha, era isso
Só isso que eu sonhava

Mais o tempo foi passando e você se revelou
Do tempo daquele amor muito pouco ainda existe
Comigo, num sei porque, tu teimosa, ainda insiste
Entendo que é a dor da tua própria consciência

Tu sabes tudo o que eu fiz, o tanto que eu fui bom
O tanto que alimentei os teus sonhos, teus caprichos
Quando você se acordava, eu ali a te esperar
O seu café já era pronto, e você só degustava
Se arrumava, produzia, a seguir se perfumava
Saía a bater pernas pelas ruas da cidade

E caminhava, sorria, e a todos tu encantava
Mais amor pouco me dava, só mesmo me consumia
Com seu jeito despachado tirava a paz dos meus dias
Então resolvi dar fim no fim que não terminava

E foi assim, foi aí que tomei a decisão,
acabar com essa ilusão que me fazia sofrer
Queria um amor de verdade, aquele abraço gostoso,
aquele beijo amoroso 
aquele amor demorado que não podias me dar...
Te mandei embora, eu tinha sim que mandar,
da minha vida se foi, foi triste te ver partir...
um amor que não deu certo, lembranças demais amargas...
Vou continuar na estrada em busca de novo amor
Agora quero um mundo novo,
Novos sonhos, descobertas
e que Deus me auxilie nessa nova caminhada
Tenho certeza que um dia em um lugar do caminho
Um novo amor surgirá, aquele amor de verdade
Que vai estar me esperando
Que vai me querer chegando

E você Zabé, já era
Não vai ser mais como era
Um novo amor em começo
Nova rota da esperança
Um novo passo na dança
De tão infeliz desfecho.

Roberval Paulo / Karinne Gomes

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

MUNDO HIDRÁULICO, HIDRÁULICO MUNDO, SE EU ME CHAMASSE RAIMUNDO - Roberval Paulo


Analisando esse ambiente tecnológico no qual estamos inseridos, rodeados e amparados por um exército de máquinas e aparelhos em detrimento das ações manuais de coração e de humanização tão necessárias à disseminação do amor, recorro a uma “oração” – com o perdão da palavra – que ouvi em um passado não muito distante, lá no interior do meu lugar, dita por um senhor simples, do povo, semianalfabeto, mas de sabedoria a botar no bolso os letrados do imediatismo operado e praticado nos dias atuais.

Em conversa com este senhor, falava-lhe da tecnologia da informação objetivando integra-lo a este ambiente, mas utilizando um vocabulário que fosse por ele alcançado, abrindo mão dos termos americanizados que tomaram de arroubo a nossa cultura e a nossa fala, tornando-se nossos, buscando assim, na minha ingenuidade altruísta, faze-lo melhor e mais facilmente entender o que lhe estava dizendo.

Eis que o sábio senhor me surpreende ao olhar-me dentro dos olhos e dizer-me: “Seu Roberval, estudei muito pouco, só fui na escola pur causa das peia de mãe e foi pouco tempo pois o trabaio num deixava, então aprendi pouco na escola, mas a vida que levei e levo até hoje me ensinou tudo que sei. E esse tudo que sei é tão pouco que as veiz eu penso que num sei é de nada, porque esse negócio de tecnologia eu num alcanço nem dô nutícia.

Aqui no sertão se fala é nóis vai, só que quando eu falo nóis vai, nóis vai mermo, num tem conversa nem enrola. Lá os doutor da tecnologia fala nós vamos e a gente fica esperando e eles num sai do lugar.

Aqui ó, eu vou na cidade, vendo uns 03 ou 05 gado, uns saco de arroz e de farinha e o homi me paga na hora sem vê nada. Mais depois ele vai lá em casa buscar no dia que ele quiser porque ele sabe que é dele, ele comprou e num dá negócio errado ninhum.

Lá na tecnologia os doutor assina documento, o banco assina, cartório assina tamém e vem umas tar de testemunha e fiador pra fiar o que num tem e mermo com esse tanto de trem dá tudo errado. Num paga, dá briga, entra adevogado e o trem fede mais num paga.

