segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DOMINGUINHOS, O DISCÍPULO Nº 1 DO VELHO GONZAGÃO


70 ANOS DO MAIOR DISCÍPULO DE LUIZ GONZAGA
Recuperado de um infarto, Dominguinhos festeja o aniversário hoje, na maior casa de forró de São Paulo. A maior atração será ele mesmo, que volta a tocar e cantar, ao lado da filha.

Por José Teles, do site MUSICARIA BRASIL

José Domingos de Moraes, Dominguinhos, patrimônio do povo brasileiro, faz 70 anos hoje, de bem com a vida. “Posso dizer que sou um homem feliz, e ainda mais por ser um homem reconhecido no meu País”. A felicidade de Dominguinhos é ainda maior, porque ele voltou a gozar de boa saúde, depois de um susto que o coração lhe pregou (teve um princípio de infarto), no mês passado: “Os médicos me garantiram que estou ótimo, fui tratado a tempo, e a recuperação está sendo rápida”, conta o músico, por telefone. Hoje ele volta a cantar e tocar, na festa de aniversário que lhe será oferecida na maior casa de forró de São Paulo, O Canto da Ema. Dominguinhos não sabia ainda quais os colegas que estariam na festa, mas a música estava garantida com ele e a filha, a cantora Liv Moraes (do seu segundo casamento com pernambucana Guadalupe).

Nascido em 12 de fevereiro de 1941, na zona rural de Garanhuns, Dominguinhos, chamado de Neném (só viraria Dominguinhos nos anos 60), e os irmãos Moraes e Valdomiro apresentavam-se nas ruas de Garanhuns como os Três Pinguins. Ele era o pandeirista. Aprendeu com Lula Preto, que tocava com seu pai, o mestre Chicão, agricultor, e sanfoneiro. Lula Preto, cujo nome era Luiz Gonzaga o ajudou assim, indiretamente, a conhecer outro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O cantor foi a Garanhuns em 1949, e trouxeram até ele Os Três Pinguins. Gonzaga gostou de Neném. Deu-lhe um maço de notas como cachê, e disse-lhe que o procurasse se um dia fosse ao Rio de Janeiro.

Em 1954, ele, o pai e o irmão viajaram de pau de arara para a então Capital Federal. Moraram em Nilópolis, num quarto alugado por Moraes, que já vivia lá. Dominguinhos trabalhava numa tinturaria. No final de semana tocava com o pai e irmãos, nas praças, passando o chapéu. Um dia foram à casa de Luiz Gonzaga, no Meier, Zona Norte carioca. Não tinham nada a perder. Depois de Gonzaga recebê-los só tiveram a ganhar. Dominguinhos ganhou de Lua um sanfona de 80 baixos. Além da sanfona, que o ajudaria a ganhar o pão por muito tempo, ganhou a amizade de Luiz Gonzaga que, em música, via longe. Viu que aquele adolescente franzino não era apenas mais um sanfoneiro, e o “adotou”. No dia 13 de dezembro, nomeou, oficialmente, Neném do Acordeão, na época com 15 anos, seu herdeiro artístico. A “nomeação”, aconteceu na festa de aniversário de Gonzagão, diante dos convidados.



“Seu Luiz só ficou com raiva de mim uma vez, foi quando soube que eu ia casar”, lembra Dominguinhos. Ele estava viajando com a primeira formação do Trio Nordestino (com Zito Borborema e Miudinho), quando soube que a namorada, Janete estava grávida: “Eu estava com 17 anos, e seu Luiz disse que minha carreira iria acabar ali”. Foi só um arroubo comum a Luiz Gonzaga, homem de pavio curto. A carreira de Dominguinhos só fez crescer a partir dali. Para sustentar a mulher e o filho, tocou em programas de rádios, em boates, clubes, foi enriquecendo seu vocabulário musical, com todos os gêneros possíveis de músicas.



O primeiro disco, no entanto, só gravaria dez anos depois de ter saído de Garanhuns, em São Paulo, na gravadora Cantagalo, fundada por outro sanfoneiro célebre, Pedro Sertanejo. Seu LP de estreia recebeu um título paradoxal: Fim de festa. Mas a festa estava só começando. A partir daí sua carreira correria paralela e complementar à de Luiz Gonzaga. Como o Rei do Baião, amargou tempos bons e ruins. Estava no palco do Teatro Tereza Rachel quando Luiz Gonzaga foi admitido no circuito universitário, com o aval dos tropicalistas. Dominguinhos seria o sanfoneiro preferido desta turma, e dois anos mais tarde, presentearia Gilberto Gil com um dos maiores sucessos de sua carreira: Só quero um xodó, feita em parceria com sua então companheira Anastácia. A música de Dominguinhos estendeu-se para todas esquinas da MPB, do forró mais tradicional à sofisticação de Chico Buarque. Seu próximo disco (e DVD), já gravado, não poderia ter título mais apropriado: O iluminado, conta com participações de Gilberto Gil, Yamandú Costa e Elba Ramalho. No entanto, não chegou às lojas porque Dominguinhos não tem gravadora, nem até agora conseguiu patrocínio (sic).

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