quinta-feira, 4 de julho de 2013

POESIA PURA, PURA POESIA...

Poesia: Glosas de João Paraibano, Manoel Xudú e Wellington Vicente

Reações: 



Brilha o sol iluminando
Tudo quanto a terra cria.
Desponta o sol no nascente
O camponês vai pra roça,
A porca velha se coça
Nos tijolos do batente,
Corta mato com o dente,
Faz uma cama e dá cria,
Sem precisar cirurgia,
Nem parteira tocaiando,
Brilha o sol iluminando
Tudo quanto a terra cria.
                       ( João paraibano)

Quem nunca fez madrugada
Não sabe o segredo dela.
Depois de ter descambado
De meia-noite em diante
Um morcego é um gigante
Para quem anda assombrado
E vê-se um bêbado escorado
No mourão duma cancela
Botando baba amarela
Pela boca escancarada.
Quem nunca fez madrugada
Não sabe o segredo dela.
                      (Manoel Xudú)


 Isto é sertão ou não é?

A patativa golada
Numa fruta de facheiro
O cuidado do vaqueiro
Com a novilha amojada
Um bom samba de latada
Que hoje é arrasta-pé
Promessa pra São José
Nas mais diversas novenas
Imaginando estas cenas
Isto é sertão ou não é?


O gorjear dum canário
Na copa da aroeira
A fé duma rezadeira
Pelas contas do rosário
Um poeta solitário,
Uma viola, um café,
Fumaça na chaminé
Denunciando a morada
Onde é feita uma buchada
Isto é sertão ou não é?

Um sanfoneiro ensaiando
Debaixo da baraúna
Um disparo de reiúna
No pé da serra ecoando
A morena costurando
No alpendre do chalé
Um bebum pedindo um “mé”
Escorado no balcão
Pra quem conhece o sertão…
Isto é sertão ou não é?

Wellington Vicente

Motes e glosas "Pedro Fernando Malta"

JBF
Extraído do Blog Cantigas e Cantos

JOÃO PARAIBANO "Petição ao delegado"

Do Cantigas e Cantos: João Paraibano "Petição ao delegado"

Contam que o poeta João Paraibano se desentendeu com a sua esposa por motivo de ciúmes dela. Inclusive chegou a agredi-la. Por esse ato impensado o poeta foi preso e na cela improvisou a sua petição ao delegado com os seguintes versos:

Doutor eu sei que errei
Por dois fatos: dama e porre.
Por amor se mata e morre.
Eu nem morri, nem matei,
Apenas prejudiquei
Um ambiente de classe.
Depois de apanhar na face
Bati na flor do meu ramo.
Me prenderam porque amo
Quanto mais se eu odiasse.

Poeta mesmo ofendido
Sabe oferecer afeto.
Faz pena dormir no teto
Da morada de um bandido,
Se humilha, faz pedido
Ninguém escuta a voz sua,
Não vê o sol, nem a lua
Deixar o espaço aceso.
Por que um poeta preso
Com tantos ladrões na rua?

Sei que não sou marginal,
Mas por ciúmes de alguém,
Bebi pra fazer o bem,
Terminei fazendo o mal.
Eu tendo casa, quintal,
Portão, cortina, janela,
Deixei pra dormir na cela
Com a minha cabeça lesa,
Só sabe a cruz quanto pesa
Quem está carregando ela.

Poeta é um passarinho
Que quando está na cadeia
Sua pena fica feia,
Sente saudade do ninho,
Do calor do filhotinho,
Da fonte da imensidade.
Se come deixa a metade
Da ração que o dono bota,
Se canta esquece da nota
Da canção da liberdade.

Doutor, se eu perder meu nome
Não acho mais quem o empreste,
A minha mulher não veste,
Minha filhinha não come
E a minha fama se some
Para nunca mais voltar.
Não querendo lhe comprar,
Mas humildemente peço:
Se puder, rasgue o processo
E deixe o poeta cantar.