Aqui vou na venda de seu Dudim e pego uns trem e ele anota, até umas pinga e cerveja quando tô mei virado das venta. Lá tem é uma caderneta de anotar o que nóis compra, pra lembrar né, senão nem anotava. Meus menino vai lá e pega, minha muié pega e todo mundo lá de casa. Chegando o fim do mês, vendo umas coisa lá do sítio, vou na venda e pago tudo e vou pegando tudo que quero de novo e num dá encrenca.

Lá os doutor vai na loja e compra num tar de crediário, cartão, cheque, sei lá o que mais, é tanto jeito de comprar que num sei e depois a loja cobra, o juro corre, quem vendeu briga, quem comprou briga e num paga e dá tudo pra trás.

O pulítico vai na televisão e fala que vai fazer e acontecer, que luta pelo povo e que vai fazer pra nóis o mió, o que for bom. Depois só vê no jornal é disvio, roubo, uma tar de corrupção, o fiio desse comprou fazenda, o fii do outro um carrão grande e caro, já vem outro com dinheiro até nas cueca, onde já se viu? Eles mamando direto e o povo só chupando sem sair nada. Tá tudo de mudado seu Roberval, esse mundo tá trapaiado demais, num sei nem mais o que dizer, tá tudo fora do êxo.

Tem um tar de zap zap nos celular de correr dedo fuxicando mais que língua de sogra. Mais num é da minha sogra não, que minha sogra é muié boa, é da sogra de outros aí. É tanto fuxico nesse zap que só vê muié brigando cum marido, gente largando, famia se acabando e por aí vai. O povo perdeu o tino, tá sem rumo.

A televisão só mostra coisa ruim, é assalto, morte, traição, fome e a miséria cresceno. Umas igreja aí que salvava o povo agora só vê pedindo dinheiro e o povo dano e eu num sei pra onde que vai esse tanto.

O que digo e que boto fé é que quase num sei de nada, mais no mei dos que sabe muito o errado tá correndo solto e num tem quem pegue nem chegue perto.

Aqui nesse fim de mundo onde Deus ainda mora as coisa é diferente. Aqui nóis se baseia é na palavra. É o que nóis tem que mais vale é a palavra. Se o cabra der pra trás no que ele garantiu, tá desmoralizado e o homi desmoralizado perde o valor e a confiança. É um sujeito sem vergonha e tem que viver de cabeça baixa, num dá não.

Esse mundo de hoje tá muito inteligente pra nóis aqui do sertão entender. Pra num incumpridar mais a conversa, esse trem de tecnologia eu num sei pra onde vai nem corretivo dô. Pra mim, aqui com meus botão, esse mundo tá é hidráulico mesmo seu Roberval. Esse mundo tá hidráulico demais, é isso que penso e tiro ciência.”

Boquiaberto fiquei e boquiaberto ainda estou. Recebi uma aula de civilidade e de cidadania. Confesso que me senti envergonhado com tudo que escutei de seu Raimundo. Mas botando fé e tirando ciência – termos do vocabulário de seu Raimundo – ele, que diz quase de nada saber, sabe muito mais do que muitos de nós. Sabe muito mais do que eu e, na sua sabedoria interiorana e sertaneja, fez-me compreender que a honra e a dignidade e ainda a moral são atributos Divinos herdados por nós e por nós devem ser cultivados e mantidos, assegurados, sejam quais forem as situações vivenciadas e enfrentadas.

Enfim, trazendo para o nosso viver a nobre vivência de seu Raimundo, replico: sejam quais forem as circunstâncias, não se corrompas e, em ti, não serás corrompido. Esta foi a lição que recebi de seu Raimundo e busco leva-la para a vida toda.

Roberval Paulo



quarta-feira, 23 de outubro de 2019

DESPERTE-SE! - Roberval Paulo


A base da vida é o simples. 
É o que te acompanha pela vida toda. 
E você, na sua displicência com o simples, 
alterado e seduzido pelo valor superficial do material, 
reveste-se de egoísmo, de ambição 
e de outros tantos e tantos valores 
que terminam por te fazer menos gente que outro qualquer animal, 
não irracional, mas insensível.

