Poesia: Glosas de João Paraibano, Manoel Xudú e Wellington Vicente
Brilha o sol iluminando
Tudo quanto a terra cria.
Tudo quanto a terra cria.
Desponta o sol no nascente
O camponês vai pra roça,
A porca velha se coça
Nos tijolos do batente,
Corta mato com o dente,
Faz uma cama e dá cria,
Sem precisar cirurgia,
Nem parteira tocaiando,
Brilha o sol iluminando
Tudo quanto a terra cria.
O camponês vai pra roça,
A porca velha se coça
Nos tijolos do batente,
Corta mato com o dente,
Faz uma cama e dá cria,
Sem precisar cirurgia,
Nem parteira tocaiando,
Brilha o sol iluminando
Tudo quanto a terra cria.
( João paraibano)
Quem nunca fez madrugada
Não sabe o segredo dela.
Não sabe o segredo dela.
Depois de ter descambado
De meia-noite em diante
Um morcego é um gigante
Para quem anda assombrado
E vê-se um bêbado escorado
No mourão duma cancela
Botando baba amarela
Pela boca escancarada.
Quem nunca fez madrugada
Não sabe o segredo dela.
De meia-noite em diante
Um morcego é um gigante
Para quem anda assombrado
E vê-se um bêbado escorado
No mourão duma cancela
Botando baba amarela
Pela boca escancarada.
Quem nunca fez madrugada
Não sabe o segredo dela.
(Manoel Xudú)
Isto é sertão ou não é?
A patativa golada
Numa fruta de facheiro
O cuidado do vaqueiro
Com a novilha amojada
Um bom samba de latada
Que hoje é arrasta-pé
Promessa pra São José
Nas mais diversas novenas
Imaginando estas cenas
Isto é sertão ou não é?
O gorjear dum canário
Na copa da aroeira
A fé duma rezadeira
Pelas contas do rosário
Um poeta solitário,
Uma viola, um café,
Fumaça na chaminé
Denunciando a morada
Onde é feita uma buchada
Isto é sertão ou não é?
A fé duma rezadeira
Pelas contas do rosário
Um poeta solitário,
Uma viola, um café,
Fumaça na chaminé
Denunciando a morada
Onde é feita uma buchada
Isto é sertão ou não é?
Um sanfoneiro ensaiando
Debaixo da baraúna
Um disparo de reiúna
No pé da serra ecoando
A morena costurando
No alpendre do chalé
Um bebum pedindo um “mé”
Escorado no balcão
Pra quem conhece o sertão…
Isto é sertão ou não é?
Debaixo da baraúna
Um disparo de reiúna
No pé da serra ecoando
A morena costurando
No alpendre do chalé
Um bebum pedindo um “mé”
Escorado no balcão
Pra quem conhece o sertão…
Isto é sertão ou não é?
Wellington Vicente
Motes e glosas "Pedro Fernando Malta"
JBF