Fonte: Poeta Pajeuzeiro e Blog Pajeú da Gente

domingo, 30 de junho de 2013

BRASIL X ESPANHA - O jogo mais esperado

Brasil e Espanha se encaram após 14 anos: ousadia ou toque de bola?

Último jogo entre as duas equipes aconteceu em 1999 quando houve empate em 0x0, em Vigo



Miro Palma
É o país do futebol diante da melhor seleção do mundo na atualidade. Não existe justificativa maior para ficar ligado no jogo entre Brasil e Espanha, hoje, às 19h, no Maracanã, no Rio. Dá para afirmar sem erro: a final da Copa das Confederações é o clássico do momento.
Antes de tudo, o duelo de logo mais ficará marcado por um encontro de diferentes estilos. O Brasil, com um time ainda em formação pelo técnico Luiz Felipe Scolari, aposta na habilidade e, principalmente, no brilho individual de jogadores como Neymar, Fred, Paulinho e Oscar, por exemplo.
A Espanha, por sua vez, valoriza a posse de bola, com um conceito de jogo que ficou conhecido como “tiki-taka”. Foi assim que os comandados de Vicente del Bosque conquistaram duas Eurocopas, em 2008 e 2012, e a última Copa do Mundo, em 2010.
A simplicidade é o maior segredo do adversário. “A Espanha sofreu uma mudança de comportamento. Havia certo complexo de inferioridade em relação a outros países, mas isso desapareceu. Criamos um estilo que é seguido não só pela seleção principal, mas por todas as inferiores”, explica o treinador espanhol.
O estilo da Fúria é fruto do toque de bola já conhecido do Barcelona, afinal, seis jogadores titulares da seleção atuam no clube da Catalunha: Piqué, Jordi Alba, Busquets, Xavi e Iniesta. Todos crias de Josep Guardiola que, no Barça, papou títulos como o bicampeonato mundial, tri espanhol e bi da Liga dos Campeões.
E olha a ironia: o atual técnico do Bayern de Munique se inspirou no desenho tático das seleções brasileiras de antigamente. “O que tentamos fazer é passar a bola o mais rápido possível. De fato, isso é o que o Brasil fez em toda a sua vida, segundo contavam meus pais e avós”, disse Guardiola depois de massacrar o Santos de Neymar por 4x0, na final do Mundial de Clubes de 2011.
O Brasil de 1982, eliminado precocemente pela Itália na Copa do Mundo, também serviu de inspiração. Falcão, Zico, Sócrates, Cerezo e Júnior, entre outros, encantaram o mundo da bola com trocas de passe difíceis de marcar. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

CAPITALISMO E CORRUPÇÃO: Um mesmo caminho

Os grandes males da nossa economia: 

Primeiro,
 o próprio SISTEMA CAPITALISTA, que concentra a renda e capital nas mãos de uma minoria que, movidos pela ambição e egoísmo, querem sempre mais, em detrimento da grande maioria que é a massa; 

Segundo, a CORRUPÇÃO, este dragão sangrento que a tudo devora e que promove o enriquecimento ilícito e a detenção do poder nas mãos inescrupulosas de políticos inescrupulosos, produzindo assim toda essa desigualdade sócio-econômica que vivemos. 

A mudança desse cenário não é fácil mas só se dará pela MOBILIZAÇÃO GERAL E CADA VEZ MAIS ORGANIZADA DA SOCIEDADE, que sofre na pele esses malefícios.

Devemos continuar a luta e não desistir. 
Afinal, somos BRASILEIROS não somos?...e BRASILEIRO não desiste nuncaaaaaa...


Roberval Paulo

GOVERNOS: Buscando dignidade nessa montanha de indignação

Conhecer a realidade do nosso país não é obrigação de todos, mesmo que seja um dever. Agora, conhecer essa realidade e ignora-la é, no mínimo, lamentável. FHC promoveu aberturas interessantes na sua gestão, mas leiloou parte significativa da nossa economia a organismos estrangeiros, permitindo, por interesse de uma estrutura de manutenção do poder, uma sangria exagerada e desastrada nas finanças do país, com consequências de grande proporção na distribuição de renda no Brasil, distanciando ainda mais os privilegiados e a massa. 