É a insensibilidade degenerativa que nos ataca, 
transformando-nos em seres dissociados de valores 
como caridade ou solidariedade, 
se estes valores nos despe de qualquer valor material que seja.

Vamos acordar desse superficialismo e sensacionalismo, 
desse materialismo e imediatismo...
vamos acordar desse reumatismo 
que enfraquece nossa alma e nobreza 
e faz-nos tão pobres que parece que só de insensibilidade e insensatez 
somos nós feitos.

Vamos acordar desse sonho material 
e entender que a solução de tudo 
está na mais simples e singela das palavras. 

Aquela palavrinha que, 
simplesmente e somente por ela, 
tudo fica explicado: AMOR!

Roberval Paulo

EU E O TEMPO - Roberval Paulo


Você está aqui comigo
O teu sonho está em minha realidade
Sinto o teu cheiro e o ar que entra pela janela traz o seu respirar
A sua imagem me chega pela estrela que reluz a vida
O meu amor te alcança e nos diz do amor que é nosso
A noite fria suaviza o roçar do seu rosto
A dor na alma me revela a tua ausência

Sinto você e você não está aqui
Não entendo o sentir da tua presença
Fecho os olhos e você povoa os meus sonhos
E quando me sinto acordar,
a manhã é você em meu olhar triste

Mas o tempo... Ah! Esse tempo
Chega o tempo do tempo se findar
Tudo no tempo tem o seu próprio tempo
E esse é o tempo do tempo se ir, se acabar
Seja um dia ou um mês, uma hora ou uma vida
De repente o tempo se deixa partir
E quando ele se for, você já será passado
E quando você passar, eu deixarei de existir.

Roberval Paulo

TRIUNFO - Roberval Paulo

Queria eu
Ter como meu e possuir
A visão fantasiosa
E por demais corajosa
De aspiração venturosa
Do tão grande e problemático
E cavaleiro emblemático
Dom Quixote de La Mancha
A luz desarmoniosa
Que harmoniza o existir
Que imagina o porvir
Como um feixe de bondade
Transforma a realidade
É refém da idolatria
Faz o sonho e a fantasia
Complementos da verdade
E dentro da insanidade
Triunfa em sabedoria


Ir por aí só por ir
Sem saber por onde ir
Tendo sua a missão
De todo o bem semear
Defender descamisados,
Salvar donzelas e reinos
Enfrentar a realidade
Brincando de pelejar
Encarar a vida e o sol
Pregando peças e trotes
Carregando a honradez
De ilustres cavaleiros
De um tempo antes do seu
Em reinos que não viveu
Só conhecidos dos livros

Mas lhe são tão atrativos
Que no seu idealismo
Vê-se transformado em um
Senhor de cavalaria
De honra e fidalguia
Mais um cavaleiro andante
Desfazendo injustiças
E por áreas fronteiriças
Recria Cafarnaum
E feito homem comum
Crer que o bem vencerá
E guarda tanta verdade
Com tamanha hombridade
Que mesmo na insanidade
Fez um ser dentre os mais nobres
Em ouro, prata e cobre
Dar-se ao prazer de o armar

E queria eu ainda
Nessa minha caminhada
Não ser a cruz da espada
Nem palmatória do mundo
Mais ser um ser desse mundo
Sem ser igual e sem soma
Ser soma multiplicada
Por dez medidas de amor
Cem corações em fervor
E mais um mil em oração
Ter cheio o meu caminhão
De paz, justiça e de luz
Ter o olhar de Jesus
Complacente e compassivo
Partilhar dores e amores
Valores e sofrimentos
Fazendo mais leve o fardo
De quem tem fé e tem crença
De quem já perdeu a crença
E se encontra perdido
É a ovelha perdida
Quem mais precisa de guia
E o bom pastor se agonia
Se uma está desgarrada
E em seu abraço deflagra
Paz, acalanto e alegria.

Roberval Paulo