terça-feira, 15 de outubro de 2019

A ÚLTIMA PARAGEM - Roberval Paulo


Eu sou do oco do mundo
Onde a curva não se encurva
Onde a curva passa reto
E chega a lugar algum

Aonde o lugar comum
Não é comum, é nenhum
Feito de dois menos um
Que é quase nada, é zero

Perto do poder de Nero
Aquele que já foi rei
Juntinho de João Ninguém
Que se existe nem sei

Sou eu a última paragem
Sendo a primeira estiagem
De um sertão esturricado
Mas que logo fica verde
Eu esticado na rede
Contemplando o chão amado

Mas passa o tempo da água
Na estranheza da mágoa
Sou eu o fogo do céu
Sou labareda acesa
Sou o brinco da princesa
Sou giro de carrossel

E passa o tempo da água
Na amplitude da lágrima
Sou eu o fogo do céu
Sou o começo da vida
Sou o final da corrida
Sou a abelha e seu mel.

Roberval Paulo



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