Elitizou o governo, praticando uma política errônea e relegando o social a segundo plano, abastecendo com recursos públicos organizações já detentoras do capital, o que produziu, em efeito contrário, a exclusão do cenário econômico, de uma gama importante de pequenos empresários que precisavam de fomento, pois tinham já uma legislação a favor, porém os recursos não chegavam. 

Tivemos então, como consequência, o fechamento de muitas portas e o aumento da distância entre grandes e pequenos e ainda a produção de mais miséria nesta famigerada desigualdade social que ainda existe e é grande, porém, bastante resumida nos governos que se seguiram e que precisam fazer muito ainda, muito mais do que fizeram até agora, para, pelo menos, atingirmos níveis mais aceitáveis e mais justos nessa nossa busca por uma sociedade mais justa e mais humanizada, onde, no mínimo, a dignidade do ser seja respeitada.


Roberval Paulo

domingo, 23 de junho de 2013

SALMO 23 - Invocando sempre a proteção de DEUS!

"O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Deita-me em verdes pastos e guia-me mansamente em águas tranqüilas. Refrigera a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo, a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Prepara-me uma mesa perante os meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do SENHOR por longos dias."
Salmo 23

O FIM DO MUNDO – Roberval Paulo

O som ensurdecedor do trovão ressoou na imensidão azul do céu plúmbeo de medo. E o relâmpago, em raio eletrizante e cintilante, escorreu deslizante na abóbada em mistério anunciada, se perdendo no negro azulado da distância. A atmosfera cerrou as portas e o céu abriu suas comportas, inundando impetuosamente a noite em torrentes de terror e desespero. Escuridão era o que havia. Escuridão de uma noite sem luz e sem lua. De estrelas ausentes, apagadas no imaginar do escuro e de sonhos preocupados na inocente perspectiva de ver ali o mundo acabar.

A profecia se cumpria sem preparo e sem cerimônia. O fim chegava desavisado e não mais havia tempo nem mesmo pra falar de amor. Gritos se ouviam em todas as direções. Gritos de desespero e de impotência frente ao fenomenal evento. Uma desordem geral ordenou no mesmo ambiente e espaço todos os seres, revelando uma harmonia inexistente nos tempos da normalidade. Homens e mulheres se juntavam a leões e outros mais bichos, sem se incomodarem. Crianças escalavam dragões e serpentes, na inocência incomum de ambos, sem perigo algum. O ondular das ondas feria o espaço vazio com sua lâmina líquida e aterrorizante, vencendo quaisquer obstáculos, seja de gente, bicho ou outra qualquer natureza, se arremessando ferozmente sobre tudo, devorando sonhos, pensamentos, vidas e histórias, sendo história viajante em viagem de céu. Volumoso corpo aguacento, vivo e adjacente, num surdo rumor de riso e raiva, subindo vertiginosamente pela estrada aberta e larga que só se estreita nos limites dos céus. A natureza fechou seus olhos e se entregou, caindo por terra que nem terra mais é, levantando desta todos os filhos da luz ou trevas, levados igualmente e impiedosamente ao destino da viagem última. Consumado está o que não mais se pode remediar. O que foi é o que é e o que é pode ser o que não será.


O surpreendente de tudo, de todo este imensionável evento é que, mesmo no fim, a vida não acabava. A vida, quando chega ao fim, ainda é, em si, um ser existente. Ela se renova, transfigura-se e habita galáxias desconhecidas da terra a tão largos anos luz distantes, pelo espaço de um instante. E galáxias e outras mais galáxias se encheram de vida. Da vida que a terra renegou por não mais suportar. Se encheram da vida que não mais podiam aqui continuar, mas, que não estavam prontas, aperfeiçoadas para ao destino final e último chegar. E assim, vão por aí, habitando galáxias e mais galáxias até atingirem o último estágio da existência. Morrendo e recomeçando, em nova vida inserida, desconhecida de todos a nova vida investida, mas que é o caminhar lento, cortante e necessário para o aperfeiçoamento total enquanto ser, enquanto ser existente vindos do amor maior, vindos do seio do seu criador, por amor, e que se desvirtuaram por pouco quererem entender do amor que os trouxe à existência e então, penalizados estão, sentenciados a habitarem, de vida em vida, o desconhecido, até se conhecerem e se entenderem enquanto seres de amor que são, e, assim, alcançarem, pelo dom do amor, pelo dom do saber amar, o reino prometido lá no seio daquele que um dia por aqui caminhou e plantou com todas as letras e com o adubo da verdade, a razão da sua vinda e sacrifício. Lá no seio daquele que, se dirigindo a todos, indistintamente e indiscriminadamente, disse em tom de sabedoria e de santificação, a verdade maior: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao pai senão por mim”.

Roberval Paulo

quarta-feira, 19 de junho de 2013

MATANDO LEÕES - Roberval Paulo

Por caminhos iguais
Por destinos iguais
Os iguais se encaminham
Em sutis diferenças
Nos vãos da ciência
Diferenças se aninham.

E um se diz Deus
Mil outros ateus
Naufragam na dor
Transgridem a razão
Transpiram emoção
No ódio e no amor.

E fere um igual
Se torna imortal
Na guerra do ter
Afogam paixões
Matando leões

Jogos do poder.

Roberval Paulo

LEMBRANDO DO MEU PAI - Roberval Paulo

Hoje amanheci assim meio saudoso, lembrando do meu pai 
que nos deixou a muito tempo. 
Lembrei a sua presença viva no nosso meio 
e me veio tão grande tristeza que umas lágrimas teimosas e desobedientes escorreram pela minha face. 
É incrível quanta falta ele nos faz, mesmo depois de mais de 30 anos de sua partida. 

Ao meu pai Vicente Paulo...Saudades!!!
...Minha homenagem com este lindo poema do poeta paraibano Ronaldo Cunha. 
Receba Pai, no reino dos céus e com as bençãos de Deus, 
estas linhas de amor, de dor, de saudade e da certeza do abraço 
e da presença eterna de Deus em nossos caminhos. 

À tua presença viva em mim:

CONVERSANDO COM MEU PAI - Ronaldo Cunha

Na quietude d'aquela noite densa,
Reclamei numa saudade a presença
Do meu Pai, que há muito já morreu!...
Sorumbático e só, fiquei na sala,
Sem ouvir de ninguém uma só fala:
Todos dormiam entregues a Morfeu.

Continuei sozinho da vigília,
Contemplando a placidez da mobília,
Num silêncio quase que perfeito;
Quebrado apenas com o gemer da rede,
As pancadas do relógio na parede
E o pulsar do coração dentro do peito.

De repente, coberta com um véu,
Uma nuvem nascia lá do céu,
E na sala onde eu estava, caí...
Era algo de espanto realmente
Dissipa-se a nuvem lentamente
E vai surgindo a imagem do meu pai.

Boa noite, meu filho! E se assusta?
Tenha um pouco de calma, porque custa
Novamente voltar por este trilho:
Eu rompi os umbrais da eternidade
Para, em braços de amor e de saudade,
Conversar com você, querido filho!

Tenho assistido todos os seus passos,
Suas lutas, vitórias e fracassos,
Em ânsias que não posso mais contê-las:
Eu lhe assisto, meu filho, todo dia,
Em suas vitórias choro de alegria
E as lágrimas transformam-se em estrelas.

Tenho visto também seus sofrimentos
Suas angústias, dores e tormentos
E esperanças que foram já frustradas;
Tenho visto, meu filho, da eternidade,
O desencanto de sua mocidade
E o pranto de suas madrugadas.

Compreendo, também, sua tristeza
Ante a ânsia que traz na alma presa
De adejar cortando monte e serra;
Sua ânsia de voar, cantando notas,
Misturar seu vôo ao das gaivotas,
Que beijam os céus sem deixar a terra


Mas, ao lado dos atos de grandeza,
Você me causa, filho, também tristeza,
Em desgosto minh'alma já flutua:
Ontem, porque não estava pronta a ceia,
Pra sua mãe você fez cara feia,
Bateu a porta e foi jantar na rua.

Você não soube, meu filho, e no entanto,
Ela caiu prostrada em um pranto
Soluçando seu íntimo desgosto.
Nunca mais, meu filho, isto faça,
Pois para um filho não há maior desgraça
Que em sua mãe deixar rugas no rosto.

Nunca mais a ofenda, nem de leve!...
O seu amor a ele aos céus eleve
E escute sempre, sempre o que ela diz.
Peça a Deus para durar sua existência
E, se assim fizer de consciência,
Você, na vida, tem que ser feliz.

Conduza-se na vida com altivez,
Fazendo da probidade, da honradez,
Para você o seu forte brasão;
Aprofunde-se, meu filho, no estudo,
Fazendo da justiça o seu escudo,
E amando o povo como ao seu irmão.

Continue no trabalho a que se entrega
Sem temer obstáculo nem refrega,
Pois com a vitória sempre você vai,
E se assim fizer, querido filho,
Sua vida há de ser toda de brilho,
E honrará o nome de seu pai.

E nisso a nuvem comoventemente,
Aos poucos se junta novamente,
Envolvendo meu pai num denso véu;
E num olhar tão meigo e bem sereno,
Dirige para mim um triste aceno
E vai de novo subindo para o céu!

E eu fiquei chorando de saudade,
Alimentando aquela ansiedade,
Sem poder abrandá-la. Que castigo!
Por isso nunca mais dormi. Vivo na ânsia,
Esperando que meu pai rompa a distância,
Pra vir de novo conversar comigo

Ronaldo Cunha Lima

Fonte: Poeta Pajeuzeiro

terça-feira, 18 de junho de 2013

PROTESTO PALMAS - 20/06/2013 - PARTICIPE! POR UM BRASIL MELHOR

PRECISAMOS NOS MEXER, NÃO DÁ MAIS PRA SUPORTAR
A CORRUPÇÃO SE TORNOU NORMAL EM NOSSO MEIO
ACEITAMOS TUDO O QUE AS AUTORIDADES NOS DERRAMAM GUELA ABAIXO
E NÃO DIZEMOS NADA
PRECISAMOS DEFINITIVAMENTE NOS MEXER,
A MUDANÇA SÓ SE DARÁ POR NÓS,
SÓ COM A NOSSA SOCIEDADE MOBILIZADA E COMPROMETIDA,
CONSEGUIREMOS AS MUNDANÇAS QUE PRECISAMOS
QUEREMOS O FIM DA CORRUPÇÃO, DA ROUBALHEIRA, QUE TANTO MAL FAZEM AO NOSSO POVO,
EXIGIMOS MAIS ESCOLAS, HOSPITAIS, ESTRADAS, MORADIAS, ENFIM, EXIGIMOS MAIS RESPEITO E DIGINIDADE,
VENHAM CONOSCO!
SEJAMOS, POR NÓS, A PONTE PRA REALIDADE QUE SONHAMOS,
UMA REALIDADE MAIS IGUALITÁRIA E MAIS JUSTA,
COM DIREITOS E OPORTUNIDADES PARA TODOS
VAMOS JUNTOS, VAMOS COBRAR O QUE É NOSSO POR DIREITO
UNIDOS SEREMOS FORTES E UNIDOS CONQUISTAREMOS O QUE DESEJARMOS
VAMOS DIZER DE VERDADE: OH! PÁTRIA AMADA...VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA,

VAMOS TER, REALMENTE,...ORGULHO DE SER BRASILEIRO,

Blog Roberval Paulo

segunda-feira, 17 de junho de 2013

MACIEL MELO - O homenageado no São João do Recife 2013

Música: Há 30 anos Maciel Melo traduz 'sertanidade' em versos e melodias

Músico é o homenageado deste ano do São João do Recife. 
A data é comemorada ainda com lançamento de CD, DVD e autobiografia.

Maciel Melo (Foto: Luna Markman / G1)
No ano em que festeja três décadas de carreira, o sertanejo Maciel Melo é homenageado no São João do Recife, lança CD, DVD e autobiografia (Foto: Luna Markman / G1)
Maciel Melo ainda era o "Neguinho de Heleno" quando vendia picolé e engraxava sapato para ajudar o pai Heleno Louro, agricultor e mestre sanfoneiro que animava festas de Iguaraci, no Sertão pernambucano, a 363 km do Recife. Trocou o Rio Pajeú pelo São Francisco, em Petrolina, trabalhando em escritórios. Aos 20, decidiu abraçar a carreira de músico, considerada "vagabundice" no interior, e rumou para a capital. Esse é o marco inicial da carreira deste caboclo sonhador, que está completando 30 anos, celebrados com lançamento biografia, disco, DVD e uma homenagem do São João do Recife. Ter a música "Rainha" na trilha da novela global "Flor do Caribe" também é um presente.
A canção é uma homenagem à mãe dele, Maria de Lourdes, escrita há anos, gravada apenas no disco "Sem ouro sem mágoa" (2009).  "Oh Maria Lourdes da Labuta/ Em Sumé foste doce, amarga e bela/ Paraíba foi tua passarela/ Pernambuco te trouxe a sedução/ O destino entregou tua missão/ Onze itens [filhos] a ti foi destinado/ E a lei que constitui o teu reinado/ Foi escrita com a tinta do perdão", diz a letra. Já "A poeira e a estrada" é o nome da biografia, escrita pelo próprio Maciel Melo durante os últimos três anos, que será lançada na segunda-feira (17), no Paço Alfândega, no Bairro do Recife, às 19h, junto com uma exposição sobre a carreira do artista.

Maciel Melo (Foto: Luna Markman / G1)
 Maciel gosta de escrever e acha que ninguém melhor que ele pode contar o que viu, ouviu e viveu. "Eu sempre escrevia e guardava textos sobre assuntos que giravam em torno da geografia cultural e política do Pajeú, então resolvi reunir num livro. É a história do Neguinho de Heleno que saiu para o mundo para vencer, e fui floreando aqui e ali, romanceando passagens. Não tem uma ordem linear", explicou em entrevista ao G1, durante passeio de carro por mais de hora, amansando o trânsito bravo do Recife.
Um CD e um DVD homônimo ao livro devem ficar prontos até julho. O DVD foi gravado em 2012, no Teatro da Boa Vista, e contou com a participação de Chico César, Jessier Quirino, Jorge de Altinho, entre outros. O disco "Minha metade", lançado este ano, é comemorativo aos 30 anos de carreira. São 14 faixas, sendo duas regravações de Luiz Gonzaga, onde Maciel canta com Alceu Valença ("Assum preto") e Zeca Pagodinho ("Qui nem jiló"). As outras são xotes, baiões, toadas e canções inéditas, com participações de Zé Ramalho, Fagner, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Dominguinhos e Quinteto Violado.
Este último grupo pernambucano, inclusive, foi quem batizou Maciel Melo como compositor, ao gravar a música "Erva doce", em 1985. A banda fazia enorme sucesso naquela época, e a canção estourou. O artista já morava no Sudeste do País. É que depois do Recife, ele mudou-se para São Paulo, onde compôs "Caboclo sonhador", em 1982. "Ela é uma espécie de carta musicada para minha família. Estava no centro financeiro do País para tentar ser artista, ninguém ia mudar minha cabeça", contou.

Os primeiros versos da letra mandam exatamente esse recado: "Sou um caboclo sonhador/ Meu senhor, viu?/ Não queira mudar meu verso/ Se é assim não tem conversa/ Meu regresso para o brejo/ Diminui a minha reza". Mas a saudade de casa estava no matulão do sertanejo: "Mergulhado nos becos do meu passado/ Perdido na imensidão desse lugar/ ao lembrar-me das bravuras de Neném [irmã mais velha de Maciel]/ perguntar-me a todo instante por Baía [irmã]/ Mega e Quinha [irmãos], como vão? tá tudo bem?/ Meu canto é tanto quanto canta o sabiá".
A composição só foi descoberta dez anos depois por Flávio José, que estava no auge da carreira e a gravou. Fagner também, popularizando-a ainda mais em todo o Brasil. O cantor cearense afirmou que a canção era um divisor de águas, ao recriar o forró nordestino na década de 1990. O diferencial de Maciel Melo eram as melodias habilidosas e as temáticas novas. "Eu sempre tive preocupação grande com a poética, a qualidade dos arranjos. Em 'Caboclo sonhador', por exemplo, uso palavras que não são rotineiras no forró. A minha intenção era fazer algo que não fosse banal, que botasse as pessoas para pensar e questionar", falou.


Esse talento foi reconhecido desde cedo, quando gravou o primeiro disco, "Desafio das léguas", em 1989, já com participações luxuosas de Vital Farias, Xangai, Décio Marques e Dominguinhos. Na época, ele morava em Salvador e estava envolvido com a musicalidade local. "Foi num show lá que conheci Dominguinhos e perguntei se dava para colocar a sanfona dele no meu disco, e marquei para o outro dia. Achava que ele nem ia lembrar, mas quando cheguei no estúdio ele estava lá embaixo, me esperando. Foi quando vi a grandeza dele, a genialidade, simplicidade, vai deixar um legado enorme para nós", lembrou.
Maciel Melo (Foto: Luna Markman / G1)
 Maciel Melo faz letra e melodia. Tem centenas músicas no papel e quase 200 gravadas. Paulinho da Viola e Djavan são intérpretes ainda desejados. Na música universal, urbana, elegeu Chico Buarque como compositor favorito. Já o poeta da música regional, para ele, é Zé Dantas, um dos grandes parceiros de Luiz Gonzaga, nascido também no Sertão do Pajeú, em Carnaíba. "A música que eu faço é a que Gonzaga gostava de cantar. Até pelo fato de eu ser discípulo dele e ter saído do Sertão com a minha personalidade formada, mantenho viva a ‘sertanidade’ na minha obra, as tradições e costumes do povo como temas, a aridez nas canções. Acho que 20% das minhas letras ele gravaria", palpita.

Homenagem

Iguaraci foi o berço de tudo, onde o Neguinho de Heleno ouviu os primeiros sons da sanfona do pai, das violas dos repentistas, a poesia dos cantadores. Quem chega lá vê na entrada da cidade a placa que diz "Terra de Maciel Melo". Agora, é a vez de o Recife, cidade onde mora, celebrar o artista. "Fico muito feliz com o reconhecimento dos meus conterrâneos. E quando fui indicado para ser o homenageado do São João aqui fiquei até meio silencioso, por causa da responsabilidade de ser escolhido entre tantos, pois Pernambuco é o celeiro do Nordeste. Estou honrado porque isso é prova que meu trabalho é útil."


Sabendo que sua música vai longe, Maciel não deixa de usá-las como protesto, como fez em
"Pingo d'água" e "Meninos do Sertão", esta última gravada em 2000 por Zé Ramalho. "Acho que a função da gente não é só entreter, mas denunciar, questionar. Tem gente que é alienada, se for falar de política some, mas escuta se for música. Então essa é uma maneira de chegar aos ouvidos dos desatentos", comentou. As letras do sertanejo podem ser duras, mas amolecem os quadris, são feitas para dançar. Ele muda arranjos e até usa guitarra elétrica, mas nunca fere a essência do que acredita ser o verdadeiro forró. "Pode me chamar de cafona/ Eu gosto é de sanfona/ Eu gosto é de forró", canta seus versos de "O Velho arvoredo".

 Serviço
Lançamento do livro "A Poeira e a Estrada", de Maciel Melo
Segunda-feira (17), às 19h
Paço Alfândega - Rua da Alfândega, 35, Bairro do Recife
Maciel Melo  (Foto: Divulgação)
Maciel Melo, durante show que virou DVD (Foto: Divulgação) 
 Luna Markman - Do G1 PE
Extraído por mim do Blog Cantigas e Cantos